sexta-feira, 6 de julho de 2012


Ifá explica, qual é a sua religião.







Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Uma vez me perguntaram o porquê de não acender velas na religião tradicional, respondi, eu não acendo velas porque em nossa religião não existe esse hábito, não existi velas nos rituais para os Orisas em território Yoruba.

Eu não vou à missa e não comungo porque não sou católico, não tenho nada contra os católicos, mas me incomodo muito com as pessoas que cultuam Orisa de forma católica, só falta fazer o sinal da cruz antes de oferecer uma comida a Ogun.

Não acredito em me distanciar dos espíritos de minha família, rezando para evolução deles, porque não sou Espirita, cada religião tem a sua identidade, eu quero Egungun sempre bem próximo de mim.

 Buscar na fonte a informação, ao contrario do improviso criativo, estabanado e de mau gosto, nos coloca em alinhamento com nossos orisas e com nossos antepassados.

Você já viu um padre dar comida a Osun às margens de um rio ou um kardecista colocando um adimu para os orisas.

 Se isso não acontece, porque o inverso é comum?

  Inúmeros Babalorisas confundem tudo, de tal forma que só falta chamar um padre na hora de dos rituais fúnebres, de um iniciado em Orisá.

 Imagine o sujeito que adorou os Orisas, durante toda sua vida, quando ele morre, quem faz o ritual é um sacerdote de outra religião, totalmente indiferente à fé do falecido, isso é inaceitável.

 A crença daquele que deveria ser naquele momento reverenciado, termina sendo ofendida, e tal circunstancia provoca todo tipo de constrangimentos, tanto para o sacerdote chamado naquele momento como para as pessoas da família do falecido.

Se formos pegar os casamentos como exemplo, o noivo e a noiva vestidos com roupas de rituais estranhos a sua crença, em um momento de suma importância, recebem a benção de uma pessoa que muitas vezes despreza a fé daqueles gostariam de estar ouvindo o som dos atabaques, e as cantigas de Osun, que muitas vezes são substituídas por algumas palavras sem sentido ou se termine rezando um Pai Nosso e uma Ave Maria.

Pobre daqueles então, que já nascem sem que o sacerdote de suas famílias, tenham condições de oficializar um simples batizado, imagine que durante toda a gravidez, a mãe pediu para Osun, que seu filho nascesse saudável; agora quem oficializa o batismo, não permite se quer ser que seja mencionado o nome de um orisa, isso é muito comum, mas não deveria acontecer.

Imagina então, outra situação, que ofende nossos antepassados, prejudica e muito o futuro dos nossos descendentes.

Muitas vezes alguns Orisás são apresentados em festas publicas, com roupas caríssimas reproduzidas em modelos que pertencem ao período colonial português, confeccionadas em tecidos denominados em Francês e complementadas por capacetes dignos de uns centuriões romanos, coisas de causar ciúme a qualquer carnavalesco.

O hábito cada vez mais frequente da ostentação e do desfile de modas, já faz parte do nosso dia a dia, mas, se uma roupa tradicional Yoruba no esta do de São Paulo pode ser comprada por menos de cem reais, porque o uso então de tais indumentárias?  

Seria vaidade, loucura ou marketing?

 Pergunto isso, pois em alguns sites religiosos, os Babalorisas começaram divulgar fotos de suas casas e de seus carros como se isso tivesse algum significado religioso.

O sujeito que coloca a foto do seu carro importado em um espaço dedicado para falar de orisa, na verdade está querendo demonstrar poder aquisitivo, isso não representa asé, e sim autoafirmação.


Essa situação deve causar tristeza, provocando em nossos antepassados, indignação e angustia; como podemos honrar nossos antecessores, se nos permitimos influenciar por culturas antagônicas a nossa crença.

Se o estado é laico e a lei nos beneficia, porque muitos ainda permanecem escravos?

Essa é uma situação que não é nova, há quase três décadas, uma das maiores Yalorisas do Brasil (Dona Stella de Osossi, do Ilê Opô Afonjá), já mencionava tal situação.

 Não me surpreenderei se encontrar pessoas oferecendo chester com champignon para Obatalá.

5 comentários:

  1. Cristina Guedes Pereira6 de julho de 2012 às 16:50

    Boa noite BaBa, fico muito feliz em saber que existe alguém como vc que pensa no orixa e ñ nas coisas (reliquias) ,sou yao e me sinto contemplada com sua fala , mais agente segue essas culturas de alguns, é uma pena. Eu sinceramente penso como vc Sr BaBa e sinceramente meu coração tem essas mesmos sentimento procurar ser assim mesmo com as contraversias se um diaser uma Yalorixa serei assim , tenho fé em Olorum e meu Pai oxumare, parece mentira mais penso mesmo assim .

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  2. Aaaaah se as velas fossem nosso maior problema? Sei de pseudos-sacerdotes que adotaram o uso da bíblia na levantação de uma obrigação de orixá e andavam pela internet debatendo com outros a quantidade de filhos que possuía. Enfim, estamos chegando ao fim do final, tomara que daqui para frente haja um recomeço de onde tudo se perdeu.

    Òrìsà não é um santinho de amor e perdão, afroreligiosos dependem de suas ações para que seus caminhos promovam bons resultados, pois se quisermos milagres quem sabe nosso templo deveria ser outro, naquele em que nos ajoelhamos depois de nos confessar, rasamos buscando a absolvição, jogamos uns trocados sabe-se lá pra quem e voltamos para casa a espera de um milagre.

    Com relação ao culto à ancestralidade, não me admiro tamanhas distorções, pois com a moral e a ética dos vivos atuais já estou acreditando na existência real do inferno, e mais, ele é aqui no mundo dos vivos e o vivemos hoje e não depois, na morte.
    Costumes ocidentais, deturpação, alienação = fé em vão. Não importa qual seja, pois o homem tem o grande dom e a magnífica capacidade de deturpar o que a natureza já nos entregou perfeito e belo.

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  3. A sua benção Baba, também penso como o senhor e o que mais me entristece é que tudo que eu abominava em certas religiões está acontecendo nas religiões afro-brasileiras.
    Não tenho nada contra vestir orixas com roupas belas,desde que busquem as origens africanas, mas poxa vida o que vejo em muitas casas aqui em São Paulo é descaracterização do Orixa, ultimamente o luxo é tão grande que parece mais desfile de carnaval, fantasia do Clóvis Bornay o Orixa em questão fica quase que irreconhecível...

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  4. Àse Gilmar ..

    "...Muitas vezes alguns Orisás são apresentados em festas publicas, com roupas caríssimas ... coisas de causar ciúme a qualquer carnavalesco..."

    Concordo plenamente.

    As roupas dos orixas em alguns candomblés mais parecem seres extraterrestres.

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  5. tantos dogmas... tantos pontos de vistas...
    temos vcs e este canal maravilhoso para tirar dúvidas e até orientar
    então façamos nosso papel sem criticar só orientar
    assim fazemos nossa parte e unimos a grande família do orisa
    que está tão dividida tão problemática e principalmente tão perseguida
    vamos fazer a diferença
    bjin no coração

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