domingo, 29 de setembro de 2013

BRASIL MOSTRA A TUA CARA.


Autor: Babalawo Ifagbaiyin  Agboola.


A história politica recente do Brasil é tão vergonhosa que parece que a mãe pátria deu a luz a inúmeros filhos sem nenhuma vergonha.

Em meio a escândalos, desvios de verbas e acidentes fatais envolvendo pessoas que denunciaram os corruptos, as páginas da história da nossa politica estão sendo escritas.

Partes de nossa população não escondem o instinto corrupto.

 A lei que se faz presente é a lei da vantagem, onde o que mais se vê é o uso do comportamento politicamente incorreto.

Nas religiões não é muito diferente da politica, acontece de tudo um pouco.
Constantemente atendo pessoas que se dizem iniciados, mas o relato delas me deixa bastante preocupado com o futuro de nossa religião no Brasil.

A ordem que essas pessoas descrevem de suas iniciações, não existe, assim como não existe iniciação em òrìsà, pelo correio.

Nos últimos meses tenho recebido relatos de pessoas que são iniciadas sem estar presente nos rituais, isso é impossível.

A falta de vergonha de supostos sacerdotes me faz pensar sobre a capacidade humana, me parece que tudo pode ser negociado, que tudo tem um preço e isso me envergonha.

Já denunciei várias vezes à venda de òrìsàs pelo correio!

 Você recebe em casa Egbe Orun, Obalúwàiyé, Èṣù Awure, Ṣàngó e outros òrìsàs, sem ter tido qualquer contato com os sacerdotes que preparam esses òrìsàs.

Como é que um òrìsà é preparado na Nigéria para uma pessoa sem a sua presença?

Essas loucuras necessitam ser combatidas.

 Hoje um sujeito me ofereceu na rede social, segredos do culto de Iya mi, me parece que as pessoas estão sem nenhum escrúpulo.

Alguns awos de hoje, desconhecem que existem várias formas de alimentar um opele.

 O opele que passa por rituais junto com ifá na iniciação passa por outros rituais bem diferentes, para atender clientes, existem vários tipo de opele e várias consagrações diferentes.

No caso do opon, assim como opele, cada tipo de consagração tem uma finalidade, o opon do awo ifá, é consagrado diferente, do opon do Bàbàláwo.

O processo que envolve a formação de um Bàbàláwo é fundamentado em muita dedicação e paciência, além de muita seriedade e responsabilidade.
Está sendo criada uma nova versão do que é a religião tradicional yoruba, distorcendo o que ela tem de mais bonito e mais puro.

Será que as pessoas acreditam que o dinheiro compra tudo?
Existem pessoas em nosso meio prejudicando a imagem daquilo que mais respeitamos, que é o òrìsà.

Quando isso tudo vai ter uma solução?

A questão é histórica, o culpado é aquele que aceita o dinheiro, ou o que paga por algo que não tem direito?

 A vergonha maior é saber que tanto um como outro sempre vão procurar justificar os seus atos com boas intenções.









quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Iniciação em ifá sem mistérios




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Quando se ouve falar de um itefá algumas pessoas menos avisadas imaginam algo impossível de ser feito no Brasil.

Na verdade o itefá já é feito no Brasil há muitos anos, vejo falar de tudo, leio coisas que parecem um conto de fadas, já li desde plantas especiais, até tipo de terra especial em um Igbodu, em meio a tudo isso fico imaginando o que o leigo consegue entender sobre a iniciação em ifá e as suas implicações.

É evidente que entre esses grandes números de informações destorcidos, existem duas ou três razões, a primeira delas é a falta de informações das pessoas que divulgam, a segunda eu considero pior, que é o interesse em dificultar para que se sinta a implicação direta de que quanto mais difícil mais caro deva ser cobrado.

Então seguindo os versos de ifá, vou tentar afastar os mistérios de uma iniciação, pretendo aqui descrever alguns rituais sem ofender os segredos contidos dentro do Igbodu.

Todos sabem que para que um itefa seja realizado, é necessário mais de um Bàbàláwo, na Nigéria é comum se ver, vinte Bàbàláwos para fazer um itefa, lá tudo é bem diferente daqui e os Bàbàláwos são muito unidos, todos respeitam as diferenças familiares em rituais e convivem em harmonia, o fato de necessitar várias pessoas para um itefá, poderá ser percebido conforme segue a orientação de Orunmila nesse ifá.

O trabalho que envolve uma iniciação pode ser visto de duas formas, existem dois tipos de Igbodu, o que é construído só com folhas ou aquele que já é pré-construído e abriga ìyá odu, durante todo o ano, esse segundo é mais comum, haja visto que todos sabem que mulheres não podem ter acesso a esse assentamento, então na Nigéria é comum que ìyá odu seja mantida em uma pequena construção de alvenaria ou madeira.

Outro erro que é visto no nosso país e a referência ao Igbodu, (floresta sagrada), tradução essa que é vista por leigos como a necessidade de iniciar uma pessoa em ifá no meio das matas, é verdade que em algumas aldeias retiradas, ainda tem bastante árvores, mais ninguém fica no meio do mato abandonado por três dias e três noites, me divirto quando ouço esses relatos.

Após a consulta a ifá que identifica o momento exato da iniciação e é constatada a autorização de ifá, para que aquele sacerdote dirija a cerimonia após a chegada da pessoa a ser iniciada, com todos os matérias que foram previamente comprados de acordo com a orientação do Bàbàláwo, se inicia as cerimônias, que depende da família, são em torno de 50 rituais diferentes.

Um ou dois Bàbàláwos são encarregados de preparar o Igbodu com folhas, dividindo a entrada e o espaço a ser utilizado em duas partes, um dos Bàbàláwos após a preparação do ambiente, alimenta a terra e pede permissão para construir o caminho que eleva ao ambiente sagrado, depositando na terra, búzios e dois ou três elementos a mais em número impar de um lado e par do outro lado da estrada, que dá acesso ao local, previamente preparado.

O grupo que vai participar da iniciação se divide em tarefas, enquanto a ìyá apetebi cuida dos pertences do iniciado, a Iyanifa prepara o carrego para a entrada no Igbodu, em meio a isso, o Oluwo e o Bàbàláwo amarram simultaneamente em um dos braços e uma das pernas um pedaço de tecido virgem branco que contém uma parte de um dinheiro que representam o pagamento para o inicio dos rituais.

Começa então um cortejo que se desenvolve em direção ao Igbodu, com o Oluwo na frente conduzindo Osun (antepassado), que representa o reconhecimento dos antepassados para o ritual que se inicia, seguido pelo Bàbàláwo e a ìyá apetebi, com o yangui de Èṣù, sobre a cabeça, esse ritual que apresenta o iniciado aos antepassados dos familiares retrata o esforço que ele faz para agradar as divindades, em um carrego bastante amplo, amostras de cada um dos elementos a serem usados na iniciação, são conduzidas sobre a cabeça do iniciado, acompanhado dos membros do egbe ifá, amparado pelo Iyanifa que agrada com dendê, gim, algumas divindades aos pés do cortejo.

Na entrada do Igbodu o iniciado vai estar vendado, pois até que sejam formalizados os rituais para que ele entre na parte que antecede o Igbodu, muitas coisa acontece, ele é envolvido em um clima de expectativa sentado segurando os animais e o material, enquanto o Oluwo e o Bàbàláwo oferecem Obì e orógbó para Èṣù Odara e Orunmila.

Após a autorização a venda é retirada todo material é colocado dentro do Igbodu e se inicia a raspagem do iniciado, é claro que todos entendem a razão de omitir alguns detalhes aqui, vamos seguir a descrição, deixando pequenos espaços, mas desmistificando o grosso dos rituais. Os rituais prosseguem simultaneamente, os mesmos Bàbàláwos que preparam Osun (antepassados), previamente para a cerimônia reservam uma parte das folhas que vai ser usada junto com um elemento especifico para lavar os olhos das pessoas que vão começar os rituais dentro do Igbodu.

