sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Orunmila isso é religião?


Autor: Babalawo Ifagbaiyin  Agboola.

Iniciações de quarenta mil reais no sul, iniciações de vinte mil reais em São Paulo, iniciações de vinte cinco mil reais no Rio de Janeiro.

Não me venham com a história que temos que ter ética e respeitar os preços de cada um, eu não respeito isso e vou seguir atacando essa loucura.

Um ebó para um empresário famoso foi cobrado sessenta mil reais, detalhe o material não custou cinquenta reais, isso quer dizer que o vigarista ganhou livre cinquenta e nove mil, novecentos e cinquenta reais.
A pergunta que gostaria de fazer, isso é religião?

Não somos seguidores de Jesus Cristo e não fizemos caridade o tempo todo, todos sabem que manter uma casa de religião custa muito dinheiro, agua, luz, impostos e a manutenção da estrutura tem um custo muito alto, mas usar isso como desculpa para roubar as pessoas é muita cara de pau.

Com o passar dos anos estamos assistindo um espetáculo dantesco às mulheres estão se vestindo com roupas de bailarinas que lembram muito as bonequinhas das antigas caixas de musicas e os homens seguem a linha do Aladim e o tapete mágico, esse vestuário estranho quase sempre tem um custo muito alto, e é financiado pelos menos avisados.

A loucura chega ao ponto de um sujeito levar vários anos para construir um imóvel e no dia da inauguração exigir que todos os seus filhos usem rechilieu, detalhe ele indica a loja e ganha comissão sobre isso, não satisfeito ele empresta dinheiro a juros altíssimos para que seus iniciados comprem a roupa para a bendita festa.
As pessoas chegam a tal ponto de delírio que distribuem entre os seus filhos a lista de presentes que o seu orisa quer ganhar no aniversário com ênfase anel de brilhante, corrente de ouro, pulseira em ouro branco, maquina de lavar de dez quilos e refrigerador duplex.

Eu até os dias de hoje não consegui entender essa patifaria, não sei o que acontece com as pessoas que se submetem a essa loucura, o desejo de ostentar que é iniciado em uma casa de alguém famoso tem um alto preço a ser pago.

Quase todos os famosos cobram muito caro, manter a fama tem um custo alto, um guarda roupa de uma estrela é mantido por altas quantias e algumas vaidades são sustentadas por pessoas que muitas vezes se privam de quase tudo para agradar os seus sacerdotes.

Pedir vinte, trinta, quarenta mil reais para uma pessoa para fazer uma cerimônia e conseguir dormir é fruto de uma história de golpes, contos, ludíbrios que traduzem o malfeitor, o individuo age com tanta naturalidade que enganar as pessoas faz parte da sua formação.

Estou acostumado há ser criticado por meus textos e esse certamente não vai agradar um grande número de espertos, essas figuras que recebem como pagamento de seus trabalhos, camionetas importadas, e até viagens para a Europa são os mesmos que usam as roupas extravagantes, recebem todo o tipo de espírito e criam um teatro ao seu redor.

Tem babalorisas que são acompanhados por um secretário com a função de cuidar de suas jóias quando dá incorporação do orisá me espanta que o orisá espere tranquilamente que cada um dos anéis e correntes feitos sobre encomenda sejam retirados com todo cuidado, antes de abençoar os pobres infelizes.

Olhar essas pessoas fingirem que estão incorporados me provoca, me agride, me incomoda, essa é a razão porque escrevo esse texto, minha paciência assim como a de muitas pessoas esta se esgotando, o roubo e a sacanagem ganha espaço dentro de nossa religião.

Não vou me calar diante de tanta patifaria, acredito que existe muita gente seria, religiosos exemplares que estão sendo prejudicados por esse bando de cafajestes, alguém tem que denunciar, calar é consentir, mais ainda é contribuir com esses bandidos.






Orunmila é a verdade.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin  Agboola.

Em agosto de 2010 participei de dois Itefás na cidade de Lagos na Nigéria, entre várias coisas que observei uma situação em particular me chamou a atenção.

Quando fomos levar o carrego dos itefás em uma propriedade próximo ao rio, meu Oluwo levou dinheiro, gin e obi para presentear o proprietário das terras.

 Antes mesmo de nosso pessoal começar os rituais, meu Oluwo e um grupo de babalawos foi visitar o líder de uma comunidade que administravam aquela propriedade, levou com ele uns presentes, mas, mais do que isso ele foi educado.

