Escola Superior de Ifá (Èsì)
Curso de Filosofia e Teologia Yorùbá
Módulo Intermediário
Aula (1) - A Água, a Folha e a Pedra
“Certamente que
encontrar a essência do Òrìṣà, não é ir à África, existem várias essências no
ritual de culto aos Òrìṣàs, nunca deveríamos confundir com ir até as
origens...”
Ifagbaiyin
Agboola.
Em
seu igbá, no momento em que seguramos em nossas mãos um minério de ferro e
invocamos o Òrìṣà, poderemos sentir a presença de Ògún, do mesmo modo, quando
retiramos das águas do rio um belo òkúta (pedra) da cor amarelada, que não
possui nenhuma rachadura obteremos também uma das essências de Ọ̀ṣun.
O
branco do òkúta de formas delicadas representa certamente um dos princípios de
Ọbàtálá, que associado a outras essências como: as folhas corretas, o ẹfun e
o chumbo, formam um conjunto de elementos que caracteriza o início do
assentamento, porém, o ọfọ̀ (encantamento sagrado) pronunciado simultaneamente
com o àṣẹ de quem o pronuncia é que irá concluir o ritual.
O
acerto ou o erro na escolha do sacerdote vai caracterizar o sucesso ou o
fracasso de uma iniciação.
Aula (2) - Colcha de Retalhos e o Ifá
“Constantemente sou procurado por pessoas que alegam que suas vidas estão paradas e que os resultados esperados por elas com a religião, não aconteceram...”
“Infelizmente
já não me surpreende mais o grande número de pessoas que se afastam do culto a
Òrìṣà, a grande maioria delas tentam de toda forma encontrar uma solução para
os seus problemas, porém, depois de muito tentar, terminam se afastando de seus
sacerdotes e muitas vezes até mesmo da religião...”
Ifagbaiyin
Agboola.
Conforme
estudado em aulas anteriores na tentativa de explicar muitas das falhas
ocorridas ao longo do tempo em nossa religião, ficou claro para nós que existem
regras dentro do culto de Òrìṣà.
Nessa
aula iremos seguir um raciocínio paralelo na tentativa de evidenciar as falhas
que constatamos no dia a dia, e também considerando as experiências adquiridas
no atendimento de ex-praticantes da religião em diversos estados do nosso país.
A
grande maioria das pessoas entram para a religião buscando solução para
problemas que muitas vezes estão incluídos em uma demanda ansiosa por respostas
que jamais serão encontradas. O sagrado pode ser acessado, porém, jamais vai
ser desmistificado sem estudo e dedicação. A falta de conhecimento implica
diretamente na exacerbação do inimaginável como solução.
A
máxima de que, se não há uma resposta, se inventa uma, contribui para o
descrédito de muitos sacerdotes, ocasionando diretamente o afastamento de
milhares de adeptos.
Com
relação aos dois elementos citados como desencadeadores dos fatos em andamento
abordaremos a partir de agora os fatos que comprometem o desenvolvimento da
relação iniciado e iniciador e pelo iniciado ou adepto.
Embora
não tenhamos a intenção de nos intitular como donos da verdade. A nossa opinião
é fundamentada naquilo que acreditamos, sempre dispostos a ouvir outras
opiniões.
Iniciado
ou adepto: A expectativa criada em nossa religião para as soluções divinas não
é sentida no catolicismo, nem no judaísmo e nas demais religiões, seria por que
o nosso Deus é mais poderoso? Ou por que se criou uma ilusão sobre a temática
da influência divina em nosso dia a dia na mente de nossos adeptos?
Compreende-se
que Deus é único e devido à escassez de informação gera a incapacidade de
raciocínio de nossos adeptos, resultando diretamente na decepção e no
afastamento da religião. Se Olódùmarè e os Òrìṣàs estivessem à nossa
disposição para solucionar todas as nossas dificuldades, sejam elas na área
sentimental, financeira, profissional, enfim, a pergunta que faço a você é a
seguinte: qual seria o motivo para estarmos vivos?
Quando
você sabe o que esperar da sua fé a decepção com o divino não existe, a
felicidade se acentua e o destino é visto com a certeza que, a maioria dos
acontecimentos em nossas vidas foram resultados das nossas próprias escolhas.
A
força superior existe e pode ser invocada por nós, ela nos ouve e nos responde,
mas, infelizmente na maioria das vezes não escutamos a sua voz devido as nossas
imperfeições.
O
iniciador, ou seja, o sacerdote: Abordaremos a questão do sacerdócio nessa aula
exclusivamente ao que se diz respeito ao conhecimento, e do preparo do
oficiante dos rituais, considerando que a ética já foi abordada por nós em
outras aulas. Vamos analisar a iniciação como fato isolado do elemento gerador
do afastamento dos adeptos de nossa religião considerando o relato dos mesmos,
embora em nossa opinião, tais fatos se originem em uma gama bastante variada de
implicações.
Tomaremos
como exemplo uma iniciação no Òrìṣà Ògún. Partindo do princípio que a teologia
Yorùbá explica que os Òrìṣàs se originam através dos odùs. Suponhamos que o
iniciador esteja se orientando pelos versos sagrados de Ifá, sendo assim,
haveriam inúmeras formas de acesso ao mesmo Òrìṣà, devido à variedade de odus
com conteúdos diferenciados.
Assim
sendo, se o iniciador acessar o Òrìṣà Ògún no odù Ìwòrì Méjì, o conflito
armado envolvendo a vida do iniciado poderá se tornar uma constante em seu dia
a dia. Bem como, se acessado pelo odù Ògúndá Òfún, implicará em situações que
poderão atrair o ilícito para o caminho do iniciado. Por outro lado, uma
iniciação do Òrìṣà Ògún, realizada através do odù Ògúndá Ìròsùn, se bem
aplicada, deverá resultar diretamente em prosperidade e ascensão do adepto.
A
variedade de odùs que poderão ser aplicados para o culto do mesmo Òrìṣà é
muito ampla, o que irá determinar qual o odù que será utilizado na iniciação
será através de consultas prévias e as circunstâncias recorrentes na vida do
iniciado, sejam elas positivas ou até mesmo negativas.
Imaginem
que se em uma consulta o odù é fator determinante, o que dizer então de uma
iniciação. Somente, com uma profunda qualificação e conhecimento sobre Ifá, é
que o sacerdote poderá conduzir os rituais pelos melhores caminhos a serem
seguidos.
Podemos
afirmar que um dos fatores determinantes para o grande número de pessoas que se
decepcionam e que até mesmo se afastam da religião seria a escassez de
conhecimento sobre odù em nosso país por parte dos sacerdotes.
Tomamos
como exemplo uma mesma iniciação aplicada em duas pessoas com diferentes
resultados sem que tenhamos uma explicação lógica, onde, o que foi positivo
para o Pedro, pode não ser para o João, as mesmas cerimônias que foram
realizadas para o João, poderão ser insuficientes para o Pedro.
Imaginemos
agora a mesma iniciação no Òrìṣà Ògún, que por despreparo do sacerdote se
baseou no odù Ògúndá Ìwòrì, odù esse que fala da fúria desse Òrìṣà, por falta
de conhecimento e despreparo do iniciador poderá levar à ruína a vida dos
iniciados.
Na
verdade, se diminuirmos os anseios dos iniciados oferecendo mais informações e
capacitarmos mais os iniciadores, o fluxo de abandono da nossa religião será
bastante reduzida. Através da divulgação da palavra de Ọ̀rúnmìlà por bons
sacerdotes. Bàbáláwos bem preparados poderão reverter o processo de evasão das
casas de Òrìṣà.
Para
isso, é necessário o entrosamento entre os adeptos e os sacerdotes de Ifá e
Òrìṣàs, caso contrário, jamais poderemos explicar para a população aquilo que
elas anseiam dos Òrìṣàs, sem um estudo profundo dos versos de Ifá. Tentar
justificar o que se desconhece, é menosprezar os anseios daqueles que tem fé.
Aula (4) - A Educação no Àṣẹ
“Outro dia em uma conversa com um amigo que
tenho grande consideração fui surpreendido por uma frase que ele me disse:
“Você Ifágbaíyin é um sacerdote privilegiado, você tem uma ótima formação, a
maioria dos sacerdotes não tem a sorte que você teve, você recebeu uma bela
educação de àṣẹ.” Seguimos conversando e me lembrei imediatamente da mãe
Stela de Ọ̀ṣọ́ọ̀sì do Opô Afonjá, que
escreveu um belo livro sobre isso que tem como título: “Meu tempo é
agora", na mesma hora pensei em escrever na tentativa de contribuir para a
formação de nosso povo, embora pense que
na verdade isso faça parte da educação que recebemos na infância...”
Ifagbaiyin
Agboola.
Sempre que estamos na presença de um mais velho escutamos mais do que falamos. Sempre que vamos nos alimentar com um mais velho, ele é servido primeiro.
Quando
vamos entrar em algum lugar o mais antigo entra primeiro. Jamais um mais jovem
senta enquanto seu mais velho está de pé. Quando chegamos a uma casa de Òrìṣà
saudamos os Òrìṣàs primeiro e não as pessoas.
A
mulher se posiciona à esquerda do homem nos rituais. O mais velho se posiciona
à esquerda do mais novo. O ìlẹ̀kẹ̀ identifica o iniciado, o fio mais longo
identifica o principal Òrìṣà na feitura do awo ou olórìṣà.
Homens
sempre devem cobrir suas cabeças com fìlà e mulheres jamais devem deixar o
cabelo para fora do pano de cabeça. Sempre quem saúda é quem entra no ambiente.
Quando vamos a uma casa de Òrìṣà levamos obì, orógbó, flores, mel, dendê etc.
como presentes.
Jamais
devemos dançar ou rezar para os Òrìṣàs sem tirar os sapatos. Se não queremos
fazer ẹbọ ou ètùtù não devemos consultar. Se não vamos cumprir as indicações
dos Òrìṣàs é preferível não consultar.
Um
olórìṣà sabe sua posição na hierarquia por cargo ou por data de iniciação, um
awo sabe sua posição na hierarquia pelo cargo ou pela ordem do odù de iniciação.
Como
já abordado em aulas anteriores citamos aqui mais algumas maneiras de como se
comportar dentro de uma casa de Òrìṣà para o aprendizado de uma boa educação
de àṣẹ, onde, deveríamos aprender na infância, mas, não é difícil de entender
a falta de educação do nosso povo é só observamos com atenção o salário de um
professor comparado a um jogador de futebol.
