segunda-feira, 30 de abril de 2012


 A lua, o sol, a verdade e Ifá.




Autor:Babalawo Ifagbaiyin Agboola

A honestidade, o sacerdócio e a verdade.

A honestidade é uma qualidade de ser verdadeiro, não mentir, não fraudar, não enganar, e deveria ser a principal característica de um sacerdote.
Quando uma pessoa procura uma casa de religião para consultar, é isso que ela espera, mas muitas vezes termina pagando para ouvir mentiras, e ser iludida conforme o interesse de quem está manipulando o oraculo.
 É difícil acreditar que alguém use o nome de um Orisa em seu próprio beneficio, mas isso está se tornando muito comum, em nome dos Orisas atos são proferidos e verbas são liberadas, documentos são assinados, acordos são ignorados, pessoas são iludidas.
O indivíduo que é honesto procura agir dentro de uma lógica que implica em manter uma postura digna, coerente com a pratica religiosa que professa.
A obediência incondicional às regras existentes, dentro e fora da religião, faz de um sacerdote um exemplo de comportamento, um elemento em permanente destaque, então olhe bem meu colega, a onde você pisa e por onde você transita.
Não acorde reclamando porque que a vida não lhe sorri, sem antes examinar o seu comportamento, e as suas atitudes.
Não existem um procedimentos para burlar a verdade, mudar a realidade, os Orisas jamais mentem, pode até acontecer uma interpretação errada do sacerdote, mas nunca um erro do Orisa, o Orisa não erra e não mente.
Exercer o sacerdócio com honestidade em caráter amplo é muito difícil, mas é o mínimo que o Orisa espera de você.
 Para muitos, a pessoa honesta é aquela que não mente, não furta, não rouba, que respeita os outros, mas isso só não basta, você deve ser confiável, deve fazer tudo que os Orisas indicam, sem criar artifícios que lhe beneficiem.

Se você não consegue ser honesto e conviver com a verdade, não acredite que possa enganar os Orisas, você engana as pessoas, mas os Orisas jamais serão enganados, você está mentindo, mas a verdade sempre aparece.
Não estou aqui para julgar ninguém, mas acredito que usar uma pele de cordeiro durante o dia e se transformar em fera durante a noite, não é o caminho.
Para ser um sacerdote, você precisa ser verdadeiro, precisa acreditar e praticar tudo aquilo que você indica para as pessoas, caso contrário nada tem sentido.
Não julgue as pessoas como idiotas, toda pessoa merece o seu respeito, todos temos um Ori e um Orisa, se você não sabe o que dizer fique calado, mas não minta em nome dos Orisas.
Você mentindo está ofendendo os Orisas, está ofendendo seus antepassados. Faça somente o que você está habilitado para fazer, diga somente o que os Orisas estão lhe mostrando, não invente nada, não minta, não crie.
 Isso é o mínimo necessário para você se dizer um sacerdote, é o que as pessoas esperam de você, quando lhe procuram para uma consulta, honre a sua religião, honre o seu Orisa, seja digno de seus antepassados, seja honesto.                                                                                                                         Aquele que fala em nome dos Orisas tem obrigação de dizer sempre a verdade!
Hoje dia 01 de maio, o Osalá do falecido pai Romário esta completando 86 anos, essa é uma maneira de homenagear um dos mais honesto e verdadeiro sacerdote da história de nossa religião.
“Meu pai, jamais abrace a arvore do esquecimento, jamais se esqueça das pessoas que te louvam.”
Wúre Baba...


segunda-feira, 19 de março de 2012


O primeiro Bàbàláwo da historia no Sul do Brasil





Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Durante essa  semana em uma conversa  com um jornalista bastante conhecido, na cidade de Porto Alegre, fui surpreendido quando ele me perguntou: 

Como o senhor se sente,  sendo o primeiro Bàbàláwo da historia no sul do Brasil?