A falta de educação dos religiosos em nosso país é caracterizada em uma situação que é bastante comum nos dias de hoje, você convida as pessoas para vir a sua casa elas comem, bebem, dançam e ainda recebem espíritos, mas não perdem o hábito de falar mal de você, com naturalidade elas fazem comentários pejorativos.

Como é que alguém que se diz um religioso vem na sua casa e sai falando mal de você, muitas vezes essas pessoas precisaram de você, você as ajudou e até contribuiu com materiais e o seu trabalho para ajuda-las, porque isso acontece, porque as pessoas cospem no prato que comeram?

Alguns historiadores atribuem essa postura de nosso povo alegando que descendemos do pior tipo de gente que fizeram parte da tripulação das caravelas dos colonizadores.

Eu não concordo com isso, acredito que a influência da mídia nessas questões é a explicação para o problema, na vida moderna os pais trabalham fora e as crianças passam grande parte do tempo diante de um aparelho televisor.

Vamos analisar o seguinte, nas novelas todas as mulheres são apaixonadas e mantém um relacionamento com mais de um homem, os homens sabem que suas mulheres são apaixonadas por outro homem, ou por uma mulher e mesmo assim juram amor eterno, enquanto algumas mulheres se dizem apaixonadas visando o lucro financeiro.

A cada quadro que se apresenta demonstrações de falta de caráter e respeito se perpetuam de capítulo em capítulo de novela em novela, os jovens aprendem como fingir, como roubar e como iludir.

Não é raro ver meninas com cinco, seis anos dançando na boquinha da garrafa, isso gera o que nós estamos assistindo, me chama atenção que as autoridades não consigam controlar tal fato, jovens, crianças fazem sexo oral dentro dos carros por cinco reais, esse dinheiro serve para alimentar o vicio e a cada ato mais uma pedra é consumida.

Qualquer dia desses vamos sentir vergonha de ser honestos, já tivemos médicos famosos, estupradores, presidentes ladrões e policiais que erram o tiro e acertam a vitima, nossa história esta sendo escrita com mais erro que acertos, estranho que alguns religiosos não se pronunciem contra essa aberração.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Ifá é para todos.

Autor: Babalawo Ifagbaiyin  Agboola.

Com o objetivo de tentar esclarecer mais uma vez as dúvidas das pessoas que entram em contato conosco, vamos de forma clara e direta abordar alguns rituais da religião tradicional yoruba e do culto a ifá.

Isefá:

 Esse ritual que algumas pessoas tem nos questionado bastante sobre se é uma iniciação ou não, acredito que se você recebe o seu assentamento de Orunmila e através dele tem uma orientação de um odu, e recebe um nome de acordo com o mesmo, não existe como negar que é uma pré-iniciação, se é que podemos dizer assim.

Não podemos dizer que é uma iniciação, porque a pessoa não raspa e não é pintada, com efun (pó branco) e osun (pó vermelho), não recebe opele, nem opon e muito menos irukere.
Exemplo: Ose/ Ogbe.

A pessoa que faz isefá segue, com os seus princípios religiosos, sem alterar o fato da incorporação, no caso de quem se incorporava antes do ritual, esse ritual é muito indicado para pessoas que tem problemas para identificar os orisás mais adequados a serem cultuados.

O itefá é uma iniciação no culto de Orunmila, durante o ritual a cabeça é raspada e o corpo pintado com efun e osun, no itefá poderá ou não ser incluído opele, opon, o irukere é indispensável.
 A pessoa que faz itefá segue com seus princípios religiosos sem alterar o fato da incorporação, no caso de quem se incorporava antes do ritual.

Quanto a incorporação no caso de uma iyanifa existem alguns rituais que impede que ela incorpore, entre os rituais podemos citar aqui, a apresentação a Osun (antepassado), quando os antepassados do Egbe ifá reconhecem a sacerdotisa.

No caso dos babalawos, uma das diferenças é o reconhecimento do mesmo por Iya odu após essa cerimônia ninguém incorpora JAMAIS, isso defini uma das diferenças, de um itefá e um Ìtélodú (cerimônia que Iya odu reconhece o babalawo).
Exemplo: Irete/Iwori, Ogbe/Ate.

Raramente em um isefá a pessoa recebe o assentamento de Èsù, já no itefa é obrigatório o assentamento de ÈSÙ, em alinhamento com o odu do iniciado.

Existem exceções, em um isefá quando aparece à indicação de odus que falam de sacerdócio, tem sequencia o ritual e ifá é alimentado novamente, quando é incluindo um opele para estudo, dando inicio a preparação do futuro sacerdote, babalawo ou iyanifa.