Aula (5) - Iṣẹ́fá: Pré-Iniciação Em Ifá
“O Ifá da segurança ao iniciado e isso faz
com que ele desenvolva uma qualidade de vida jamais experimentada, a certeza
que a pessoa está no caminho certo fortalece os planos para o futuro com a
convicção que o sonho não é impossível...”
Ifagbaiyin
Agboola.
Qual a influência de Ifá no dia a dia das pessoas iniciadas? Quando a pessoa identifica a sua origem, ele planeja o futuro com os olhos no presente e o coração cheio de elementos que o fortalecem vindos do passado.
Suponhamos
que o Òrìṣà é o veículo na estrada da vida e Ọ̀rúnmìlà Ifá é o mapa que indica
qual o caminho que deverá ser seguido. Para quem não foi iniciado em Ifá, isso
que acabamos de supor pode parecer estranho, mas, imaginem como a vida será
encarada de forma mais compreensível se soubermos em que momentos somos mais
fortes e em que situações nos tornamos mais vulneráveis.
A
decisão é livre, você escolhe o caminho, mas, se tivermos informações
privilegiadas sobre o nosso destino, errar se tornará uma opção mais difícil, e
a escolha correta será bem mais clara e visível para tomada de nossas próprias
decisões.
A
verdade é que Ifá, beneficia em muito todo aquele que foi iniciado, assim como,
o pré-iniciado, ou seja, aquele que fez somente Iṣẹ́fá. No Iṣẹ́fá, o pré-iniciado
receberá orientações do melhor caminho a ser seguido, assim como, o Òrìṣà mais
indicado a ser cultuado, embora algumas famílias não dão nome para quem faz
Iṣẹ́fá, ele também poderá receber um nome para ser identificado dentro da
Ẹgbẹ́, além de outras questões.
Ifá
é único, mas, as famílias e as interpretações de Ifá, podem ser diferentes, o
bom sacerdote é aquele que respeita as diferenças, afirmar como verdade
absoluta que no Isefá, não se recebe nome é se intitular o dono da verdade.
Aula (6) - Iṣẹ́fá e Ìtẹ̀fá
Abordaremos
através dessa aula certos esclarecimentos sobre Iṣẹ́fá e Ìtẹ̀fá, ritos esses
que estão se tornando cada vez mais populares no Brasil e consequentemente
gerando bastante dúvidas para o nosso povo. Obviamente, respeitando as
diferenças de cultos de cada família e região, porém, difundindo os
procedimentos dentro do seguimento que professamos.
Em
nossa família consideramos o Iṣẹ́fá uma pré-iniciação, onde, toda pessoa que é
submetida a um Iṣẹ́fá, receberá um nome, além das orientações do Odù revelado.
Se dentro dessas orientações ocorrer a indicação que a pessoa deverá se tornar
um bàbáláwo ou uma ìyánífá, o Ifá será alimentado novamente em um novo ritual e
um ọ̀pẹ̀lẹ̀ de cabaça será consagrado para o início de seus estudos, sendo
assim, o pré-iniciado poderá ser reconhecido também como Awo Kékeré, esse tipo
de situação poderá ocorrer quando o pré-iniciado recebe como orientação em seu
Iṣẹ́fá, um odù méjì, assim como, diversos outros odus que indicam essa
necessidade.
Para
mais fácil compreensão das categorias dos devotos de Ifá, teremos os
pré-iniciados, ou seja, aqueles que possuem Iṣẹ́fá, que são categorizados como
Ọmọ Ifá, diferente daqueles que se submeteram ao Ìtẹ̀fá, que são
categorizados como Awo Ifá, em nossa família utilizamos essas duas categorias e
ainda Awo Kékeré, que literalmente significa pequeno segredo, que faz
referência ao sacerdote em desenvolvimento, Awo Kékeré é uma categoria utlizada
para aquelas pessoas que foram indicadas por Ọ̀rúnmìlà, ao Ìtẹ̀fá e Ìtẹ̀lodù e que venham a ser
futuros sacerdotes, onde, deram início aos estudos na pré-iniciação, ou seja,
no Iṣẹ́fá, quando Ọ̀rúnmìlà orientou através do odù que aquela pessoa possuia
caminho sacerdotal.
É
importante esclarecermos que o Iṣẹ́fá, não é uma cerimônia obrigatória para
realizar um Ìtẹ̀lodù, porém, não se realiza um Ìtẹ̀lodù, sem que tenha cumprido
um Ìtẹ̀fá. Também vale ressaltar que Awo Ẹlẹ́gan é a categoria dos devotos de
Ifá, onde a recomendação de Ọ̀rúnmìlà é apenas o Ìtẹ̀fá, e que os iniciados
dessa categoria nunca poderão ver Ìyá Òdù, que automaticamente entende-se que
são pessoas que não possuem caminho para o sacerdócio. O Ìtẹ̀fá é o momento
mais importante na vida da pessoa que escolhe a religião tradicional yorùbá,
onde, esse conjunto de cerimônias mudam ou redefinem o caminho a ser percorrido
pelo iniciado. Uma pessoa iniciada em Ifá, tem acesso a informações confiáveis
que orientam e norteiam que direção devemos seguir. Podemos dizer que é quase
como um renascimento, a partir da iniciação seguimos as orientações de
Ọ̀rúnmìlà Ifá, tornando assim, a nossa caminhada na Terra em busca da
realização do nosso destino mais descomplicado, pois, muitas vezes estamos
caminhando no sentindo oposto aquele escolhido por nós, antes do nascimento.
O
ritual do Ìtẹ̀fá é facilmente identificado logo de início, pois, com a figura
do Olúwo à frente, a Ìyá Apẹ̀tẹ̀bí com o yangí de Èṣù sobre a cabeça, o
bàbáláwo à direita e uma ìyánífá à esquerda com um recipiente na mão, seguidos
pelo iniciado com o carrego e o seu Ojúgbọ̀nà que muitas vezes pode ser o seu
próprio bàbáláwo. Em um segundo momento vários rituais são processados desde a
retirada do cabelo, banho com folhas, pinturas, dentre outros. Tais rituais tem
como finalidade chegar ao momento mais importante do Ritual de Ìtẹ̀fá, quando o
iniciado sentado atrás do seu Olúwo, coloca suas mãos sobre os ombros dele,
para a obtenção do odù de nascimento do iniciado, que fique claro que somente
no Ìtẹ̀fá isso é possível, esse odù servirá como referência e orientação,
devendo ser estudado exaustivamente, pois dentro dele em suas histórias
sagradas poderão ser encontradas as respostas para todas as dúvidas do
iniciado.
Somente
aquele que foi submetido a um Ìtẹ̀fá tem a informação definitiva sobre o seu
odù, somente aquele que foi submetido a um Ìtẹ̀fá é conhecedor do seu destino.
A iniciação em Ifá, pode ser comparada ao mapa que irá guiar o iniciado na
viagem da vida, aquele que não possui o mapa, perde tempo e muitas vezes andam
em círculos enfrentando inúmeras dificuldades, mas, a pior delas é a
insegurança do caminho a ser seguido. O culto a Ọ̀rúnmìlà está descrito nos
versos de Ifá, não existe improvisação ou criatividade, as cerimônias deverão
ser realizadas fidedignamente pautadas na teologia yorùbá, o não alinhamento
com a origem poderá comprometer a legitimidade dos atos.
Aula (7) - Égún e Òkú
“Os povos de origem Yorùbá utilizam um nome especial para tratar
seus antepassados, Égún, esse termo identifica o antepassado masculino,
espíritos divinizados através de rituais específicos, onde, o morto passa a ser
tratado de maneira especial, ele recebe um novo nome e começa a ser cultuado junto
ao assentamento dos demais antepassados...”
Ifagbaiyin
Agboola.
Os
espíritos dos mortos na cultura Yorùbá, recebem o nome de Òkú, não é todo Òkú,
que se torna Égún, mas todo Égún um dia foi um Òkú. A diferença está nos
rituais próprios para tornar o Òkú, um ser divinizado, esses rituais podem ser
feitos somente para os espíritos de pessoas iniciadas no culto de Òrìṣà ou de
Egúngún, é claro que existem outros pré-requisitos para que esse processo de
divinização seja efetuado, o homem quando vivo deve ter um comportamento
exemplar para que um dia ele venha a ser cultuado como Égún.
No
Brasil, existe uma diferença em relação ao que é feito no território Yorùbá, aqui se acredita que os Égúns jamais
devem ter contato direto com as pessoas, isso para a tradição Yorùbá não procede, os antepassados ficam
felizes com esse contato, essa é uma das formas de harmonizar o espírito com
seus descendentes. Quase todo espírito causa problema para os seus descendentes
se não for cuidado de forma adequada, normalmente a falta de rituais fúnebres
próprios e o despreparo das pessoas para cumprirem algumas exigências básicas
nessa relação homem espírito terminam gerando esse conflito.
Na
cultura Yorùbá existe uma sociedade secreta que se encarrega dos rituais
fúnebres, esses sacerdotes cultuam uma divindade chamada Orò, que no Brasil,
ainda é muito pouco conhecida. No que se diz em relação aos espíritos dos
antepassados femininos, é muito raro que sejam cultuadas de forma
individualizadas, pois, normalmente são cultuadas nas sociedades secretas das
Ìyá mi, podemos citar como por exemplo, Ìyá mi Òṣòròngà, Ìyá mi Àiyé , Ìyá mi
Ajé, dentre várias outras.
Sendo
assim teremos:
· Egúngún,
é o culto de espíritos masculinos individualizados;
· Orò,
é culto de espíritos masculinos generalizados;
· Ìyá
mi, que é o culto de espíritos femininos generalizados.
Para
melhor entendimento é importante não confundirmos com o culto aos Òrìṣàs,
espíritos divinizados, relacionado às forças da natureza cultuados no Brasil, e
caboclos cultuados na Umbanda, religião de origem Brasileira, que definiríamos
como uma forma semelhante de cultuar Égún, porém, diferente, pois, os espíritos
da Umbanda estão associados com a cultura afro-ameríndia.
Aula (8) - Ẹbọ: Sacrifício e Transformação no Ifá.
