quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Orunmila, Ògbóni, Edan, ìtagbè.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

 OGBE-YONU

Iyán di átúngún
Óbé di átu´nsè
Wón ni kó ebi ku ohun kóhun mó
Bikò se ohun àjogún bá won kan soso
Ti wón fi njo ba
Eyi kìíse ohun mìràn bikò se Sàkì
Ebi ni ki Sàkì ná di ti Rà `ndàwú
Rà `ndàwú gba Sàkì odi Aláse ilú
Ó joba lóri gbogbo won
Sàkì wá gba yì ó gb’éye
Ódi ohun olá odi ohun iyì
Bi akò bá n”Rà `ndàwú
Akó lè joyè baba eni
Ohun ti sùúrú seti
Ilè ní gbé

No odu ogbe/Yonu explica o uso do Ìtagbè ou Sàkì, (parte do vestuário ogboni, diz o ese ifá, que jamais deve se desrespeitar aquele que cobre o ombro esquerdo, com tal vestimenta).

O Sàkì representa a parte interna do estomago humano e caracteriza aquilo que tem demais intimo dentro de cada um de nós, representa que o nosso interior esta exposto e nossas intenções.

O homem que estiver usando essa peça do vestuário Ògbóni jamais pode ter a sua palavra questionada ou colocada em dúvida, diz ifá, que nada pode superar a força de Edan plantado na terra, aquele que possui Edan tem sua dignidade como marca registrada do seu viver.

Odu irosun/ose fala da responsabilidade que o Ogboni tem com a verdade.

Odu irosun/iwori fala da insatisfação de Orunmila com o comportamento dos homens e do pacto feito com Edan para que se mantenha a verdade.

A confecção do Ìtagbè fica a cargo das mulheres que cultuam Obalufon, processo é demorado e envolve inúmeras orações e oferendas no momento da confecção.

Ifá nos revela na historia de Poroyen a mulher que salvou a vida de Orunmila com o Ìtagbè.
Orunmila tinha caído durante a noite dentro de um buraco e ficou preso por sete dias e sete noites, sem conseguir sair, no sétimo dia começou a cantar e a sua voz foi ouvida por Poroyen, que se aproximou do buraco e olhando Orunmila se apaixonou por ele, fazendo uma proposta que Orunmila aceitou. Poroyen disse que o tiraria do buraco o auxiliando com seu Ìtagbè, se ele se casasse com ela, foi isso que aconteceu e eles tiveram filhos.

O Sàkì, só é usado sobre a cabeça dos anciões no conselho Ogboni quando eles expressam a sua opinião em decisões dentro do conselho, todos o Ògbóni usa o Sàkì no ombro esquerdo, salvo aqueles membros que não são iniciados no ifá, governantes, políticos e pessoas de influências na sociedade, que tem conduta ilibada reconhecida.

As pequenas divergências que presenciamos sobre esse tema não diminui em nada qualquer uma das partes, a interpretação diferente demonstra o plural e ifá nos ensina que o singular é demonstração de falta de maturidade.

No território yoruba existem muitas faces para a mesma verdade.

A ki igbé Sàkì lé iká ka puro.

Ògbóni Ekùn!

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Bábálòrìşàs pode ser Bàbáláwo?



Autor: Olúwo Ifagbaiyin Agboola

Durante esses anos que acompanho na internet algumas declarações de membros de nossa religião, ouvi e li muitos absurdos, mas nada se compra a tudo que ouvi no dia de ontem, a mesma pessoa conseguiu em tão pouco tempo dizer tantas coisas que diferem de tudo que aprendi que para mim, ficou muito difícil ficar calado.