O isefá pode orientar da necessidade de culto a orisás específicos, mas a identificação precisa dos orisá Ori ou orisá ire acontece no itefá.

O bori é indicado em alguns odus mesmo com a orientação do isefá, mas o assentamento de Ori só pode ser feito depois do itefá, onde Ori, odu e Èsù devem ser alinhados para que se cumpram as orientações de Orunmila.

Após o itefá pode ser indicado à iniciação do orisá Ori ou orisa ire, muitas vezes acontece do orisa Ori ser o mesmo orisa ire.

Orisá ire: É um dos orisás que faz parte do odu da pessoa, normalmente no encerramento do itefá, é consultado ifá sobre qual orisa esta trazendo benefícios e indicações positivas para o iniciado.

Exemplo:
Odu Irete/Ogbe: esse odu fala de problemas para a concepção, nesse odu fala muito Osun, Olósa e Olokun, esses podem ser os Orisás (ires), aqueles que vão beneficiar a pessoa, isso não quer dizer que o orisa Ori seja um deles, embora seja muito comum nesse caso orisa Ori Osun.

Orisa Ori:

 Essa é uma designação comumente usada para identificar o orisá da feitura, de um oloorisa ou um futuro babalorisa, é muito comum que a pessoa receba inúmeros benefícios dos orisás ires, mas pode acontecer que os aspectos positivos para a vida do iniciado, venha através do orisa Ori.

Ori:

No itefá é comum após identificar o odu à preparação do Ile Ori, não existe iniciação em Ori, existe sim etutu no iba previamente preparado em alinhamento com o odu de nascimento.
 Quem não passou por itefá oferece etutu em uma vasilha simples em sua cabeça, mas não tem Ile Ori.
Exemplo: Ogbe meji, Ogbe irosun, iwori meji, Oturupon meji.

Aje:

 Vejo muitas pessoas falando sobre iniciação em Aje, existem varias formas de iniciar no culto desse orisa, mas o ideal é após o itefa, Aje deve ser assentado com o odu de nascimento em alinhamento com o Ori e o Èsù pessoal ou Alajé. A iniciação correta proporciona resultados surpreendentes.
Exemplo: Ogbe meji, Ogbe/Obara, Ogbe/ ate.

Iya mi em algumas cerimonias de isefá ou itefá é comum identificar a necessidade do iniciado em ifá, pactuar com Iya mi, o certo é que a palavra iniciação não deve ser usado no culto de Iya mi, ninguém inicia em Iya mi!

Exemplo: Osa meji, Ogbe/Osa.

Baba Oro, após o itefá algumas pessoas do sexo masculino necessitam da iniciação no culto dessa divindade, o número de odus que indica iniciação em Oro é bastante reduzido.

Exemplo: Ate pa iwori .

Baba Egungun:

Algumas pessoas necessitam ser iniciadas no culto de Egungun após a cerimônia do isefá ou o Itefá é comum a iniciação nesse orisa.

Exemplo: odu Oturupon meji, Ika meji, Irete meji.

Algumas iniciações podem surgir de indicações durante consulta a Orunmila com opele.

O babalawo assim como a iyanifa pode orientar os iniciados a partir de uma consulta aos ikins do iniciado, mas também é muito comum que ele consulte com os seus ikins, existem situações que dispensa iniciações e ebós.

Exemplo: odu Irete/Oyeku

Para algumas pessoas o entendimento desse texto pode ser prejudicado principalmente quando abordamos os pactos com Iya mi mas existe a necessidade de manter algumas coisas entre as linhas e a abordagem com eufemismo se faz necessário.









domingo, 29 de setembro de 2013

BRASIL MOSTRA A TUA CARA.


Autor: Babalawo Ifagbaiyin  Agboola.


A história politica recente do Brasil é tão vergonhosa que parece que a mãe pátria deu a luz a inúmeros filhos sem nenhuma vergonha.

Em meio a escândalos, desvios de verbas e acidentes fatais envolvendo pessoas que denunciaram os corruptos, as páginas da história da nossa politica estão sendo escritas.

Partes de nossa população não escondem o instinto corrupto.

 A lei que se faz presente é a lei da vantagem, onde o que mais se vê é o uso do comportamento politicamente incorreto.

Nas religiões não é muito diferente da politica, acontece de tudo um pouco.
Constantemente atendo pessoas que se dizem iniciados, mas o relato delas me deixa bastante preocupado com o futuro de nossa religião no Brasil.