A pergunta foi um motivo para  escrever esse texto, sabemos, que durante a historia existiram inúmeros Babalorisas e Iyalorisas  africanos ,que foram trazidos como escravos para o Rio Grande do Sul.
                                                                                                                                A não venda de Bàbàláwos como escravos, se justificava,  os mercadores que trouxeram os cativos  para o Brasil, em grande maioria, temiam a presença de um líder, entre o grupo  a ser transportados.
  
É verdade também,  que o conhecimento dos Bàbàláwo impunha medo aos traficantes da época. Um Bàbàláwo  poderia criar sérios problemas se fosse cativo, para o seu proprietário.

Não existe nenhum documento que prove a presença de um Bàbàláwo entre os escravos trazidos para o Sul, em toda a  historia.

Ao publicar esse texto, minha intenção, não é buscar a luz da fama e sim  esclarecer e contribuir com a historia do culto aos Orisas no Rio Grande do Sul.

Ser o primeiro,  Bàbàláwo, o primeiro Ojé  e o primeiro Ogboni, consagrado em terras Yorubas ,tendo sido iniciado no culto aos Orisas, conhecido como  Batuque, me torna uma pessoa em destaque.

O fato de ser aceito, em vários seguimentos religiosos  distintos em território Yoruba, me envaidece, mas aumenta muito a minha responsabilidade.

Quando estive em Osogbo, diante de Osun, vivi a maior emoção da minha vida.
Para mim que fui criado, no batuque, e após a  morte do meu Babalorisa, (Romario de Osalá), tomei obrigações na nação de ketu.
                                                                                                                                 Jamais imaginei,  estar em terras africanas, diante de minha família, como um Bàbàláwo, foi uma grande honra.
                                                                                                                          Ser o primeiro sacerdote no Rio Grande do Sul, consultando Ifá com Opele, me exigiu anos de estudos e dedicação.

 Fui iniciado em  Ifá,  há quase vinte anos, levado por minha mãe Edelzuita de Osalá (Asé Gantois), na casa do falecido Bàbàláwo Rafael Zamoura, e lá foi  constada a necessidade da minha iniciação em Ifá. 
                                                                                                                                  Posteriormente passei a fazer parte da família Agboolà, da cidade de Lagos, Nigéria.

Consagrado como Bàbàláwo, pelo Oluwo Oyeniyi  Agboolà, fazer parte  dessa família, é uma grande honra, maior ainda é a responsabilidade, que exige um comportamento exemplar, um sacerdote de Ifá, deve manter uma postura digna do seu cargo.



terça-feira, 13 de março de 2012

Ifá e o homem, o sacerdote e o Deus.


Ifá e o homem, o sacerdote e o Deus.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Quando uma pessoa procura um sacerdote, muitas vezes espera encontrar um Deus, e muito raramente aceita que ele seja um homem, ela procura milagres,e o mais fácil, o óbvio, parece uma tolice e não uma solução.

Confundir o sacerdote com um Deus é comum, mas a não aceitação do sacerdote como homem, isso sim me causa estranheza.

Para um grande número de pessoas é difícil separar, o sacerdote, do homem e entender que ele tem a sua vida particular.

A  curiosidade e muitas e a maldade, contribuem para uma enorme confusão, algumas pessoas não conseguem entender que o sacerdote, também adoece, ama, e tem problemas como todo ser humano.

È comum ouvir a frase absurda “se ele não tem nem para ele, como é que ele vai me ajudar a adquirir alguma coisa.” A incapacidade ou a ignorância, não permite que as pessoas compreendam que cada ser humano tem um Odu, e um destino, e que isso não implica diretamente na capacidade ou no discernimento do sacerdote  na hora de analisar o problema do consulente.

Vamos analisar a seguinte hipótese: Um Babalorisa com um baixo poder aquisitivo, pode dar um bori em uma pessoa com muito dinheiro?

Bem algumas cabeças, não pensantes, acreditam que se isso acontecer a pessoa que tem muito dinheiro pode ter prejuízos, na verdade, a falta de conhecimento provoca tais equívocos.

Cada pessoa tem seu próprio Odu,e seu destino, se uma pessoa que tem muito dinheiro, tomar um bori,com um milionário ou com alguém sem dinheiro, não há diferença,no aspecto financeiro.