O primeiro grupo trabalha na preparação da parte interna do Igbodu, e o segundo grupo prepara o iniciado, pode acontecer nesse espaço de tempo que um terceiro grupo busque fora elementos que caracterizam o ritual que jamais podem ser mencionados ou vistos por quem não tenha participado de tal ritual antes.
O numero de cerimônias da uma dimensão da quantidade de trabalho, esse número grande de pessoas precisa usar os banheiros que devem estar limpos e evidentemente precisa estar bem alimentados, o que implica em muito trabalho nos bastidores.

Após a entrada o Oluwo e Bàbàláwo agradam ifá, Iya odu, Osun (antepassados) e Èṣù, não necessariamente nessa ordem mais em ordem que não vamos divulgar aqui, o iniciado que antes da entrada passou por uma consulta a ifá, e por um ebó riru, agora com a cabeça raspada, vai conhecer o seu odu, que em seguida vai ser alimentado é evidente que antes disso são feitos alguns imules e antes que o awo coloque os olhos no seu ifá, da terra vai brotar o segredo.

Depois disso alguns rituais envolvendo banhos, pinturas e a preparação da nova roupa do awo, devem ser feitos de forma reservada, por pessoas do mesmo sexo, considerando o fato de que para colocar uma roupa é necessário tirar outra que vai ser despachado junto com o cabelo, em um local que não vamos definir aqui, posteriormente a isso e só posteriormente a isso, o Èṣù do iniciado vai ser alimentado, em alinhamento com o odu ifá do awo.

Após essa parte, todos os participantes fazem um intervalo onde se alimentam e planeja a segunda etapa, na segunda etapa o Èṣù da casa é alimentado, e abençoa o caminho do novo iniciado como membro do egbe.
Seguimos descrevendo evidentemente em uma ordem que não deixe nítido o teor e a sequencia dos rituais, o grupo desenvolve várias atribuições ao mesmo tempo, em um dado momento ifá do iniciado sai do Igbodu para ser alimentado fora, porque o awo deve presenciar esses rituais, e nem sempre quem participa de um itefa, em um futuro pode ter acesso a um Igbodu.

Após esses rituais pequenos rituais, mas de grande importância confirmam o awo, como membro do egbe, o awo que fez vários imules e compactuou com o segredo e assumiu a responsabilidade com a verdade, é parabenizado por todos os membros do egbe, agora montado por Orunmila em um momento único, abençoa todos os membros que participaram do itefa.

Em algumas famílias esses rituais são divididos em três partes, que podem ser feitos em três ou sete dias, a grande maioria das famílias faz em três dias, quando o awo vai ao rio em outro ritual que não podemos descrever aqui, ele se desfaz de sua vida pregressa, portador agora de um novo nome, que o identifica com uma nova vida.

Quando me propus a escrever esse texto foi sabendo que os palpiteiros de plantão vão comentar a minha ousadia, não vejo que eu esteja revelando algum segredo, esse texto tenta contribuir para o esclarecimento visando afastar, definitivamente as histórias mirabolantes do que é ser iniciado em ifá.

Do itefa ao Ìtélodú muito pouco pode ser descrito aqui, por razões bem claras, não vamos explicar as três cerimonias que diferem um itefa de um Ìtélodú.
Que fique claro:

Só um Bàbàláwo passa por um Ìtélodú.

Só um Bàbàláwo faz imules com Iya odu.

 Só um Bàbàláwo vê Iya odu

 Aquele que vê Iya odu, não incorpora.

Que um Bàbàláwo, não consulta mérìndilogun, consulta opele e ikin.

 Aquele que é submetido a um itefa pode incorporar ou não o seu òrìsà.

 Aquele que é submetido a um itefa pode ser um Babalórisá, Ìyálóòrìsà, ou Olóòrìsà, e que essas pessoas não veem Iya odu.

 Que uma Iyanifa ou Iyaonifa consulta opele e ikin, mas não vê Iya odu.

Que babalorisa não consulta mérìndilogun em cima de opon.

Que opon ifá, é um instrumento usado por Bàbàláwos e awos com permissão de seus Oluwo.

Que opele ifá, é um instrumento usado por Bàbàláwos, Iyanifas, awos, com permissão do seu Oluwo.

O itefa é uma cerimônia de iniciação em ifá.

O Ìtélodú é o reconhecimento do sacerdote por Iya odu.

O Igbodu é o local que identifica áreas com diferentes funções parte do Igbodu, só acessada pelo Bàbàláwos, a área que antecede o local onde fica Iya odu que geralmente também chamada Igbodu, é acessada por pessoas que só tem a cerimônia de itefa, ou Iyanifas. A designação de Igbodu é muito diferente da descrita em literaturas criadas por pessoas que não foram submetidas ao Itelodu.

Awo Elegan é a pessoa que é submetida ao itefa, mas que jamais vai ver Iya odu.




Orunmilá me de muita paciência.




Autor :Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Tenho observado com certa surpresa a cara de pau de algumas pessoas de fora do nosso país, que acreditam que os brasileiros são idiotas.

Essas figuras que quase sempre ostentam um nome em yoruba, bastante chamativo se propõem a vender a cueca de algum antepassado distante, com a promessa que a roupa intima opera milagres, esses malucos vendem a própria mãe.

Os comerciantes de plantão aparecem engolindo fogo, enfiando faca na orelha, se dizendo incorporado com uma divindade, acredito que estão incorporados com a falta de vergonha, porque ao mesmo tempo em que se dizem eleguns de orisás também ostentam os titulo de babalawo, tendo a coragem de postarem fotos fazendo ebó riru.

Mas não é só fora do nosso país que tem comerciantes, outro dia recebi uma mensagem de um babalorisa de São Paulo me convidando para uma consulta, ele queria jogar búzios para mim, e dizia no corpo de sua mensagem que ele tinha a solução para os meus problemas, acontece que eu nunca falei com esse senhor e também não tive nenhum contato com ele, nem pela internet como é que ele tem tanto poder?

O facebook virou um grande mercado, você pode vender tudo sem nenhuma fiscalização, acontece que as pessoas desconhecem Ajagunmale, e não sabem o perigo que estão correndo, as suas atitudes não vão passar despercebidas.

Recentemente acompanhamos fatos bastante desagradáveis para quem cultua ifá, mas a ação de Ajagunmale sem dúvida representa a sabedoria divina, e essas pessoas que estão sendo desmascaradas na internet por incrível que pareça estão contribuindo com suas ações indignas para despertar as pessoas de nosso país, sobre esses acontecimentos lamentáveis.

Historicamente a internet em nosso país, serve para desmascarar os falsos profetas, as pessoas esquecem que a Nigéria, via internet esta alguns segundos de distancia do Brasil, e que tudo que é escrito aqui é lido lá, o último episódio envolvendo um suposto sacerdote de Sango, deixou claro que nossos irmãos do lado de lá, do oceano, nos observam o tempo todo.

Fica aqui o alerta para as pessoas que pretendem se iniciar ou até mesmo comprar algum material necessário para rituais, pesquisem profundamente os supostos vendedores antes de depositarem o seu dinheiro, pois como sabemos tem gente até vendendo iya odu pelo correio, o pior disso tudo, que tem gente que acredita que vai de fato receber iya odu, mas quando chega à mercadoria tem folhas secas dentro da vasilha.

O desconhecimento da função de Ajagunmale, e Osun (antepassado), na vida do iniciado em ifá, caracteriza o desconhecimento que a todo o momento estamos sendo vigiados por nossos antepassados, e que Orunmila tem várias faces, Ajagunmale é a sua face, mais temida, ele não perdoa, ele não aceita etutu, ele não esquece.


OFUN/OSE

Eni to ba puro
Iro a pa
Eni ti o ba seke
Eke a ke won lowo
A ke wån lese
A ti won si gburugburu ona oun
Awon lo se ifa fun ajangurumale
Ti nse oluwo lode orun
Gbogbo eni ti o ba
Nfi suru pe suru
Ajangurumale ifa
Ni yoo ja won sorun
Gbogbo eni ti o ba
Nfi suru pe suru
Ajangurumale, ifa ni yoo ja won sorun
E ma fi oku pe aye
E ma fi aye pe oku
Eni ti o ba fi oku pe aye
Eni ti o ba fi aye pe oku
Ajangurumale ifa ni yoo ja won sorun
Ajangurumale
E ma fi abiyamo pe agan
E ma fi agan pe oyibi
Eni ti o ba fi abiyamo pe agan
Ti o fi agan pe oyibi
Ajangurumale, ifa ni yoo ja won sorun.

