quarta-feira, 10 de setembro de 2025

O Babalawo Perfeito: João Carlos Martins

 




O Babalawo Perfeito: João Carlos Martins

 

Certa vez, alguém me perguntou: é mais difícil ser Babalawo ou pianista? Essa pergunta, aparentemente simples, me fez parar e refletir. Não é algo que se responde de imediato, porque ambos exigem um nível de dedicação que transcende o comum. Mas, ao pensar profundamente, um nome veio à minha mente: João Carlos Martins, o maior pianista que o Brasil já produziu. Ele não é apenas um músico excepcional, mas um símbolo de persistência, paixão e entrega total à sua arte. Para mim, João Carlos Martins é a personificação do que seria o Babalawo perfeito.

Ser um Babalawo não é apenas uma profissão ou um título. É um chamado, uma missão de vida que exige um grande compromisso com o aprendizado e a conexão com o sagrado. Da mesma forma, ser um pianista do calibre de João Carlos Martins não é apenas tocar notas em um instrumento. É transformar sons em emoções, em histórias, em uma ponte entre o humano e o sublime. Tanto o Babalawo quanto o pianista precisam de algo em comum: uma dedicação que ultrapassa as barreiras do tempo, da dor e das adversidades. E é exatamente isso que João Carlos representa.

João Carlos Martins é conhecido não apenas pelo seu talento inquestionável, mas pela sua história de superação. Ele enfrentou lesões graves que poderiam ter encerrado sua carreira, mas, com uma determinação quase sobre-humana, ele persistiu. Mesmo quando suas mãos não podiam mais tocar como antes, ele encontrou formas de continuar sua paixão, seja regendo orquestras ou inspirando novas gerações. Essa resiliência é uma lição para qualquer pessoa que aspire ser um Babalawo. No caminho de Ifá, há desafios, obstáculos que testam a fé e a paciência. Assim como João Carlos nunca desistiu do piano, o Babalawo perfeito não desiste de sua busca pela sabedoria.

Ser Babalawo exige humildade para reconhecer que, por mais que se aprenda, sempre haverá mais a descobrir. É como beber de uma fonte que nunca seca, uma fonte que transborda conhecimento. Pará o Babalawo, cada verso de Ifá é como uma nota em uma partitura: precisa ser compreendido, sentido e executado com precisão. E, assim como uma sinfonia, quando essas notas se alinham, criam harmonia.

Para o Babalawo, Ifá não é apenas um conjunto de ensinamentos; é paixão, é motivo, é razão. É o que dá propósito à existência, assim como a música dá propósito à vida de João Carlos Martins. Quando ele toca, não é apenas um pianista executando uma peça; é um artista entregando sua alma, transformando cada nota em uma expressão de amor e devoção. Da mesma forma, o Babalawo entrega sua alma a Ifá, usando cada verso, cada ritual, para guiar, curar e iluminar.

Pensando nisso tudo, ele é o Babalawo perfeito porque ele vive sua arte com a mesma devoção que um Babalawo dedicado a Ifá.

Ser um Babalawo perfeito é buscar a sabedoria com a mesma paixão que João Carlos busca a música. É estudar incansavelmente, enfrentar os desafios com coragem e compartilhar o conhecimento com humildade. É transformar a vida em uma sinfonia, onde cada nota, cada verso, cada momento, ressoa com propósito e significado. Ifá é canção, é motivo e a razão.

 

Autor: Oluwo Ifagbaiyin Agboola

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