A ordem que essas pessoas descrevem de suas iniciações, não existe, assim como não existe iniciação em òrìsà, pelo correio.

Nos últimos meses tenho recebido relatos de pessoas que são iniciadas sem estar presente nos rituais, isso é impossível.

A falta de vergonha de supostos sacerdotes me faz pensar sobre a capacidade humana, me parece que tudo pode ser negociado, que tudo tem um preço e isso me envergonha.

Já denunciei várias vezes à venda de òrìsàs pelo correio!

 Você recebe em casa Egbe Orun, Obalúwàiyé, Èṣù Awure, Ṣàngó e outros òrìsàs, sem ter tido qualquer contato com os sacerdotes que preparam esses òrìsàs.

Como é que um òrìsà é preparado na Nigéria para uma pessoa sem a sua presença?

Essas loucuras necessitam ser combatidas.

 Hoje um sujeito me ofereceu na rede social, segredos do culto de Iya mi, me parece que as pessoas estão sem nenhum escrúpulo.

Alguns awos de hoje, desconhecem que existem várias formas de alimentar um opele.

 O opele que passa por rituais junto com ifá na iniciação passa por outros rituais bem diferentes, para atender clientes, existem vários tipo de opele e várias consagrações diferentes.

No caso do opon, assim como opele, cada tipo de consagração tem uma finalidade, o opon do awo ifá, é consagrado diferente, do opon do Bàbàláwo.

O processo que envolve a formação de um Bàbàláwo é fundamentado em muita dedicação e paciência, além de muita seriedade e responsabilidade.
Está sendo criada uma nova versão do que é a religião tradicional yoruba, distorcendo o que ela tem de mais bonito e mais puro.

Será que as pessoas acreditam que o dinheiro compra tudo?
Existem pessoas em nosso meio prejudicando a imagem daquilo que mais respeitamos, que é o òrìsà.

Quando isso tudo vai ter uma solução?

A questão é histórica, o culpado é aquele que aceita o dinheiro, ou o que paga por algo que não tem direito?

 A vergonha maior é saber que tanto um como outro sempre vão procurar justificar os seus atos com boas intenções.









quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Iniciação em ifá sem mistérios




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Quando se ouve falar de um itefá algumas pessoas menos avisadas imaginam algo impossível de ser feito no Brasil.

Na verdade o itefá já é feito no Brasil há muitos anos, vejo falar de tudo, leio coisas que parecem um conto de fadas, já li desde plantas especiais, até tipo de terra especial em um Igbodu, em meio a tudo isso fico imaginando o que o leigo consegue entender sobre a iniciação em ifá e as suas implicações.

É evidente que entre esses grandes números de informações destorcidos, existem duas ou três razões, a primeira delas é a falta de informações das pessoas que divulgam, a segunda eu considero pior, que é o interesse em dificultar para que se sinta a implicação direta de que quanto mais difícil mais caro deva ser cobrado.

Então seguindo os versos de ifá, vou tentar afastar os mistérios de uma iniciação, pretendo aqui descrever alguns rituais sem ofender os segredos contidos dentro do Igbodu.

Todos sabem que para que um itefa seja realizado, é necessário mais de um Bàbàláwo, na Nigéria é comum se ver, vinte Bàbàláwos para fazer um itefa, lá tudo é bem diferente daqui e os Bàbàláwos são muito unidos, todos respeitam as diferenças familiares em rituais e convivem em harmonia, o fato de necessitar várias pessoas para um itefá, poderá ser percebido conforme segue a orientação de Orunmila nesse ifá.

O trabalho que envolve uma iniciação pode ser visto de duas formas, existem dois tipos de Igbodu, o que é construído só com folhas ou aquele que já é pré-construído e abriga ìyá odu, durante todo o ano, esse segundo é mais comum, haja visto que todos sabem que mulheres não podem ter acesso a esse assentamento, então na Nigéria é comum que ìyá odu seja mantida em uma pequena construção de alvenaria ou madeira.

Outro erro que é visto no nosso país e a referência ao Igbodu, (floresta sagrada), tradução essa que é vista por leigos como a necessidade de iniciar uma pessoa em ifá no meio das matas, é verdade que em algumas aldeias retiradas, ainda tem bastante árvores, mais ninguém fica no meio do mato abandonado por três dias e três noites, me divirto quando ouço esses relatos.