Tudo que existe na terra nasce de um Odu, alguns Odus beneficiam mais a situação financeira, como o caso do Odu Ogbe Meji, que é o Odu mais rico que existe. 

Mas em contrapartida,um sacerdote nascido  em outro Odu como um caminho de Oturupon, a capacidade de cura é maior; então é bem possível que essa pessoa regida pelo Odu Ogbe Meji, com muita sorte, em um determinado momento de sua vida vai precisar muito da pessoa regida por Otutupon, para lhe fazer um ebó para combater uma enfermidade.

Se não existir a pessoa com o poder de cura, com o asé , para afastar a doença, o bem nascido, regido por um belo Odu, pode perder a sua vida e deixar de encontrar a cura para o seu problema.

 E como dizem os antigos, “o caixão não tem gavetas" e todo o seu dinheiro não vai resolver o seu problema da saúde.

Na cultura Yoruba somente Osetura tem o privilégio de chegar aos pés de Olodumare, carregando as nossas súplicas; na religião tradicional não se invoca Deus a todo momento, é diferente das outras religiões, para isso temos os Odus e Orisas.

E os sacerdotes são homens escolhidos pelos Orisas para estabelecer essa ligação, entre o divino e o profano.


Em nosso país um Babalawo, ou um Babalorisa em razão do sincretismo religioso Yoruba cristão, enfrenta um grande número de proibições que em território Yoruba seriam motivo de riso.

Então o tal preceito parece até coisa de maluco, imagine que existe casas que não permite que uma mulher mantenha relações sexuais com seu marido noventa dias depois e ser iniciada para seu Orisa.

As pessoas que inventaram tais regras, eu não sei nem como descreve-las, na verdade eu sei, mas por respeito ao leitor não o farei nesse espaço.

Em fim poderia ficar aqui escrevendo uma semana ou mais sobre tais questões, fruto da maldade, ou da falta de conhecimento, mas prefiro definir isso como parte de um elo perdido, que hoje graças a Olodumare pode ser reconstituído.

Ifá é aquele que tudo vê e que tudo sabe, vamos deixar nas mãos dele o esclarecimento dos menos favorecidos.

Confundir um  sacerdote com um Deus, é esperar dele milagres, um homem não faz milagres, nem realiza graças, isso é tarefa das divindades. Conforme o merecimento de cada um,as coisas podem ou não acontecer, acreditar no contrario,é o mesmo que acreditar que nossa senhora é Osun.

Eu não sei quem é mais errado, o que promete, ou o que acredita em milagres.O homem e o sacerdote nunca podem ser confundidos com Deus.

sábado, 28 de janeiro de 2012


Mitos, ritos e Orunmila lll


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

21-É necessário ser feito para Orisa para ser iniciado no culto de Iya mi?
Na verdade existe só uma indicação forma para  ser iniciado em Iya mi, Ifá é quem  indica essa iniciação.
Normalmente isso acontece quando aparece na consulta a Ifá um determinado odu.

22-Todo mundo pode ser inciado no culto de iya mi?
Como expliquei na pergunta anterior, não é toda pessoa que pode ser iniciada no culto a Iya mi, tanto homens como mulheres necessitam indicação de Ifá para essa iniciação.

23-Existe qualidade de orisa?
Não existe qualidade de orisa, ou caminho de Orisa;no Brasil se usa muito essa expressão, mas na verdade toda Osun é uma só, o rio Osun em Osogbo é um só, existe sim várias denominações para o mesmo Orisa.

24-Como fico sabendo se preciso ser feita para o Orisa?
Somente existe uma maneira de saber se você precisa ou não ser feita ou iniciada para um Orisa,em uma consulta a Ifa ou através do merindilogun.

25-Preciso esperar sete anos para jogar os búzios?
Essa pratica foi inventada em alguns lugares do Brasil,em nenhum outro lugar do mundo existe isso;na religião tradicional o (jogo de búzios) Merindilogun é preparado no exato momento da feitura do Orisa.
 Deve existir sim a autorização para atendimento, se a pessoa não estiver preparada para isso, o jogo deve ser usado para um contato pessoal do iniciado com seu Orisa.
A autorização para atender outras pessoas varia de pessoa para pessoa, eu mesmo conheço pessoas com mais de trinta anos de feito que não sabe jogar.