Este itan do Odu Ofun-Ose, narrado ao Babá King pelo venerável Babalawo Fabunmi Sowunmi

Aquele que mente será destruído pela mentira.
Aquele que provoca discórdia será destruído pela discórdia.
A falsidade despojará o falso da força vital de que dispõe.
 A falsidade destruirá os falsos.
Foram eles que adivinharam para Ajagunmale (Ifá), sábio supremo no orun.
Todos aqueles que trocam a verdade pela mentira serão levados para o orun por Ajagunmale (Ifá)
Não chamem o morto de vivo, nem chamem o vivo de morto.
Quem chama o morto de vivo ou chama o vivo de morto será levado para o orun por Ajagunmale (Ifá)
Não chamem uma mulher fértil de estéril, nem chamem uma mulher estéril de fértil.
Quem chama uma mulher fértil de estéril ou chama uma mulher estéril de fértil será levado para o orun por Ajagunmale (Ifá)
Não chamem o preto de branco, nem chamem o branco de preto.
Quem chama o preto de branco ou chama o branco de preto, será levado para o orun por Ajagunmale (Ifá)
Orunmilá diz que prefere matar o babalawo que mente para quem o procura em busca da verdade e colocar em seu lugar um homem ignorante a respeito da complexa sabedoria de Ifá.

Orunmilá prefere um homem que não conhece a sabedoria de Ifá do que um grande conhecedor dessa sabedoria que seja falso e mentiroso.




domingo, 22 de setembro de 2013

Orunmila é quem escolhe um Araba.

Homenagem ao Oloye Akano Fashina Agboola
Autor: Babalawo Ifagbiyin Agboola

Ao longo do tempo a história humana vem sendo escrita pelos povos que detém o poder bélico, logístico ou financeiro, o poder quase sempre detém a informação e a transforma em arma de manipulação.

No caso da escolha dos arabas no território yoruba essa máxima da historia humana citada acima, perde o sentido e o saber ocupa o espaço do poder.

Quando uma pessoa quer ser iniciada em ifá, nada a não ser ifá pode impedir a iniciação, já quando uma pessoa pretende ser um babalawo a indicação do odu é fundamental, alguns odus indicam claramente que a pessoa deve ser iniciada como sacerdote, como é o caso do odu irete meji, que diz (aquele nascido nesse odu, de sexo masculino deve já na infância ser iniciado como babalawo).

Ser um oluwo já é bem diferente, implica no fato de poder iniciar outros babalawos, para isso, ele necessita além de ter alguns assentamentos, ter conhecimento para fazer as iniciações.

Para se tornar um araba a historia é bem diferente, primeiramente você deve ser um babalawo, que se tornou um oluwo, com muitos anos e com muitas iniciações reconhecidas, em seu histórico de sacerdote.

Um araba é um babalawo, que tem o apoio da totalidade dos babalawos, de sua cidade ou família, o critério para a escolha passa por uma sabatina que pode levar ate três dias e três noites de incansáveis questionamentos sobre odu.

Quando conversei com o araba Awodiran sobre esse assunto, ele relatou o processo de sua escolha, com uma palavra, proeminência, a escolha do candidato é baseada na historia do mesmo, ele deve ser uma pessoa de notório saber e de um caráter exemplar.

Já a confirmação do mesmo no cargo somente após a sabatina isso será reconhecido pelas autoridades da região, no caso o rei, quando o rei participa de um evento ele reconhece a importância politica ou religiosa e fortalece o mesmo diante da população.

Voltando ao caso da escolha araba Awodiran mais de cem babalawos participaram da sabatina. Ele recitou mais de dois mil e quinhentos versos de ifa, só após o reconhecimento de todos os babalawos, o rei o reconheceu como araba.

A historia de alguns arabas faz parte da historia da cultura de ifá, um exemplo claro disso é a historia do pai do araba Awodiran (Oloye Akano Fashina Agboola), alguns de seus discípulos se tornaram arabas, a importância dele é confirmada no bairro de Ebetu Meta, na cidade de Lagos, a rua que ele morava recebeu o nome de Odu Ifá, em sua homenagem e sua casa é mantida até hoje, como local de estudo e pratica de rituais religiosos, unindo babalawos de todo o território yoruba.

A função de araba é o símbolo do reconhecimento espiritual somado a aceitação unanime de seus pares, o homem que se torna um araba é respeitado e reconhecido dentro e fora do território yoruba, é verdade que algumas pessoas infelizmente não conseguem compreender a importância desses sacerdotes, homens ou orisás em terra, exemplos a serem seguidos.

Na cerimonia de reconhecimento de um oloye (aquele que possui o cargo), existe um ritual que é bem conhecido a grande maioria das pessoas já deve ter visto fotos onde o escolhido aparece com algumas folhas penduradas dos dois lados do rosto, a foto é muito bonita a cerimonia é publica, mas até chegar ai, é uma historia, não existe iniciação para araba a figura de um araba é construída com dedicação, trabalho e muitos anos de estudo.


Odu otura Meji

In the spirit of Religious Tolerance, I hereby felicitate with the muslims all over the wotld for the Eid-el Fitr from the Divine Message of Olodumare, "Otua Meji" as follows;

Baba Araba ni Baba
Baba Araba ni Baba
Eni a ba laba ni Baba
Eni a ba niwaju ti to Baba enii se
Adifa fun Baba Imole a bewu osingin lorun
Tii nsawo lo ile Hausa
Won a ni owo sa, aya sa, omo sa, ile sa, ire gbogbo alaafia
Stay blessed the moslems, christians and african traditional religionists. .(Araba Awodiran Agboola)

Tradução Português

No espírito de tolerância religiosa, tenho a honra de viver feliz com pessoas de outras religiões do mundo inteiro, graças a Olodumare como segue no odu Otura Meji, segue:

A pessoa com o título de Araba é um pai
O título de Araba faz um pai
A pessoa que encontramos na cabana é um pai
A pessoa na frente é bom o suficiente para ser nosso pai
Mensagem Divina revelada por um muçulmano idoso com robe elegante
Ia em missão espiritual para a terra dos muçulmanos (Hausa).
Eles oram por dinheiro, boas esposas / maridos, bons filhos, casas condizente, boa saúde e todas as coisas boas da vida ALAAFIA.

Que fique abençoados os muçulmanos, cristãos e religiosos tradicionais africanos.(Araba Awodiran Agboola)


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Orunmila, Ògbóni, Edan, ìtagbè.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

 OGBE-YONU

Iyán di átúngún
Óbé di átu´nsè
Wón ni kó ebi ku ohun kóhun mó
Bikò se ohun àjogún bá won kan soso
Ti wón fi njo ba
Eyi kìíse ohun mìràn bikò se Sàkì
Ebi ni ki Sàkì ná di ti Rà `ndàwú
Rà `ndàwú gba Sàkì odi Aláse ilú
Ó joba lóri gbogbo won
Sàkì wá gba yì ó gb’éye
Ódi ohun olá odi ohun iyì
Bi akò bá n”Rà `ndàwú
Akó lè joyè baba eni
Ohun ti sùúrú seti
Ilè ní gbé

No odu ogbe/Yonu explica o uso do Ìtagbè ou Sàkì, (parte do vestuário ogboni, diz o ese ifá, que jamais deve se desrespeitar aquele que cobre o ombro esquerdo, com tal vestimenta).

O Sàkì representa a parte interna do estomago humano e caracteriza aquilo que tem demais intimo dentro de cada um de nós, representa que o nosso interior esta exposto e nossas intenções.