O depoimento que ouvi beira o abismo do fanatismo e com ares de radicalismo, se arvora nas mais diversas interpretações conduzido por uma força cega, unilateral e sem proposito, caracterizando um completo despreparo e uma capacidade imaginativa desmensurada.
Afirma o tido como conhecedor que um Bàbálóòrìşà jamais pode se tornar uma Bàbáláwo, ifá é sabedoria, em terras yorùbás, a pessoa tem uma orientação diferente da que é recebida em nosso país, é feito uma consulta, no momento do batizado e Òrúnmìlá identifica um Bábálòrìşàs ou um Bàbáláwo, poucos dias após o seu nascimento. Fora do território Yorùbá não existe essa pratica, em nosso país, por exemplo, por não existir muitos Bàbáláwos, muitas pessoas são iniciadas, como Bábálòrìşàs ou iyalorisas, mas na verdade deveriam ter sido iniciados para Bàbáláwos ou Ìyánífás.
Faço a seguinte pergunta, se você foi iniciado para Bábálòrìşàs e descobre que ouve um erro, e Òrúnmìlá indica em uma consulta que você deve ser iniciado com Bàbáláwo, você vai seguir sendo um Bábálòrìşàs?

Que religião seria essa que não corrigi erros, provocados por um processo cultural, erroneamente adaptado?
Em poucos minutos ouvi tantas coisas estranhas, que meus ouvidos recusaram violentamente tais afirmativas, a mesma pessoa disse que se uma pessoa tem Ògún assentado e ela não der para Ògún todo mês aquilo que ele pede, ele vem e come o filho dela, ou o mata em um acidente, ou coisa parecida.

Esse senhor aprendeu religião a onde?

Que religião maluca é essa?

Que òrìsà maluco é esse?

Quem é tão doido de cultuar uma energia burra dessas, de acordo com a descrição do tal senhor.

Não satisfeito ele fez mais uma dezena de afirmações, inaceitáveis, entre as quais ele disse que se pode iniciar pessoas no culto de Orí, como alguém pode afirmar isso?

Nenhuma pessoa pode ser iniciada no culto de Orí, sem que conheça o seu odu, na verdade o que pode ser feito, são orações e presentes, buscando um maior equilíbrio e benéfico para o restabelecimento de energias, desgastadas, mas iniciar alguém nela mesma é algo que desconheço.

O culto a Orí é expresso de forma clara, através do comportamento honrado e digno somado a preservação do orgulho próprio e a nutrição da autoestima, seguido de regras de convivência, higiene, comportamento moral e obediência, as leis da natureza e dos homens não existe um bom Orí, se não houver o respeito e a integridade, o bem querer e o equilíbrio.

Entre as afirmações foi dito que não é aceitável que uma pessoa seja iniciada em òrìsà e leve para sua casa um assentamento, que só um sacerdote deve ter assentamento.

Que religião é essa, que só os sacerdotes têm direito de acessar o divino?

Que religião é essa que determinar que um adepto deva ser sentenciado à dependência até mesmo no íntimo de sua fé?

Em meio a isso tudo, foi dito que uma mulher que faça parte das forças armadas, não pode ser iniciada em Osun, que ela deve ser iniciada em um òrìsà masculino.

A mesma pessoa disse que mulheres não devem chegar perto de Ògún, que mulheres devem chegar perto do assentamento de Osun, Oya, Yemonja.

Se as mulheres que fazem parte das forças armadas tem que ser iniciadas em òrìsàs masculinos, como é que isso acontece se elas só podem chegar perto de òrìsàs femininos.

Foi dito também que Ọbàtálá á não come canjica, a pergunta é a seguinte, Èko, é preparado com o que? Feijão!?

Não satisfeito, o cidadão ofereceu magias para as pessoas que tem problemas sexuais, afirmando o seguinte:

SÓ COMPRAR MAGIA NÃO ADIANTA, TEM QUE TIRAR EBÓ COMIGO!
OU A MAGIA NÃO FUNCIONA, SE NÃO TIRA EBÓ COMO É QUE A MAGIA VAI FUNCIONAR?
Que magia é essa?
Que precisa fazer ẹbợ?
Se fizer o ẹbợ, a magia funciona?