Após a consulta a ifá que identifica o momento exato da iniciação e é constatada a autorização de ifá, para que aquele sacerdote dirija a cerimonia após a chegada da pessoa a ser iniciada, com todos os matérias que foram previamente comprados de acordo com a orientação do Bàbàláwo, se inicia as cerimônias, que depende da família, são em torno de 50 rituais diferentes.

Um ou dois Bàbàláwos são encarregados de preparar o Igbodu com folhas, dividindo a entrada e o espaço a ser utilizado em duas partes, um dos Bàbàláwos após a preparação do ambiente, alimenta a terra e pede permissão para construir o caminho que eleva ao ambiente sagrado, depositando na terra, búzios e dois ou três elementos a mais em número impar de um lado e par do outro lado da estrada, que dá acesso ao local, previamente preparado.

O grupo que vai participar da iniciação se divide em tarefas, enquanto a ìyá apetebi cuida dos pertences do iniciado, a Iyanifa prepara o carrego para a entrada no Igbodu, em meio a isso, o Oluwo e o Bàbàláwo amarram simultaneamente em um dos braços e uma das pernas um pedaço de tecido virgem branco que contém uma parte de um dinheiro que representam o pagamento para o inicio dos rituais.

Começa então um cortejo que se desenvolve em direção ao Igbodu, com o Oluwo na frente conduzindo Osun (antepassado), que representa o reconhecimento dos antepassados para o ritual que se inicia, seguido pelo Bàbàláwo e a ìyá apetebi, com o yangui de Èṣù, sobre a cabeça, esse ritual que apresenta o iniciado aos antepassados dos familiares retrata o esforço que ele faz para agradar as divindades, em um carrego bastante amplo, amostras de cada um dos elementos a serem usados na iniciação, são conduzidas sobre a cabeça do iniciado, acompanhado dos membros do egbe ifá, amparado pelo Iyanifa que agrada com dendê, gim, algumas divindades aos pés do cortejo.

Na entrada do Igbodu o iniciado vai estar vendado, pois até que sejam formalizados os rituais para que ele entre na parte que antecede o Igbodu, muitas coisa acontece, ele é envolvido em um clima de expectativa sentado segurando os animais e o material, enquanto o Oluwo e o Bàbàláwo oferecem Obì e orógbó para Èṣù Odara e Orunmila.

Após a autorização a venda é retirada todo material é colocado dentro do Igbodu e se inicia a raspagem do iniciado, é claro que todos entendem a razão de omitir alguns detalhes aqui, vamos seguir a descrição, deixando pequenos espaços, mas desmistificando o grosso dos rituais. Os rituais prosseguem simultaneamente, os mesmos Bàbàláwos que preparam Osun (antepassados), previamente para a cerimônia reservam uma parte das folhas que vai ser usada junto com um elemento especifico para lavar os olhos das pessoas que vão começar os rituais dentro do Igbodu.

O primeiro grupo trabalha na preparação da parte interna do Igbodu, e o segundo grupo prepara o iniciado, pode acontecer nesse espaço de tempo que um terceiro grupo busque fora elementos que caracterizam o ritual que jamais podem ser mencionados ou vistos por quem não tenha participado de tal ritual antes.
O numero de cerimônias da uma dimensão da quantidade de trabalho, esse número grande de pessoas precisa usar os banheiros que devem estar limpos e evidentemente precisa estar bem alimentados, o que implica em muito trabalho nos bastidores.

Após a entrada o Oluwo e Bàbàláwo agradam ifá, Iya odu, Osun (antepassados) e Èṣù, não necessariamente nessa ordem mais em ordem que não vamos divulgar aqui, o iniciado que antes da entrada passou por uma consulta a ifá, e por um ebó riru, agora com a cabeça raspada, vai conhecer o seu odu, que em seguida vai ser alimentado é evidente que antes disso são feitos alguns imules e antes que o awo coloque os olhos no seu ifá, da terra vai brotar o segredo.

Depois disso alguns rituais envolvendo banhos, pinturas e a preparação da nova roupa do awo, devem ser feitos de forma reservada, por pessoas do mesmo sexo, considerando o fato de que para colocar uma roupa é necessário tirar outra que vai ser despachado junto com o cabelo, em um local que não vamos definir aqui, posteriormente a isso e só posteriormente a isso, o Èṣù do iniciado vai ser alimentado, em alinhamento com o odu ifá do awo.