“Eu fico contrariado quando vejo na internet
pessoas postarem textos de odù sem que conste a qual odù pertence, nenhuma
pessoa pode se intitular dono dos versos de Ifá...”
Ifagbaiyin
Agboola.
Mas a final de contas o que vem a ser o ẹbọ rírù? Primeiramente é importante compreendermos o significado literal da expressão ẹbọ rírù, onde teremos, ẹbọ: é uma oferenda ou sacrifício cujo objetivo é prevenir e remover episódios desagradáveis recorrentes na vida do consulente, assim como, atrair o bem estar para a vida do mesmo, caracterizando também atos litúrgicos.
Posteriormente
teremos rírù: onde rí, significa ver e rù, significa carregar (transportar),
sendo assim, poderemos interpretar essa expressão como uma oferenda ou
sacrifício realizado no àiyé (mundo físico) visto e testemunhado por um grupo
de pessoas antes de ser conduzido e entregue no ọ̀run (mundo espiritual). O ẹbọ rírù, é um ritual recorrente no culto
a Ifá e poderá ser oficializado somente por um bàbáláwo ou uma ìyánífá.
Esse
ritual consiste em oferecer sacrifícios a um determinado odù previamente
extraído em consulta para o consulente, pois, entende-se que não existe odù bom
ou odù ruim, o que de fato existe é a forma que a pessoa está sendo
influenciada pelo odù naquele determinado período da sua vida. Se o consulente
estiver sendo influenciado com aspectos positivos, configura-se que o odù está
em ire, caso contrário, com aspectos negativos, configura-se que o odù está em
ibi.
O
ẹbọ rírù, é uma cerimônia bastante eficiente para lidar com essas
influências, seja para transformar o ibi em ire ou até mesmo para assegurar o
odù que já se encontra em ire para que a pessoa retorne ou permaneça no seu
caminho predestinado.
Existem
vários tipos de ẹbọ rírù, como por exemplo, ètùtù que é o ẹbọ destinado ao
apaziguamento ou satisfação das divindades, àdàbò, que é o ẹbọ onde a pessoa
oferece algo em agradecimento pela vitória alcançada, temos também ìkúnlẹbọ,
que é o ebó destinado diretamente a um Òrìṣà previamente sentenciado por Ifá
através da consulta, dentre vários outros.
Três
estruturas básicas constituem o ẹbọ rírù, que são elas: erigi awo agbasa, que
é o ritual propriamente dito, ou seja, é a estrutura técnica de como executar o
ritual corretamente.
Depois
teremos ìkìlọ̀ (recomendações), onde, é de vital importância, além de executar
o ẹbọ, seguirmos as orientações e conselhos que Ifá nos revelou através da
consulta.
E
por último teremos os èèwọ̀s (interdições), que caso venhamos a violá-los
poderemos colocar em risco todo o àṣẹ necessário para que o ẹbọ venha a se
concretizar. Cada um desses aspectos é de fundametal importância para que o
ẹbọ rírù se torne uma ferramenta infalível para remoção dos obstáculos e
retomada ou até mesmo a permanência do nosso caminho em ire. Abordaremos a
seguir a ordem que configura o ẹbọ rírù, praticado em nossa família,
respeitando as diferenças das mais variadas formas de configuração do ẹbọ
rírù praticado por outros grupos familiares.
Ordem
esta: Primeiramente, Òtùrá Ìrẹtẹ̀, nesse verso é feito uma homenagem a
Olódùmarè e o bàbáláwo se identifica como extensão do trabalho divino.
Segundo
Ọ̀wọ́nrín Méjì, nesse verso o bàbáláwo homenageia o pai, a mãe, o olúwo, o
ojúgbọ̀nà e a todos os ancestrais, reafirmando o respeito à família.
Terceiro,
Idingbè, nesse verso é solicitado que o ebó seja aceito e que as maldições
lançadas sobre o consulente sejam eliminadas.
Quarto,
Òtùrá Ká, nesse verso é descrito todo o material que vai ser ofertado deixando
explícito que o dinheiro também é um elemento que faz parte do ẹbọ. Nesse
momento o bàbáláwo faz referência ao odù da consulta e ao seu odù inverso,
fazendo a invocação de todos os ires.
Quinto,
Ọ̀wọ́nrínṣogbè, nesse verso o babalawo faz uma homenagem a exú pedindo para
que ele aceite o ẹbọ.
Sexto,
Ọ̀bàràbogbè, nesse verso o bàbáláwo pede autorização à ìyá mi para estar
realizando o ẹbọ, além de exaltar as mulheres.
Sétimo,
Ògúndábèdé, nesse verso o bàbáláwo pede autorização e saúda Egúngún para a
realização do ẹbọ.
Oitavo,
Ògúndá Màsá, nesse verso o bàbáláwo se identifica como o oficiante do ritual
dizendo o seu nome e pede para que a morte e a doença sejam afastadas da vida
do consulente.
Nono,
Ìká Méjì, nesse verso o bàbáláwo faz uma referência a Ìbéjì e invoca a abundância
para a vida do consulente em forma de filhos duplos, na tradicional invocação
da dupla abundância.
Décimo,
Ìrẹtẹ̀ Méjì, nesse verso o bàbáláwo pede para que nunca falte dinheiro para o
consulente e exalta que aquele que é iniciado não enfrentará dificuldades com
as finanças.
Décimo
primeiro, Ọ̀ṣẹ́bile, nesse odù o bàbáláwo invoca que a alegria e todas as
coisas boas venham do céu para a vida do consulente.
Décimo
segundo, Ọ̀ṣẹ́tùrá, nesse verso o bàbáláwo pede para que a morte se afaste e
que o consulente tenha uma vida longa e saudável, também roga a Ọ̀ṣun para que
o ẹbọ seja aceito e que ela permita que todas as outras divindades aceitem o
sacrifício.
E
por último, o décimo terceiro odù teremos Ọ̀kànràn Sá, onde, o bàbáláwo roga
pela vida do consulente, e afirma através do odù que aquele que faz ẹbọ
estará salvo, pronunciando o nome da pessoa.
Para
finalizar, o bàbáláwo pergunta a Ifá quantos búzios deverão acompanhar o ẹbọ
e identifica se o sacrifício está completo, posteriormente o consulente leva o
ẹbọ até o ojúbọ de Èṣù para que seja encaminhado ao Ọ̀run (mundo
espiritual).
A intenção através dessa aula é mostrar a complexidade do ẹbọ rírù, para que as pessoas que desconhecem o ritual, não se tornem vítimas de sacerdotes despreparados e oportunistas. Pois, quando isso acontece os prejuízos vão muito além do dinheiro, onde, a fé é abalada gerando decepção e um progressismo afastamento da religião.
Aula (9) - Àbíkú o ser Indesejado ou Não!
“Eu sempre digo para as pessoas que tudo vai depender por
que ângulo estamos olhando dizer que um àbíkú tem dificuldades na vida é
verdade, mas quem não tem? Eu já atendi algumas pessoas àbíkús muito bem de
vida em todos os sentidos enquanto outros que não tem esse problema vivem um
verdadeiro pesadelo...”
Ifagbaiyin Agboola.
É
claro que tudo é muito mais complicado do que parece, o bàbáláwo para tratar de
tal situação será necessária muita sabedoria para que ele não coloque sua
própria vida em risco, assim como, de outras pessoas.
Tratar
dos espíritos infantis requer um misto de conhecimento e coragem, pois, um
espírito de criança sempre pode nos surpreender. O culto ao Òrìṣà Ìbéjì
(gêmeos) e o culto ao Òrìṣà Ẹgbẹ́ Ọ̀run (família espiritual do céu), fazem parte
de um conjunto que quando bem trabalhado proporciona a pessoa àbíkú uma vida de
prazer e alegria.
Falar
de algo que se desconhece é um grande erro, cabe a nós encontrarmos através de
estudos, pesquisas, vivência e prática as verdadeiras informações sobre o culto
a àbíkú, assim como, de toda a religião tradicional yorùbá.
Aula (10) - Ìyá Mi, as Bruxas e a Desinformação
“Eu me considero uma pessoa calma, mas, diante de tantos
absurdos sendo ditos sobre Ìyá mi na internet, minha paciência desapareceu,
chamar a mãe da terra de bruxa, é no mínimo desinformação, Ìyá (mãe) mi
(minha), minha mãe não é bruxa, e eu entendo o motivo da afirmação, falta de cultura,
mas não concordo com a falta de informação nos dias de hoje, pois, nunca na
história da humanidade foi tão fácil se informar...”
Ifagbaiyin Agboola.
Dizer que Ìyá mi é um culto somente de mulheres é mais um absurdo, o que dizer dos Oṣós? Assim como, também é um grande equívoco afirmar que Ìyá mi é cultuada para maldade.
A
função de Ìyá mi na teologia yorùbá, é a coordenação dos Ajoguns, de Ikú, Àrùn,
Òfò, e outras dificuldades que o homem encontra em sua existência, a liberação
ou não dos ajoguns, está ligada a uma série de fatores, assim como, o próprio
destino, que conforme a cultura religiosa yorùbá em parte é escolhido por nós
mesmos.
Diante
de tais informações, erroneamente divulgadas, poderemos afirmar que se você
quiser agradar seus antepassados femininos e buscar uma existência em harmonia
com passado, o presente e o futuro, certamente deverá cultuar Ìyá mi. A
essência jamais deverá ser esquecida, não existe figura mais respeitada para os
yorùbás do que a mãe, é muito difícil aceitar que a mais importante das
divindades se tornou uma bruxa em nosso país, essa que representa todas as mães
inclusive a mãe terra.
O culto à Ìyá mi faz parte da história da humanidade e não é um grupo de pessoas mal informadas que irá mudar a cultura trazida para o Brasil, por nossos antepassados.
“Muito se tem falado sobre Ìyá mi, mas, pouco
se tem divulgado dos detalhes do culto a esse Òrìṣà, na verdade pouco se pode
divulgar e isso todos compreendem, quando alguém tenta falar um pouco mais, imediatamente,
vira alvo de críticas quase sempre feitas por pessoas que nem são iniciadas...”
Ifagbaiyin
Agboola.