Então todas as magias que essa mesma pessoa, declara ter recebido pelo correio, da Nigéria,
não funcionam?
Ou o ẹbợ vem pelo correio também?

A história se complicou mais ainda, quando em alto e bom tom, foi dito que só algumas mulheres de Osun, tem ligação com Ìyá mi, que algumas iniciadas em Osun, não teriam essa ligação, trinta segundos depois, a mesma pessoa disse que todas as mulheres tem ligação com Ìyá mi.

Foram tantas afirmações absurdas que eu ficaria aqui tentando esclarecer as pessoas leigas, escrevendo incansavelmente na tentativa de elucidar, porém não poderia jamais recolher as penas jogadas ao vento.

Gostaria de chamar atenção aqui, para a responsabilidade, das pessoas que falam, ou escrevem, em nome de ifá, cada dia que passa, vejo mais absurdos, eu já vi, Omo ifá, em público contestar o Olúwo, já vi pessoas que ainda não tem assentamentos necessários, assumirem posturas como grandes iniciadores, vi também pessoas que no mesmo dia que saíram do itefá, postaram versos do seu odu, nada mais me surpreende.

Eu vi tantas loucuras, tantos devaneios, seguidos de explosões incontidas de vaidades, isso consegue perturbar qualquer pessoa de bom senso, por favor não me provoquem com tantas besteiras, porque não faz parte de mim ficar calado diante de tantos impropérios, me desculpem o tom, mas quando a canção não tem ritmo, por mais alegre que a pessoas estejam, é impossível dançar.

Ou o ẹbợ vem pelo correio também?

A história se complicou mais ainda, quando em alto e bom tom, foi dito que só algumas mulheres de Osun, tem ligação com Ìyá mi, que algumas iniciadas em Osun, não teriam essa ligação, trinta segundos depois, a mesma pessoa disse que todas as mulheres tem ligação com Ìyá mi.

Foram tantas afirmações absurdas que eu ficaria aqui tentando esclarecer as pessoas leigas, escrevendo incansavelmente na tentativa de elucidar, porém não poderia jamais recolher as penas jogadas ao vento.

Gostaria de chamar atenção aqui, para a responsabilidade, das pessoas que falam, ou escrevem, em nome de ifá, cada dia que passa, vejo mais absurdos, eu já vi, Omo ifá, em público contestar o Olúwo, já vi pessoas que ainda não tem assentamentos necessários, assumirem posturas como grandes iniciadores, vi também pessoas que no mesmo dia que saíram do itefá, postaram versos do seu odu, nada mais me surpreende.

Eu vi tantas loucuras, tantos devaneios, seguidos de explosões incontidas de vaidades, isso consegue perturbar qualquer pessoa de bom senso, por favor não me provoquem com tantas besteiras, porque não faz parte de mim ficar calado diante de tantos impropérios, me desculpem o tom, mas quando a canção não tem ritmo, por mais alegres que as pessoas estejam, é impossível dançar.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Ifá


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Com o passar do tempo muito se tem escrito sobre a verdadeira função do sacerdote dentro da religião afro-brasileira, mas a impressão que eu tenho é que quase nada foi esclarecido, um Babalawo ou um Babalorisa é confundido com um proprietário da pessoa iniciada, as confusões acontecem ou por parte de quem é iniciado ou por quem inicia. É muito comum ouvir em minhas palestras perguntas sobre a relação de pais e filhos ou irmãos na casa de Orisa.

Algumas pessoas acreditam que se forem iniciadas pelo mesmo sacerdote que iniciou o seu cônjuge a situação caracteriza um incesto, isso nos leva a seguinte pergunta somos católicos ou pertencemos a Religião Yoruba (Èsìn Yorùbá) qual é a nossa verdadeira religião?

