Ifá Brasil
(3º parte)
Autor: Olúwo
Ifagbaiyin Agboola
Nessa terceira
parte do texto vamos abordar o impacto das atitudes negativas de alguns
iniciados no Ifá, yorubanos e de outros nigerianos que não são iniciados e que
da mesma forma cometem crimes contra a nossa religião e os nossos antepassados.
Enquanto
meia dúzia de bons Bàbáláwos iniciaram algumas centenas de pessoas no Ifá,
dezenas de marginais corruptos usando a rede social acessam milhões de vítimas
criando assim uma imagem terrível para a nossa religião.
O interesse
pelo dinheiro e o espirito corrupto que envolve a grande parte dos nigerianos
que por aqui chegaram terminaram prejudicando a imagem do Ifá com raras
exceções.
A verdade é
que pouco foi oferecido e muito foi extraído de um povo que ansiava por
informação sobre a sua fé.
A
transferência de informação deveria ter acontecido progressivamente para que em
um futuro o Brasil tivesse seus próprios Bàbáláwos.
Ao contrário
as informações trazidas para o Brasil sobre o Ifá nos últimos anos na grande
maioria das vezes foram divulgadas por pessoas que visavam exclusivamente obter
dinheiro se dizendo Bàbáláwo. Eles não trouxeram informações que possam
acrescer ao conhecimento aqui deixado pelos escravos que chegaram no passado. O
conhecimento que foi passado é muito pequeno e em alguns casos obriga aqueles
que de fato querem aprender Ifá a se submeterem a extorsão e a exploração
financeira se tornando vítimas do comercio do sagrado.
Nesse mesmo período a crise mundial e a
crescente falta de recursos na Nigéria impulsionaram a venda de títulos,
segredos foram violados e acessos foram permitidos.
O lamentável
é que para impulsar o comercio, os nomes de antepassados ilustres tenham sido
usado caracterizando o desrespeito pela religião tradicional fundamentada na
relação familiar.
Infelizmente
esses fatos acontecem dando espaço á duvidas e na atualidade encontrar um
Bàbáláwo yoruba que conheça a palavra ética ficou quase impossível.
O
comportamento dos supostos sacerdotes não afetou somente as vítimas em outros
países, os jovens nigerianos que observam esses senhores devem ter vergonha dos
exemplos dados por eles, e isso certamente terá implicações afastando os da
religião tradicional.
Se
considerarmos os diversos fatores que implicam na falta de interesse dos jovens
Yorùbás pela religião de òrìşà, a conduta escusa exposta na rede social de
alguns Bàbálóòrìşà e Bàbáláwos nigerianos certamente influenciam as decisões criando
um impacto negativo.
Independente
da discussão que está acontecendo no território Yorùbá sobre a falta de
interesse dos jovens pelo Ifá, no Brasil o Ifá está se desenvolvendo
rapidamente e a cada dia se multiplica o número de iniciados de todas as
idades. Porém independente da nacionalidade os alguns jovens estão interessados
em atividades que proporcionem um retorno financeiro rápido. E o longo período
de estudos necessário para a formação de bons sacerdotes afasta os jovens que
buscam resultados imediatos em uma sociedade capitalista.
Por outro
lado o debate deve ser estabelecido entorno da realidade racista de alguns sacerdotes
tradicionais yorubanos que não se envergonham de suas posturas preconceituosas.
Os fatos não
podem ser omitidos, algumas pessoas em nosso país desprezam os Bàbáláwos
brasileiros por considerar que os sacerdotes de Ifá da Nigéria são superiores.
Por outro
lado os nigerianos não veem com bons olhos o avanço do Ifá no Brasil porque o
número de jovens Yorùbás interessados em Ifá está sendo bastante reduzido em
seus país.
Acredito que
essa pressão bilateral vai estimular os Bàbáláwos brasileiros a cada vez mais
se dedicarem aos estudos da Religião tradicional Yorùbá.
Graças a Olódùmarè,
pessoas honradas como Alafin de Oyo estão combatendo esses a comercialização de
títulos que prejudicam a religião tradicional.
Em breve
muitos yorubanos vão saber a verdade sobre as viagens de seus compatriotas ao
exterior que disfarçam a sua postura corrupta com as vestes da impunidade.
Graças a
Olódùmarè nem tudo está perdido, somente uma minoria dos brasileiros e dos
Yorùbás são corruptos.
O que alguns
constroem com tanto carinho com suas mãos outros destroem com seus pés, não se pode
ocultar que existe uma minoria de Bàbálóòrìşà e Bàbáláwos Yorùbás radicais que
acreditam que somente eles podem ter acesso ao saber de Ifá.
Essa atitude
de uma minoria caracteriza o crime de racismo e nos faz refletir sobre a
seguinte questão (o nosso dinheiro é bom, mas o nosso saber é inferior).
Aproveitando
a data de hoje que comemora a independência do Brasil gostaria de convidar os
iniciados em Ifá brasileiros e Yorùbás para analisarem a seguinte questão:
Porque
algumas famílias que praticam o Ifá tradicional Yorùbá que já estão fazendo um
trabalho de divulgação do Ifá no Brasil á mais de trinta anos ainda não deram
autonomia para seus Bàbáláwos fazerem itefá no Brasil?
Será que os
iniciados brasileiros não tem capacidade para desenvolver essa atividade?
Será que em
quase quarenta anos nessas famílias não surgiu um brasileiro que possa ser um
bom Bàbáláwo?
Será que se
houvesse a preocupação de formar bons sacerdotes da religião tradicional por
parte dessas famílias Bàbáláwos tão capacitados como os Bàbáláwos nigerianos
não existiriam no Brasil?
Felizmente
para a sorte dos brasileiros não são todas as famílias que adotam essas
práticas.
Alguns Bàbáláwos
Yorubanos tiveram a preocupação de iniciar e treinar Bàbáláwos brasileiros e
esse processo aos poucos está contribuindo para o reconhecimento do Ifá
nacional. Os brasileiros não pretendem ser independentes, mas sim querem
disfrutar de uma autonomia que de tal forma permita que em todas as famílias
haja a permissão de fazer iniciações no território nacional, pois só assim o
Ifá no Brasil alcançara a sua verdadeira missão.
Nos resta
rezar a Òrúnmìlá para que esses senhores que aportam em nosso país vindo do território
Yorùbá tenham uma crise de consciência que os conduza a uma reflexão da
responsabilidade daqueles que acessaram o saber.
A verdade é
que pela vontade de Olódùmarè, vários òrìsàs foram trazidos para o Brasil entre
eles Òrúnmìlá.
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