O homem que estiver usando essa peça do vestuário Ògbóni jamais pode ter a sua palavra questionada ou colocada em dúvida, diz ifá, que nada pode superar a força de Edan plantado na terra, aquele que possui Edan tem sua dignidade como marca registrada do seu viver.

Odu irosun/ose fala da responsabilidade que o Ogboni tem com a verdade.

Odu irosun/iwori fala da insatisfação de Orunmila com o comportamento dos homens e do pacto feito com Edan para que se mantenha a verdade.

A confecção do Ìtagbè fica a cargo das mulheres que cultuam Obalufon, processo é demorado e envolve inúmeras orações e oferendas no momento da confecção.

Ifá nos revela na historia de Poroyen a mulher que salvou a vida de Orunmila com o Ìtagbè.
Orunmila tinha caído durante a noite dentro de um buraco e ficou preso por sete dias e sete noites, sem conseguir sair, no sétimo dia começou a cantar e a sua voz foi ouvida por Poroyen, que se aproximou do buraco e olhando Orunmila se apaixonou por ele, fazendo uma proposta que Orunmila aceitou. Poroyen disse que o tiraria do buraco o auxiliando com seu Ìtagbè, se ele se casasse com ela, foi isso que aconteceu e eles tiveram filhos.

O Sàkì, só é usado sobre a cabeça dos anciões no conselho Ogboni quando eles expressam a sua opinião em decisões dentro do conselho, todos o Ògbóni usa o Sàkì no ombro esquerdo, salvo aqueles membros que não são iniciados no ifá, governantes, políticos e pessoas de influências na sociedade, que tem conduta ilibada reconhecida.

As pequenas divergências que presenciamos sobre esse tema não diminui em nada qualquer uma das partes, a interpretação diferente demonstra o plural e ifá nos ensina que o singular é demonstração de falta de maturidade.

No território yoruba existem muitas faces para a mesma verdade.

A ki igbé Sàkì lé iká ka puro.

Ògbóni Ekùn!

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Bábálòrìşàs pode ser Bàbáláwo?



Autor: Olúwo Ifagbaiyin Agboola

Durante esses anos que acompanho na internet algumas declarações de membros de nossa religião, ouvi e li muitos absurdos, mas nada se compra a tudo que ouvi no dia de ontem, a mesma pessoa conseguiu em tão pouco tempo dizer tantas coisas que diferem de tudo que aprendi que para mim, ficou muito difícil ficar calado.

O depoimento que ouvi beira o abismo do fanatismo e com ares de radicalismo, se arvora nas mais diversas interpretações conduzido por uma força cega, unilateral e sem proposito, caracterizando um completo despreparo e uma capacidade imaginativa desmensurada.
Afirma o tido como conhecedor que um Bàbálóòrìşà jamais pode se tornar uma Bàbáláwo, ifá é sabedoria, em terras yorùbás, a pessoa tem uma orientação diferente da que é recebida em nosso país, é feito uma consulta, no momento do batizado e Òrúnmìlá identifica um Bábálòrìşàs ou um Bàbáláwo, poucos dias após o seu nascimento. Fora do território Yorùbá não existe essa pratica, em nosso país, por exemplo, por não existir muitos Bàbáláwos, muitas pessoas são iniciadas, como Bábálòrìşàs ou iyalorisas, mas na verdade deveriam ter sido iniciados para Bàbáláwos ou Ìyánífás.
Faço a seguinte pergunta, se você foi iniciado para Bábálòrìşàs e descobre que ouve um erro, e Òrúnmìlá indica em uma consulta que você deve ser iniciado com Bàbáláwo, você vai seguir sendo um Bábálòrìşàs?

Que religião seria essa que não corrigi erros, provocados por um processo cultural, erroneamente adaptado?
Em poucos minutos ouvi tantas coisas estranhas, que meus ouvidos recusaram violentamente tais afirmativas, a mesma pessoa disse que se uma pessoa tem Ògún assentado e ela não der para Ògún todo mês aquilo que ele pede, ele vem e come o filho dela, ou o mata em um acidente, ou coisa parecida.

Esse senhor aprendeu religião a onde?

Que religião maluca é essa?

Que òrìsà maluco é esse?

Quem é tão doido de cultuar uma energia burra dessas, de acordo com a descrição do tal senhor.

Não satisfeito ele fez mais uma dezena de afirmações, inaceitáveis, entre as quais ele disse que se pode iniciar pessoas no culto de Orí, como alguém pode afirmar isso?

Nenhuma pessoa pode ser iniciada no culto de Orí, sem que conheça o seu odu, na verdade o que pode ser feito, são orações e presentes, buscando um maior equilíbrio e benéfico para o restabelecimento de energias, desgastadas, mas iniciar alguém nela mesma é algo que desconheço.

O culto a Orí é expresso de forma clara, através do comportamento honrado e digno somado a preservação do orgulho próprio e a nutrição da autoestima, seguido de regras de convivência, higiene, comportamento moral e obediência, as leis da natureza e dos homens não existe um bom Orí, se não houver o respeito e a integridade, o bem querer e o equilíbrio.

Entre as afirmações foi dito que não é aceitável que uma pessoa seja iniciada em òrìsà e leve para sua casa um assentamento, que só um sacerdote deve ter assentamento.

Que religião é essa, que só os sacerdotes têm direito de acessar o divino?

Que religião é essa que determinar que um adepto deva ser sentenciado à dependência até mesmo no íntimo de sua fé?

Em meio a isso tudo, foi dito que uma mulher que faça parte das forças armadas, não pode ser iniciada em Osun, que ela deve ser iniciada em um òrìsà masculino.

A mesma pessoa disse que mulheres não devem chegar perto de Ògún, que mulheres devem chegar perto do assentamento de Osun, Oya, Yemonja.

Se as mulheres que fazem parte das forças armadas tem que ser iniciadas em òrìsàs masculinos, como é que isso acontece se elas só podem chegar perto de òrìsàs femininos.

Foi dito também que Ọbàtálá á não come canjica, a pergunta é a seguinte, Èko, é preparado com o que? Feijão!?

Não satisfeito, o cidadão ofereceu magias para as pessoas que tem problemas sexuais, afirmando o seguinte:

SÓ COMPRAR MAGIA NÃO ADIANTA, TEM QUE TIRAR EBÓ COMIGO!
OU A MAGIA NÃO FUNCIONA, SE NÃO TIRA EBÓ COMO É QUE A MAGIA VAI FUNCIONAR?
Que magia é essa?
Que precisa fazer ẹbợ?
Se fizer o ẹbợ, a magia funciona?

Então todas as magias que essa mesma pessoa, declara ter recebido pelo correio, da Nigéria,
não funcionam?
Ou o ẹbợ vem pelo correio também?

A história se complicou mais ainda, quando em alto e bom tom, foi dito que só algumas mulheres de Osun, tem ligação com Ìyá mi, que algumas iniciadas em Osun, não teriam essa ligação, trinta segundos depois, a mesma pessoa disse que todas as mulheres tem ligação com Ìyá mi.

Foram tantas afirmações absurdas que eu ficaria aqui tentando esclarecer as pessoas leigas, escrevendo incansavelmente na tentativa de elucidar, porém não poderia jamais recolher as penas jogadas ao vento.

Gostaria de chamar atenção aqui, para a responsabilidade, das pessoas que falam, ou escrevem, em nome de ifá, cada dia que passa, vejo mais absurdos, eu já vi, Omo ifá, em público contestar o Olúwo, já vi pessoas que ainda não tem assentamentos necessários, assumirem posturas como grandes iniciadores, vi também pessoas que no mesmo dia que saíram do itefá, postaram versos do seu odu, nada mais me surpreende.

Eu vi tantas loucuras, tantos devaneios, seguidos de explosões incontidas de vaidades, isso consegue perturbar qualquer pessoa de bom senso, por favor não me provoquem com tantas besteiras, porque não faz parte de mim ficar calado diante de tantos impropérios, me desculpem o tom, mas quando a canção não tem ritmo, por mais alegre que a pessoas estejam, é impossível dançar.

Ou o ẹbợ vem pelo correio também?