Uma grande quantidade de pessoas iniciadas em Orisa ainda seguem preceitos católicos ou orientações espiritas por desconhecer os versos de Ifá, não sabem que dentro desses versos existem as normas de comportamento que orientam os iniciados e o seu comportamento diante de Olodumare.

Eu escuto todo tipo de pergunta, é melhor assim, pior seria se as pessoas não perguntassem, continuassem com suas dúvidas, acredito que devemos dividir informações.

Existe algumas coisas que devem ser esclarecidas, uma pergunta frequente é relativa a preceito, sexo e pecado, no Odu Oworin Ofun, fala que o sacerdote não deve fazer sexo com sua esposa naquele dia, ele está comprometido com os rituais, todos as orientações de comportamento podem ser encontradas nos versos de Ifá, no Odu Osa Otura, fala que devemos sempre falar a verdade, no Odu Ogundakete, diz que não devemos roubar.

Um texto de Ifá muito conhecido do Odu Osetura, fala da importância das mulheres, do respeito que os homens devem manter por suas esposas, filhas e por suas mães, outro texto do Odu Ofun Meji, diz que o iniciado em ifá deve ver Iya Odu e se tornar um Babalawo, já no Odu Ogbe Meji, fica claro que a principal esposa de Orunmila só pode ser cultuada por quem passou por um ritual chamado Ipanadu (cerimonia que o awo se torna um Babalawo, momento que apaga se a luz para ver Odu).

No Odu Ogbe Yonu,fala sobre a relação financeira homem e a família da esposa diz que até o casamento todas as despesas da mulher devem ser mantidas pela família, mas depois do casamento o marido não deve deixar que a mulher passe necessidades, a manutenção da casa é responsabilidade daquele que assumiu a relação diante da família.

Ainda no Odu Ogbe Yonu, vamos encontrar dados referentes ao casamento de um Babalawo, nesse Odu diz que não deve haver a separação e nem o adultério, que as pessoas deveriam antes de assumir uma relação pensar bastante, fala ainda que aquele que escolheu viver com uma única mulher deve respeita-la e protege-la, ainda nesse Odu vamos encontrar uma advertência contra o uso de magia maléfica contra o cônjuge, nesse caso Ifá vai se lançar em sua defesa e não sabemos o que pode acontecer; nesse Odu diz que o Babalawo deve ter uma postura digna e não deve se envolver com outras mulheres, a punição para o sacerdote que não cumprir essa orientação diz Ifá: (que ele nuca vai atingir o sucesso em seu trabalho).

Obs: Com respeito ao numero de esposas o Babalawo deve seguir a orientação do seu odu e buscar uma forma de respeitar a cultura local, podemos tomar como exemplo o odu Oyeku Meji a onde ifá diz:

Que aquele nascido sobre esse signo só pode ter uma esposa, é evidente que também podemos considerar a leis de cada país, no Brasil é crime manter se casado com mais de uma pessoa.

O Odu Ogbeyonu, fala da punição do Babalawo, que desejar a mulher de outro awo, diz Ifá (aquele Babalawo ou iniciado em Ifá que deitar com a mulher de outro awo, não deve ver outro amanhecer).

No Odu Ogbe Meji, a necessidade do comportamento digno é enfatizada, de tal forma que a punição seria o infortúnio, a falta de sucesso e o total esquecimento, o abandono do sacerdote, suas orações não devem ser ouvidas, essa é uma das punições mais temidas, a relação homem Orisa deixa de existir.

No Odu Obara Egutan Encontramos em detalhes, a relação de um Babalawo, com a sua Apetebi, nesse verso de ifá diz (a escolha da esposa de um Babalawo é apontada por Ifá quando ela nasce), existe vários Odus que indicam essa relação, assim como também existe uma identificação bem clara nos versos de Ifá sobre quem deve se tornar um Iniciado e quem deve se tornar um Babalawo, ver Odu: Ogbe Meji, Oturupon Meji, Irete Meji, Iwori Meji etc.

