segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Não é necessário iniciar em òrìsà.


Autor:Bàbàláwo Ifagbaiyin Agboola


Quando escrevi sobre Ìyá mi inúmeras pessoas resolveram escrever sobre o assunto e discordaram de algumas partes do texto que postamos, posteriormente esclarecemos as dúvidas postando versos de ifá.

O mesmo aconteceu quando postamos inúmeros textos e agora acontece à mesma a mesma situação, novamente existem pequenos pontos de discordância que estamos esclarecendo com versos de ifá, postados por grandes e respeitados Bàbàláwos da Nigéria.

O texto de ìyá odu nos deixou muito feliz porque confirma o número enorme de seguidores que leem tudo que postamos muitas dessas pessoas não tiveram a mesma oportunidade que tivemos de aprender com bons sacerdotes sobre ifá, outros aprenderam em suas famílias algumas coisas que difere um pouco daquilo que é praticado no território yoruba.

Não acredito que as divergências sejam por maldade, infelizmente nem todos tem acesso à informação, mas de qualquer forma estamos muito felizes com o resultado do nosso trabalho.

Esse verso em ifá do odu ogbe di é muito especial e confirma o que nós postamos no texto de Ìyá Odu, um Bàbàláwo não necessita passar por uma iniciação de òrìsà para que possa iniciar outra pessoa, desde que tenha sido submetido às cerimonias corretas.

É evidente que para iniciar outra pessoa no culto de um determinado òrìsà o sacerdote deve estar preparado.

Com mais de meio século convivendo com essas pessoas em nosso país aprendi que antes de postar um texto já devo deixar preparada a comprovação da veracidade, sigo matando um leão por dia.

OGBE ODI

Abowaba awo ode orun
A d'ífá fún Ogun
Lojo tó nbà wá sodé ayé
Ó fi orí /e odo Orunmila
Kí ó le mo bi irin ajo naa
Se má ari ó ní agbara
Atí gbà emi fún íjiya
olorun ati Òrìsà
Won ní kó rubo
Kó tó lo si ajo
Kó fi adá rubo
Si Òrúnmìlà
Ki Òrúnmìlà le fún
Ati àwon omo re
Agbara atí gbà emí
Gegebi etutu si Òrìsà
Ati egún
Orunmila so wí pe
Bo se wà lati atete kó se
Ti Bàbàláwo atí iyaonifá
Bà bere Ifá
Atí asé lowo ogun
Fun etutu
Àwon Orisà
Ogun rubo
ó fún Òrúnmìlà lo be
Oná sí la fún ó je pe
Àwon omo Òrúnmìlà ni
Yó ó sa lati iyaonifa
Ní ase
Won nkorin
Ogun fún wón ní ase
Lati odo Òrúnmìlà pe
Ti won kó ba rubo
Kó ní si ibukun
Atí alafia laye
Abowaba awo ode Orun
A d'ífá fun Orunmila
Kó ní ipin
Pelu Orunmila ko le
Dí bàbálawo atí asiri
Àwon omo Orunmila
Agbara àwon olugbe aye
Ní yó ó fún won ni
Ominira ojuse ogun ni
Pelú Orunmila  náa ní
Agbara atí rubo
Gbá emi fún ijaja
Gbara àwón tó ntele
Atí áwon tó ntele
Olorun
Àwon omo Orunmila
Gbà se lówo ogun
Atí lkin Ifa
Ní gbatí Orunmila
Se itefá fún won
Won gbà ase Orunmila
Tori pe won
lgbese otíto ji ó ji o
Orunmila fun niase
lru eyí tó fún ogun
Ohun lo so dí Bàbàláwo

Verso publicado por Apola. 