A história se complicou mais ainda, quando em alto e bom tom, foi dito que só algumas mulheres de Osun, tem ligação com Ìyá mi, que algumas iniciadas em Osun, não teriam essa ligação, trinta segundos depois, a mesma pessoa disse que todas as mulheres tem ligação com Ìyá mi.

Foram tantas afirmações absurdas que eu ficaria aqui tentando esclarecer as pessoas leigas, escrevendo incansavelmente na tentativa de elucidar, porém não poderia jamais recolher as penas jogadas ao vento.

Gostaria de chamar atenção aqui, para a responsabilidade, das pessoas que falam, ou escrevem, em nome de ifá, cada dia que passa, vejo mais absurdos, eu já vi, Omo ifá, em público contestar o Olúwo, já vi pessoas que ainda não tem assentamentos necessários, assumirem posturas como grandes iniciadores, vi também pessoas que no mesmo dia que saíram do itefá, postaram versos do seu odu, nada mais me surpreende.

Eu vi tantas loucuras, tantos devaneios, seguidos de explosões incontidas de vaidades, isso consegue perturbar qualquer pessoa de bom senso, por favor não me provoquem com tantas besteiras, porque não faz parte de mim ficar calado diante de tantos impropérios, me desculpem o tom, mas quando a canção não tem ritmo, por mais alegres que as pessoas estejam, é impossível dançar.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Ifá


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Com o passar do tempo muito se tem escrito sobre a verdadeira função do sacerdote dentro da religião afro-brasileira, mas a impressão que eu tenho é que quase nada foi esclarecido, um Babalawo ou um Babalorisa é confundido com um proprietário da pessoa iniciada, as confusões acontecem ou por parte de quem é iniciado ou por quem inicia. É muito comum ouvir em minhas palestras perguntas sobre a relação de pais e filhos ou irmãos na casa de Orisa.

Algumas pessoas acreditam que se forem iniciadas pelo mesmo sacerdote que iniciou o seu cônjuge a situação caracteriza um incesto, isso nos leva a seguinte pergunta somos católicos ou pertencemos a Religião Yoruba (Èsìn Yorùbá) qual é a nossa verdadeira religião?

Uma grande quantidade de pessoas iniciadas em Orisa ainda seguem preceitos católicos ou orientações espiritas por desconhecer os versos de Ifá, não sabem que dentro desses versos existem as normas de comportamento que orientam os iniciados e o seu comportamento diante de Olodumare.

Eu escuto todo tipo de pergunta, é melhor assim, pior seria se as pessoas não perguntassem, continuassem com suas dúvidas, acredito que devemos dividir informações.

Existe algumas coisas que devem ser esclarecidas, uma pergunta frequente é relativa a preceito, sexo e pecado, no Odu Oworin Ofun, fala que o sacerdote não deve fazer sexo com sua esposa naquele dia, ele está comprometido com os rituais, todos as orientações de comportamento podem ser encontradas nos versos de Ifá, no Odu Osa Otura, fala que devemos sempre falar a verdade, no Odu Ogundakete, diz que não devemos roubar.

Um texto de Ifá muito conhecido do Odu Osetura, fala da importância das mulheres, do respeito que os homens devem manter por suas esposas, filhas e por suas mães, outro texto do Odu Ofun Meji, diz que o iniciado em ifá deve ver Iya Odu e se tornar um Babalawo, já no Odu Ogbe Meji, fica claro que a principal esposa de Orunmila só pode ser cultuada por quem passou por um ritual chamado Ipanadu (cerimonia que o awo se torna um Babalawo, momento que apaga se a luz para ver Odu).

No Odu Ogbe Yonu,fala sobre a relação financeira homem e a família da esposa diz que até o casamento todas as despesas da mulher devem ser mantidas pela família, mas depois do casamento o marido não deve deixar que a mulher passe necessidades, a manutenção da casa é responsabilidade daquele que assumiu a relação diante da família.

Ainda no Odu Ogbe Yonu, vamos encontrar dados referentes ao casamento de um Babalawo, nesse Odu diz que não deve haver a separação e nem o adultério, que as pessoas deveriam antes de assumir uma relação pensar bastante, fala ainda que aquele que escolheu viver com uma única mulher deve respeita-la e protege-la, ainda nesse Odu vamos encontrar uma advertência contra o uso de magia maléfica contra o cônjuge, nesse caso Ifá vai se lançar em sua defesa e não sabemos o que pode acontecer; nesse Odu diz que o Babalawo deve ter uma postura digna e não deve se envolver com outras mulheres, a punição para o sacerdote que não cumprir essa orientação diz Ifá: (que ele nuca vai atingir o sucesso em seu trabalho).

Obs: Com respeito ao numero de esposas o Babalawo deve seguir a orientação do seu odu e buscar uma forma de respeitar a cultura local, podemos tomar como exemplo o odu Oyeku Meji a onde ifá diz:

Que aquele nascido sobre esse signo só pode ter uma esposa, é evidente que também podemos considerar a leis de cada país, no Brasil é crime manter se casado com mais de uma pessoa.

O Odu Ogbeyonu, fala da punição do Babalawo, que desejar a mulher de outro awo, diz Ifá (aquele Babalawo ou iniciado em Ifá que deitar com a mulher de outro awo, não deve ver outro amanhecer).

No Odu Ogbe Meji, a necessidade do comportamento digno é enfatizada, de tal forma que a punição seria o infortúnio, a falta de sucesso e o total esquecimento, o abandono do sacerdote, suas orações não devem ser ouvidas, essa é uma das punições mais temidas, a relação homem Orisa deixa de existir.

No Odu Obara Egutan Encontramos em detalhes, a relação de um Babalawo, com a sua Apetebi, nesse verso de ifá diz (a escolha da esposa de um Babalawo é apontada por Ifá quando ela nasce), existe vários Odus que indicam essa relação, assim como também existe uma identificação bem clara nos versos de Ifá sobre quem deve se tornar um Iniciado e quem deve se tornar um Babalawo, ver Odu: Ogbe Meji, Oturupon Meji, Irete Meji, Iwori Meji etc.

No Odu Oworin Sindin, aparecem algumas indicações sobre a necessidade do homem cumprir o seu destino, assim como no Odu ogbe Ogunda, fala do cuidado com o Ori e a relação do homem com o destino por ele escolhido, tendo como testemunho Orunmila, isso nos remeti a uma reflexão encontrada no Odu Ogbe Meji (nem um homem deve se comprometer com um Orisa antes de conhecer o seu destino) essa afirmação indica claramente que o homem deve conhecer a indicação de Ifá para ter uma orientação sobre a sua vida religiosa, não é o homem que escolhe o Orisa é Ifá quem indica os Orisa que devem ser cultuados.

No Odu Obara Kosun, fala da punição violenta caso o iniciado não respeite o seu sacerdote e vice versa, o respeito deve ser mantido a qualquer custo assim como a segurança da egbe (família) o sacerdote deve usar todos os recursos que possui para proteger a sua família, dele será cobrado à omissão.

Ainda no Odu Obara Kosun, Ifá alerta sobre o uso do Opele, quem pode usar e sobre a remuneração, aquele que não usar o Opele com dignidade jamais vai ver o sucesso, nesse verso ifá deixa claro que um sacerdote não pode mentir e usar um instrumento de consulta em seu beneficio, jamais será aceito qualquer tipo de mentira usando o nome de Ifá.

O Odu Ogbe Alara, fala de Iwa (caráter) a indicação é clara nesse odu, a necessidade de manter uma postura reta, faz parte do dia a dia do iniciado, temos a obrigação diante dos Orisas, de manter um comportamento que honre toda nossa família e nossos antepassados, independente de nossa idade, a juventude não é desculpa para o erro a pouca idade, é característica que indica a inocência e não a má conduta, fica bem clara no verso do Odu Ofun Ose, que diz (é preferível um sacerdote jovem e honesto que um velho sem caráter).