O
que se pode divulgar é que as pessoas pactuadas a partir do primeiro ìmulẹ̀
terão acesso a mais informações e que isso acontece tanto para homens quanto
para mulheres. Quando o ìmulẹ̀ é feito com Ìyá mi, a pessoa ao contrário do que
se pensa desperta uma energia que ela já possui, que somente com um ritual
adequado e conduzido por uma pessoa habilitada justificará essa relação entre
homem-divindade, proporcionando assim, benefícios para o indivíduo.
Jamais
esse ritual poderá ser chamado de iniciação e muito menos de feitura. Em uma
iniciação o indivíduo recebe algo que está faltando e em uma feitura ele exalta
o que já possui, mas, em um ìmulẹ̀ ele assume um compromisso com a sua origem o
seu passado e o seu futuro, despertando assim, aquela energia já existente,
porém, até então desconhecida.
Posteriormente,
existirá um contato mais direto com as forças de Iyá mi, através de uma
representação que será alterada conforme a evolução do indivíduo diante dos
ìmulẹ̀s assumidos, seguindo rituais de compromissos até que em um desses é
determinado o completo afastamento de algumas atividades.
É
verdade que algumas pessoas falam em sete ou até em nove ìmulẹ̀s, não abordaremos
aqui a quantidade nem a ordem dos mesmos, mas, em alguns casos eles podem ser interrompidos por
orientação de Ifá ou poderão ser feitos em uma ordem mais rápida sempre visando
o bem estar do indivíduo e o cumprimento de regras previamente estipuladas,
onde, fica bem claro que somente a orientação de Ifá poderá determinar o
caminho a ser seguido, pois, em alguns casos até a ordem dos ìmulẹ̀s poderão
ser alteradas.
Algumas
pessoas desconhecem, mas, existem vários tipos de ìmulẹ̀s, inclusive com os
outros Òrìṣàs, sempre buscando a proteção e o benefício do pactuado.
Aula(11) - Ìyá mi Òṣòròngà
“Escrever sobre Ìyá mi deveria ser um compromisso de todos
os sacerdotes do culto ao Òrìṣà, é nossa obrigação tentar desmistificar e
enaltecer as divindades do panteão Yorùbá...”
Ifagbaiyin Agboola.
Embora Ìyá mi se faça presente em todos os odus, falar sobre Ìyá mi é transitar pelos versos dos odus: Ọ̀sá Méjì, Ọ̀ṣẹ́ Óyéku, Ìrẹtẹ̀ Méjì, Ogbè Sá, Ìrẹtẹ̀ Ọ̀wọ́nrín e Ìrẹtẹ̀ Ogbè.
Èṣù,
Ọ̀rúnmìlà e Ìyá mi respondem nos duzentos e cinquenta e seis odus, porém, em
alguns é exaltada a necessidade de pactuar com Ìyá mi de forma a criar uma
aproximação do indivíduo com a informação e a ritualística, considerando que a
energia já o acompanha desde o seu nascimento.
Podemos
observar constantemente supostos conhecedores falando mal de Òrìṣà e de
determinados odùs e um desses é Ọ̀sá Méjì, famoso entre os incultos como sendo
um odu negativo, é por essa razão que vamos começar falando do aspecto positivo
contido nesse odù e no culto a Ìyá mi Òṣòròngà.
No
odù Ọ̀sá Méjì, Ìyá mi Òdù quando chega a terra começa a agir sem limites,
desrespeitando os Òrìṣàs, chegando ao ponto de vestir a roupa de Egúngún,
encontrando dificuldades para dançar com a roupa, Ọbàtálá, introduz uma espécie
de tela, através de um corte na roupa para que permita Iyá mi enxergar.
É
evidente que posterior a essas confusões algo teria que ser feito e Ìyá mi
deveria ser acalmada, então, após uma consulta a Ọ̀rúnmìlà, Ọbàtálá é
aconselhado a dividir o seu alimento com Ìyá mi, através desse ato Ọbàtálá,
conseguiu acalmá-la ofertando a água do Ìgbín (omi ẹ̀rọ̀), daí por diante, o
ìgbín passou a ser o principal alimento de Iyá mi Òdù.
O
trabalho de um Bàbáláwo é interpretar os versos de Ifá, considerando o citado
acima, estamos falando de um convívio harmonioso entre um personagem masculino
e outro feminino, a água do ìgbín é conhecida como a água que acalma, sendo
assim, esse odù fala de um período de paz e prosperidade.
Já
no odù Ìrẹtẹ̀ Ọ̀wọ́nrín, Ọbàtálá tenta ludibriar Ìyá mi se negando a pagar um
tributo para a grande mãe ancestral, Ìyá mi com habilidade percebe a armação e
se antecipa ao embuste criado.
Interpretando
essa passagem do odù Ìrẹtẹ̀ Ọ̀wọ́nrín, percebemos que Ìyá mi, só quer o que é
dela por direito deixando bem claro que ela não se antepõe aos Òrìṣàs ou aos
seres humanos. Em uma linguagem popular se formos comparar o Ọ̀run a uma
empresa, utilizaremos uma didática de fácil assimilação, onde, o processo seria
composto da seguinte maneira:
Olódùmarè
seria o equivalente ao presidente da empresa, que teria imediatamente dois
diretores de total confiança.
Ọ̀rúnmìlà,
que seria um diretor administrativo que identifica e orienta a questão e Ìyá
mi, seria uma diretora executiva com a função de dar andamento as orientações
fornecidas por Ọ̀rúnmìlà, sendo assim, o destino por nós escolhido diante de
Àjàlá antes de virmos para terra é testemunhado por Ọ̀rúnmìlà e informado a Ìyá
mi.
Ìyá
mi não interfere na escolha do nosso destino, ela segue as orientações de
Ọ̀rúnmìlà liberando os seus assistentes (ajogun), para executarem o trabalho.
Os
ajoguns, Ikú (morte), Àrùn (doença), Ẹjọ́
(problemas), dentre outros, são liberados por Ìyá mi em quase a totalidade
das situações correspondendo a uma escolha feita por nós mesmos, não é Ìyá mi
que é ruim ou perversa ela exerce uma função assim como os demais Òrìṣàs.
As
pessoas iniciadas em Òrìṣà não podem ser sepultadas em gavetas o ideal é que
seus corpos sejam restituídos à terra, sendo assim o ajogun ikú (morte), não é
ruim, ele exerce uma função determinada por Ìyá mi, porém, em data quase sempre
escolhida por nós mesmos.
No
odu Ogbè Yonu, Ọ̀rúnmìlà orienta os Òrìṣàs para oferecerem ẹfun e osùn, além
de várias folhas para Ìyá mi Òṣòròngà, com isso, Ìyá mi se compromete a não
atacar os filhos dos Òrìṣàs.
No
odù Ogbè Sá, Ìyá mi se compromete com Ọ̀rúnmìlà em fazer o bem quando chega a
terra, ela diz a Ọ̀rúnmìlà, que seus filhos vão ter prosperidade e
felicidade.
No
odù Ìrẹtẹ̀ Méjì, Ọ̀rúnmìlà viaja para a cidade de Ota descobrindo assim o
segredo de Ìyá mi, ele oferece o prato predileto dela e eles se tornam grandes
amigos.
No
odu Ìrẹtẹ̀ Ogbè, Ìyá mi Òdù se torna a esposa de Ọ̀rúnmìlà, que reconhece o
poder de sua esposa quando ela invoca o pássaro Aragamágo como sendo muito
superior ao poder de Ọ̀rúnmìlà.
No
odu Ọ̀ṣẹ́ Ọ̀yẹ̀kú, Ọ̀rúnmìlà orienta Ògún, Ọbalúwayé, Odùduwà e Ọbàtálá para
que façam oferendas para Ìyá mi, que reconhece os mesmos como filhos.
A
figura materna de Ìyá mi é confirmada em vários versos de Ifá, uma mãe tem o
dever de zelar pelos seus filhos, e não de agradá-los, pois, nem tudo que uma
mãe faz é compreendido por seus descendentes.
Ìyá
mi é uma mãe zelosa e poderosa que habita dentro de cada um de nós, em nossas
vísceras ela pode se manifestar de maneira positiva ou negativa. Ìyá mi pode
criar um mal-estar para impedir que a pessoa saia de casa e seja vítima de algo
que não faça parte do seu destino, provavelmente, o problema intestinal será
visto de forma negativa, porém, será necessário para manter a pessoa longe do
perigo.
A
igreja católica ao longo da história combateu a figura feminina por temer a
capacidade que somente as mulheres possuem, que é o fato delas poderem abrigar
uma nova vida dentro delas, as mulheres são muito superiores aos homens em
vários sentidos, essa é a verdadeira razão do combate histórico a figura
feminina. Ìyá mi foi uma das vítimas desse processo histórico.
Para
cultuar Ìyá mi é necessário amar e respeitar a figura feminina, respeitar as
mães, as irmãs, as filhas, respeitar a natureza e o poder da criação, Ìyá mi é
a própria vida, é quem nos gerou, é quem nos abrigou no passado, é quem nos
abriga no presente, e com certeza quem irá nos abrigar em um futuro quando
passarmos dessa para uma outra. Algumas pessoas em seu odù de nascimento
necessitam se aprofundar no culto a Ìyá mi mais do que outras, isso se deve a
própria história de cada odù e ao destino escolhido pela pessoa, de qualquer
forma o culto a Ìyá mi poderá ser praticado por qualquer um, agradar aos nossos
antepassados femininos é muito mais fácil do que parece. Para agradar Ìyá mi
temos que estar em harmonia com a natureza e com os nossos semelhantes, a
essência do culto a Ìyá mi é a força feminina maternal que gera e mantém a
vida, manter a vida é como amamentar o recém-nascido, é conservar a essência e
estimular o desenvolvimento do que temos de melhor.
Ìyá
mi é a força da vida é a capacidade de criar, é a capacidade de amar, é a
manutenção da vida, é o leite que alimenta o recém-nascido é o desenvolvimento
sadio, a evolução, é a capacidade de renovar como forma de perpetuar a vida.
Em
uma árvore grande e sadia podemos observar centenas de galhos como extensão do
tronco, podemos ver milhares de folhas e frutos como extensão dos galhos, os
frutos dentro deles têm centenas de sementes que gerarão outras árvores.
É
esse ciclo da vida que representa Ìyá mi a árvore é só um exemplo, quando
estamos diante de uma mulher grávida esse mesmo ciclo poderá ser observado,
assim é Iyá mi, onde, nada acontece sem essas senhoras.