PORTUGUES

No dia em que vinha em direção a Terra
Ele disse para ir para a casa de Òrúnmìlà
Ifá disse-lhe para ter sucesso na sua missão
Eu era e disse que ele tinha o poder
Leve a vida
Como punição de OLORUN
E como um sacrifício para Òrìsà
Ele deve ser o sacrifício feito
Antes de sua partida
E oferecer Òrúnmìlà
SUA FACA
Òrúnmìlà e
seus filhos e filhas sacerdotes
Pois receberam a autoridade
Para tirar a vida para o sacrifício
Òrìsà
Òrúnmìlà disse posteriormente
Bàbàláwos e iyaonífás
Ele foi iniciado em Ifá
Eles receberão autoridade Ògún
Òrìsà sacrifício e Ògún
Ògún fez sacrifício e entregou a faca para Òrúnmìlà
Missão foi bem sucedida
Para os filhos de Òrúnmìlà
Eles cuidam de sacrifício Òrìsà
Eles terão autoridade
Concessão que eu tornado
Sacerdotes Òrìsà
Eles cantaram que
RECEBERAM a autoridade
Òrúnmìlà
Deu-lhes
Filhos de Òrìsà.
Òrúnmìlà média
Sem sacrifício
Faria BÊNÇÃOS 





sábado, 20 de fevereiro de 2016

A nossa religião tem regras descritas nos por Orunmila.  



Autor: Bàbàláwo Ifagbaiyin Agboola

Com o passar do tempo muito se tem escrito sobre a verdadeira função do sacerdote dentro da religião afro-brasileira, mas a impressão que eu tenho é que quase nada foi esclarecido, um Bàbàláwo ou um Babalórisá é confundido como um proprietário da pessoa iniciada, as confusões acontecem ou por parte de quem é iniciado ou por quem inicia. É muito comum ouvir em minhas palestras perguntas sobre a relação de pais e filhos ou irmãos na casa de Òrìsà.

Algumas pessoas acreditam que se forem iniciadas pelo mesmo sacerdote que iniciou o seu cônjuge a situação caracteriza um incesto, isso nos leva a seguinte pergunta somos católicos ou pertencemos a Religião Yoruba (Èsìn Yorùbá) qual é a nossa verdadeira religião?

Uma grande quantidade de pessoas iniciadas em Òrìsà ainda seguem preceitos católicos ou orientações espiritas por desconhecer os versos de Ifá, não sabem que dentro desses versos existem as normas de comportamento que orientam os iniciados e o seu comportamento diante de Olodumare.

Eu escuto todo tipo de pergunta, é melhor assim, pior seria se as pessoas não perguntassem, continuassem com suas dúvidas, acredito que devemos dividir informações.

Existe algumas coisas que devem ser esclarecidas, uma pergunta frequente é relativa a preceito, sexo e pecado, no Odu Òwónrín Òfún, fala que o sacerdote não deve fazer sexo com sua esposa naquele dia, ele está comprometido com os rituais, todos as orientações de comportamento podem ser encontradas nos versos de Ifá, no Odu Osa Otura, fala que devemos sempre falar a verdade, no Odu Ògúndá ogbe, diz que não devemos roubar.

Um texto de Ifá muito conhecido do Odu Osetura, fala da importância das mulheres, do respeito que os homens devem manter por suas esposas, filhas e por suas mães, outro texto do Odu Òfún Meji, diz que o iniciado em ifá deve ver Iya Odu e se tornar um Bàbàláwo, já no Odu Ogbe Meji, fica claro que a principal esposa de Òrúnmìlà só pode ser cultuada por quem passou por um ritual chamado Ipanodu (cerimonia que o awo se torna um Bàbàláwo, momento que apaga se a luz para ver Odu).

No Odu Ogbe Ògúndá, fala sobre a relação financeira homem e a família da esposa diz que até o casamento todas as despesas da mulher devem ser mantidas pela família, mas depois do casamento o marido não deve deixar que a mulher passe necessidades, a manutenção da casa é responsabilidade daquele que assumiu a relação diante da família.