Nos versos de Ifá vamos encontrar inúmeras recomendações de comportamento, inclusive referente à higiene, no Odu Ose Odi, consta uma relação bem clara sobre a necessidade de se manter limpo e com o corpo asseado, ainda nesse Odu diz Ifá (o homem tem responsabilidade com seus filhos até que possam se manter, encontrar uma ocupação e ter sua renda, é responsabilidade dos pais manter os filhos menores).

O Odu Obara Kosun, em seus textos indica que a pessoa que foi iniciada no culto aos Orisas ou no culto a Ifá deve fazer oferendas às divindades e manter os seus assentamentos em ordem, limpos o Ose (limpeza semanal) é responsabilidade do iniciado e não do sacerdote.

Ainda falando do comportamento de um Babalawo, diz Ifá no verso do Odu Ofun Gbadara, as coisas de Ifá não devem ser comercializadas por um Babalawo, (um Babalawo não deve ser um comerciante), nesse mesmo Odu diz (aquele que lhe prestou um favor, lhe deu uma ajuda deve ser recompensado) todo trabalho espiritual tem que ser remunerado, se não for assim como o sacerdote vai poder manter os seus assentamentos e continuar atendendo as necessidades dos que o procuram.

O Odu Ofun Nagbe, fala da prosperidade do Sacerdote fala que aquele que trabalha corretamente terá uma vida tranquila, assim como aquele que possui Ikin nunca lhe faltara o alimento (Odu Idin Ka).

Um verso do Odu Ogunda Ogbe, orienta sobre o dia do Ose semanal, um dia da semana devem ser reservados para cuidar dos orisas, nesse dia os assentamentos dos Orisas devem ser limpos, já no Odu Okanran Obara a orientação é sobre o assentamento de Egungun, diz Ifá (aquele para quem aparece esse Odu deve manter viva a imagem de seus antepassados, essa pessoa deve ser iniciada no culto a Egungun e deve honrar todos de sua família, com um assentamento que deve ser mantido sempre limpo e bem cuidado, é obrigação dessa pessoa escolher um sucessor que ira manter esse assentamento para que esse culto não deixe de existir.

No Odu Iwori Meji, fala sobre fazer magias para quem não tem como se defender, sobre o uso do conhecimento de um sacerdote contra quem não merece tal atitude, diz Ifá (aquele que ataca um inocente a maldade e a destruição voltariam para prejudica-lo).

No Odu Osa Meji, está bem claro que não devemos julgar o nosso semelhante, só Ifá pode saber o futuro de cada pessoa diz Ifá: (um Ori coroado não pode ser reconhecido por um ser humano, só Ifá identifica o Ori que será beneficiado), não devemos menosprezar ninguém.

O Odu Oturupon Ofun, fala sobre o suicídio, não é permitido a ninguém essa pratica só Ifá sabe e pode mudar o dia da morte, ainda nesse Odu diz Ifá: à longevidade não é encantamento, devemos nos afastar de tudo que possa diminuir o tempo de nossa vida, devemos fazer tudo para alcançar a longevidade.

No Odu Ogbeyonu, Ifá é bem claro não devemos ser arrogantes dentro da relação afetiva, devemos buscar o companheirismo como forma de melhorar os relacionamentos.

Em Ika Ogunda, ifá fala sobre a necessidade de orar para obter sorte e prosperidade, o homem deve manter suas orações, como forma de disciplina e humildade, nesse Odu assim como no Odu Ogbe Ogunda, diz: o horário de fazer as orações preferencialmente pela manhã logo que acordamos.

O Odu Osetura, diz não devemos nos exibir, devemos manter uma vida regrada e sem exageros, um homem não deve discriminar uma mulher e uma mulher não discriminar um homem, um velho jamais deve ser discriminado por jovem da mesma forma que um jovem não deve ser discriminado por um mais velho, o respeito deve existir indiferente da idade ou sexo.

No Odu Otura Irete, Ifá diz: (a bondade deve ser cultivada como forma de gratidão) a bondade deve ser praticada, não devemos ser ingratos, só Ifá sabe se não vamos necessitar em um futuro da ajuda de quem nos beneficiou no passado, não devemos desfazer de quem um dia nos ajudou.

O Odu Otura Ofun, deixa bem claro a necessidade de manter os ebós indicados por Ifá, se uma pessoa consulta, toma conhecimento do problema e não fazer os ebós indicados a responsabilidade deixa de ser do sacerdote.

No Odu Òtúrúpon`Otúa, fala sobre a necessidade do sacerdote estudar e ter conhecimento para honrar seus antepassados com sua capacidade, diz Ifá: é responsabilidade do iniciado, assim como do sacerdote o aprendizado, a capacitação daquele que abre as portas para o atendimento é uma responsabilidade assumida diante de Ifá, todo ato praticado dentro da casa de Orisa tem que seguir a orientação dos versos de Ifá; no Odu Iwori Otura, fala sobre a disciplina dos estudos e a educação do iniciado em Ifá deixando bem claro que devemos nos dedicar para obter uma educação adequada. O Odu Irete Ofun, fala do estado de perfeição e o alinhamento com Olodumare se não somos perfeitos devemos buscar a melhor forma de se assemelhar com a perfeição.

O Odu Iwori Ofun, fala do respeito que temos que manter por todas as pessoas, se queremos ser respeitados, devemos respeitar todas as pessoas sempre, a vida é um benefício recebido das mãos de Olodumare cabe a nós tornar digno o viver.

Vamos examinar as seguintes reflexões, se uma pessoa que consulta Opele desconhece que:
Oturupon Ogbe fala do uso da roupa branca.

Ogbe Ate fala que o caminho da prosperidade está escrito com a honestidade
Ogbe meji fala da necessidade de bori.
Iwori meji fala de Isefá e Itefá.
Ogunda Ogbe fala de prosperidade.
Irete iroso fala de adultério.
Owarin Odi fala de loucura.
Irete Odi fala de ladrão.
Okaran Ogbe fala sobre Idé Ifá.
Obara Otura fala de colocar folhas verdes na boca dos cabritos na hora do sacrifício.
Obara Ogbe fala da morte e risco de vida.
Oturupon meji fala de doença.
Ofun Ogunda fala de perda.
Irete Okanran fala de problemas.
Ogunda Osa fala do uso de drogas.
Irete Oyeku fala de abilu.
Osa Ogbe fala de pesadelo.
Ogunda Iroso fala de problemas com a justiça.
Ogbe meji fala da consulta ao Opele.
Iwori Ogunda fala do uso do opon.
Irete odi fala do uso do iroke.

Ogbe Irete fala de Iya Odu.
Ose Ogbe fala dos ikins.
Osa Irete fala de retirar o cabelo do iniciado.
Otura Odi fala de sacrificar animais machos para Ifá.
Ogbe Iroso fala do sacrifício de Ijapa.
Owarin Otura fala da falta de respeito as proibições.
Odi meji fala de abiku.
Owarin Ogbe fala de ebó riru.
Osa Okanran fala da transformação do problema com um ebó.
Ose Otura fala que a pessoa pode resolver o seu problema rezando.
Okaran Oturupon fala do valor das folhas para a cura.
Ogbe Osa fala de Imule para sobreviver.
Irete Ogbe fala da necessidade de ver Iya Odu.
Osa Irete fala de popularidade.
Ogbe Ogunda fala da necessidade de trabalhar em dobro.
Ofun meji fala da pena de ekodide na iniciação.
Osa Otura fala para não mentir.
Otura Iwori fala da necessidade de mais de um babalawo para fazer um Itefá.
Ogbe Ate fala que um Babalawo de verdade não pode mentir mesmo que esteja passando necessidades.
Owarin Iwori  fala que o veneno está na língua.
Osa Odi fala que existe a necessidade de cultuar os antepassados.
Osa Ogunda fala da necessidade de evitar o confronto com inimigos.
Ogunda meji fala da presença dos inimigos.
Ogbe irete fala da vitória sobre os inimigos.
Ogbe odi fala de nascimento de gêmeos.
Osé ogbe fala de fazer ebós para recém-nascidos.
Irete oyeku fala que não é o momento para fazer o ebo.

