sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Orunmila o homem pensa que é dono da verdade!

Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

O comportamento das pessoas em nosso país me deixa muitas vezes bastante preocupado com o caminho que estamos seguindo.

Primeiro levamos 300 anos para reagir aos portugueses, depois 70 anos para reagir aos americanos, já faz quase duas décadas e ainda não reagimos a violência usada pela igreja universal contra as pessoas que cultuam orisás, vivemos no paraíso tudo é cor de rosa.

A ditadura militar, somada a cultura católica e os programas dirigidos nas redes de tv do nosso país, atrofiaram o cérebro da grande maioria da população, nosso povo não contesta porque não pensa, basta ver o governo que nós temos em qual seguimento nosso país esta indo bem, se o governo não permite que os professores reprovem os alunos, vivemos no país de faz de conta.

A atrofia cerebral criada pela ditadura nos obrigou durante anos a aceitar o que nos era dado sem questionar somente um pequeno grupo de intelectuais resistiu a uma única verdade, a verdade absoluta desapareceu para quem é informado, sucumbiu nos porões da ditadura.

Orunmila nos instrui no odu Osa/Otura, que a verdade é Olodumare nos céus, nenhum homem se aproxima da verdade sem a troca de ideias e o engrandecimento cultural do debate, é na troca de ideias e no respeito aos diferentes que evoluímos.

Querido irmãos, se uma família usa uma peça de roupa em ocasiões diferente de outra ou esse tem uma designação diferente, esses mesmo por discordarem devem andar nus?

Vejo com tristeza o caminho da falta de dialogo, ainda vivemos o reflexo do governo militar, em nosso dia a dia, os que pensam os que questionam, os que debatem ainda são vistos como polêmicos.

Solagbe Popoola é o porta voz do conselho mundial de ifá, e divulgou inúmeras notas em nome do conselho, falando sobre as regras que devem ser adotadas, isso tudo pode ser facilmente acessado na internet, mas tem um grupo que resiste em criar as suas próprias normas, constantemente somos surpreendidos com comportamentos impróprios daqueles que se dizem babalawos, o que dizer então daqueles que não faz muito foram iniciados.

Se os mais velhos e os que tiveram acesso as informações na origem não divulgarem publicamente as diretrizes do conselho mundial de ifá, vamos continuar assistindo esse espetáculo de mau gosto.
Babalawos são representantes da sociedade, que tem um compromisso com a verdade, mas qual é a verdade?

A verdade esta dentro de cada um, para que se construa um caminho de paz e respeito aos nossos semelhantes temos que ter a paciência de ouvir, temos que ter a humildade para somar esforços, só assim vamos construir um caminho em direção a verdade.

A verdade é Olodumare e os versos de ifá, são placas indicadoras do caminho, alguns preferem ignorar as placas, outros preferem o caminho mais longo, mas o objetivo é o mesmo, chegar a verdade.

A verdade não pertence a ninguém, a verdade é Olodumare e nós sacerdotes temos a obrigação de orientar o caminho mais fácil para os seguidores de ifá.

Ifá gbe wa o

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A teoria da impossibilidade e o Ifá.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola


Se a formação de uma pessoa não permite que ela coloque a sua experiência a serviço do seu melhor, e se a capacidade de raciocínio é prejudicada porque em seu cérebro o desconhecimento impede o uso da inteligência comparativa, que resultados positivos podem ser obtidos.

Esse argumento me leva a seguinte conclusão, como pode alguém que nunca viu algum ritual da tradição Yoruba com base nos cultos afros brasileiros se dizer um sacerdote, como alguém que aprende rituais na internet pode beneficiar aqueles que o procuram.

Vamos examinar as seguintes reflexões, se uma pessoa que consulta Opele desconhece que:
Oturupon Ogbe fala do uso da roupa branca.

Ogbe Ate fala que o caminho da prosperidade está escrito com a honestidade
Ogbe meji fala da necessidade de bori.
Iwori meji fala de Isefá e Itefá.
Ogunda Ogbe fala de prosperidade.
Irete iroso fala de adultério.
Owarin Odi fala de loucura.
Irete Odi fala de ladrão.
Okaran Ogbe fala sobre Idé Ifá.
Obara Otura fala de colocar folhas verdes na boca dos cabritos na hora do sacrifício.
Obara Ogbe fala da morte e risco de vida.
Oturupon meji fala de doença.
Ofun Ogunda fala de perda.
Irete Okanran fala de problemas.
Ogunda Osa fala do uso de drogas.
Irete Oyeku fala de abilu.
Osa Ogbe fala de pesadelo.
Ogunda Iroso fala de problemas com a justiça.
Ogbe meji fala da consulta ao Opele.
Iwori Ogunda fala do uso do opon.
Irete odi fala do uso do iroke.