Ainda no Odu Ogbe Ògúndá, vamos encontrar dados referentes ao casamento de um Bàbàláwo, nesse Odu diz que não deve haver a separação e nem o adultério, que as pessoas deveriam antes de assumir uma relação pensar bastante, fala ainda que aquele que escolheu viver com uma única mulher deve respeita-la e protege-la, ainda nesse Odu vamos encontrar uma advertência contra o uso de magia maléfica contra o cônjuge, nesse caso Ifá vai se lançar em sua defesa e não sabemos o que pode acontecer; nesse Odu diz que o Bàbàláwo deve ter uma postura digna e não deve se envolver com outras mulheres, a punição para o sacerdote que não cumprir essa orientação diz Ifá: (que ele nuca vai atingir o sucesso em seu trabalho).

Obs: Com respeito ao numero de esposas o Bàbàláwo deve seguir a orientação do seu odu e buscar uma forma de respeitar a cultura local, podemos tomar como exemplo o odu Oyeku Meji a onde ifá diz:

Que aquele nascido sobre esse signo só pode ter uma esposa, é evidente que também podemos considerar a leis de cada país, no Brasil é crime manter se casado com mais de uma pessoa.

O Odu Ogbe Ogunda, fala da punição do Bàbàláwo, que desejar a mulher de outro awo, diz Ifá (aquele Bàbàláwo ou iniciado em Ifá que deitar com a mulher de outro awo, não deve ver outro amanhecer).

No Odu Ogbe Meji, a necessidade do comportamento digno é enfatizada, de tal forma que a punição seria o infortúnio, a falta de sucesso e o total esquecimento, o abandono do sacerdote, suas orações não devem ser ouvidas, essa é uma das punições mais temidas, a relação homem Òrìsà deixa de existir.

No Odu Obàrà Ògúndá encontramos em detalhes, a relação de um Bàbàláwo, com a sua Iya Apetebi, nesse verso de ifá diz (a escolha da esposa de um Bàbàláwo é apontada por Ifá quando ela nasce), existe vários Odus que indicam essa relação, assim como também existe uma identificação bem clara nos versos de Ifá sobre quem deve se tornar um Iniciado e quem deve se tornar um Bàbàláwo, ver Odu: Ogbe Meji, Oturupon Meji, Irete Meji, \ Iwori Meji etc.

No Odu Òwónrín Odi, aparecem algumas indicações sobre a necessidade do homem cumprir o seu destino, assim como no Odu ogbe Ògúndá, fala do cuidado com o Orí e a relação do homem com o destino por ele escolhido, tendo como testemunho Òrúnmìlà, isso nos remeti a uma reflexão encontrada no Odu Ogbe Meji (nem um homem deve se comprometer com um Òrìsà antes de conhecer o seu destino) essa afirmação indica claramente que o homem deve conhecer a indicação de Ifá para ter uma orientação sobre a sua vida religiosa, não é o homem que escolhe o Òrìsà é Ifá quem indica os Òrìsà que devem ser cultuados.

No Odu Obàrà Irosun, fala da punição violenta caso o iniciado não respeite o seu sacerdote e vice versa, o respeito deve ser mantido a qualquer custo assim como a segurança da egbe (família) o sacerdote deve usar todos os recursos que possui para proteger a sua família, dele será cobrado à omissão.

Ainda no Odu Obàrà Irosun, Ifá alerta sobre o uso do Opele, quem pode usar e sobre a remuneração, aquele que não usar o Opele com dignidade jamais vai ver o sucesso, nesse verso ifá deixa claro que um sacerdote não pode mentir e usar um instrumento de consulta em seu beneficio, jamais será aceito qualquer tipo de mentira usando o nome de Ifá.

O Odu Ogbe Otura, fala de Ìwà (caráter) a indicação é clara nesse odu, a necessidade de manter uma postura reta, faz parte do dia a dia do iniciado, temos a obrigação diante dos Òrìsàs, de manter um comportamento que honre toda nossa família e nossos antepassados, independente de nossa idade, a juventude não é desculpa para o erro a pouca idade, é característica que indica a inocência e não a má conduta fica bem clara no verso do Odu Òfún Ose, que diz (é preferível um sacerdote jovem e honesto que um velho sem caráter).