O grande número de textos postados na internet falando sobre versos de ifá, que não contribui em nada para a formação de um sacerdote da religião tradicional, preocupa, como esses menos avisados pesquisadores, que  desconhecem a origem das informações por eles usadas, podem fazer parte desse imenso quebra cabeça.

A falta de informações confiáveis ou o empecilho criado por iniciadores que não fornecem material de estudos para os seus iniciados termina empurrando os ansiosos para os braços da internet, quase sempre sentenciando o mesmo a uma dúvida eterna.
Na intenção de contribuir com os awos em seus estudos, fazemos  uma releitura de dois textos postados em nosso blog, vamos encontrar em Ifá a verdade, a verdade está dentro de cada pessoa, a verdade é a luz de Olodumare que alimenta a vida em todos nós.









segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Ifá eu agradeço!


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Ifá esta me permitindo ver o resultado do meu trabalho, em vida, grandes homens que fizeram grandes obras não tiveram essa oportunidade.

As noites sem dormir, as ofensas sofridas por mim, pelos supostos donos da verdade que me acusam de revelar segredos é muito pequeno diante do gesto que esse desenho expressa.

Quando criamos o Awo Zinho e divulgamos na internet que não cobramos iniciações de crianças algumas pessoas acreditaram que era demagogia, não conseguiram ver além, ifá esta nos mostrando que existem pessoas que conseguem ver além.

Algumas pessoas estão incomodadas com o trabalho do Ifagbaiyin, me desculpem vou seguir esse trabalho, eu estou aqui e vou ficar enquanto Ifá, Osun e Soponnan permitirem.

Ifá que mais crianças se sintam motivadas pelo Awo Zinho, que os netos dos meus netos vejam o nosso trabalho com bons olhos.

A dupe Ifá.


Orisa Àroni

Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola


Seguindo a ideia de divulgar o culto de alguns orisás que de certa foram poucos divulgados vamos falar um pouco sobre esse orisa que muitas vezes é divulgado erroneamente como Òsáyin, que é um orisa ligado as folhas, originário da cidade de Ofa.

Àroni acompanha o assentamento de Òsáyin e os dois orisás podem ser cultuados juntos, como forma de afastar algumas doenças, invocando a força existente na medicinada fitoterápica.

Esse orisa que recebe como oferenda, obi, orobo, oti e um eiyelé e principalmente oyin, tem uma voz estridente, inconfundível que escoa pela floresta.

Seu culto é muito conhecido pelos caçadores, por temerem se perder a noite durante as caçadas, contam alguns itans que ao entrar na floresta sem levar uma oferenda para Àroni os caçadores facilmente perdem o caminho durante a caçada.

O culto desse orisá é mencionado no odu Òsé/ Owònrín e em um dos versos desse odu, a alusão Àroni é tida como necessária para que as pessoas consigam atingir o ponto máximo do Asíkí, (prestigio, boa sorte, e fortuna), isso se deve a sua ligação com as iya mis, e a representação dos pássaros no culto de Òsáyin.

Ewè Ilera Àroni




Orisa Òkè.



Autor :Babalawo Ifagbaiyin Agboola

No Brasil, o culto a determinados  orisás infelizmente acabou se perdendo é o caso do orisa ÒkÈ, esse orisa é muito importante para as pessoas que buscam o prestigio e o reconhecimento, assim como uma vida longa e tranquila.

O orisa da montanha como é conhecido é venerado em território yoruba com um culto envolto de segredos e mistérios, o que podemos divulgar é que para se obter a essência do culto existem alguns rituais, um deles o de buscar os okutas para o assentamento é muito bonito.

De posse de obi, orobo, oti e um eiyelé, iniciado e iniciador sobem a montanha e quando descem trazem envolto em folhas os okutas para o assentamento.

No odu ogbe meji, é descrito o culto a orisa Òkè, que assim como o orisa Olókun e Òrúnmilà vestem branco, mas que em suas oferendas recebem azeite de dendê.


Epa imóle 

Não existe òrìsà Irókò.



Autor: Olúwo Ifagbaiyin Agboola

Durante o processo que contribuiu com a vinda dos òrìsàs para o Brasil, por várias razões muito se perdeu.
A necessidade de esclarecer sobre alguns òrìsàs o público em geral nos obriga a assumir uma postura não de dono da verdade, mas de alguém que sustenta uma discussão sadia como benefício para o culto de òrìsà no Brasil.

Irókò na religião tradicional Yorùbá é uma arvore, (Chlorophora excelsa), a confusão se criou por conta de alguns mistérios envolvendo as divindades que são cultuadas entre as raízes da mesma, o fato de também ser habitada por espíritos àbíkú, complicou mais ainda os esclarecimentos sobre o verdadeiro culto ao òrìsàs Oluwere.

Oluwere é uma divindade que deve ser cultuado buscando vida longa, esse òrìsà contribui para melhorias na saúde, assim como afasta as energias negativas possibilitando uma melhor qualidade de vida.

O òrìsà Oluwere, pode ser cultuado também em outras arvores, a dificuldade maior é encontrar o local de culto adequado, mas algumas arvores centenárias podem ser usadas no culto a esse òrìsà, o Baobá, (Adansônia digitada), é um exemplo.

Irókò Ikú ko
Bere Ikú ko...

Irókò afasta a morte...

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Orunmila o homem pensa que é dono da verdade!

Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

O comportamento das pessoas em nosso país me deixa muitas vezes bastante preocupado com o caminho que estamos seguindo.

Primeiro levamos 300 anos para reagir aos portugueses, depois 70 anos para reagir aos americanos, já faz quase duas décadas e ainda não reagimos a violência usada pela igreja universal contra as pessoas que cultuam orisás, vivemos no paraíso tudo é cor de rosa.

A ditadura militar, somada a cultura católica e os programas dirigidos nas redes de tv do nosso país, atrofiaram o cérebro da grande maioria da população, nosso povo não contesta porque não pensa, basta ver o governo que nós temos em qual seguimento nosso país esta indo bem, se o governo não permite que os professores reprovem os alunos, vivemos no país de faz de conta.

A atrofia cerebral criada pela ditadura nos obrigou durante anos a aceitar o que nos era dado sem questionar somente um pequeno grupo de intelectuais resistiu a uma única verdade, a verdade absoluta desapareceu para quem é informado, sucumbiu nos porões da ditadura.

Orunmila nos instrui no odu Osa/Otura, que a verdade é Olodumare nos céus, nenhum homem se aproxima da verdade sem a troca de ideias e o engrandecimento cultural do debate, é na troca de ideias e no respeito aos diferentes que evoluímos.

Querido irmãos, se uma família usa uma peça de roupa em ocasiões diferente de outra ou esse tem uma designação diferente, esses mesmo por discordarem devem andar nus?

Vejo com tristeza o caminho da falta de dialogo, ainda vivemos o reflexo do governo militar, em nosso dia a dia, os que pensam os que questionam, os que debatem ainda são vistos como polêmicos.

Solagbe Popoola é o porta voz do conselho mundial de ifá, e divulgou inúmeras notas em nome do conselho, falando sobre as regras que devem ser adotadas, isso tudo pode ser facilmente acessado na internet, mas tem um grupo que resiste em criar as suas próprias normas, constantemente somos surpreendidos com comportamentos impróprios daqueles que se dizem babalawos, o que dizer então daqueles que não faz muito foram iniciados.

Se os mais velhos e os que tiveram acesso as informações na origem não divulgarem publicamente as diretrizes do conselho mundial de ifá, vamos continuar assistindo esse espetáculo de mau gosto.
Babalawos são representantes da sociedade, que tem um compromisso com a verdade, mas qual é a verdade?

A verdade esta dentro de cada um, para que se construa um caminho de paz e respeito aos nossos semelhantes temos que ter a paciência de ouvir, temos que ter a humildade para somar esforços, só assim vamos construir um caminho em direção a verdade.

A verdade é Olodumare e os versos de ifá, são placas indicadoras do caminho, alguns preferem ignorar as placas, outros preferem o caminho mais longo, mas o objetivo é o mesmo, chegar a verdade.