Ogbe Irete fala de Iya Odu.
Ose Ogbe fala dos ikins.
Osa Irete fala de retirar o cabelo do iniciado.
Otura Odi fala de sacrificar animais machos para Ifá.
Ogbe Iroso fala do sacrifício de Ijapa.
Owarin Otura fala da falta de respeito as proibições.
Odi meji fala de abiku.
Owarin Ogbe fala de ebó riru.
Osa Okanran fala da transformação do problema com um ebó.
Ose Otura fala que a pessoa pode resolver o seu problema rezando.
Okaran Oturupon fala do valor das folhas para a cura.
Ogbe Osa fala de Imule para sobreviver.
Irete Ogbe fala da necessidade de ver Iya Odu.
Osa Irete fala de popularidade.
Ogbe Ogunda fala da necessidade de trabalhar em dobro.
Ofun meji fala da pena de ekodide na iniciação.
Osa Otura fala para não mentir.
Otura Iwori fala da necessidade de mais de um babalawo para fazer um Itefá.
Ogbe Ate fala que um Babalawo de verdade não pode mentir mesmo que esteja passando necessidades.
Owarin Iwori  fala que o veneno está na língua.
Osa Odi fala que existe a necessidade de cultuar os antepassados.
Osa Ogunda fala da necessidade de evitar o confronto com inimigos.
Ogunda meji fala da presença dos inimigos.
Ogbe irete fala da vitória sobre os inimigos.
Ogbe odi fala de nascimento de gêmeos.
Osé ogbe fala de fazer ebós para recém-nascidos.
Irete oyeku fala que não é o momento para fazer o ebo.

O grande número de textos postados na internet falando sobre versos de ifá, que não contribui em nada para a formação de um sacerdote da religião tradicional, preocupa, como esses menos avisados pesquisadores, que  desconhecem a origem das informações por eles usadas, podem fazer parte desse imenso quebra cabeça.

A falta de informações confiáveis ou o empecilho criado por iniciadores que não fornecem material de estudos para os seus iniciados termina empurrando os ansiosos para os braços da internet, quase sempre sentenciando o mesmo a uma dúvida eterna.






Na terra do carnaval.





Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola


Constantemente sou procurado por pessoas que alegam ter sido iludidas por supostos sacerdotes que lhes tomaram vultuosas quantias em dinheiro sem nada ter feito para solucionar seus problemas, gerando um prejuízo financeiro e um descrédito para a nossa religião.

Em alguns minutos de conversas percebo que a grande maioria parece que fala de uma só pessoa, um sacerdote que se incorpora com o caboclo, o preto velho, a cigana, a pomba gira, o orisá da cabeça , o segundo orisá, e o terceiro orisá que é de herança dê um parente distante, normalmente eles recebem um ere que é muito engraçadinho, e que adora pedir presentes.

Essas pessoas comumente jogam búzios, cartas, tarô, runas, são videntes, ouvintes e fazem grandes milagres, que quase sempre são relatados por pessoas da família com o intuito de fortalecer a imagem do todo poderoso.

Diante da descrição do suposto sacerdote fico imaginando a figura e muitas vezes me negando a acreditar, por paciência assisto o relato quase sempre é de alguém muito simpático com um belo sorriso, envolvente, que diz saber tudo do mundo espiritual.

Quase sempre ele tem uma aparência única de alguém que é descrito entre extravagante e o exagerado, aquela pessoa que até para ir ao mercado, veste roupas tradicionais, que só alguém com muito conhecimento poderia usar, tais vestes.

Em poucos minutos eu não sei se sinto pena ou se me envergonho, de fazer parte de um seguimento confundido pelo tal consulente com o que eu pratico.

Assusto-me, com a inocência e me surpreendo com a falta de informação, quase todas as vitimas descrevem algo que beira um surto psicótico ou se confunde com um espetáculo carnavalesco, que é sustentado como uma peça de teatro, para um publico que paga altos valores ou que serve como mão de obra escreva, para servir o interlocutor do além.