Aula (12) - A Verdade Sobre Egúngún
“Na cultura Yorùbá a morte é encarada com naturalidade, os
povos pertencentes a esse território têm uma forma bem clara para definir esse
momento, a morte não representa o fim, ela representa sim o começo de um novo
ciclo...”
Ifagbaiyin Agboola.
A morte não é o fim da vida, existem oito mundos paralelos ao àiyé, conhecidos como Ọ̀run (céu). Este local para o povo Yorùbá é a morada dos Òrìṣàs e dos antepassados, sendo assim, o contato entre o Ọ̀run (céu) e o Àiyé (terra) acontece de forma constante.
O
fato de poder ir e vir é um privilégio, somente espíritos com um caráter
exemplar serão escolhidos para serem cultuados como Egúngún.
Continuar
voltando a terra para ver seus descendentes é um prazer, participar da vida da
comunidade ou da família possibilita ao indivíduo eternizar-se, entrar para
história e ser louvado por seus descendentes. A desinformação sobre esse
assunto é muito grande, existe uma fama de mistério confundida com mentiras e
interesses que distancia muito os iniciados da verdade e que atraem os leigos
por desconhecerem a realidade.
Não
existe Egúngún do Òrìṣà Ògún ou de Ọ̀ṣun ou de Ọbàtálá, esse é um erro
bastante comum, o que existe é um espírito de um ancestral (egúngún) que um dia
foi feito para um determinado Òrìṣà, ou não.
Não
existe comida de Òrìṣà que se serve para um determinado Egúngún, existe sim,
pratos tradicionais de um povo, que poderão ou não, serem servidos de acordo
com a preferência do antepassado. Não existem interdições de Egúngún, como sal
e cor vermelha, tais interdições deixam de existir a partir do momento da morte
do indivíduo.
É
possível sim que um espírito feminino seja homenageado após a sua morte em um
ritual de Egúngún. É permitida sim a permanência de mulheres nos rituais para
Egúngún, não dá para compreender quais seriam os objetivos de tais rituais que
não fossem os de manter a família e a estrutura de um povo sem que a presença
da mulher deixe de ser fundamental.
Todas
as casas que cultuam Òrìṣà devem ter sim um assentamento de Egúngún, todos
temos antepassados. Sim, é necessário o culto de Egúngún e Òrìṣà assim como de
Ìyá mi no mesmo local, um ritual se completa com o outro, até por que estamos
prestando homenagens a espíritos evoluídos e de grande compreensão, espírito
desinformado não merece tais rituais e sim outros.
Uma
pessoa com cargo de Bàbálórìṣà, pode sim ser um iniciado em Egúngún, e outros
cultos como o de Ìyá mi e de Bàbá Orò, sem nenhum problema, como disse
anteriormente os rituais se completam, pois, todos nós temos antepassados
femininos e masculinos.
Uma
pessoa deve sim cultuar Egúngún de sua família, assim como, o Egúngún da
família de Òrìṣà a qual ela foi iniciada, cultuar um Egúngún de alguém que não
tem nada em comum com você é no mínimo desperdício para não dizer total
desinformação.
Assentamento
de Egúngún pode sim ser feito em casa alugada, quando a pessoa vai mudar para
um outro lugar tem um ritual que deve ser feito com uma parte da terra do
local, e o assentamento jamais deverá ser desfeito e sim transferido.
Toda
pessoa um dia poderá ser um Egúngún cultuado sim, o que vai diferenciar quem
merece ou não ser cultuado é a finalidade do assentamento, para ser mais claro,
se eu quero um amigo que vai me orientar, não assentarei o espírito de um
qualquer.
Existe
sim um odù que autoriza a abertura de um buraco no chão para o culto dos antepassados,
não mencionaremos aqui por razões óbvias. Todos os rituais em nossa religião
constam nos versos dos odùs de Ifá.
Sim,
um Egúngún assim como um Òrìṣà, não necessita de um número exato de animais
para ser assentado, acontece que o homem está tão pretensioso que administra os
rituais sem mesmo questionar a divindade e suas preferências. Sobre a questão
da roupa de Egúngún, não passa de truques mirabolantes destinados a interesses
financeiros e outros, somente quem conhece os rituais de preparação de uma
roupa de Egúngún sabe a importância da mesma na preservação dos membros ali
envolvidos.
A
respeito de usar Egúngún para fazer maldade, sabemos que faz parte da história
humana lançar mão de tudo que é possível para atingir seus intentos, mas, é bem
verdade que se amamos um Egúngún e o respeitamos, jamais pediremos para
interferir em nosso benefício causando qualquer tipo de dificuldade ao outro, é
claro que isso faz parte da formação da pessoa e não de uma religião
específica, algumas pessoas não merecem ter o acesso a tais informações, mas,
isso é uma outra história.
Bàbá
Egúngún ọlọ́mọ kì nsùn o
Màá
sùn kì o màá gbàgbé ilé
ma
fi ọ̀wọ̀ d’igi igbàgbé mù lọ̀run”
“Um
ancestral que possui filhos e devotos não dorme. Não dorme e não esquece sua
casa no céu, meu pai, jamais abrace a árvore do esquecimento, jamais se esqueça
das pessoas que te louvam”.
Aula (13) - Iba Olódùmarè (Deus)
Olódùmarè, mo ji loni. Mo wo'gun merin aye.
Igun'kini, igun'keji, igun'keta, igun'kerin Olojo oni.
Gbogbo ire gbaa tioba wa nile aye. Wa
fun mi ni temi. T'aya-t'omo t'egbe - t'ogba.
Wa fi yiye wa. Ki o f'ona han wa. Wa f'eni - eleni se temi.
Alaye o alaye o. Afuyegegege meseegbe. Alujonu eniyan ti
nf'owo ko le.
A ni kosi igi Méjì ninu igbo bi obi. Eyiti o ba ya'ko a ya abidun-dun-dun-dun.
Alaye o, alaye o.
Àse.
Tradução:
Criador, eu saúdo o novo dia. Eu saúdo as quatro direções que criam o mundo.
O
primeiro canto, o segundo canto, o terceiro canto, o quarto canto são os donos
do dia.
Eles
trouxeram a boa sorte que nos sustenta na terra. Eles trazem todas as coisas
que sustentam meu espírito.
Com
você não há nenhum fracasso, nós louvamos a estrada que você criou, nada pode
bloquear o poder do Espírito.
Nós
louvamos a luz da terra, ela sustenta a abundância da criação.
Traz
a comida da floresta para nós.
Aquele
que nos traz as coisas doces em vida.
Nós
louvamos a luz da terra, nós louvamos a luz da terra.
Assim
seja.
Oríkìs Òrúnmìlá
Òrúnmìlá, ajomisanra, Àgbónmìrégún, ibìkéjì Olódùmarè.
Elérìí ìpín, Omo ope kan ti nsoro dogi dogi.
Ara Ado, ara Ewi, ara Igbajo ara Iresi, ara Ikole, ara
Ìgetí, ara oke Itase.
Ara iwonran ibi ojumo ti nmo waiye akoko Olokun, oro ajo epo
ma pon.
Olago lagi okunrin ti nmu ara ogidan le, o ba iku ja gba omo
e si le.
Odudu ti ndu orí emere, o tun orí ti ko sunwon se.
Òrúnmìlá ajiki, Òrúnmìlá ajike, Òrúnmìlá aji fi oro rere lo.
Àse.
Tradução:
Espírito
do destino, orvalho eterno e fonte de vida, a palavra e força ressonante
próxima ao criador.
Testemunha
da croso que dá vitalidade juvenil.
Ele
que salva as crianças da ira de morte.
O
Grande Salvador que salva a mocidade, ele que reivindica os que estão perdidos.
Espírito
do destino, merecedor de súplicas matutinas.
Espírito
do destino, merecedor de elogio matutino.
Espírito
do destino, merecedor de orações para as coisas boas da vida.
Assim
seja.
Oríkìs Àgbónmìrégún
(O
principal sacerdote de Òrúnmìlá)
Adese omilese a-mo-ku-Ikuforiji Olijeni Oba-Olofa
Asunlolanini-omo-Oloni Olubesan.
Erintunde Edu Ab'ikujigbo alajogun igbo-Oba-igede para petu
òpìtàn-elufe amoranmowe da ara re Òrúnmìlá. Iwo li o ko oyinbo l'ona odudu
pasa.
A ki igb'ogun l'ajule Orún da ara Òrúnmìlá. A ki if'agba
Márìndínlógún sile k'a sina.
Ma ja, ma ro Elérìí ìpín ibìkéjì Edumare. F'onahan'ni
Orúnmìlà.
Àború, Àboyè, Àbosíse.
Ase.
Tradução:
Espírito
do Destino, a palavra e força repercutida.
Nós
o chamamos por seus nomes de poder.
O
Poder é renascido para defender contra os poderes da morte e destruição, o
poder de transformação está com o espírito do destino, não há nenhum estranho
na estrada do mistério.
Nós
louvamos o medicamento da floresta que vem do reino invisível dos imortais pelo
espírito do destino.
Nós
louvamos os dezesseis princípios sagrados do criador.
Eu
clamo pela testemunha da criação, segundo ao criador.
Minha
estrada para a salvação é o espírito do destino.
Leve
meu fardo da terra e oferece-o ao céu.
Ela (A Emanação de Òrúnmìlá)
Ifá lï l'òní, Ifá lï l'Ola, Ifá lï lotounla pelú e.
Orúnmìlà lo nijï máreerin òòsà dá'áyé.
Ifá ro wá o. Elà ro wá o o. Bi ò nbe lápá òkun.
Kó ro moo bo. Bi ò nbe ní wánrán oojúmï.
Ifá ji o Orúnmìlà, bí o lo l'oko, ki o wá lé o, bí o lo
l'odo, dí o wá lé o.
Bi o lo l'ode kí o wá lé o. Mo júbà o. Mo júbà o. Mo júbà o.
Àse.
Tradução:
Ifá
é o mestre de hoje, Ifá é o mestre de amanhã e é o mestre de depois de amanhã.
O
Espírito de destino é o mestre dos quatro dias criados.
Ifá
por favor desça. Espírito de pura paz esteja presente, se você está no oceano,
por favor venha.
Se
você está em meio a laguna, por favor venha. Até mesmo se você estiver em
wanran no Leste, por favor venha.