A verdade não pertence a ninguém, a verdade é Olodumare e nós sacerdotes temos a obrigação de orientar o caminho mais fácil para os seguidores de ifá.

Ifá gbe wa o

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A teoria da impossibilidade e o Ifá.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola


Se a formação de uma pessoa não permite que ela coloque a sua experiência a serviço do seu melhor, e se a capacidade de raciocínio é prejudicada porque em seu cérebro o desconhecimento impede o uso da inteligência comparativa, que resultados positivos podem ser obtidos.

Esse argumento me leva a seguinte conclusão, como pode alguém que nunca viu algum ritual da tradição Yoruba com base nos cultos afros brasileiros se dizer um sacerdote, como alguém que aprende rituais na internet pode beneficiar aqueles que o procuram.

Vamos examinar as seguintes reflexões, se uma pessoa que consulta Opele desconhece que:
Oturupon Ogbe fala do uso da roupa branca.

Ogbe Ate fala que o caminho da prosperidade está escrito com a honestidade
Ogbe meji fala da necessidade de bori.
Iwori meji fala de Isefá e Itefá.
Ogunda Ogbe fala de prosperidade.
Irete iroso fala de adultério.
Owarin Odi fala de loucura.
Irete Odi fala de ladrão.
Okaran Ogbe fala sobre Idé Ifá.
Obara Otura fala de colocar folhas verdes na boca dos cabritos na hora do sacrifício.
Obara Ogbe fala da morte e risco de vida.
Oturupon meji fala de doença.
Ofun Ogunda fala de perda.
Irete Okanran fala de problemas.
Ogunda Osa fala do uso de drogas.
Irete Oyeku fala de abilu.
Osa Ogbe fala de pesadelo.
Ogunda Iroso fala de problemas com a justiça.
Ogbe meji fala da consulta ao Opele.
Iwori Ogunda fala do uso do opon.
Irete odi fala do uso do iroke.

Ogbe Irete fala de Iya Odu.
Ose Ogbe fala dos ikins.
Osa Irete fala de retirar o cabelo do iniciado.
Otura Odi fala de sacrificar animais machos para Ifá.
Ogbe Iroso fala do sacrifício de Ijapa.
Owarin Otura fala da falta de respeito as proibições.
Odi meji fala de abiku.
Owarin Ogbe fala de ebó riru.
Osa Okanran fala da transformação do problema com um ebó.
Ose Otura fala que a pessoa pode resolver o seu problema rezando.
Okaran Oturupon fala do valor das folhas para a cura.
Ogbe Osa fala de Imule para sobreviver.
Irete Ogbe fala da necessidade de ver Iya Odu.
Osa Irete fala de popularidade.
Ogbe Ogunda fala da necessidade de trabalhar em dobro.
Ofun meji fala da pena de ekodide na iniciação.
Osa Otura fala para não mentir.
Otura Iwori fala da necessidade de mais de um babalawo para fazer um Itefá.
Ogbe Ate fala que um Babalawo de verdade não pode mentir mesmo que esteja passando necessidades.
Owarin Iwori  fala que o veneno está na língua.
Osa Odi fala que existe a necessidade de cultuar os antepassados.
Osa Ogunda fala da necessidade de evitar o confronto com inimigos.
Ogunda meji fala da presença dos inimigos.
Ogbe irete fala da vitória sobre os inimigos.
Ogbe odi fala de nascimento de gêmeos.
Osé ogbe fala de fazer ebós para recém-nascidos.
Irete oyeku fala que não é o momento para fazer o ebo.

O grande número de textos postados na internet falando sobre versos de ifá, que não contribui em nada para a formação de um sacerdote da religião tradicional, preocupa, como esses menos avisados pesquisadores, que  desconhecem a origem das informações por eles usadas, podem fazer parte desse imenso quebra cabeça.

A falta de informações confiáveis ou o empecilho criado por iniciadores que não fornecem material de estudos para os seus iniciados termina empurrando os ansiosos para os braços da internet, quase sempre sentenciando o mesmo a uma dúvida eterna.






Na terra do carnaval.





Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola


Constantemente sou procurado por pessoas que alegam ter sido iludidas por supostos sacerdotes que lhes tomaram vultuosas quantias em dinheiro sem nada ter feito para solucionar seus problemas, gerando um prejuízo financeiro e um descrédito para a nossa religião.

Em alguns minutos de conversas percebo que a grande maioria parece que fala de uma só pessoa, um sacerdote que se incorpora com o caboclo, o preto velho, a cigana, a pomba gira, o orisá da cabeça , o segundo orisá, e o terceiro orisá que é de herança dê um parente distante, normalmente eles recebem um ere que é muito engraçadinho, e que adora pedir presentes.

Essas pessoas comumente jogam búzios, cartas, tarô, runas, são videntes, ouvintes e fazem grandes milagres, que quase sempre são relatados por pessoas da família com o intuito de fortalecer a imagem do todo poderoso.

Diante da descrição do suposto sacerdote fico imaginando a figura e muitas vezes me negando a acreditar, por paciência assisto o relato quase sempre é de alguém muito simpático com um belo sorriso, envolvente, que diz saber tudo do mundo espiritual.

Quase sempre ele tem uma aparência única de alguém que é descrito entre extravagante e o exagerado, aquela pessoa que até para ir ao mercado, veste roupas tradicionais, que só alguém com muito conhecimento poderia usar, tais vestes.

Em poucos minutos eu não sei se sinto pena ou se me envergonho, de fazer parte de um seguimento confundido pelo tal consulente com o que eu pratico.

Assusto-me, com a inocência e me surpreendo com a falta de informação, quase todas as vitimas descrevem algo que beira um surto psicótico ou se confunde com um espetáculo carnavalesco, que é sustentado como uma peça de teatro, para um publico que paga altos valores ou que serve como mão de obra escreva, para servir o interlocutor do além.

Os hábitos do tal sacerdote em quase todas situações são descritos como semelhantes primeiro ele se torna muito amigo, mas tem um pequeno problema de credito na praça, e solicita ao consulente que faça algumas compras como forma de retribuir os favores por ele intermediado com o mundo espiritual.

Posteriormente, o então já amigo intimo pede para que ele assine uma fiança ou que ele avalize um pequeno empréstimo no banco, se isso não acontece ele intimo que é, costuma pedir o carro emprestado, somente por alguns dias.

Depois da decepção e do afastamento da casa, o antigo crédulo descobre algumas ocorrências policiais que envolveram o titular da casa que ele frequentava, tardiamente a verdade que se mostrava clara agora bate no rosto, de mais uma vitima.

Surpreende me o numero de pessoas com relatos muito semelhantes, a pergunta é a seguinte, porque o povo acredita nesse tipo de gente?

Mentirosos, ladrões, bandidos, enganadores, mas com uma boa conversa e um sorriso fácil, quase sempre tem a casa cheia de pessoas que são constantemente humilhadas, usadas, enganadas, iludidas.

Porque esse tipo de gente tem a casa cheia?

Como eles conseguem enganar tantas pessoas por tanto tempo?
Será que não é uma questão cultural?

Hoje mesmo assisti no you tube uma festa de pomba gira, com uma escola de samba tocando para exu dançar, será que não é isso que o povo quer ver?

O que esta acontecendo com o nosso país, será que as pessoas são tão ingênuas assim, ou tudo isso acontece porque vivemos no país do carnaval?

Outro dia vi uma entrevista de uma das mais famosas iyalorisas de toda história religiosa do Brasil, que quando perguntada pelo reporte se gostava de carnaval ela respondeu, “carnaval e orisá tem uma ligação que vem da África.”

Diante de tal afirmativa, dantesca, fica a questão em aberto, porque essas pessoas conseguem reunir tantos seguidores se o que elas tem a oferecer é mentira disfarçada com ignorância envoltas em richelieu e seda.

Será que vamos pagar um preço caro por viver na terra do carnaval, a confusão do folclore com a religião, é resultado da falta de informação?



  Oito bilhões de Deuses    Imaginem oito bilhões de deuses em um conflito incessante. Pensar nessa possibilidade nos remete a uma ideia de ...