No Odu Oworin Sindin, aparecem algumas indicações sobre a necessidade do homem cumprir o seu destino, assim como no Odu ogbe Ogunda, fala do cuidado com o Ori e a relação do homem com o destino por ele escolhido, tendo como testemunho Orunmila, isso nos remeti a uma reflexão encontrada no Odu Ogbe Meji (nem um homem deve se comprometer com um Orisa antes de conhecer o seu destino) essa afirmação indica claramente que o homem deve conhecer a indicação de Ifá para ter uma orientação sobre a sua vida religiosa, não é o homem que escolhe o Orisa é Ifá quem indica os Orisa que devem ser cultuados.

No Odu Obara Kosun, fala da punição violenta caso o iniciado não respeite o seu sacerdote e vice versa, o respeito deve ser mantido a qualquer custo assim como a segurança da egbe (família) o sacerdote deve usar todos os recursos que possui para proteger a sua família, dele será cobrado à omissão.

Ainda no Odu Obara Kosun, Ifá alerta sobre o uso do Opele, quem pode usar e sobre a remuneração, aquele que não usar o Opele com dignidade jamais vai ver o sucesso, nesse verso ifá deixa claro que um sacerdote não pode mentir e usar um instrumento de consulta em seu beneficio, jamais será aceito qualquer tipo de mentira usando o nome de Ifá.

O Odu Ogbe Alara, fala de Iwa (caráter) a indicação é clara nesse odu, a necessidade de manter uma postura reta, faz parte do dia a dia do iniciado, temos a obrigação diante dos Orisas, de manter um comportamento que honre toda nossa família e nossos antepassados, independente de nossa idade, a juventude não é desculpa para o erro a pouca idade, é característica que indica a inocência e não a má conduta, fica bem clara no verso do Odu Ofun Ose, que diz (é preferível um sacerdote jovem e honesto que um velho sem caráter).

Nos versos de Ifá vamos encontrar inúmeras recomendações de comportamento, inclusive referente à higiene, no Odu Ose Odi, consta uma relação bem clara sobre a necessidade de se manter limpo e com o corpo asseado, ainda nesse Odu diz Ifá (o homem tem responsabilidade com seus filhos até que possam se manter, encontrar uma ocupação e ter sua renda, é responsabilidade dos pais manter os filhos menores).

O Odu Obara Kosun, em seus textos indica que a pessoa que foi iniciada no culto aos Orisas ou no culto a Ifá deve fazer oferendas às divindades e manter os seus assentamentos em ordem, limpos o Ose (limpeza semanal) é responsabilidade do iniciado e não do sacerdote.

Ainda falando do comportamento de um Babalawo, diz Ifá no verso do Odu Ofun Gbadara, as coisas de Ifá não devem ser comercializadas por um Babalawo, (um Babalawo não deve ser um comerciante), nesse mesmo Odu diz (aquele que lhe prestou um favor, lhe deu uma ajuda deve ser recompensado) todo trabalho espiritual tem que ser remunerado, se não for assim como o sacerdote vai poder manter os seus assentamentos e continuar atendendo as necessidades dos que o procuram.

O Odu Ofun Nagbe, fala da prosperidade do Sacerdote fala que aquele que trabalha corretamente terá uma vida tranquila, assim como aquele que possui Ikin nunca lhe faltara o alimento (Odu Idin Ka).

Um verso do Odu Ogunda Ogbe, orienta sobre o dia do Ose semanal, um dia da semana devem ser reservados para cuidar dos orisas, nesse dia os assentamentos dos Orisas devem ser limpos, já no Odu Okanran Obara a orientação é sobre o assentamento de Egungun, diz Ifá (aquele para quem aparece esse Odu deve manter viva a imagem de seus antepassados, essa pessoa deve ser iniciada no culto a Egungun e deve honrar todos de sua família, com um assentamento que deve ser mantido sempre limpo e bem cuidado, é obrigação dessa pessoa escolher um sucessor que ira manter esse assentamento para que esse culto não deixe de existir.