Nos versos de Ifá vamos encontrar inúmeras recomendações de comportamento, inclusive referente à higiene, no Odu Ose Odi, consta uma relação bem clara sobre a necessidade de se manter limpo e com o corpo asseado, ainda nesse Odu diz Ifá (o homem tem responsabilidade com seus filhos até que possam se manter encontrar uma ocupação e ter sua renda, é responsabilidade dos pais manter os filhos menores).

O Odu Obàrà Irosun, em seus textos indica que a pessoa que foi iniciada no culto aos Òrìsàs ou no culto a Ifá deve fazer oferendas às divindades e manter os seus assentamentos em ordem, limpos o Ose (limpeza semanal) é responsabilidade do iniciado e não do sacerdote.

Ainda falando do comportamento de um Bàbàláwo, diz Ifá no verso do Odu Òfún Gbadara, as coisas de Ifá não devem ser comercializadas por um Bàbàláwo, (um Bàbàláwo não deve ser um comerciante), nesse mesmo Odu diz (aquele que lhe prestou um favor, lhe deu uma ajuda deve ser recompensado) todo trabalho espiritual tem que ser remunerado, se não for assim como o sacerdote vai poder manter os seus assentamentos e continuar atendendo as necessidades dos que o procuram.

O Odu Òfún Ogbe, fala da prosperidade do Sacerdote fala que aquele que trabalha corretamente terá uma vida tranquila, assim como aquele que possui Ikins nunca lhe faltara o alimento (Odu Odi Ika).

Um verso do Odu Ògúndá Ogbe, orienta sobre o dia do Ose semanal, um dia da semana devem ser reservados para cuidar dos òrìsàs, nesse dia os assentamentos dos Òrìsàs devem ser limpos, já no Odu Òkànràn Obàrà a orientação é sobre o assentamento de Egúngún, diz Ifá (aquele para quem aparece esse odu) deve manter viva a imagem de seus antepassados, essa pessoa deve ser iniciada no culto a Egúngún e deve honrar todos de sua família, com um assentamento que deve ser mantido sempre limpo e bem cuidado, é obrigação dessa pessoa escolher um sucessor que ira manter esse assentamento para que esse culto não deixe de existir.

No Odu Iwore Meji, fala sobre fazer magias para quem não tem como se defender, sobre o uso do conhecimento de um sacerdote contra quem não merece tal atitude, diz Ifá (aquele que ataca um inocente a maldade e a destruição voltariam para prejudica-lo).

No Odu Osa Meji, está bem claro que não devemos julgar o nosso semelhante, só Ifá pode saber o futuro de cada pessoa diz Ifá: (um Orí coroado não pode ser reconhecido por um ser humano, só Ifá identifica o Orí que será beneficiado), não devemos menosprezar ninguém.

O Odu Oturupon Òfún, fala sobre o suicídio, não é permitido a ninguém essa pratica só Ifá sabe e pode mudar o dia da morte, ainda nesse Odu diz Ifá: à longevidade não é encantamento, devemos nos afastar de tudo que possa diminuir o tempo de nossa vida, devemos fazer tudo para alcançar a longevidade.

No Odu Ogbe Ògúndá, Ifá é bem claro não devemos ser arrogantes dentro da relação afetiva, devemos buscar o companheirismo como forma de melhorar os relacionamentos.

Em Ika Ògúndá, ifá fala sobre a necessidade de orar para obter sorte e prosperidade, o homem deve manter suas orações, como forma de disciplina e humildade, nesse Odu assim como no Odu Ogbe Ògúndá, diz: o horário de fazer as orações preferencialmente pela manhã logo que acordamos.

O Odu Osetura, diz não devemos nos exibir, devemos manter uma vida regrada e sem exageros, um homem não deve discriminar uma mulher e uma mulher não discriminar um homem, um velho jamais deve ser discriminado por jovem da mesma forma que um jovem não deve ser discriminado por um mais velho, o respeito deve existir indiferente da idade ou sexo.
No Odu Otura Irete, Ifá diz: (a bondade deve ser cultivada como forma de gratidão) a bondade deve ser praticada, não devemos ser ingratos, só Ifá sabe se não vamos necessitar em um futuro da ajuda de quem nos beneficiou no passado, não devemos desfazer de quem um dia nos ajudou.