Após essa parte, todos os participantes fazem um intervalo onde se alimentam e planeja a segunda etapa, na segunda etapa o Èṣù da casa é alimentado, e abençoa o caminho do novo iniciado como membro do egbe.
Seguimos descrevendo evidentemente em uma ordem que não deixe nítido o teor e a sequencia dos rituais, o grupo desenvolve várias atribuições ao mesmo tempo, em um dado momento ifá do iniciado sai do Igbodu para ser alimentado fora, porque o awo deve presenciar esses rituais, e nem sempre quem participa de um itefa, em um futuro pode ter acesso a um Igbodu.

Após esses rituais pequenos rituais, mas de grande importância confirmam o awo, como membro do egbe, o awo que fez vários imules e compactuou com o segredo e assumiu a responsabilidade com a verdade, é parabenizado por todos os membros do egbe, agora montado por Orunmila em um momento único, abençoa todos os membros que participaram do itefa.

Em algumas famílias esses rituais são divididos em três partes, que podem ser feitos em três ou sete dias, a grande maioria das famílias faz em três dias, quando o awo vai ao rio em outro ritual que não podemos descrever aqui, ele se desfaz de sua vida pregressa, portador agora de um novo nome, que o identifica com uma nova vida.

Quando me propus a escrever esse texto foi sabendo que os palpiteiros de plantão vão comentar a minha ousadia, não vejo que eu esteja revelando algum segredo, esse texto tenta contribuir para o esclarecimento visando afastar, definitivamente as histórias mirabolantes do que é ser iniciado em ifá.

Do itefa ao Ìtélodú muito pouco pode ser descrito aqui, por razões bem claras, não vamos explicar as três cerimonias que diferem um itefa de um Ìtélodú.
Que fique claro:

Só um Bàbàláwo passa por um Ìtélodú.

Só um Bàbàláwo faz imules com Iya odu.

 Só um Bàbàláwo vê Iya odu

 Aquele que vê Iya odu, não incorpora.

Que um Bàbàláwo, não consulta mérìndilogun, consulta opele e ikin.

 Aquele que é submetido a um itefa pode incorporar ou não o seu òrìsà.

 Aquele que é submetido a um itefa pode ser um Babalórisá, Ìyálóòrìsà, ou Olóòrìsà, e que essas pessoas não veem Iya odu.

 Que uma Iyanifa ou Iyaonifa consulta opele e ikin, mas não vê Iya odu.

Que babalorisa não consulta mérìndilogun em cima de opon.

Que opon ifá, é um instrumento usado por Bàbàláwos e awos com permissão de seus Oluwo.

Que opele ifá, é um instrumento usado por Bàbàláwos, Iyanifas, awos, com permissão do seu Oluwo.

O itefa é uma cerimônia de iniciação em ifá.

O Ìtélodú é o reconhecimento do sacerdote por Iya odu.

O Igbodu é o local que identifica áreas com diferentes funções parte do Igbodu, só acessada pelo Bàbàláwos, a área que antecede o local onde fica Iya odu que geralmente também chamada Igbodu, é acessada por pessoas que só tem a cerimônia de itefa, ou Iyanifas. A designação de Igbodu é muito diferente da descrita em literaturas criadas por pessoas que não foram submetidas ao Itelodu.

Awo Elegan é a pessoa que é submetida ao itefa, mas que jamais vai ver Iya odu.




Orunmilá me de muita paciência.




Autor :Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Tenho observado com certa surpresa a cara de pau de algumas pessoas de fora do nosso país, que acreditam que os brasileiros são idiotas.

Essas figuras que quase sempre ostentam um nome em yoruba, bastante chamativo se propõem a vender a cueca de algum antepassado distante, com a promessa que a roupa intima opera milagres, esses malucos vendem a própria mãe.

Os comerciantes de plantão aparecem engolindo fogo, enfiando faca na orelha, se dizendo incorporado com uma divindade, acredito que estão incorporados com a falta de vergonha, porque ao mesmo tempo em que se dizem eleguns de orisás também ostentam os titulo de babalawo, tendo a coragem de postarem fotos fazendo ebó riru.

Mas não é só fora do nosso país que tem comerciantes, outro dia recebi uma mensagem de um babalorisa de São Paulo me convidando para uma consulta, ele queria jogar búzios para mim, e dizia no corpo de sua mensagem que ele tinha a solução para os meus problemas, acontece que eu nunca falei com esse senhor e também não tive nenhum contato com ele, nem pela internet como é que ele tem tanto poder?

O facebook virou um grande mercado, você pode vender tudo sem nenhuma fiscalização, acontece que as pessoas desconhecem Ajagunmale, e não sabem o perigo que estão correndo, as suas atitudes não vão passar despercebidas.