No Odu Iwori Meji, fala sobre fazer magias para quem não tem como se defender, sobre o uso do conhecimento de um sacerdote contra quem não merece tal atitude, diz Ifá (aquele que ataca um inocente a maldade e a destruição voltariam para prejudica-lo).

No Odu Osa Meji, está bem claro que não devemos julgar o nosso semelhante, só Ifá pode saber o futuro de cada pessoa diz Ifá: (um Ori coroado não pode ser reconhecido por um ser humano, só Ifá identifica o Ori que será beneficiado), não devemos menosprezar ninguém.

O Odu Oturupon Ofun, fala sobre o suicídio, não é permitido a ninguém essa pratica só Ifá sabe e pode mudar o dia da morte, ainda nesse Odu diz Ifá: à longevidade não é encantamento, devemos nos afastar de tudo que possa diminuir o tempo de nossa vida, devemos fazer tudo para alcançar a longevidade.

No Odu Ogbeyonu, Ifá é bem claro não devemos ser arrogantes dentro da relação afetiva, devemos buscar o companheirismo como forma de melhorar os relacionamentos.

Em Ika Ogunda, ifá fala sobre a necessidade de orar para obter sorte e prosperidade, o homem deve manter suas orações, como forma de disciplina e humildade, nesse Odu assim como no Odu Ogbe Ogunda, diz: o horário de fazer as orações preferencialmente pela manhã logo que acordamos.

O Odu Osetura, diz não devemos nos exibir, devemos manter uma vida regrada e sem exageros, um homem não deve discriminar uma mulher e uma mulher não discriminar um homem, um velho jamais deve ser discriminado por jovem da mesma forma que um jovem não deve ser discriminado por um mais velho, o respeito deve existir indiferente da idade ou sexo.

No Odu Otura Irete, Ifá diz: (a bondade deve ser cultivada como forma de gratidão) a bondade deve ser praticada, não devemos ser ingratos, só Ifá sabe se não vamos necessitar em um futuro da ajuda de quem nos beneficiou no passado, não devemos desfazer de quem um dia nos ajudou.

O Odu Otura Ofun, deixa bem claro a necessidade de manter os ebós indicados por Ifá, se uma pessoa consulta, toma conhecimento do problema e não fazer os ebós indicados a responsabilidade deixa de ser do sacerdote.

No Odu Òtúrúpon`Otúa, fala sobre a necessidade do sacerdote estudar e ter conhecimento para honrar seus antepassados com sua capacidade, diz Ifá: é responsabilidade do iniciado, assim como do sacerdote o aprendizado, a capacitação daquele que abre as portas para o atendimento é uma responsabilidade assumida diante de Ifá, todo ato praticado dentro da casa de Orisa tem que seguir a orientação dos versos de Ifá; no Odu Iwori Otura, fala sobre a disciplina dos estudos e a educação do iniciado em Ifá deixando bem claro que devemos nos dedicar para obter uma educação adequada. O Odu Irete Ofun, fala do estado de perfeição e o alinhamento com Olodumare se não somos perfeitos devemos buscar a melhor forma de se assemelhar com a perfeição.

O Odu Iwori Ofun, fala do respeito que temos que manter por todas as pessoas, se queremos ser respeitados, devemos respeitar todas as pessoas sempre, a vida é um benefício recebido das mãos de Olodumare cabe a nós tornar digno o viver.

Vamos examinar as seguintes reflexões, se uma pessoa que consulta Opele desconhece que:
Oturupon Ogbe fala do uso da roupa branca.