O Odu Otura Òfún, deixa bem claro a necessidade de manter os ebós indicados por Ifá, se uma pessoa consulta, toma conhecimento do problema e não fazer os ebós indicados à responsabilidade deixa de ser do sacerdote.

No Odu Òtúrúpon Otura, fala sobre a necessidade de o sacerdote estudar e ter conhecimento para honrar seus antepassados com sua capacidade, diz Ifá: é responsabilidade do iniciado, assim como do sacerdote o aprendizado, a capacitação daquele que abre as portas para o atendimento é uma responsabilidade assumida diante de Ifá, todo ato praticado dentro da casa de Òrìsà tem que seguir a orientação dos versos de Ifá; no Odu Iwori Otura, fala sobre a disciplina dos estudos e a educação do iniciado em Ifá deixando bem claro que devemos nos dedicar para obter uma educação adequada. O Odu Irete Òfún, fala do estado de perfeição e o alinhamento com Olodumare se não somos perfeitos devemos buscar a melhor forma de se assemelhar com a perfeição.

O Odu Iwori Òfún, fala do respeito que temos que manter por todas as pessoas, se queremos ser respeitados, devemos respeitar todas as pessoas sempre, a vida é um benefício recebido das mãos de Olodumare cabe a nós tornar digno o viver.





quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Bàbàláwo


Autor:Bàbàláwo Ifagbaiyin Agboola

No Brasil a grande maioria da população não conhece os verdadeiros Bàbàláwos, por uma questão histórica em nosso país praticamente não existiram sacerdotes de Òrúnmìlà.

Os traficantes de escravos temiam os Bàbàláwos por seus conhecimentos e pela liderança que eles exerciam um sacerdote de Ifá em um navio escravo certamente poderia criar grandes problemas para os donos dos navios.

Nos últimos anos o culto a Òrúnmìlà Ifá ficou muito popular fora da Nigéria, à necessidade de conhecer melhor a religião tradicional impulsionou a procura por esses sacerdotes.

Òrúnmìlà é o único òrìsà que conhece o destino dos homens e seus sacerdotes, os Bàbàláwos, são grandes conhecedores dos odus e da palavra de Òrúnmìlà.

Os Bàbàláwos no território yoruba (Nigéria) são homens muito responsáveis e respeitados por suas atitudes e em suas comunidades são considerados exemplos para todos os cidadãos.

São muitos os episódios envolvendo falsos sacerdotes de ifá nigerianos e brasileiros em nosso país.
Poremos últimos 30 anos, chegaram ao Brasil uma meia dúzia de bons sacerdotes de Òrúnmìlà isso inspirou inúmeros brasileiros a serem iniciados em ifá.

É interessante esse raciocínio, pois tantos foram aqueles sem escrúpulo que prejudicaram a imagem do culto a Òrúnmìlà  que teoricamente não deveriam existir pessoas querendo ser iniciadas em Ifá, no entanto bastou que poucos, mas verdadeiros Bàbàláwos chegassem até a o nosso território para que a religião tradicional yoruba se tornasse respeitada e o numero de iniciações em Ifá se multiplicasse.

Algumas pessoas me perguntam como identificar um Bàbàláwo de verdade, eu sempre simplifico dizendo que um Bàbàláwo de verdade tem um nome de verdade, usado conforme a tradição Yoruba.
Na realidade identificar um Bàbàláwo vai muito além de observar o seu nome, um Bàbàláwo tem uma postura digna, tem conhecimento, tem segurança e demonstra prazer em ser identificado como membro da sua família. O culto a Òrúnmìlà e os demais òrìsàs é ancestral e familiar, o que facilita a identificação do Bàbàláwo.

Não existe um Bàbàláwo ou uma Iyanifa que não use o nome de sua família, é impossível ser um sacerdote de Òrúnmìlà  sem que exista a ligação familiar.