Ifá
desperte, espírito do destino se você vai a fazenda, você deveria passar em
minha casa, se você vai ao rio, você deveria passar em minha casa.
Se
você vai à caça, você deveria passar em minha casa, eu presto homenagem a ti,
eu presto homenagem a ti, eu presto homenagem a ti.
Oríkìs Opon Ifá
Alafia opon
Iwaju opon o gbo o. Eyin opon o gbo.
Que a cabeça do tabuleiro ouça.
Que o círculo do tabuleiro ouça.
Olumu otun, Ol Okànràn osi, aarin
opon ita Orun.
Espíritos do conhecimento da direita, espíritos da profecia
da esquerda.
O meio do tabuleiro é a encruzilhada do céu.
Ase.
Oríkìs Ikín
Orúnmìlà o gbo o. Òrúnmìlá iwo'awo.
Espirito
do destino ouça. Espirito do destino revele os mistérios.
Oun awo. Owo yi awo.
Ilumine
os mistérios. Abençoa-nos com o mistério da abundância.
Emi nÌkánsoso l'Ogbèri. A ki'fa agba merindinlogun sile k'asina.
Espirito
que cria a harmonia perfeita, mostre-nos a sabedoria dos dezesseis princípios
que moldam a terra.
Eleri Ipin f'ona han mi.
Testemunha
da criação revele-se a mim.
Oríkìs Ifá
Orúnmìlà Eleri-ipin ibikeji Olódùmarè.
Espirito
do destino, testemunha da criação, segundo para o criador.
A-je-je- ogun obiriti-a-p'ijo-ihu sa.
Possuidor
da medicina que sobrepuja a morte.
Olúwo mi amoimotan-a ko mo o tan ko se.
O
Criador que conhece todas as coisas que conhecemos.
A ba mo o tan iba se ke.
Se
conhecêssemos todas as coisas daqui não seria o suficiente.
Olúwo mi olósa aiyere omo elesin ile-oyin.
O
criador das coisas boas na terra, filho do senhor da casa feita de mel.
Omo ol'ope kan t'o s'an an dogi-dogi.
Filho
do senhor da arvore que sempre está firme.
Olúwo mi opoki a-mu-ide-s'oju ekan ko je k'ehun hora asaka-saka akun.
O
criador Opoki que passa uma corrente de ouro de proteção em seus olhos de
maneira que as garras do leão não dilacerem.
Omo Oso-ginni tapa ti ni-ewu nini.
Filho
de Oso-ginni da Tibo Tapa onde todos se vestem em finos tecidos, o senhor do
Egún que caminha com pernas-de-pau.
Omo Oso pa'de mowo pa'de mese o mbere ati epa oje.
Filho
de Oso que coloca contas em seus pulsos e tornozelos, a corrente dourada de
Oje.
Olúwo mi igbo omo iyan birikiti inu odo.
O
Criador, Espirito do bosque, Filho do inhame pulverizado no pilão.
Omo igba ti ns'ope jiajia.
Filho da cabaça criador de vários dendezeiros.
Ikú dudu ati ewo Oro aj'epo ma pon.
Ancestral
experiente que come azeite-de-dendê não envelhecido.
Agiri ile-ilobon a-b'Olowu diwere ma ran.
Agiri
da casa da sabedoria abundante de sementes de algodão que nunca se espalham.
Olúwo mi a-to-iba-jaiye Oro a-b'iku-j'igbo.
O
Criador que vive bem mesmo com o espirito da morte se esgueirando pelo bosque.
Olúwo mi Ajiki ogege a-gb'aiye-gun.
Criador
vamos para cumprimentá-lo pela manhã com Ogege que vive para fazer a paz na
Terra.
Odudu ti idu ori emere o tun ori ti ko sain se.
A
pessoa cujo espírito defende aqueles que morrem ao nascer.
Omo el'ejo ti nrin mirin-mirin lori ewe.
Filho
da serpente, a que se move serenamente por cima das folhas.
Omo arin ti irin ode-owo saka-saka.
Filho
do moedor, aquele que rege com as mãos limpas.
Òrúnmìlá Àbọrú, Òrúnmìlá Àbọyè, Òrúnmìlá Àbọṣíṣẹ.
Eu
rogo ao espirito do destino para alivia-lo de seu fardo terreno e oferece-lo
aos céus.
Aula (14) - Òrúnmìlá, Ògbóni, Edan, Ìtagbè.
Odu Ìwòrì Méjì
Apa nii gbokoo tan ina oso
Oruru nii wewu eje kanle
Ile ni mot e tee te
Ki ntoo topon
Ope teere ereke
Nii ya si ya buka merindinlogun
A dia fun Òrúnmìlá
Won ni baba o nii bimo sotu Ife yi
Mo gbo titi
Mo rin won, rin won
Igba ti o koo bi
O bi ómó-ni-mo-bi-tan-ni-mo-fi-nsara
Oun ni won fi joye Alara
Igba ti o tuun bi
O bi Oran-omo-tajoro
Oun ni won fi joye Ajero
Igba ti o tuun bi O bi
omo-ni-mo-bi-tan-ni-mo-funfun-laragberugberu
Oun ni won fi joye Oloyemoyin
Igba ti o tuun bi
O bi omo-ni-mo-bi-tan-ni-mo-kegikegi
Oun ni won fi joye Alakegi
Igba ti o tuun bi
O bi omo-ni-mo-bi-tan-ni-mo-nsegii-ta-loja-ejigbomekun
Oun ni won fi joye Ontagi olele
Igba ti o tuun bi,
O bi omo-ni-mo-bi-tan-ni-mo-afeluu-ta-loja-ejigboamekun
Oun ni won fi joye Elejulumope
Igba ti o tuun bi
O bi igba-ti-mo-bimo-tan-ni-oran-mi-too-gungege
Oun ni won fi joye owarangun-aga
Igba ti o tuun bi
O bi igba-ti-mo-bimo-tan-ni-won-nfowo-omoo-mi, wo mi
Oun ni won fi joye olowo lotu Ife
Òrúnmìlá waa dajo odun
O so fun gbogbo awon omoo re mejeejo
Ojo odun waa pe
Òrúnmìlá sodun, o sodun ko
Olowo naaa sodun, o sodun ko
Òrúnmìlá fa osun ide lowo
Olowo naaa fa osun ide lowo
Orunmila bo salubata ide
Olowo naaa bo salubata ide
Òrúnmìlá dade
Olowo naaa de
Omo-ni-mo-bi-tan-ni-mo-fi-nsara
Ti won fi joye Alara de
O ni Àbọrú Àbọyè Àbọṣíṣẹ
Oran-omo-tajoro
Ti won fi joye Ajero de
O ni Àbọrú Àbọyè Àbọṣíṣẹ
Omo-ni-mo-bi-tan-ni-mo-funfun-lara-gberugberu
Ti won fi joye Oloyemoyin de
O ni Àbọrú Àbọyè Àbọṣíṣẹ
Omo-ni-mo-bi-tan-ni-mo-kegikegi
Ti won fi joye Alakegi de
O ni Àbọrú Àbọyè Àbọṣíṣẹ
Omo-ni-mo-bi-tan-ni-mo-nsegii-ta-loja-ejigbomekun
Ti won fi joye Ontagi-olele de
O ni aboruboye bo sise
Omo-ni-mo-bi-tan-ni-mo-nfeluu-ta-loja-ejigbomekun
Ti won fi joye Owarangun-aga de
O ni aboruboye bo sise
Igba-ti-mo-bimo-tan-ni-won-nfowo-omoo-mii-wo-mi
Ti won fi joye Olowo lotu Ife de
O duro
Orunmila ni iwo naa paboruboye bo sise
O ni oun o le paboruboye bo sise
Orunmila ni ee ti je?
Olowo ni Òrúnmìlá sodun, o sodun ko
Oun olowo naaa soodun oun sodun ko
Iwo Òrúnmìlá fosun ide lowo
Oun olowo naaa fosun ide lowo
Iwo Òrúnmìlá bo salubata ide
Oun olóro naaa bo salubata ide
Iwo Òrúnmìlá dade
Oun olowo naaa dade
Bee ni won sin i
Eniikan kii fori ade bale fenikan
Ni Orunmila ba binu
O fosun idee re tu
Ni Orunmila ba kori si idi ope agunka
Eyi to ya si ya buka merindinlogun
Lo ba di wi pe aboyun o bi mo
Agan o towo ala bosun
Okunrun o dide
Akeremodoo wewu irawe
Ato gbe mo omokunrin ni idi
Obinrin o ri asee re mo
Isu peyin o ta
Agbado tape o gbo
Eree yoju opolo
Oju paa paa paa kan sile
Adiee sa a mi
A pon abe sile
Ewure mu un je
Gbogbo aye waa nwi pe
Nigba ti Orunmila mbe laye
Bayii ko layer i
Ni awon omo Orunmila ba meeji keeta
Won lo oko alawo
Won ni ki won o reku Méjì oluwere
Ki won o reja Méjì abiwegbada
Ki won o ru obidie Méjì abedo lukeluke
Ewuee Méjì abamu rederede
Einla Méjì to fiwo sosuka
Igba ti won rubo tan
Won waa kori si idi ope agunka
Eyi to ya si ya buka merindinlogun
Won nse
Ifá ka rele o
Omo enire
Omo enire
Omo enikan saka bi agbon
Ifa ka rele o
Ewi nle Ado
Onsa n Deta
Erinmi lode owo
Ifa ka rele o
Mapo Elere
Moba Otun
Mapo Elejelu
Gbolajokoo, omo okinkin
Tii meriin fon
Ifa ka rele o
Okunrin kukuru oke Igeti
Gbolajokoo, omo okinkin
Tii meriin fon
Omo opolopo imo
Tii tu jiajia wodo
Omo asese yo ogomo
Tii fun ningin niigin
Omo ejo meji
Tii sare ganranganran lori erewe
Omo ina joko mo joorun
Omo ina joko mo jeeluju
Orunmila ni oun o tun rele mo
O ni ki won o tewo
O waa fun won ni ikin merindinlogun
O ni be e ba dele
Be e ba fowoo ni
Eni tee moo bi nu un
Be e ba dele
Be e ba fayaa ni
Eni tee moo bi nu un
Be e ba dele
Be e ba fomoo bi
Eni tee moo bi nu un
Ile le ba fee ko laye
Eni tee moo bi nu un
Aso le ba fee nil aye
Eni tee moo bi nu un
Ire gbogbo te e ba fee nil aye
Eni tee moo bi nu un
Igba ti won dele
Gbogbo ire naa ni won nri
Orunmila afedefeyo
Elaasode
Ifa ree olokun ko de mo
O leni te e bar i
E sa moo pe ni baba
Tradução:
Odu Ìwòrì
Méjì
É
a árvore de apa que floresce na floresta e produz flores que tem medo dos
mágicos.