Ogbe Ate fala que o caminho da prosperidade está escrito com a honestidade
Ogbe meji fala da necessidade de bori.
Iwori meji fala de Isefá e Itefá.
Ogunda Ogbe fala de prosperidade.
Irete iroso fala de adultério.
Owarin Odi fala de loucura.
Irete Odi fala de ladrão.
Okaran Ogbe fala sobre Idé Ifá.
Obara Otura fala de colocar folhas verdes na boca dos cabritos na hora do sacrifício.
Obara Ogbe fala da morte e risco de vida.
Oturupon meji fala de doença.
Ofun Ogunda fala de perda.
Irete Okanran fala de problemas.
Ogunda Osa fala do uso de drogas.
Irete Oyeku fala de abilu.
Osa Ogbe fala de pesadelo.
Ogunda Iroso fala de problemas com a justiça.
Ogbe meji fala da consulta ao Opele.
Iwori Ogunda fala do uso do opon.
Irete odi fala do uso do iroke.

Ogbe Irete fala de Iya Odu.
Ose Ogbe fala dos ikins.
Osa Irete fala de retirar o cabelo do iniciado.
Otura Odi fala de sacrificar animais machos para Ifá.
Ogbe Iroso fala do sacrifício de Ijapa.
Owarin Otura fala da falta de respeito as proibições.
Odi meji fala de abiku.
Owarin Ogbe fala de ebó riru.
Osa Okanran fala da transformação do problema com um ebó.
Ose Otura fala que a pessoa pode resolver o seu problema rezando.
Okaran Oturupon fala do valor das folhas para a cura.
Ogbe Osa fala de Imule para sobreviver.
Irete Ogbe fala da necessidade de ver Iya Odu.
Osa Irete fala de popularidade.
Ogbe Ogunda fala da necessidade de trabalhar em dobro.
Ofun meji fala da pena de ekodide na iniciação.
Osa Otura fala para não mentir.
Otura Iwori fala da necessidade de mais de um babalawo para fazer um Itefá.
Ogbe Ate fala que um Babalawo de verdade não pode mentir mesmo que esteja passando necessidades.
Owarin Iwori  fala que o veneno está na língua.
Osa Odi fala que existe a necessidade de cultuar os antepassados.
Osa Ogunda fala da necessidade de evitar o confronto com inimigos.
Ogunda meji fala da presença dos inimigos.
Ogbe irete fala da vitória sobre os inimigos.
Ogbe odi fala de nascimento de gêmeos.
Osé ogbe fala de fazer ebós para recém-nascidos.
Irete oyeku fala que não é o momento para fazer o ebo.

O grande número de textos postados na internet falando sobre versos de ifá, que não contribui em nada para a formação de um sacerdote da religião tradicional, preocupa, como esses menos avisados pesquisadores, que  desconhecem a origem das informações por eles usadas, podem fazer parte desse imenso quebra cabeça.

A falta de informações confiáveis ou o empecilho criado por iniciadores que não fornecem material de estudos para os seus iniciados termina empurrando os ansiosos para os braços da internet, quase sempre sentenciando o mesmo a uma dúvida eterna.
Na intenção de contribuir com os awos em seus estudos, fazemos  uma releitura de dois textos postados em nosso blog, vamos encontrar em Ifá a verdade, a verdade está dentro de cada pessoa, a verdade é a luz de Olodumare que alimenta a vida em todos nós.









segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Ifá eu agradeço!


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Ifá esta me permitindo ver o resultado do meu trabalho, em vida, grandes homens que fizeram grandes obras não tiveram essa oportunidade.

As noites sem dormir, as ofensas sofridas por mim, pelos supostos donos da verdade que me acusam de revelar segredos é muito pequeno diante do gesto que esse desenho expressa.

Quando criamos o Awo Zinho e divulgamos na internet que não cobramos iniciações de crianças algumas pessoas acreditaram que era demagogia, não conseguiram ver além, ifá esta nos mostrando que existem pessoas que conseguem ver além.

Algumas pessoas estão incomodadas com o trabalho do Ifagbaiyin, me desculpem vou seguir esse trabalho, eu estou aqui e vou ficar enquanto Ifá, Osun e Soponnan permitirem.