Um sacerdote de ifá é educado para respeitar o seu Oluwo e a sua família, se isso não acontecer, ele jamais será um Bàbàláwo ou uma Iyanifa, no Brasil é comum nas religiões de matriz africana as pessoas desenvolverem um trabalho sozinho, longe de suas famílias, no ifá essa possibilidade não existe.

Um Bàbàláwo tem compromisso com a verdade, com a ancestralidade, para isso ele estuda a vida toda, aprendendo a usar o conhecimento de seus antepassados e baseando o seu comportamento nas orientações de Ifá.




sábado, 13 de fevereiro de 2016

Ifá, Orunmila, de parabéns.




Autor:Bàbàláwo Ifagbaiyin Agboola

Durante uma viagem de São Paulo a Porto Alegre de automóvel em uma conversa entre eu e a minha Iya apetebi, tivemos a ideia de criar o projeto IFÁ É PARA TODOS há exatamente quatro anos.

Na época não imaginamos o alcance que teria a nossa criação, em quatro anos fizemos mil seiscentos e setenta e quatro iniciações, a nossa ideia contribuiu para que houvesse muitas mudanças na historia do ifá no Brasil.

As mudanças foram tantas que até as pessoas que afirmavam categoricamente que era impossível iniciar um Bàbàláwo no Brasil começaram a fazer iniciações em nosso país.

Os preços foram reduzidos com a popularização para menos de um terço do que custava naquela época, isso implicou diretamente a criação de uma oposição insana ao nosso trabalho, mas quis Orunmila que hoje nós pudéssemos dizer que estamos todos de parabéns.

Um brinde ao sucesso!





sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

A casa do Orixá e Ifá  II




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Algumas pessoas me solicitaram uma abordagem mais profunda na questão da casa do orixá, atendendo a solicitação de nossos leitores nesse segundo texto vamos analisar alguns aspectos da administração do egbe òrìsà.

-Não existe custo mensal para hospedar um orixá na casa do sacerdote, pois como mencionamos no texto anterior a casa não é do sacerdote ela pertence aos òrìsàs.

-É um absurdo cobrar para os iniciados limpar os assentamentos dos orixás, quem faz a limpeza é o iniciado como é que alguém pode pagar por seu próprio trabalho?

Quando alguns sacerdotes resolvem criar dificuldades para os iniciados não devem esquecer que os orixás estão observando o seu comportamento mesquinho.

-A manutenção da casa de Òrìsà é responsabilidade de todos iniciados, mas isso não quer dizer que o iniciado seja obrigado a pagar mensalidade. O Egbe tem muitas despesas, mas não é uma sociedade, o fato de tornar a casa de orixá uma sociedade implica diretamente em uma prestação de contas assim como permiti que o sócio escolha em votação quem vai administrar a casa. No ile òrìsà não existe votação para escolha de um administrador, sempre a escolha é feita pelo orixá.

Pessoalmente a ideia de transformar a casa de òrìsà em uma sociedade não me agrada, parece que os custos para manter as casas com o passar do tempo ativaram a criatividade de alguns de nossos irmãos que terminaram se juntando com alguns políticos safados para roubar dinheiro de verbas que deveriam ser aplicadas em questões mais importantes que a manutenção do luxo desses canalhas.

-Em uma casa de Òrìsà existe dois tipos de assentamento de òrìsà, o privado e o comunitário, a manutenção do privado é exclusiva responsabilidade do iniciado. No assentamento comunitário a responsabilidade da manutenção é dividida com todo o grupo de iniciados.

-Quando um grupo de pessoas resolve ajudar alguém que vai ser iniciado quase sempre deixa de existir a valorização da iniciação, o ideal é que a pessoa se comprometa integralmente com os custos e as responsabilidades da iniciação, quando isso não é possível devemos ajudar, mas a pessoa deve participar com grande parte das compras.

