O Babalawo Perfeito: João Carlos Martins
Certa vez,
alguém me perguntou: é mais difícil ser Babalawo ou pianista? Essa pergunta,
aparentemente simples, me fez parar e refletir. Não é algo que se responde de
imediato, porque ambos exigem um nível de dedicação que transcende o comum.
Mas, ao pensar profundamente, um nome veio à minha mente: João Carlos Martins,
o maior pianista que o Brasil já produziu. Ele não é apenas um músico
excepcional, mas um símbolo de persistência, paixão e entrega total à sua arte.
Para mim, João Carlos Martins é a personificação do que seria o Babalawo
perfeito.
Ser um
Babalawo não é apenas uma profissão ou um título. É um chamado, uma missão de
vida que exige um grande compromisso com o aprendizado e a conexão com o
sagrado. Da mesma forma, ser um pianista do calibre de João Carlos Martins não
é apenas tocar notas em um instrumento. É transformar sons em emoções, em
histórias, em uma ponte entre o humano e o sublime. Tanto o Babalawo quanto o
pianista precisam de algo em comum: uma dedicação que ultrapassa as barreiras
do tempo, da dor e das adversidades. E é exatamente isso que João Carlos
representa.
João Carlos
Martins é conhecido não apenas pelo seu talento inquestionável, mas pela sua
história de superação. Ele enfrentou lesões graves que poderiam ter encerrado
sua carreira, mas, com uma determinação quase sobre-humana, ele persistiu.
Mesmo quando suas mãos não podiam mais tocar como antes, ele encontrou formas
de continuar sua paixão, seja regendo orquestras ou inspirando novas gerações.
Essa resiliência é uma lição para qualquer pessoa que aspire ser um Babalawo.
No caminho de Ifá, há desafios, obstáculos que testam a fé e a paciência. Assim
como João Carlos nunca desistiu do piano, o Babalawo perfeito não desiste de
sua busca pela sabedoria.
Ser Babalawo
exige humildade para reconhecer que, por mais que se aprenda, sempre haverá
mais a descobrir. É como beber de uma fonte que nunca seca, uma fonte que
transborda conhecimento. Pará o Babalawo, cada verso de Ifá é como uma nota em
uma partitura: precisa ser compreendido, sentido e executado com precisão. E,
assim como uma sinfonia, quando essas notas se alinham, criam harmonia.
Para o
Babalawo, Ifá não é apenas um conjunto de ensinamentos; é paixão, é motivo, é
razão. É o que dá propósito à existência, assim como a música dá propósito à
vida de João Carlos Martins. Quando ele toca, não é apenas um pianista
executando uma peça; é um artista entregando sua alma, transformando cada nota
em uma expressão de amor e devoção. Da mesma forma, o Babalawo entrega sua alma
a Ifá, usando cada verso, cada ritual, para guiar, curar e iluminar.
Pensando
nisso tudo, ele é o Babalawo perfeito porque ele vive sua arte com a mesma
devoção que um Babalawo dedicado a Ifá.
Ser um
Babalawo perfeito é buscar a sabedoria com a mesma paixão que João Carlos busca
a música. É estudar incansavelmente, enfrentar os desafios com coragem e
compartilhar o conhecimento com humildade. É transformar a vida em uma
sinfonia, onde cada nota, cada verso, cada momento, ressoa com propósito e
significado. Ifá é canção, é motivo e a razão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário