A ética religiosa e as frivolidades do lobo hesitante.
Autor: Bàbáláwo Ifagbaiyin Agboola
Assistindo as
noticias de tudo que vem acontecendo no mundo e observando as pessoas nas
relações interpessoais e na rede social me surpreendo bastante com o aquilo que
os sociólogos chamam de desenvolvimento humano.
Seguindo um
raciocínio lógico, comparo aquilo que a experiência de anos me permitiu observar
com aquilo que estou vendo na atualidade e não tem como não ficar perplexo.
Vejo algumas
coisas que sei que uma parte da humanidade não enxerga, não faço isso porque
sou melhor ou pior que as outras pessoas, faço isso porque a tranquilidade e a
experiência da idade me permitem.
As mudanças de
hábitos na população humana estão sendo documentada por filósofos e pensadores á
séculos e a retórica que estamos evoluindo me deixa um pouco confuso.
O pensar não é
algo planejado, a inteligência de muitas pessoas é comparativa e não tenho como
apagar minhas memórias, sendo assim o cruzamento de informações é inevitável e
a comparação ocasional.
Assistindo os
acontecimentos diários surgem em minha mente algumas conclusões que vou tentar
expor sem ter a pretensão de parecer certo ou errado.
A alienação
daqueles que se recusam a pensar e que como papagaios repetem o discurso
exaustivamente divulgado que interessa a um grupo pequeno e muito inteligente
que lucra com a falta de visão de muitos criou modismos equivocados disfarçados
de uma roupagem que tenta ser atualizada e moderna.
O povo com o
tempo foi levado para uma teórica zona de conforto que pensar não é permitido,
o resultado disso tudo é tido como desenvolvimento e os ditos intelectualizados
terminaram se colocando em um patamar que os aparta da maioria como forma de
negação e superioridade.
A questão é
simples, se eu não concordo com tudo que está ai tenho que me esforçar para que
haja mudanças.
Aquele que não
participa da reunião que define as metas, está concordando com a decisão da
maioria.
Se você não
participar daquilo que vai ser decidido e que será a expressão da vontade
da maioria a sua ausência vai refletir como conivência.
Da mesma forma
que se você não pergunta e esclarece as suas dúvidas você perpetua a
ignorância.
Existe uma
necessidade de participação que clama por mudanças e a luta entre a ética e a
indiferença deixa muitas pessoas de fora dos debates.
A ética é o
equilibro das decisões entre aquilo que eu quero e aquilo que eu posso ou devo
fazer.
Será que seria
antiético no meio do feriado eu falar sobre o desenvolvimento humano, será que seria
antiético falar de religião e filosofia no meio do Carnaval.
Será que vai
ser entendido esse chamamento, falar de ética e chamar a atenção das pessoas
para a vida no meio do feriado é utopia?
No fim de
semana recebi uma visita de um amigo, ele é o retrato da grande maioria das
pessoas na vida moderna, ele falou o tempo todo de pessoas e em nenhuma ocasião
falou de ideias.
Eu acho que ter
um pensamento próprio está ficando fora de moda, à preguiça mental está
conduzindo a mesmice e consumir é a palavra de ordem, tudo segue como planejado
pelos senhores do poder.
Observei esse
meu amigo enquanto estava hospedado em nossa casa, nas refeições no
café, no almoço e no jantar a primeira coisa que ele colocava na mesa era o
celular, a todo o momento ele verificava a rede social, exatamente como
planejado por aqueles que venderam essa ideia, ele foi escravizado e não
percebeu.
Eu queria
falar sobre esse assunto com ele, eu posso falar, mas será que eu devo?
Seria
improprio ou antiético?
A realidade é
que na vida moderna as pessoas cada vez mais estão olhando para os seus interesses
e apontar equívocos passou a ser denominado como chatice.
O ser humano
está seguindo por um caminho que obriga a modismos e estar fora do sistema
deixa você fora do grupo social.
Nos diálogos
as pessoas falam dos carros, das casas e da aparência das outras pessoas.
Elas falam de
quanto dinheiro e propriedades foram adquiridas por seus amigos e por elas
mesmas, mas se recusam a falar sobre conduta e ética, será que pensar foi
proibido e a frivolidade virou modismo.