26- Quantos anos são necessários para abrir uma casa de culto afro?
Cada pessoa é uma história diferente, existem pessoas que nunca poderão abrir uma casa porque não nasceram para isso.
A dedicação e o conhecimento devem servir de base para essa autorização acontecer.  

27- Dentro do barracão é verdade que os abikus tem apenas que ser confirmado no santo e não raspados?
Na verdade,isso é só mais um mito que existe,muitas pessoas que nasceram abiku e foram raspados,continuam suas vidas normalmente.
As pessoas abikus podem ser feitas,iniciadas e confirmadas,tudo depende da indicação de ifá.

28- Iya mi só poder ser cultuada por filhas de Osun?
Não existe isso como eu já expliquei,todas as pessoas pode cultuar as Iya mi,isso sim depende de uma indicação de ifá,a pessoa sendo feito de Osun ou de Obatalá não faz diferença.


29-Como possa saber se sou abiku?
Somente através de uma consulta a Ifa,ou Merindilogun.

30-O que fazer se fui feita no Orisa errado?
Não existe uma maneira de consertar isso fazendo outro Orisa na verdade tudo isso é bem mais simples que parece, constatado o erro a principal atitude é tratar os dois Orisas em igualdade, o (orisá) que deveria ter sido feito e o outro (orisá) que foi feito, devem ser cultuados de forma bem semelhante.
É claro que existem  algumas particularidades para manter isso tudo em harmonia. 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Mitos, ritos e Orunmila Il




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

11-As pessoas que não foram feitos para o seu Orisa, iniciados como se diz no Brasil, podem ser iniciados no culto a Egungun ?

Certamente pois todas pessoas tem antepassados, se após uma consulta a Ifa  houver a necessidade ,sim uma pessoa pode até ser iniciado como Ojé. 

12-Uma pessoa iniciada em Orisa pode ser também ser iniciada como Ojé?

Se essa for a orientação de Ifá, uma mesma pessoa pode ser inicia da em vários Orisas, assim como no culto de Egungun, e na egbe de Iya mi,Oro, podendo também ser Ojé,ou até mesmo um Apena Ogboni, tudo depende do seu odu, assim como tem pessoas que devem ser feitas e outras somente iniciadas.

13-Ifá é para todas as pessoas?

Deveria ser, mas em nosso país as pessoas desconhecem essa necessidade, mal comparando se o Orisa é  o veiculo que vai te transportar por toda uma vida, Ifá é  o mapa da estrada, a orientação, o caminho pelo qual você deve seguir com o veiculo.

14-Existe a necessidade de ter um igba ori para dar comida a minha cabeça?

Não existe essa necessidade, na realidade o igba Ori só deveria ser montado após a pessoa consultar Ifá  e ter  conhecimento de seu odu, na consagração  do igba é fundamental conhecer o odu e os Orisas que devem ser cultuados.

15-Uma pessoa pode usar um obé  em rituais de Orisa sem ser iniciado no culto de Ogum?

Na verdade eu já vi isso acontecer muito, deve ser por desconhecimento, alguns rituais se perderam, uma pessoa que não foi iniciada em Ogum não pode usar Obé, uma pessoa que não foi iniciada no culto de Osun jamais pode atender alguém com o jogo de búzios.

Assim como alguém que jamais foi iniciado como Alabe, deve tocar um instrumento de ritual religioso que foi devidamente consagrado.

Embora tudo isso seja parte do nosso dia a dia ainda existe pessoas que conhecem e praticam os rituais de forma correta.

16-Em uma casa durante os rituais de feitura de Orisa, pessoas que não foram iniciadas podem participar?

Quero deixar bem claro aqui, que uma pessoa iniciada, quando muito pode participar de uma iniciação, mas jamais deve participar de uma feitura.

17- qual a diferença entre os Obés usados em rituais de Orisa?

