segunda-feira, 28 de outubro de 2013


Orunmila eu só tenho que agradecer.


Autor: Babalawo Ifagbaiyin  Agboola.

Hoje é um dia muito especial meu pai esta comemorando 83 anos, sendo que 52 anos de feitura para Obatalá.

No dia da feitura dele eu fui iniciado no culto de orisá, mais precisamente em Obatalá, cultuo de forma especial Obatalá, Soponnan e Osun, assim como Òsáyin.

Quando cheguei à casa do falecido pai Romário de Osaalá em 03/06/1981, trazia comigo esses quatro orisás, e um Bará, conversei com ele e ele me incentivou a abandonar a minha carreira profissional e me dedicar exclusivamente aos orisás, segui os conselhos dele.

No dia 13 de junho deste ano comemoramos 30 anos do Ile Ifá, Obatalá assim como vários orisás estão presentes em nossas vidas, o conselho de meu pai foi acatado e a vida religiosa passou para o primeiro plano, graças à lucidez de meu sacerdote, encontrei meu destino.

Meu pai é de Osalá, meu antigo sacerdote era de Osaalá, minha iyalorisa (Edelzuita) é de Osaala, tenho dois filhos feitos para Osaala e iniciei muitas pessoas para esse orisa, só Osun tem mais iniciações em minha casa, que Obatala foram 70 iniciações, mas Obatala e Soponnan estão muito presentes em meu dia a dia.

É difícil falar dos orisás estabelecendo uma ordem de preferência, cultuo vários orisás com o mesmo carinho, alguns orisás parecem que nos acompanham a tanto tempo, que fazem parte de nós mesmo antes de temos nascido.

Em um período onde esta sendo fornecidos os certificados de formação de babalawos e babalorisas me parece que falar de amor e afinidade com as divindades esta fora de moda.

O dinheiro pode tudo até comprar certificados, com o dinheiro você chega perto do cara pode até ouvir o cara, sentar perto do cara e com muito dinheiro você pode até ser o cara.

No certificado vem à assinatura do cara, o carimbo do cara, e o símbolo do cara, você paga e recebe um documento que só você acredita um documento que a sua vaidade ambicionou e que a sua ignorância conquistou, um documento que a sua prepotência vai manter.

Nos dias de hoje vejo roupas importadas, festas luxuosas, joias feitas sobre encomendas e comparo com o que eu vi quando eu era criança, tudo era muito simples, uma peça de tecido de segunda e todos se vestiam uma roupa igual, o que importava era o amor pelo orisá.

A festa era simples algumas comidas feitas em casa, um doce e umas frutas, nada que se compare a cascata de chocolate, o garçom com gravata borboleta, o clube caro e as luvas brancas.
Hoje o certificado substitui as centenas de noites acordado limpando galinhas e cabritos.

O dinheiro é o passaporte, ele substitui o tempo e o trabalho, a dedicação e a fé, ele abre os caminhos da vaidade e da ambição, minimiza o tempo do aprendizado e justifica conhecimento não obtido, avaliza a incapacidade e certifica a incompetência, mas enfim, os tempos mudaram novos tempos.


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