Os hábitos do tal sacerdote em quase todas situações são descritos como semelhantes primeiro ele se torna muito amigo, mas tem um pequeno problema de credito na praça, e solicita ao consulente que faça algumas compras como forma de retribuir os favores por ele intermediado com o mundo espiritual.

Posteriormente, o então já amigo intimo pede para que ele assine uma fiança ou que ele avalize um pequeno empréstimo no banco, se isso não acontece ele intimo que é, costuma pedir o carro emprestado, somente por alguns dias.

Depois da decepção e do afastamento da casa, o antigo crédulo descobre algumas ocorrências policiais que envolveram o titular da casa que ele frequentava, tardiamente a verdade que se mostrava clara agora bate no rosto, de mais uma vitima.

Surpreende me o numero de pessoas com relatos muito semelhantes, a pergunta é a seguinte, porque o povo acredita nesse tipo de gente?

Mentirosos, ladrões, bandidos, enganadores, mas com uma boa conversa e um sorriso fácil, quase sempre tem a casa cheia de pessoas que são constantemente humilhadas, usadas, enganadas, iludidas.

Porque esse tipo de gente tem a casa cheia?

Como eles conseguem enganar tantas pessoas por tanto tempo?
Será que não é uma questão cultural?

Hoje mesmo assisti no you tube uma festa de pomba gira, com uma escola de samba tocando para exu dançar, será que não é isso que o povo quer ver?

O que esta acontecendo com o nosso país, será que as pessoas são tão ingênuas assim, ou tudo isso acontece porque vivemos no país do carnaval?

Outro dia vi uma entrevista de uma das mais famosas iyalorisas de toda história religiosa do Brasil, que quando perguntada pelo reporte se gostava de carnaval ela respondeu, “carnaval e orisá tem uma ligação que vem da África.”

Diante de tal afirmativa, dantesca, fica a questão em aberto, porque essas pessoas conseguem reunir tantos seguidores se o que elas tem a oferecer é mentira disfarçada com ignorância envoltas em richelieu e seda.

Será que vamos pagar um preço caro por viver na terra do carnaval, a confusão do folclore com a religião, é resultado da falta de informação?



sábado, 24 de agosto de 2013



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola
Oi criançada eu sou o Awo zinho.

Quero convidar vocês para conhecer o Ile Ifá Ogbe Obara, aqui o atendimento de crianças é gratuito, venha com seu papai ou com a sua mamãe, venha Ifá é para todos.

Os mandamentos de ifá para o Awo zinho

1-Obedecer seu papai e sua mamãe.
2-Obedecer o seu oluwo
3-Obedecer os mais velhos no ifá
4-Não faltar na escola.


O Ifá veio para o Brasil, para ficar, vamos construir o futuro do Ifá em nosso país, Ifá é para todos!

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Ifá, Òrúnmìlà.


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Nos últimos anos a religião tradicional yoruba assim como o culto a ifá se tornaram muito popular entre os brasileiros embora ainda falte muita informação a ser divulgada.

O publico em geral não sabe diferenciar Ifá de Òrúnmìlà e muito menos Agboniregun de Ela.
 É obrigação dos Bàbàláwos divulgar informações sobre a nossa religião essa é a razão da criação desse texto direcionado para simpatizantes e não iniciados.

Òrúnmìlà é um dos mais importantes òrìsà do panteão yoruba, considerasse que é o único òrìsà que conhece o destino dos homens.

Ifá é um Oráculo dos mais antigos, considerado pela ONU como um dos mais precisos oráculos da história.

Ela é a emanação da sabedoria de Òrúnmìlà (a intuição do Bàbàláwo) que o direciona no caminho indicado pelo oraculo de ifá.

 Agboniregun foi o maior de todos os sacerdotes de Ifá, uma reencarnação de Òrúnmìlà.


Bàbàláwo é o sacerdote que é treinado por anos para interpretar o oráculo de ifá que expressa à sabedoria de Òrúnmìlà.

Bàbàláwo Ifagbaiyin Agboola

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Pública, vida e o Ifá. 




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Ter uma vida publica é ter a paciência de ver várias pessoas que não sabem nada sobre você, falando o que não se espera especulando do que elas não conhecem e fantasiando o que você não imagina.