Foi criado uma variação de formas para consagrar os Obés, mas todo obé deve ser consagrado em Ogum, sendo assim não existe diferença entre um e outro obé, a diferença é uma opção de escolha ou uma questão de pratica no uso, conforme o ritual que vamos praticar.

18-Qual a quantia de búzios deve usada no merindilogun, para consultar os Orisas?

O próprio nome está dizendo merindilogun (dezesseis) o número dezesseis é muito importante na religião tradicional yoruba.

Existem alguns casos que podem ser consagrados mais de dezesseis búzios, isso pode acontecer, para substituir os usados em jogo por desgaste.

19-Existe uma regra que deve ser seguida na ordem dos rituais para os Orisas?

Cada situação é determinada por Ifá, se  houver a necessidade de culto a um Orisa que normalmente não é cultuado no dia a dia, devemos seguir a orientação de Orunmila; não existe uma receita cada pessoa tem seu próprio Ori,e cada Ori pode exigir um ritual diferente do outro, assim como cada Orisa,a história do bori com peixe ninguém mais aguenta, é como se todas as pessoas tivessem as mesmas necessidades em seu destino.

20-Toda pessoa tem um cargo na religião?

Na religião como na vida de um modo geral, existem diferentes funções, mas cargos só podem ser determinados por Ifá.


terça-feira, 27 de dezembro de 2011


Feriado festivo e Ifá.





Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

No natal vejo que existe uma tendência quase que natural das pessoas parecerem e se comportarem de uma forma estranha, muitas vezes forçando uma situação que na maioria das vezes não beneficia ninguém, todos parecem muito generosos.

Gostaria falar um pouco mais sobre essas ocasiões ( FESTIVAS ) que estamos acostumados como o Natal, o fim de ano, dia dos pais e o dia das mães, e outras datas comemorativas; é tanta coisa estranha que acontece, bandido vira santo, e ladrão vira sabido, perdão é efetuado e um dia após é retomado.

Existe ate aquelas pessoas, que acreditam que ao subir a favela e distribuir uma dúzia de cestas básicas poderão  diante do Orisa se tornar uma pessoa melhor.

Alguns membros de nossa religião que durante o ano parecem grandes raposas, havidos por dinheiro, conseguem com um esforço sobre natural fazerem gestos, se não ridículos, pelo menos de mau gosto;se você tem uma camisa rasgada que não usa mais ao invés de doar para uma pessoa pobre de para o seu cachorro dormir em cima, e trate de comprar um presente descente para a pessoa menos favorecida, elas tem menos dinheiro que você, mas merece assim como você ser tratada com dignidade.

Eu já vi de tudo, existe até aqueles que são capazes de doar comida vencida, o interessante é que essa mesma comida na casa deles não é aproveitada.

No ano passado na véspera do dia das mães, eu vi uma propaganda que dizia, se você realmente ama sua mãe de um diamante para ela,isso quer dizer que uma pessoa com baixo poder aquisitivo não teria condições de amar sua mãe?

E assim vai, são tantos feriados interessantes para o comércio, que a impressão que eu tenho que o presidente do sindicato dos lojistas que inventou o calendário, o mais triste é que algumas pessoas se deixam levar por tais apelos.

As pessoas que conhecem um mínimo de cultura Yoruba, sabem que em nossa religião  devemos começar ajudando os nossos familiares, o sentido de família na cultura yoruba é muito forte, temos o compromisso assumido com nossos antepassados e evidentemente com nosso descentes, isso quer dizer familiares e também membros da casa na qual fomos iniciados, então devemos olhar para o lado e não buscar o brilho das luzes da imprensa.

Já presenciei muitas pessoas que não conseguem entregar um donativo sem que uma foto seja feita, antes do doador praticando aquele gesto carinhoso com seu semelhante, você acredita nesse tipo de gente?

Bem é natal, e em nome de uma crença muita gente vai se beneficiar, alguns com um só natal conseguem garantir o futuro de muitos de seus descentes, um pequeno desvio de verbas e a alegria da família, será preservada por varias gerações.