É
a árvore oruru que usa uma roupa de sangue de cima para baixo.
Foi
no chão que eu imprimi as marcas de Ifá antes de começar a usar a bandeja de
madeira para adivinhação.
É
a palmeira delgada no topo de uma colina que ramifica aqui e ali e tem
dezesseis cabeças semelhantes a cabanas.
A
adivinhação de Ifá foi feita para Òrúnmìlá, foi dito que o pai nunca teria um
filho nesta cidade de Ifé.
Quando
ele o ouviu riu e deles.
1
- E quando ele teve um filho pela primeira vez ele chamou de
ómó-ni-bi-tan-ni-mo-fi-nsara para quem foi dado o título de Alara.
2
- E quando ele teve um filho novamente ele foi chamado Oran-omo-tajori quem
recebeu o título de Ajero.
3
- E na próxima vez que ele teve um filho ele o chamou de
ómó-ni-bi-tan-ni-mo-funfun-lara-gberu-gberu quem recebeu o título de
Oloyemoyin.
4
- A próxima vez que ele teve um filho
ele
o chamou de ómó-ni-bi-tan-ni-mo-kegi-kegi quem recebeu o título de Alakegi.
5
- E na próxima vez que ele teve um filho ele o chamou de
ómó-ni-bi-tan-ni-mo-nsegii-ta-loja-Ejigbomekun quem recebeu o título de
Ontagi-olele.
6
- Na próxima vez que ele teve um filho ele o chamou de
ómó-ni-bi-tan-ni-mo-nfeluu-ta-loja-Ejigbomekun que recebeu o título de
Elejelumope.
7
- E na próxima vez que ele teve um filho ele o chamou de
igbá-thimo-bimo-tan-ni-oran-mi-too-gungege quem recebeu o título de
Owarangun-aga.
8
- E na próxima vez que ele teve um filho ele o chamou de
igba-thimo-bimo-tan-ni-won-nfowo-omoo-mi-wo-mi quem recebeu o título de Olúwo
na cidade de Ifé.
Òrúnmìlá
então escolheu uma data para fazer uma festa ele disse a seus oito filhos o dia
da festa que ele queria ser envolvido em odun.
Òrúnmìlá
se envolveu com odun.
*Então
Olúwo foi embrulhado com odun.
Òrúnmìlá
carregava na mão, um bastão de bronze Opa Osun.
*Então
Olúwo também carregava na mão, um bastão de bronze Opa Osun.
Òrúnmìlá
usa um par de sandálias de latão.
*Então
Olúwo usou um par de sandálias de latão.
Òrúnmìlá
usou uma coroa.
*Então
Olúwo também usou uma coroa.
1
- O filho de Òrúnmìlá conhecido como ómó-ni-bi-tan-ni-mo-fi-nsara quem recebeu
o título de Alara e ele disseque o sacrifício seja abençoado e aceito.
2
- O filho de Òrúnmìlá chamado Oran-omo-tajoro quem recebeu o título de Ajero
chegou e ele disse que os sacrifícios fossem abençoados e aceitos.
3
- E o filho de Òrúnmìlá chamado ómó-ni-bi-tan-ni-mo-funfun-lara-gberu-gberu foi
quem recebeu o título de Oloyemoyin e ele disse que os sacrifícios fossem
abençoados e aceitos.
4
- O filho de Òrúnmìlá chamado ómó-ni-bi-tan-ni-mo-kegi-kegi foi quem recebeu o
título de Alakegi e ele disse que os sacrifícios fossem abençoados e aceitos.
5
- O filho de Òrúnmìlá chamado ómó-ni-bi-tan-ni-mo-nsegii-ta-loja-Ejigbomekun
Foi
quem recebeu o título de
Ontahi-olele
e ele disse que os sacrifícios fossem abençoados e aceitos.
6
- O filho de Òrúnmìlá chamado ómó-ni-bi-tan-ni-mo-nfeluu-ta-loja-Ejigbomekun
foi quem recebeu o título de Elejelumope e ele disse que os sacrifícios fossem
abençoados e aceitos!
7
- O Filho de Òrúnmìlá chamado ómó-ni-bi-tan-ni-oraan-mi-too-gun-gege foi quem
recebeu o título de
Owarangun-aga
e ele disse que os sacrifícios fossem abençoados e aceitos.
*8
- O filho de Òrúnmìlá chamado
igba-ti-mo-bimo-tan-ni-ganhou-nfowo-omoo-mii-wo-mi foi quem recebeu o título de
Olúwo na cidade de Ifé chegou e ficou parado.
Òrúnmìlá
disse, você também quer que o sacrifício seja abençoado e aceito?
Ele
disse que não poderia dizer que o sacrifício fosse abençoado e aceito.
Òrúnmìlá
perguntou por que você fica parado?
Olúwo disse você Òrúnmìlá envolveu-se com um
Odun.
Eu,
Olúwo, me envolvi com odun.
Você
Òrúnmìlá carrega Opa osun feito de latão.
Eu
Olúwo tenho Opa Osun feito de latão.
Você,
Òrúnmìlá, usa um par de sandálias de latão.
Eu
Olúwo, também uso um par de sandálias de latão.
Você,
Òrúnmìlá usa uma coroa.
Eu
Olúwo também uso uma coroa.
Geralmente
é dito que ninguém usa uma cabeça coroada para se prostrar diante de outra
pessoa.
*Então,
Òrúnmìlá ficou bravo e ele pegou sua bengala de latão.
Òrúnmìlá
então foi a um pé da palmeira que ramificou aqui e ali e teve dezesseis cabeças
semelhantes a cabanas e desapareceu.
O
resultado foi que as mulheres não engravidaram mais.
Os
estéreis permaneceram estéreis.
Os
pacientes permaneceram doentes.
Pequenos
rios usaram roupas de folhas.
O
sêmen secou nos testículos dos homens.
As
mulheres não ficaram mais menstruação.
Novos
tubérculos de inhame apareceram, mas não puderam crescer.
As
espigas de milho saíram, mas não puderam amadurecer.
Os
feijões floresceram, mas não puderam se transformar em sementes. Porque a chuva
não cai no chão.
As
galinhas as pegaram facas afiadas foram colocadas no chão.
E
as cabras comiam.
Todas
as pessoas da terra estavam perguntando quando Òrúnmìlá voltaria a terra?
A
terra não era assim!
Os
filhos de Òrúnmìlá acrescentaram dois búzios a três.
E eles foram a um sacerdote de Ifá que os
orientou a fazer sacrifícios com dois ratos em movimento rápido.
Dois
peixes grandes nadando pacificamente.
Eles
foram orientados a oferecer duas galinhas com fígados grandes.
Duas
cabras com feto.
E
duas vacas (Einla) com chifres em forma para carregar coisas na cabeça.
Quando
eles terminaram de fazer os sacrifícios eles foram para o pé da palmeira.
A
palmeira se ramificou aqui e ali e teve dezesseis cabeças semelhantes a
cabanas.
Eles
estavam dizendo Ifá, venha para sua casa.
Enire
cachorrinho.
Enire
cachorrinho.
Descendentes
daqueles que atacam de repente com um objeto pontiagudo.
Ifá,
venha para sua casa.
Ewi
na cidade de Ado.
Onsa
na cidade de Deta.
Erinmi
na cidade Owo.
Ifa,
venha para sua casa.
Mapo
na cidade de Elere.
Moba
na cidade de Otun.
Mapo
na cidade de Elejelu
Gbolajokoo,
descendente de presas
isso
faz como a tromba do elefante.
Ifa,
venha para sua casa.
O
homem sob a colina Igeti.
Gbolajokoo,
descendente de presas
isso
faz como a tromba do elefante.
Cachorro
o filho da palmeira nasce.
Que
se movem graciosamente com um barulho profundo em direção ao rio.
Descendente
de novas folhas de palmeira.
Que
são geralmente brancas e tenras
Descendente
de duas cobras.
Quem
corre rapidamente no topo das árvores?
Descendente
de fogo que queima a fazenda, mas não queima o céu.
Descendente
do fogo que queima a fazenda, mas não queima a parte profunda da floresta.
Òrúnmìlá
disse que não voltaria para casa.
Ele
pediu para estender as mãos para a frente.
*E
ele deu as dezesseis sementes sagradas da palmeira para adivinhação de Ifá.
Ele
disse quando você chegar em casa
Se
aparecer uma pessoa que tenha dinheiro é essa a pessoa que você deve consultar.
Quando
você chegar em casa se aparecer uma pessoa que quer ter esposas é essa a pessoa
que você deve consultar.
Quando
você chegar em casa se aparecer uma pessoa que quer ter filhos é essa a pessoa
que você deve consultar.
Se
aparecer uma pessoa que quer ter uma casa na terra é essa a pessoa que você
deve consultar.
Se
aparecer uma pessoa que quer ter roupas na terra é essa a pessoa que você deve
consultar.
Se
as pessoas querem ter todas as coisas boas na terra é para essas pessoas que
você deve consultar.
Quando
eles voltaram para casa começaram a ter todas as coisas boas prometidas.
Òrúnmìlá
orador de todos os dialetos
Cujo
apelido é Elaasode.
Ifá
foi para a casa de Olóòkún e nunca retornou ele disse que você deve lhe chamar
de pai.
ODU OGBE-YONU
Iyán di átúngún
Óbé di átu´nsè
Wón ni kó ebi ku ohun kóhun mó
Bikò se ohun àjogún bá won kan soso
Ti wón fi njo ba
Eyi kìíse ohun mìràn bikò se Sàkì
Ebi ni ki Sàkì ná di ti Rà `ndàwú
Rà `ndàwú gba Sàkì odi Aláse ilú
Ó joba lóri gbogbo won
Sàkì wá gba yì ó gb’éye
Ódi ohun olá odi ohun iyì
Bi akò bá n”Rà `ndàwú
Akó lè joyè baba eni
Ohun ti sùúrú seti
Ilè ní gbé
O
odù Ogbèyọ́nú explica o uso do Ìtagbè ou Ṣàkì, (parte do vestuário Ògbóni, diz
o ẹsẹ Ifá, que jamais deveremos desrespeitar aquele que cobre o ombro
esquerdo com tal vestimenta).