Recentemente acompanhamos fatos bastante desagradáveis para quem cultua ifá, mas a ação de Ajagunmale sem dúvida representa a sabedoria divina, e essas pessoas que estão sendo desmascaradas na internet por incrível que pareça estão contribuindo com suas ações indignas para despertar as pessoas de nosso país, sobre esses acontecimentos lamentáveis.

Historicamente a internet em nosso país, serve para desmascarar os falsos profetas, as pessoas esquecem que a Nigéria, via internet esta alguns segundos de distancia do Brasil, e que tudo que é escrito aqui é lido lá, o último episódio envolvendo um suposto sacerdote de Sango, deixou claro que nossos irmãos do lado de lá, do oceano, nos observam o tempo todo.

Fica aqui o alerta para as pessoas que pretendem se iniciar ou até mesmo comprar algum material necessário para rituais, pesquisem profundamente os supostos vendedores antes de depositarem o seu dinheiro, pois como sabemos tem gente até vendendo iya odu pelo correio, o pior disso tudo, que tem gente que acredita que vai de fato receber iya odu, mas quando chega à mercadoria tem folhas secas dentro da vasilha.

O desconhecimento da função de Ajagunmale, e Osun (antepassado), na vida do iniciado em ifá, caracteriza o desconhecimento que a todo o momento estamos sendo vigiados por nossos antepassados, e que Orunmila tem várias faces, Ajagunmale é a sua face, mais temida, ele não perdoa, ele não aceita etutu, ele não esquece.


OFUN/OSE

Eni to ba puro
Iro a pa
Eni ti o ba seke
Eke a ke won lowo
A ke wån lese
A ti won si gburugburu ona oun
Awon lo se ifa fun ajangurumale
Ti nse oluwo lode orun
Gbogbo eni ti o ba
Nfi suru pe suru
Ajangurumale ifa
Ni yoo ja won sorun
Gbogbo eni ti o ba
Nfi suru pe suru
Ajangurumale, ifa ni yoo ja won sorun
E ma fi oku pe aye
E ma fi aye pe oku
Eni ti o ba fi oku pe aye
Eni ti o ba fi aye pe oku
Ajangurumale ifa ni yoo ja won sorun
Ajangurumale
E ma fi abiyamo pe agan
E ma fi agan pe oyibi
Eni ti o ba fi abiyamo pe agan
Ti o fi agan pe oyibi
Ajangurumale, ifa ni yoo ja won sorun.

Este itan do Odu Ofun-Ose, narrado ao Babá King pelo venerável Babalawo Fabunmi Sowunmi

Aquele que mente será destruído pela mentira.
Aquele que provoca discórdia será destruído pela discórdia.
A falsidade despojará o falso da força vital de que dispõe.
 A falsidade destruirá os falsos.
Foram eles que adivinharam para Ajagunmale (Ifá), sábio supremo no orun.
Todos aqueles que trocam a verdade pela mentira serão levados para o orun por Ajagunmale (Ifá)
Não chamem o morto de vivo, nem chamem o vivo de morto.
Quem chama o morto de vivo ou chama o vivo de morto será levado para o orun por Ajagunmale (Ifá)
Não chamem uma mulher fértil de estéril, nem chamem uma mulher estéril de fértil.
Quem chama uma mulher fértil de estéril ou chama uma mulher estéril de fértil será levado para o orun por Ajagunmale (Ifá)
Não chamem o preto de branco, nem chamem o branco de preto.
Quem chama o preto de branco ou chama o branco de preto, será levado para o orun por Ajagunmale (Ifá)
Orunmilá diz que prefere matar o babalawo que mente para quem o procura em busca da verdade e colocar em seu lugar um homem ignorante a respeito da complexa sabedoria de Ifá.

Orunmilá prefere um homem que não conhece a sabedoria de Ifá do que um grande conhecedor dessa sabedoria que seja falso e mentiroso.




domingo, 22 de setembro de 2013

Orunmila é quem escolhe um Araba.

Homenagem ao Oloye Akano Fashina Agboola
Autor: Babalawo Ifagbiyin Agboola

Ao longo do tempo a história humana vem sendo escrita pelos povos que detém o poder bélico, logístico ou financeiro, o poder quase sempre detém a informação e a transforma em arma de manipulação.

No caso da escolha dos arabas no território yoruba essa máxima da historia humana citada acima, perde o sentido e o saber ocupa o espaço do poder.

