terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Ifá, combatendo a venda de apostilas.

Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Comunico a quem  estiver interessado que não existe certificado de recebimento de um assentamento de òrìsà, assim como não existe diploma de sacerdote.

Quando as pessoas no Brasil descobriram que muito da essência do culto ao òrìsà se perdeu, começaram imediatamente uma procura por informações confiáveis.

Como em todos os seguimentos existem pessoas boas e ruins, em nossa religião não é diferente, em meio a tudo isso surgiram os famosos vendedores de apostilas, o negocio deu tanto lucro e espalhou por todo o país, começou a aparecer apostilas de bori, de assentamento de òrìsà, de jogo de búzios e até de ifá.

No meio desse mar de sujeira se destacaram dois grupos:

- Os que tinham algum conhecimento e venderam anotações particulares.

- Os que não sabiam nada e na ânsia de ganhar dinheiro misturaram ou inventaram informações ditas por eles valiosas, dando inicio então ao que eu chamo de processo analfabético religioso.

A maluquice foi tanta que a cada apostila eram inventadas uns cem números de qualidades de Òrìșàs, além dos famosos ebós para todas as situações, passando então a existir apostilas, certificados e diplomas para tudo que houvesse procura.

Imagino que grandes partes das pessoas que receberam esses diplomas acreditaram que isso fosse um habito no território yoruba, algumas dessas pessoas chegaram até acreditar que fazendo uma cerimonia de iniciação e portando um diploma elas seriam Bàbàláwos ou Babalórisás.

Como não existe um órgão que regula essas questões envolvendo a venda de diplomas e apostilas, a situação se agravou tanto, que até nos meios de comunicação é visto a comercialização dos malditos papeis.

 Diante disso eu pergunto  se alguém acredita que tendo dinheiro para ser iniciado e recebendo um diploma  serão reconhecidos pelo que esta escrito nele.

 A experiência, a dedicação e o respeito podem ser substituídos por um papel?

 Livros que ensinam você a fazer seu próprio ebo tiveram tanta aceitação quanto os diplomas, as apostilas e certificados, porém na pratica os ensinamentos não funcionarão. Ebos com chantilly, Champion e estrogonofe misturado com bonecos de plásticos coloridos, e um cem número de outras tantas loucuras infectaram as mentes dos sedentos de informação.

Eu sempre digo que o pior tipo de ladrão que existe é aquele que  rouba a fé daqueles entregam  seus sonhos nas mãos dos Òrìșàs.

 Todas essas decepções implicaram diretamente em um grande numero de pessoas que se afastaram das casas de òrìsà, e ingressaram nas igrejas evangélicas.

 Foram esquecidos fundamentos básicos como o respeito e a hierarquia e a verdade outrora aprendida no dia a dia, foi substituída por um monte de dúvidas encadernadas.

Eu concordo que devemos ler bons livros e até que tenhamos um caderno de anotações, mas a coleção de apostilha comercializada em nome da fé e o diploma que atesta que você não sabe nada certamente deveriam deixar de existir, os únicos que sentiriam falta seriam os usurpadores  que se beneficiam com essa sujeira.



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