A Responsabilidade de um líder
Liderar uma
comunidade espiritual é carregar um peso que poucos enxergam por inteiro. É uma
tarefa que enche o coração de propósito, mas também o aperta com
responsabilidades que nunca acabam. Quem assume esse papel se doa por completo,
mas descobre, com o tempo, que não pode estar em todos os lugares, nem atender
a todas as vozes que o chamam, ao mesmo tempo. É um caminho de entrega, mas
também de escolhas difíceis, de solidão silenciosa e de uma força que precisa
se renovar mesmo quando o cansaço insiste em ficar.
Quando uma
comunidade cresce, ela se transforma em um mar de rostos, histórias... Cada
pessoa traz algo único: uma dúvida, uma angústia, uma conquista. Quem lidera
quer abraçar todos, ouvir cada um, estar ao lado em cada momento importante.
Mas o tempo é finito, e o corpo é apenas um. Não dá para estar em todos os
lugares ao mesmo tempo. Então, vem a necessidade de escolher. Não é uma escolha
que se faz com leveza. É como estar diante de muitas mãos estendidas, sabendo
que só pode segurar algumas de cada vez. O coração deseja alcançar todos, mas a
realidade impõe limites.
Nessas
horas, a prioridade muitas vezes recai sobre quem está sofrendo mais. São as
dores mais agudas que gritam por atenção, como feridas que precisam de cuidado
imediato. Mas isso não significa que as outras dores, mais silenciosas, sejam
menos importantes. Cada pessoa merece ser vista, ouvida, acolhida. Quem guia
carrega essa culpa silenciosa: a de não poder estar tão presente quanto
gostaria, de não ter tempo para conversar mais, perguntar mais, se aproximar
mais.
A vida
moderna não ajuda. Tudo é corrido, tudo é urgente. Há uma agenda cheia de
compromissos, viagens, encontros. A rotina vira uma sequência de deslocamentos,
de aeroportos, de carros, de minutos contados. Não sobra espaço para parar,
para sentir saudades, para sentar-se com amigos e rir sem pressa. Quem lidera
uma comunidade espiritual muitas vezes vive para os outros.
A vida
pessoal fica em segundo plano. A dor, a tristeza, o cansaço? Esses precisam
esperar, porque há sempre alguém precisando de um conselho, de uma palavra, de
uma direção. E, mesmo quando o coração pesa, é preciso seguir em frente, porque
muitos dependem disso.
As pessoas
esperam muito de quem guia. Elas buscam um pai que acolhe, um mestre que
ensina, alguém que parece nunca falhar. É como se o líder precisasse ser mais
do que humano, um pilar que nunca treme. Mas ele é humano. Ele sente o peso da
idade, as dores do corpo. Ele também tem cansaço, vontade de apenas descansar.
Só que parar não é uma opção. Quando você é o farol, todos esperam que sua luz
nunca apague. E, se apagar, como os outros vão encontrar o caminho?
Por isso,
quem lidera se cobra tanto. Ele sabe que carrega uma responsabilidade enorme, e
qualquer erro pode ecoar longe. Então, ele busca a perfeição, mesmo sabendo que
ela não existe. Ele se disciplina, se esforça, se levanta mesmo quando está
exausto. E, muitas vezes, espera o mesmo de quem está ao seu lado. Não por
rigidez ou falta de empatia, mas porque acredita que é assim que se constrói
algo sólido. Ele escolhe com cuidado quem vai caminhar junto, quem vai assumir
o mesmo compromisso de guiar, de cuidar, de proteger. Porque liderar não é só
ensinar. É garantir que o caminho continue.
É fácil
olhar para quem está à frente e pensar que ele poderia fazer mais. Poderia
estar mais presente, ouvir mais, falar mais. Mas poucos param para pensar no
que ele carrega. Cada oração que ele faz para sua família religiosa, cada
momento que dedica, é uma escolha de colocar os outros em primeiro lugar. Mesmo
na correria, mesmo na distância, o cuidado nunca para. Ele pensa em cada um,
leva cada um no coração, mesmo quando não pode estar ao lado. Essa é a força de
quem guia: transformar o pouco tempo que tem em gestos que tocam, em palavras
que ficam, em preces que alcançam.
Ser grande,
como quem lidera, é sofrer grande. É sentir uma solidão grande. Mas é também
encontrar soluções grandes. E a maior solução é continuar. Continuar apesar do
cansaço, apesar das escolhas difíceis, apesar do peso. Porque, no fim, o que
importa é o impacto. É saber que cada gesto, cada palavra, cada momento de
entrega deixa uma marca. E essa marca é o que faz tudo valer a pena.
Texto
desenvolvido a partir das reflexões do Oluwo Ifagbaiyin Agboola
Ifasogbon
Ajobi Agboola
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