quinta-feira, 17 de março de 2016

Mulher no ifá



Autor:Bàbàláwo Ifagbaiyin Agboola

Nos últimos anos a participação das mulheres no culto a Ifá tem aumentado bastante, mas ainda existe muita confusão com a denominação Ìyánifá e Ìyá apetebi, buscando auxiliar para que não exista mais dúvidas sobre esse assunto vamos tentar explicar mais uma vez.

Uma mulher que foi submetida ao itefa é chamada de Ìyánifá (Ìyá Onifa, mulher que possui Ifá), não devemos confundir com a designação Iyanifa usada para as mulheres que vão se dedicar ao culto de Ifá que consultam com opele e ikins depois de seus estudos, a mesma designação pode ser usada para as duas situações.

As mulheres submetidas ao itefá, com caminho para cultuar òrìsà devem continuar sendo olóòrìsà ou Ìyálóòrìsà, não confundam, por favor.

A Ìyánifá, não vê Iyá odu, nenhuma mulher vê Ìyá odu, então ela não inicia um Bàbàláwo, ou outra Ìyánifá, sem outro Bàbàláwo ao seu lado.

A mulher que depois do itefa segue as orientações de seu odu e se dedica ao estudo de Ifá não necessita estar vivendo em um período que não menstrua mais, um exemplo disso, é que temos iniciações para Ìyánifá, no território yoruba, de meninas com sete, oito anos de idades.

Uma mulher pode passar por um itefa e seguir se incorporando com òrìsà, como no caso masculino, essa pessoa vai seguir um caminho diferente do caminho de estudo de dedicação a Ifá.
As diferenças são definidas não por uma escolha pessoal, mas sim pelo odu do itefa e suas indicações.

Baseado no odu as Ìyánifás tem que se submeterem a algumas cerimonias diferentes daquelas submetidas pelas mulheres que fizeram itefa e vão continuar olóòrìsàs.

Ìyá apetebi é a designação dada à mulher do Bàbàláwo, independente do credo professado por ela desde que respeite a fé do marido.

No Brasil assim como na Nigéria temos vários exemplos de pessoas que são iniciadas em Ifá mesmo pertencendo à outra cultura religiosa como Umbanda e candomblé têm que considerar que Ifá é sabedoria e devemos respeitar as pessoas que professam mais de uma religião ao mesmo tempo.

Uma Ìyá apetebi sempre que possível deve ser iniciada em Ifá e Osún, mulheres que ainda não foram iniciadas nesses Òrìsàs, mas que são as esposas dos Bàbàláwos nem sempre podem participar de alguns rituais.

A ìyá apetebi senta na esteira do Bàbàláwo sendo encarregada do Oṣé do ifá de seu marido entre outras atribuições se for iniciada, caso contrário existe algumas limitações que devem ser respeitadas.

O cargo de Ìyá apetebi é insubstituível, tanto na Nigéria como no Brasil, um Bàbàláwo não pode ter uma segunda ìyá apetebi, e uma Ìyá apetebi não pode abandonar o seu marido, para esse casal não existe divórcio.

Essa situação para as pessoas fora do território yoruba pode causar espanto, mas devemos analisar que a pessoa foi submetida a várias iniciações, consentindo e assumindo as responsabilidades diante do orixá que representa a sua fé, isso se aplica tanto a Ìyá apetebi como ao Bàbàláwo.

O casamento do Bàbàláwo com a Ìyá apetebi, representa mais uma cerimonia diante de Ifá, e somente a Ifá é dado o verdadeiro titulo de a testemunha do destino, isso implica diretamente que ele tem conhecimento de quem vai casar com quem, cabe a ele autorizar a cerimonia ou não.

O respeito deve ser a base do relacionamento, em vários odus fica claro que um Bàbàláwo, não deve ter mais que uma mulher:

Obs: Não confundir com pessoas residentes na Nigéria, nesse país essa pratica é permitida por lei.

Fica claro no ifá que um Bàbàláwo deve respeitar a lei do seu país, o mesmo deve ser um representante da comunidade e um exemplo a ser seguido.

O caso da Ìyá apetebi, Ìyánifá, é um caso mais raro, a mulher iniciada para se dedicar ao culto de ifá que também é mulher de um Bàbàláwo, normalmente é uma pessoa com formação permitida pelo seu Oluwo baseada na formação do Bàbàláwo seu marido, traduzindo ela não tem um Ojugbona o Ojugbona é normalmente o seu marido, considerando o convívio diário essa regra torna-se um benefício para essa sacerdotisa que estuda todos os dias no âmbito familiar.

Observação:

Quando eu digo que um Bàbàláwo deve ser um exemplo positivo, falo de pessoas com uma estrutura de atendimento que constantemente inicia outras pessoas, não estou falando de iniciados.

Uma pessoa é iniciada para conhecer o seu destino e melhorar a sua forma de ver a vida e os seus semelhantes, se ele fosse perfeito não precisaria ser iniciado, sendo assim é comum que um Bàbàláwo, inicie pessoas que ele discorda, se ele fosse iniciar só as pessoas que simpatiza não seria um sacerdote.

A mulher vem aumentando a participação no cenário religioso do novo mundo, embora um grupo muito pequeno se negue a reconhecer a importância da mulher em nossa religião e tente menosprezar a figura feminina, examinando os versos de Ifá fica nítida a importância das mulheres nos momentos decisivos para a humanidade.






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