Eu já conheci tanta gente boa que jamais precisaram de uma foto para fazer uma doação.

 Que diante desses falsos Mecenas que incentivam grupos infantis para dançar enquanto a metade da verba do show serve para a reforma da piscina ou até mesmo para aquela viagem tão esperada para Europa, existe mil maneiras de tornar de forma quase magica um canalha em um benfeitor, digno de aparecer no horário nobre na televisão.

Na realidade a criatividade para tomar o dinheiro do povo em cada feriado, seja ele de natal ou não, se multiplica, e em nome de uma religião ou de um falso objetivo, muitos se beneficiam.

Um dia quem sabe poderemos de fato festejar datas significativas sem ser induzidos ao consumo, vamos nos unir pelo prazer do amor, ou da amizade, ou pelo simples dever de ajudar  os nossos semelhantes; longe da promoção e dos benefícios de parecer um bom sujeito, para quem sabe na eleição futura buscar espaço no palanque, lembrando os beneficiados do seu dever de votar.

As pessoas esquecem que o Orisa tudo vê e tudo sabe, aquela proposta ilícita feita na sala dos fundos, ou aquela pequena mentira que lhe beneficiou no dia de ontem, em um futuro não muito distante pode lhe atrapalhar, alguns recebem moedas, outros recebem favores, mas na verdade, tudo  sempre é do conhecimento de Ifá.

Você pode esconder por algum tempo a verdade, se promover por alguns instantes, e até usar artifícios para enganar as pessoas de bom coração, mas na realidade sempre vai existir, o Orisa, ele  vai se encarregar para que que você nunca esqueça; sua lembrança vai ser o seu maior pesadelo.
Então meu irmão, seja verdadeiro, seja honesto, seja digno, seja o que o seu Orisa espera de você.

Respeite os Orisas e as pessoas como você gostaria de ser respeitado, trate bem seu semelhante independente da data ou do apelo comercial da mídia, não espere o fim de ano para ser generoso.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011


Do norte a o Sul com Orunmila.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Graças a todos Orisas e ao meu  ori, sou uma pessoa de muita sorte, digo isso porque considero-me uma pessoa feliz com o que  eu faço; através do meu trabalho,conheço pessoas, e viajo muito do norte ao  sul de nosso país.
Mas como tudo não é um mar de rosas, tive a oportunidade de ver coisas que seriam capaz de deixar qualquer pessoa de cabelo em pé.
Imaginem, recentemente, recebi uma foto de um Babalawo de família tradicional africana incorporado com um tal de exu tiriri dando consulta e tudo mais.
Me parece que quanto mais viajo, mais loucuras eu vejo, faz alguns meses que conheci um famoso Babalorisa no centro do país, que é de Osun, e seu exu é a pomba gira rainha, porque ele disse que todo Orisa tem um escravo.
Bem, vi pessoas me oferecerem uma faca da cozinha, para sacrificar para os Orisas, vi gente jogando com obi de duas bandas, e até Esu assentado em cimento.
Confess,imaginava, já ter visto de tudo, mas na minha ultima viagem,fiquei sabendo de um ebó de troca de energias, que deve acontecer entre a pessoa incorporada e a consulente, o resto deixo na imaginação dos leitores.
Às vezes  não sei definir com precisão o sentimento que toma conta de mim, não sei se é raiva ,desprezo ou vergonha, mas o importante é que a indignação não me deixa ficar calado.
Espero que esse tipo de coisa, um dia, leve esse pessoal direto para prisão, ou para um hospício que imagino ser o lugar deles.
Graças aos Orisas,eu não me cruzo no meu dia a dia com esse tipo de gente, porque na verdade não sei exatamente o que eu seria capaz de dizer a essas pessoas.
Espero do fundo do meu coração, que um dia tudo isso mude, mas na verdade não acredito que isso possa acontecer por bem, teria que ser na marra porque esse tipo de pessoa deve mesmo é ser julgado e  condenado, se os homens não fazem isso, que os Orisas o façam.

Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda?

  Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda? Quando me pediram para escrever sobre a Umbanda e o Ifá, pensei muito antes de aceit...