Quando as
pessoas chegam de visita na casa dos amigos à primeira coisa que fazem é pedir
a senha do Wi Fi ele falam sobre carros e roupas dinheiro e marcas famosas, elas
deixaram de olhar nos olhos das outras pessoas e esqueceram a importância do ser
humano.
Os verbos
começaram a ser conjugados somente na primeira pessoa do singular.
O raciocínio
da maioria segue a mesma lógica se eu tenho muito dinheiro terei muitos amigos,
mas se eu tenho muitos amigos terei muito dinheiro?
Esse é o
grande problema da humanidade hoje, relações verdadeiras foram esquecidas e
você vale quanto tem no banco. Em razão disso os consultórios dos psicanalistas
estão lotados de indecisos que não sabem o que priorizar.
As pessoas
dedicam muito tempo para ganhar dinheiro, falta tempo para as relações interpessoais
e isso faz aflorar as carências, até porque quando na maioria das vezes elas
existem tem um interesse embutido.
A quantidade é
o parâmetro na vida moderna e quase sempre a equação é equivocada porque se
tenho muito dinheiro, muitos amigos, porque não sou feliz?
A grande
maioria das pessoas das pessoas desconhece que a felicidade é um sentimento
esporádico que pode ser vivido sozinho, e isso é facilmente comprovado.
Quando
recordamos bons momentos ficamos felizes mesmo estando longe das pessoas que
amamos, esse raciocínio indica que se temos boas lembranças não precisamos de
muitas pessoas para ser feliz, a felicidade certamente não está na quantidade
de amigos que temos.
Acredito que a
missão de um religioso é incentivar as pessoas a enfrentar seus problemas e
para isso devemos examinar essas questões, sinto que embora alguns sacerdotes
prefiram se mostrar indiferentes a problemática humana fugindo dos debates, a
responsabilidade deles reflete contribuindo com o processo ilusório.
As pessoas
sensatas estão se calando com medo de serem agredidas, elas temem ser
hostilizadas e terminam contribuindo com suas atitudes para mesmice do
processo.
Me nego a
compactuar com o pensamento de alguns sociólogos que defendem que a degradação
humana é parte do processo seletivo e evolutivo.
A verdade é
que muitas pessoas quando percebem o quanto é artificial as suas vidas já não
conseguem soltar as amarras das frivolidades.
Essa
conjuntura termina sendo transferida para os espaços religiosos e a busca
termina sendo um simples reencontro com as decepções.
Pessoas
limitadas e fixas e conceitos estipulados pelo poder buscam nas casas de
religião aquilo que elas desejam ouvir e um sacerdote sem caráter termina
usando isso em seu beneficio gerando assim um processo que se retroalimenta
com as frustações e excreta ilusão.
O tempo está
passando e a evolução humana está sendo contaminada com o desejo de riqueza e
poder, as frivolidades estão ocupando todos os espaços com o consentimento da
ignorância e a falta de objetivos concretos embriaga as vitimas do marketing
bem elaborado.
A realidade
convém a um pequeno grupo que governa o pensar da maioria, contudo existe uma
saída, jovens pensadores devem ser estimulados incentivados, os modismos que
limitam o homem devem ser esquecidos e o processo evolutivo deve ser retomado.
Sabemos que os
lideres políticos não vão alterar o sistema por conveniência, cada um visa
exclusivamente comercializar o que seus países produzem melhorando assim suas
posições no tabuleiro do jogo de poder.
A humanidade
está atravessando um período critico e isso aumenta a responsabilidade dos líderes
religiosos, a capacitação de novos sacerdotes pode implicar diretamente na
renovação do pensamento humano, afinal de contas esse era o plano de Deus
quando mandou para a terra Jesus, Maomé e Òrúnmìlá.
Os representantes de Deus sempre tiveram a
missão dura de corrigir o pensar humano, não me surpreenderia se Deus estivesse
reciclando os representantes atuais, tendo em vista que a dialética está sendo
substituída pela negociata.
Os pastores
estão ficando mais sujos que grande parte de seus rebanhos, com isso os lobos
estão hesitantes e inseguros na hora do abate, eles sentem receio de se
contaminarem com a ingestão de suas vitimas.