O
Ìtagbè representa a parte interna do estômago humano e caracteriza aquilo que
tem de mais íntimo dentro de cada um de nós, indicando que o nosso interior
está exposto, assim como, nossas intenções.
O
homem que estiver usando essa peça do vestuário Ògbóni jamais poderá ter a sua
palavra questionada ou colocada em dúvida, Ifá diz, que nada supera a força de
Ẹdan plantado na terra, aquele que possui Ẹdan tem sua dignidade como marca
registrada do seu viver.
No
odù Ìròsùn Ọ̀ṣẹ́, fala da responsabilidade que o Ògbóni tem com a verdade. No
odù Ìròsùn Ìwòrì fala da insatisfação de Ọ̀rúnmìlà com o comportamento dos
homens e do pacto feito com Ẹdan para que se mantenha a verdade.
A
confecção do Ìtagbè fica a cargo das mulheres que cultuam Ọbàlùfọ̀n, o
processo é demorado e envolve inúmeras orações e oferendas no momento da
confecção.
Ifá
nos revela na história de Poroyen a mulher que salvou a vida de Ọ̀rúnmìlà com o
Ìtagbè. Ọ̀rúnmìlà tinha caído durante a noite dentro de um buraco e ficou preso
por sete dias e sete noites, sem conseguir sair, no sétimo dia começou a cantar
e a sua voz foi ouvida por Poroyen, que se aproximou do buraco e olhando para
Ọ̀rúnmìlà se apaixonou por ele, então ela resolve fazer uma proposta. Poroyen
disse para Ọ̀rúnmìlà que o tiraria do buraco com auxílio do seu Ìtagbè, se ele
casasse com ela, Ọ̀rúnmìlà aceitou, eles casaram e tiveram filhos.
O
Ìtagbè, é usado sobre a cabeça dos anciões no conselho Ògbóni quando eles
expressam a suas opiniões em decisões dentro do conselho, todos os Ògbóni usam
o Ìtagbè no ombro esquerdo, salvo
aqueles membros que não são iniciados no Ifá, governantes, políticos e pessoas
influentes na sociedade que tenham a conduta ilibada reconhecida.
As
pequenas divergências que presenciamos sobre esse tema não diminui em nada
qualquer uma das partes, a interpretação diferente demonstra o plural e Ifá nos
ensina que o singular é demonstração de falta de maturidade.
No
território Yorùbá existem muitas faces para a mesma verdade.
A
kì igbé Ṣàkì, lé iká ka puro
Que
significa, não se deve usar de forma maldosa o Ṣàkì, para dar credibilidade a
sua mentira.
Ògbóni
Ẹkùn!
Aula (15) - Ìwà-Pẹ̀lẹ́: O Conceito de Bom Caráter e o Ifá.
Segundo
Abimbola, o homem necessita oferecer sacrifício às forças benéficas para
continuar gozando de apoio para obtenção de bênçãos, assim como, oferecer
sacrifício aos ajogun e às àjẹ́ com o objetivo de não encontrar oposição quando
estiver prestes a realizar algum projeto importante.
“Todo indivíduo deve empenhar-se para ter Ìwà-Pẹ̀lẹ́, com o
objetivo de ter uma boa vida num sistema dominado por muitos poderes
sobrenaturais e em sociedade controlada pela hierarquia nas autoridades. O
homem que possui Ìwà-Pẹ̀lẹ́ não colidirá com nenhum dos poderes, sejam humanos
ou sobrenaturais, sendo assim, poderá viver em completa harmonia com as forças
que governam tal universo...”
Wander Abimbola
Consultaram Ifá para Ọ̀rúnmìlà quando ele estava vindo para
o mundo. Ifá disse que Ọ̀rúnmìlà nunca cairia em desgraça. Um peixe deveria ser
sacrificado. Ọ̀rúnmìlà ouviu e realizou o sacrifício. Então, desde a criação do
mundo até os dias atuais, Ọ̀rúnmìlà nunca caiu em desgraça.
Ele foi o primeiro a pisar no mundo. Ele treinou os
sacerdotes de Ifá e situou os odùs em suas respectivas posições. Apesar de
todas essas coisas, Ọ̀rúnmìlà nunca negligenciaria os sacrifícios prescritos a
ele, por demonstrar aos seres humanos que "não pode haver paz sem sacrifício".
Está claramente expresso em várias lições em Ifá que “os
seres humanos não vivem em paz sem oferecer sacrifícios”. Além do mais,
pequenos sacrifícios previnem a morte prematura. Qualquer pessoa que deseja ter
boa sorte sempre oferecerá sacrifícios.
Qualquer um que cultiva o hábito de fazer o bem,
especialmente aos necessitados, sempre será feliz.”
Observando
essas duas citações, concluímos que o simples fato de fazer ẹbọ e manter os
princípios éticos e morais, seria o bastante para nos livrar de todos os males.
Na
verdade, tudo isso depende de um conjunto mais complexo, como Orí e o destino
escolhido antes de virmos para a terra.
Não
podemos assim dizer que se eu tiver um bom comportamento e realizar os
sacrifícios isso irá mudar a minha situação, eu posso estar buscando algo que
não faz parte do meu destino.
É
bom lembrar que uma parte do destino pode ser mudado pelas nossas ações,
podemos transformar uma grande parte dele, isso é verdade, porém, existe uma
pequena parcela que jamais poderá ser alterada.
Aula (16) - Ìyá Òdù O Mais Importante De Todos Os Òrìṣàs
Ìyá
mi Òdùlógbòjé ou Ìyá Òdù, é o mais importante assentamento no culto aos
Òrìṣàs, onde, representa o útero materno gerador dos odùs que dão origem a
tudo que existe no universo. Ela também representa a capacidade adquirida pelo
bàbáláwo de assentar qualquer Òrìṣà inclusive àqueles que ele não foi
iniciado.
Se
todo Òrìṣà nasce em um odù e o bàbáláwo tem o assentamento de Ìyá Òdù ele
poderá invocar o odù de origem de qualquer Òrìṣà. Para ser feito uma cerimônia
de Ìtélodú existe a necessidade de ter o assentamento de Ìyá Odù que deverá ser
alimentada, já no Ìtẹ̀fá de uma outra forma sem a necessidade do assentamento.
No
território Yorùbá é comum encontrar bàbáláwos antigos que tem somente três
assentamentos, Èṣù, Ọ̀rúnmìlà e Ìyá Òdù. Uma das diferenças entre um bàbáláwo
e um bàbálórìṣà, é que um bàbálórìṣà, poderá assentar somente Òrìṣàs no qual
ele foi iniciado, um bàbáláwo pode assentar qualquer Òrìṣà, para isso ele tem
que ter conhecimento e ser portador do assentamento de Ìyá Òdù.
Em
território Yorùbá as famílias do culto a Ifá consideram que um awo que não
tenha sido apresentado para Ìyá Òdù durante o seu Ìtẹ̀lodù, não é reconhecido como
bàbáláwo.
O
assentamento de Ìyá Òdù é aberto somente em situações muito especiais como nos
Ìtẹ̀lodùs e no ọ̀dún Ifá.
Os
homens que não foram submetidos ao Ìtẹ̀lodù não poderão ser apresentados para
Ìyá Òdù sob o risco da responsabilidade de tal ato cair sobre o portador desse
assentamento.
Em
razão de existir um juramento feito pelos bàbáláwos diante de Ìyá Òdù de jamais
divulgar o conteúdo do assentamento não entraremos em mais detalhes, esse
assentamento é o maior segredo do culto aos Òrìṣàs.
BIBLIOGRAFIA
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AWODIRAN; A. Ifá Ohun Ijinle Aye
EPEGA; A. A. Oráculo Sagrado de Ifa
BASCON; W. Ifá Divination
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POPOOLA: S. Ifá Dida an Invitation to Ifá Divination, vole 1
POPOOLA; S. Practical Ifá: For the Beginner and Professional
VERGER; P. Éwé: o uso das plantas na sociedade ioruba
VERGER; P. Orixás, Deuses iorubas na África e no Novo Mundo
VERGER; P. Notas Sobre O Culto Aos Orixás E Voduns
VERGER; P. Saída de Iao
DOS SANTOS; E. Os Nagô e a Morte: Pàdé, Àsèsè e o Culto Egún na Bahia Juana
FATUMBI; F. Oríkìs Òrúnmìlá
SALAMY; A. Ifá a complete divination
SALAMI S. Mitologia dos Orixás Africanos 1
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JUNIOR; E. F. Dicionário Yorùbá (Nagô) Português
SILVA; A. C. A Enxada e a Lança
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*Ifá Ohùn Ijinle Aye
Awodiran Agboola
*ORÁCULO SAGRADO DE IFA
Afolabi Epega
* IFÁ DIVINATION –
Willian Bascon
* DAFA
Um Poderoso Sistema Para Ouvir A Voz Do Criador.
Balógun awolaluonisegun Ifase
*Ifa Dida (An Invitation to Ifa Divination, VOLUME 1)
* Practical Ifa: For the Beginner and Professional
Solagbade Popoola
* Ewé: o uso das plantas na sociedade ioruba
* Orixás, Deuses iorubas na África e no Novo Mundo
* Notas Sobre O Culto Aos Orixás E Voduns
* Saída de Ìyàwó
Pierre Verger
* OS NAGÔ E A MORTE Pàdé, Àsèsè e o Culto Egún na Bahia
Juana Elbein dos Santos.
*Oríkì - Òrúnmìlá
Falokun Fatumbi
*Ifá a complete divination
Ayò Salamy
*Mitologia dos Orixás Africanos 1
*Ogum – Dor e Júbilo (nos rituais de morte)
SIKIRU SALAMI
*Dicionário Yorùbá (Nagô) Português
Eduardo Fonseca Júnior
*A Enxada e a Lança
Alberto da Costa e Silva
“Não me pergunte o que Ifá está fazendo por você sem que você saiba me dizer, o que você está fazendo pelo Ifá!”
Olúwo Ifábaíyin Awolola Agboola
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