Acredito que uma casa de orixá deve ser responsabilidade de todos aqueles que frequentam as suas dependências, mas isso em momento algum obriga as pessoas a fazerem doações e pagarem mensalmente qualquer quantia. Os custos da manutenção do egbe òrìsà não devem ser colocados como uma obrigação de seus membros, esses custos devem ser vistos como uma necessidade que implica em uma condição mais adequada para os frequentadores.

-Um sacerdote não deve conduzir uma casa de orixá sozinho, sendo assim é evidente a necessidade de cargos na estrutura da egbe, o critério para o bom desenvolvimento do desempenho da função na casa de orixá é o conhecimento.  O sacerdote que vende cargos é um dos piores administradores que pode existir em uma família de orixá.

-Se o escolhido para um cargo não estiver preparado para a função teoricamente implicara em um duplo problema, primeiro o indicado não é capaz e devera ser substituído em suas funções por outra pessoa que fara o trabalho. Segundo, o substituto que fara o trabalho não estará satisfeito em razão de ser obrigado a desenvolver uma função sem que haja o reconhecimento dele para ocupar a mesma.

-A manutenção do espaço religioso assim como a limpeza é responsabilidade de todos os frequentadores iniciados ou não.

-Uma casa de òrìsà deve ter material necessário para o pronto atendimento dos frequentadores, assim dando uma resposta rápida aos problemas apontados pelos òrìsàs em consulta, esse material deve ser reposto imediatamente. O estoque de material é a única forma de prestar um atendimento rápido nos feriados e nos fins de semana, sem esse material o atendimento fica prejudicado.

- As roupas assim como as toalhas e roupas de cama devem ser trazidas para a egbe e devem ser lavadas na casa do iniciado, salvo raríssimas exceções.

 Nos dias de hoje manter pessoas na casa de orixá para fazer a manutenção do espaço não é aconselhável, considerando o numero de pessoas que buscam na justiça do trabalho o reconhecimento dessas funções e a sua remuneração. O ideal seria que em um dia da semana todos os participantes desenvolvam as atividades de manutenção do espaço em conjunto e com a orientação direta do sacerdote.

-Receber convidados na casa do orixá é um prazer, mas convidado é convidado e a sua participação na egbe se limita ao espaço destinado ao publico, salvo exceção quando convidado para participar dos rituais.

Em um ile òrìsà, existe três tipos de espaço, o publico, o sagrado e o destinado ao sacerdote, essa regra deve ser mantida.

O espaço do sacerdote é um espaço exclusivo e não deve ser frequentado por iniciados.
O quarto destinado aos orixás deve ser administrado pelo sacerdote e a sua chave não pode ser entregue a outras pessoas.

 O espaço público deve ser mantido por todos iniciados.

O bom andamento das atividades da casa do òrìsà retrata a administração exercida pelo sacerdote e a imagem de nossa religião, a sociedade deve nos ver como bons olhos, o nosso comportamento deve ser discreto e respeitoso, somos representantes de nossos antepassados e devemos honra-los.





quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A casa do orixá e Ifá.



Autor: Olúwo Ifagbaiyin Agboola.

No ano de 1981 comecei a viajar divulgando a religião dos òrìsà, durante esse período tive a oportunidade de conhecer alguns países, e grande parte do território nacional brasileiro, nessas viagens conheci várias casas de òrìsà.

 Observei situações que me deixaram em algumas ocasiões tristes e em outras em uma posição bastante desconfortável.

 Testemunhei equívocos nas casas de òrìsà que nem sempre são frutos da falta de informação, muitas vezes a vaidade e a pretensão são as grandes responsáveis por esses erros.

Não temos a pretensão de apresentar esse trabalho como sendo a única e exclusiva verdade sobre o assunto, vamos pautar a escrita pela lógica e o respeito à herança religiosa dos yorùbás em nosso país.
A casa de òrìsà normalmente é uma propriedade fruto do trabalho de pessoas que empregam o seu ganho para criar um espaço para o òrìsà, sendo assim a lógica indica que o proprietário é a divindade e não o homem.