Quando uma pessoa quer ser iniciada em ifá, nada a não ser ifá pode impedir a iniciação, já quando uma pessoa pretende ser um babalawo a indicação do odu é fundamental, alguns odus indicam claramente que a pessoa deve ser iniciada como sacerdote, como é o caso do odu irete meji, que diz (aquele nascido nesse odu, de sexo masculino deve já na infância ser iniciado como babalawo).

Ser um oluwo já é bem diferente, implica no fato de poder iniciar outros babalawos, para isso, ele necessita além de ter alguns assentamentos, ter conhecimento para fazer as iniciações.

Para se tornar um araba a historia é bem diferente, primeiramente você deve ser um babalawo, que se tornou um oluwo, com muitos anos e com muitas iniciações reconhecidas, em seu histórico de sacerdote.

Um araba é um babalawo, que tem o apoio da totalidade dos babalawos, de sua cidade ou família, o critério para a escolha passa por uma sabatina que pode levar ate três dias e três noites de incansáveis questionamentos sobre odu.

Quando conversei com o araba Awodiran sobre esse assunto, ele relatou o processo de sua escolha, com uma palavra, proeminência, a escolha do candidato é baseada na historia do mesmo, ele deve ser uma pessoa de notório saber e de um caráter exemplar.

Já a confirmação do mesmo no cargo somente após a sabatina isso será reconhecido pelas autoridades da região, no caso o rei, quando o rei participa de um evento ele reconhece a importância politica ou religiosa e fortalece o mesmo diante da população.

Voltando ao caso da escolha araba Awodiran mais de cem babalawos participaram da sabatina. Ele recitou mais de dois mil e quinhentos versos de ifa, só após o reconhecimento de todos os babalawos, o rei o reconheceu como araba.

A historia de alguns arabas faz parte da historia da cultura de ifá, um exemplo claro disso é a historia do pai do araba Awodiran (Oloye Akano Fashina Agboola), alguns de seus discípulos se tornaram arabas, a importância dele é confirmada no bairro de Ebetu Meta, na cidade de Lagos, a rua que ele morava recebeu o nome de Odu Ifá, em sua homenagem e sua casa é mantida até hoje, como local de estudo e pratica de rituais religiosos, unindo babalawos de todo o território yoruba.

A função de araba é o símbolo do reconhecimento espiritual somado a aceitação unanime de seus pares, o homem que se torna um araba é respeitado e reconhecido dentro e fora do território yoruba, é verdade que algumas pessoas infelizmente não conseguem compreender a importância desses sacerdotes, homens ou orisás em terra, exemplos a serem seguidos.

Na cerimonia de reconhecimento de um oloye (aquele que possui o cargo), existe um ritual que é bem conhecido a grande maioria das pessoas já deve ter visto fotos onde o escolhido aparece com algumas folhas penduradas dos dois lados do rosto, a foto é muito bonita a cerimonia é publica, mas até chegar ai, é uma historia, não existe iniciação para araba a figura de um araba é construída com dedicação, trabalho e muitos anos de estudo.


Odu otura Meji

In the spirit of Religious Tolerance, I hereby felicitate with the muslims all over the wotld for the Eid-el Fitr from the Divine Message of Olodumare, "Otua Meji" as follows;

Baba Araba ni Baba
Baba Araba ni Baba
Eni a ba laba ni Baba
Eni a ba niwaju ti to Baba enii se
Adifa fun Baba Imole a bewu osingin lorun
Tii nsawo lo ile Hausa
Won a ni owo sa, aya sa, omo sa, ile sa, ire gbogbo alaafia
Stay blessed the moslems, christians and african traditional religionists. .(Araba Awodiran Agboola)

Tradução Português

No espírito de tolerância religiosa, tenho a honra de viver feliz com pessoas de outras religiões do mundo inteiro, graças a Olodumare como segue no odu Otura Meji, segue:

A pessoa com o título de Araba é um pai
O título de Araba faz um pai
A pessoa que encontramos na cabana é um pai
A pessoa na frente é bom o suficiente para ser nosso pai
Mensagem Divina revelada por um muçulmano idoso com robe elegante
Ia em missão espiritual para a terra dos muçulmanos (Hausa).
Eles oram por dinheiro, boas esposas / maridos, bons filhos, casas condizente, boa saúde e todas as coisas boas da vida ALAAFIA.

Que fique abençoados os muçulmanos, cristãos e religiosos tradicionais africanos.(Araba Awodiran Agboola)


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