quinta-feira, 30 de abril de 2015

A vaidade do saber.


 Autor:Babalawo Ifagbaiyin Agboola

A maioria das pessoas são muito vaidosas com suas roupas, suas joias e com a suas aparências, vejo que no culto de orixá tem se dado muita importância para as roupas e os fios de conta em determinados grupos, em um outro seguimento a vaidade é por dançar bem ou cantar bem, além é claro de estar bem acompanhado, as pessoas valorizam tanto a aparência que escolhem as companhias pelo seu aspecto físico, tornando uma festa de orixá um desfile de modas.

Quando vejo pessoas passando horas na academia e gastando pequenas fortunas em cirurgias plásticas, percebo que é muito importante que a pessoa se sinta bem com sua aparência, mas quando você se preocupa com a opinião dos outros e começa a viver para mostrar-se aos outros a situação se complica.

Algumas pessoas na rede social se preocupam tanto com a opinião dos outros que passam horas fazendo pose para novas fotos, eu não sou psiquiatra para analisar essa questão, mas certamente algum problema sério essas pessoas têm, necessitar tanto da aprovação dos outros, é no mínimo insegurança.

Um sacerdote deveria ter a vaidade de saber, no ifá um Babalawo ou uma Iyanifa deve saber como se faz um batizado, como se faz um casamento e como se conduz os rituais fúnebres ou seja, da hora que nasce a hora que morre, tem rituais.

Saber interpretar o oraculo é obrigação, fazer ebós bem feitos com resultados satisfatórios deveria ser comum.

Os sacerdotes que não sabem deveriam assumir uma postura humilde perguntando para os seus mais velhos que caminho seguir.

Mais o que se vê hoje são pessoas recém iniciadas com uma postura que dá impressão que eles já foram iniciados há no mínimo um século, recém iniciados devem se comportar como recém iniciados, recém iniciados devem estudar para dignificar suas famílias.

Um awo que nada sabe é motivo de vergonha para o seu iniciador e para os seus antepassados, cada pessoa deveria falar do que sabe e do que conhece, isso sem falar que é impensável a pratica de ritos ainda desconhecidos.

A vaidade é tamanha que muitas vezes o iniciado quer competir com o iniciador, isso é o maior erro que pode haver em um processo de aprendizado, se a pessoa sabe mais que o seu sacerdote porque o procurou?

Joias finas, tecidos importados e porcelanas de boa origem, não formam um sacerdote, se a pessoa não sabe, que tenha a humildade de perguntar ao seu iniciador, ele tem obrigação de lhe orientar. Se a pessoa se cala e não pergunta, ela perde, a sua família perde, todos perdem.

O conhecimento abre portas, facilita a vida, e justifica a existência, passar pela vida sem que tenha ganho no saber, é perda de tempo.

Vejo que o fato de ser sacerdote envaidece algumas pessoas, porém sacerdote que nada sabe, deveria ser motivo de vergonha.

O desfile de vaidades dá início ao caminho da decepção, quando conhecimento falta e os resultados deixam de acontecer a fé é afetada, igbas ficam empoeirados e orixás são esquecidos, a frustração aumenta e a falta de capacidade em nada auxilia.

No culto ao orixá não existe espeço para a ignorância, a ignorância tudo permite e tudo tenta justificar, mas erros por falta de conhecimento não são permitidos e em determinados casos, são injustificáveis.

Imaginem um sacerdote sendo consultado por um familiar de alguém que está prestes a fazer uma cirurgia, se o mesmo não tem conhecimento a orientação será errada e uma vida será desperdiçada.

Estar limpo e vestir uma boa roupa dá prazer, a higiene é importante, os tratos da aparência e do corpo são importantes, mas os tratos da mente são os que justificam a razão de viver, evoluir, aprender e melhorar são as obrigações do espirito.

Richilie, sedas, organzas e cetins tem a mesma função do morim, a de vestir, vestir-se por fora é menos importante que vestir-se por dentro, vestir-se por dentro é ter amor, é ter a sensibilidade para identificar o problema, porém identificar o problema e não saber tratar é injustificável.

“Quem não tem conhecimento, que não se estabeleça”

Se um sacerdote não é lembrado por seu conhecimento, e por seus sentimentos, mas sim por sua aparência, alguma coisa deve estar errada.

“A vaidade do sacerdote é a vaidade do saber”



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