Vamos explicar essa situação com exemplos do que acontece no dia a dia das casas de òrìsà:
1-       Se o sacerdote tem uma filha que vai se casar e ele decidir convidar o jovem casal para que habitem um dos espaços na área da casa de òrìsà é evidente que esse convite só pode ser formulado depois de uma consulta com resposta positiva dos òrìsàs.

A mesma posição deve ser mantida para qualquer indivíduo que possa vir a ser iniciado ou residir na área das divindades, tudo que possa influenciar no andamento do Egbe deve ser submetido à apreciação do proprietário do espaço, o òrìsà.

2-      Outro exemplo que podemos citar é a pretensão de uma ampliação ou alteração na construção, sem a consulta ao òrìsà, isso seria impossível, embora nós já tenhamos presenciado inúmeras situações que o sacerdote toma as decisões sem ouvir a divindade.

3-      É muito comum no Brasil após a morte do sacerdote titular de um terreiro que haja uma disputa entre os herdeiros consanguíneos e os herdeiros ligados a religião.

Nesse aspecto gostaríamos de deixar bem claro que a religião dos òrìsà é uma forma de manter acesa a chama ancestral, sendo assim, sempre, sem exceção quando houver duas pessoas com o mesmo nível de informação e cargo religioso em litigio para ocupar uma função, a tendência natural é que aquele que tem grau de parentesco seja escolhido em uma orientação espiritual e não aquele que é um herdeiro exclusivamente religioso.

4-      O espaço chamado casa de òrìsà por uma questão obvia destina o seu melhor aposento para o òrìsà patrono daquela instituição, ou para um grupo de òrìsà cultuados naquele local.
Se a divindade é a proprietária é natural que o melhor espaço da propriedade seja destinado a ela, fato esse confirmado no dia a dia das casas de religião onde quando visitadas, o visitante primeiro saúda o òrìsà para depois saudar o sacerdote.

Se fosse o inverso o homem seria, mais importante que o seu ancestral e a palavra religião não teria sentido, já que na tentativa de nos religarmos ao divino nos submetemos a uma hierarquia bastante clara onde o òrìsà está em primeiro lugar.

5-      A questão da propriedade e da sua titularidade das casas de òrìsà habita os tribunais há muito tempo, embora o ideal fosse que pessoas religiosas que se dizem sacerdotes não precisassem recorrer a esse tipo de debate. Seria de bom tom que o religioso seguisse e respeitasse a decisão dos òrìsàs diante de qualquer tipo de litigio.

As controvérsias não acontecem somente nas questões da titularidade e da propriedade em si, é comum presenciarmos a disputa da titularidade da função religiosa independente da propriedade.
Presenciamos inúmeras vezes situações que criam uma enorme confusão diante da sociedade, um exemplo é o duplo sacerdócio em uma mesma propriedade. Casais iniciados para a mesma função desempenhando em um mesmo espaço trabalhos paralelo. Quando a regra é simples o mais antigo e mais capacitado sempre deveria ser o titular.

6-      Existe também uma grande polemica quando o herdeiro escolhido de uma casa de òrìsà não está capacitado, embora seja bem fácil de compreender a função do responsável interino, que ocupa a titularidade com o tempo pré-estabelecido para a capacitação do real herdeiro.
Se não fosse só a questão financeira e jurídica o número de situações presenciadas por nós não nos causaria tantas surpresas. Porém um agravante é bastante comum, supostos òrìsàs ou divindades em visita aos seus descendentes que muitas vezes terminam advogando em causas de seus simpatizados criando uma imagem que prejudica muito a história de gerações e gerações de sacerdotes.

A coerência e o respeito assim como a ética, comumente são deixados para trás por pessoas movidas por ambição e ganância, isso não deveria acontecer nos meio religioso, mas infelizmente essas situações são bastante comuns.


 Esses fatos não aconteceriam ou seriam facilmente administrados se a formação dos líderes religiosos fosse mais exigida, enquanto isso não acontece os tribunais substituem os òrìsàs nas decisões.







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