terça-feira, 1 de novembro de 2016

O sacerdote de um e noventa e nove.


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

A cultura de nosso país, aceita com tranquilidade, substituições e adaptações, grande parte de nosso povo até se exalta com esse tipo de situação, confundindo criatividade com improviso irresponsável, alimentando a linha invisível e paralela ao conhecimento.

Se uma pessoa lê cem livros de medicina não se torna um cirurgião, qual família permitiria que um de um de seus entes queridos fosse submetido a uma cirurgia se o suposto médico não fosse formado em medicina?

Partindo dessa interrogação, transferindo a mesma situação para a religião dos òrìsàs no Brasil, não vamos ter a mesma resposta, obvia da questão acima, então porque razão pessoas completamente despreparadas seguem recebendo credito por ações e declarações de um tema que elas não dominam.
Infelizmente as adaptações ao longo dos anos tem prejudicado muito nossa religião, o fato é que todos somos culpados, e coniventes, com esse equivoco.

Se uma pessoa que não é um engenheiro tentar construir uma grande ponte, certamente teremos um grande desastre.
O mesmo acontece no culto ao òrìsà, se a ponte que tenta ligar o ignorante a informação é a presunção do saber, evidentemente a decepção vai acontecer.

O enfermeiro que assiste vinte cirurgias do coração não é autorizado a fazer um transplante, por que então o nosso povo insiste em consultar com pessoas inexperientes e continua se baseando em textos e anúncios encontrados na internet, sobre nossa religião.

A resposta é obvia, a questão se resume a ignorância e quando muito a economia.

Pouquíssimas são as pessoas que sabem que os países desenvolvidos não tem lojas de um real e noventa e nove centavos, mas o brasileiro para economizar adapta as suas necessidades, a tais produtos, a mesmo nível de aceitação se vê com os sacerdotes.

Em todas as religiões em nosso país assistimos diariamente grandes desastres, quando não são padres que estupram as crianças são pastores que se elegem ligados ao narcotráfico ou pessoas que simulam receber espíritos.

O roubo da fé é permitido e muitas vezes avalizados pela ignorância, enquanto a desinformação der espaço para adaptações supostamente confortáveis do ponto de vista econômico as fileiras de decepcionados se multiplicarão.

A solução é a transformação da sociedade, o nível de exigência do nosso povo é muito baixo, consequentemente a prestação de serviço em quase todas as áreas é de péssima qualidade.

Temos que incentivar as pessoas á uma reflexão sobre tudo que estamos assistindo, se nosso povo for mais criterioso certamente a coragem dos inescrupulosos vai diminuir.

No território yoruba muitas pessoas que são iniciadas em ifá jamais diriam que são Bàbáláwos, mas chegando ao Brasil imediatamente se intitulam sacerdotes de Òrúnmìlá, o maior responsável por tudo isso é o nosso povo.

No território brasileiro produtos de origens duvidosas são vendidos abertamente em cada esquina e até materiais usados em cirurgias são falsificados, o que dizer então da nossa religião.

Em quanto isso em nome dos òrìsàs pessoas são iludidas, inocentes são roubados e crédulos são decepcionados.






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