Ter uma vida publica é uma mistura de falta de privacidade com um exercício de aceitação de não ter um espaço intimo respeitado.

Vida publica, é chegar à noite e conseguir dormir, mesmo depois de assistir pessoas sem nenhum antecedente qualificativo, tentarem desqualificar, o que você construiu com dedicação, é assistir pessoas que você nunca viu se acharem no direito de te analisar.

Ser uma figura publica é ver as pessoas desconfiarem de seus esforços, criticarem os seus feitos, é ver o seu trabalho, divulgado sem o seu nome, é esperar um reconhecimento que muitas vezes não vêem.

Finalmente ser uma pessoa com vida publica, é a capacidade de enfrentar as criticas, é se alimentar dos elogios sinceros, é não esperar, o resultado imaginado, é aceitar a contribuição involuntária daquele que te atinge, mas que também te estimula.

Ter vida publica, é tentar transparecer o tudo para todos, é manter um espaço onde o todo só transparece verdadeiramente na sua privacidade, é sonhar com o anonimato, bebendo dos mínimos prazeres da popularidade.

Ter uma vida publica é viver é ouvir as críticas é tentar melhorar, não porque a opinião de alguns possa tirar você de suas convicções, é sim quando você acredita no que faz, é aceitar que a responsabilidade é permanente, é saber que toda contribuição é valida.
Ter uma vida publica, é sentir o olhar dos desafetos ansiosos esperando por um deslize, ter uma vida publica, é seguir uma estrada onde as convivências com a cobrança e admiração misturadas com os ciúmes e a inveja delimitam o espaço por onde você transita.

Ter a vida publica, não é publicar a sua vida, é manter publico, o que interessa para o publico, é manter o privado, isolado.


Vida pública é na grande parte do tempo ter a capacidade de ser, outro, sendo você mesmo. 

domingo, 18 de agosto de 2013

O sacerdócio


Autor: Babalawo Ifagbaiyn Agboola

Sacerdócio não é ter um comportamento que concorda com tudo para ser simpático, ser um sacerdote não é ter olhos azuis para preencher um padrão de beleza é ter um olhar que educa, adverte, é ter um olhar sem compromisso de agradar.

Ser um sacerdote, não é ser bonzinho, não é ser aquela pessoa de um sorriso fácil, ser um sacerdote é compactuar com o acerto, é o manifestar distancia do não aceitável, é a condição de ter autoridade para opinar.

Ser um sacerdote é ter a coragem de dizer à palavra que não quer ser ouvida, é ter a personalidade fundamentada na fé, é ter a humildade para voltar a trás, é ter a força para seguir em frente.

Ser um sacerdote é divergir dos equivocados, é aplaudir os que encontraram o caminho, é se sentir muito bem acompanhado mesmo estando sozinho.

Um sacerdote é fiel a tudo que ele acredita, não busca aplausos e nem recompensa financeira, ser um sacerdote é se tornar exemplo mesmo sem saber que seus gestos são imitados, ser um sacerdote é ter um comportamento comum, é ser um reflexo da sua fé.

Ser um sacerdote é ser um exemplo diferente de tudo que é exposto, ser um sacerdote é ter a coragem e não ceder a um impulso, é seguir normas, é atender o lamento não proferido, é entender o gesto contido, é se antecipar ao anseio do sofrido.

Ser um sacerdote é acreditar que vai dar certo, pelo simples prazer da fé, ser um sacerdote é representar uma religião, mesmo nos momentos que você não é um religioso, ser um sacerdote é querer a verdade, é ter princípios, é acreditar no que você não vê, com a certeza que existe, é ver o diferente com os olhos iguais, é acreditar que o seu existir é a sua fé.

Ser um sacerdote é viver a vida sem ambição, monetária, é a convicção da razão do seu existir.
Um sacerdote é aquele que aceita o seu destino, sem questionar as forças que o mantém vivo, é ser um instrumento, é produzir um som em harmonia com o universo, é ter a natureza como inspiração é ter o amor como combustível é ver em um irmão uma extensão do criador.


Ser um sacerdote não é escolher o caminho, é aceitar ser escolhido, ser um sacerdote, é abrir mão do bem estar, é estar bem sem estar, é estar disposto a ajudar.

Homenagem a  Leonardo Boff

Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda?

  Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda? Quando me pediram para escrever sobre a Umbanda e o Ifá, pensei muito antes de aceit...