Ifá que mais crianças se sintam motivadas pelo Awo Zinho, que os netos dos meus netos vejam o nosso trabalho com bons olhos.

A dupe Ifá.


Orisa Àroni

Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola


Seguindo a ideia de divulgar o culto de alguns orisás que de certa foram poucos divulgados vamos falar um pouco sobre esse orisa que muitas vezes é divulgado erroneamente como Òsáyin, que é um orisa ligado as folhas, originário da cidade de Ofa.

Àroni acompanha o assentamento de Òsáyin e os dois orisás podem ser cultuados juntos, como forma de afastar algumas doenças, invocando a força existente na medicinada fitoterápica.

Esse orisa que recebe como oferenda, obi, orobo, oti e um eiyelé e principalmente oyin, tem uma voz estridente, inconfundível que escoa pela floresta.

Seu culto é muito conhecido pelos caçadores, por temerem se perder a noite durante as caçadas, contam alguns itans que ao entrar na floresta sem levar uma oferenda para Àroni os caçadores facilmente perdem o caminho durante a caçada.

O culto desse orisá é mencionado no odu Òsé/ Owònrín e em um dos versos desse odu, a alusão Àroni é tida como necessária para que as pessoas consigam atingir o ponto máximo do Asíkí, (prestigio, boa sorte, e fortuna), isso se deve a sua ligação com as iya mis, e a representação dos pássaros no culto de Òsáyin.

Ewè Ilera Àroni




Orisa Òkè.



Autor :Babalawo Ifagbaiyin Agboola

No Brasil, o culto a determinados  orisás infelizmente acabou se perdendo é o caso do orisa ÒkÈ, esse orisa é muito importante para as pessoas que buscam o prestigio e o reconhecimento, assim como uma vida longa e tranquila.

O orisa da montanha como é conhecido é venerado em território yoruba com um culto envolto de segredos e mistérios, o que podemos divulgar é que para se obter a essência do culto existem alguns rituais, um deles o de buscar os okutas para o assentamento é muito bonito.

De posse de obi, orobo, oti e um eiyelé, iniciado e iniciador sobem a montanha e quando descem trazem envolto em folhas os okutas para o assentamento.

No odu ogbe meji, é descrito o culto a orisa Òkè, que assim como o orisa Olókun e Òrúnmilà vestem branco, mas que em suas oferendas recebem azeite de dendê.


Epa imóle 

Não existe òrìsà Irókò.



Autor: Olúwo Ifagbaiyin Agboola

Durante o processo que contribuiu com a vinda dos òrìsàs para o Brasil, por várias razões muito se perdeu.
A necessidade de esclarecer sobre alguns òrìsàs o público em geral nos obriga a assumir uma postura não de dono da verdade, mas de alguém que sustenta uma discussão sadia como benefício para o culto de òrìsà no Brasil.

Irókò na religião tradicional Yorùbá é uma arvore, (Chlorophora excelsa), a confusão se criou por conta de alguns mistérios envolvendo as divindades que são cultuadas entre as raízes da mesma, o fato de também ser habitada por espíritos àbíkú, complicou mais ainda os esclarecimentos sobre o verdadeiro culto ao òrìsàs Oluwere.

Oluwere é uma divindade que deve ser cultuado buscando vida longa, esse òrìsà contribui para melhorias na saúde, assim como afasta as energias negativas possibilitando uma melhor qualidade de vida.

O òrìsà Oluwere, pode ser cultuado também em outras arvores, a dificuldade maior é encontrar o local de culto adequado, mas algumas arvores centenárias podem ser usadas no culto a esse òrìsà, o Baobá, (Adansônia digitada), é um exemplo.

Irókò Ikú ko
Bere Ikú ko...

Irókò afasta a morte...

Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda?

  Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda? Quando me pediram para escrever sobre a Umbanda e o Ifá, pensei muito antes de aceit...