quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Orunmila me ajude a ter calma.


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Na tentativa de contribuir com as pessoas que não tiveram oportunidades de aprender estou postando esse texto.

O grande número de postagens de fotos com pinturas bastante criativas na internet nos faz pensar sobre o que deve estar acontecendo, será falta de informação ou espirito carnavalesco do qual tanto se fala no nosso país.

Vi algumas fotos com pinturas bastantes estranhas no facebook, awos com a cabeça pintada de wagi, a única explicação que encontrei para isso que deve ser uma iniciação para Smurf.

Na religião tradicional yoruba alguns princípios caracterizam o que esse povo acredita ser de suma importância em suas vidas, à pintura é uma dessas expressões, quando um awo é pintado com osun e efun, elemento que representa o aspecto feminino e masculino, a intenção é buscar fecundidade para os atos.
O osun elemento feminino de cor vermelha representa com sua intensidade as grandes mães ancestrais e os orisás femininos.

O efun elemento masculino representa Obatala e os orisás funfuns.

O wagi que não é usado na iniciação de ifá representa o terceiro elemento, o elemento procriado, e a interação resultando os orisás filhos.

A pintura que usa em parte o elemento mineral e vegetal é antecedida pelos rituais de banho elemento vegetal que preparam para o oferecimento do alimento animal.

As iniciações assim como os ebós buscam o equilibro entre esses elementos, trazendo assim para a vida do iniciado um resultado de bastante equilíbrio.

Esses rituais todos os sacerdotes dos cultos de orisá deveriam saber, mas como é comum ver iyawo com as pinturas do grupo Timbalada da Bahia, concluo que ou as pessoas não sabem ou elas estão brincando com a vida dos iniciados.

Cruzes e símbolos cabalísticos devem ser deixados para os católicos e os que cultuam a religião judaica. Na cultura yoruba cada desenho tem um significado nos tecidos ou nas paredes das casas, assim como a pintura dos iniciados, as figuras desenhadas buscam atrair energias que representam a fecundidade, a prosperidade e a longevidade.

A cor vermelha do osun é encontrada em pinturas nos assentamentos dos orisás femininos, se harmonizam com a cor branca do efun, encontrado nos assentamentos de Obatala, orisa Oke e orisa Olookun.

É comum ver o uso do wagi nos assentamentos de orisás que chamamos de orisás filhos como Ogun e Ososi e outros orisás.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O estudante de ifá.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin  Agboola.

Em um isefa quando aparece como odu regente naquele momento servindo de referencia e orientação para o pré-iniciado o odu ogbe Méjì e alguns outros odus específicos o babalawo orienta a pessoa que ela tem que ser submetido há outra pequena cerimônia e se ela concorda inicia-se o seguinte processo:

- No período indicado por ifá que pode ser até o terceiro dia ou logo após a apuração do odu o ifá é alimentado novamente incluindo agora um opele para praticar.

- Primeiramente se aparecer esse odu o pré-iniciado ficará em um espaço reservado esperando o babalawo alimentar iya odu imediatamente.

- Após segue o ritual de alimentar o ifá e o opele, porém a partir desse momento o pré-iniciado passa por mais uma cerimônia onde babalawo entrega o opele e orienta a pratica.

- Na Nigéria em território yoruba é costume pintar com efun a impressão dos odus em folhas de ewe eko, essas folhas são penduradas na casa do estudante que inicialmente deve gravar em sua memória a impressão dos 16 odus, mais antigos.

- Em território yoruba esse primeiro opele quase sempre é confeccionado com pequenos pedaços de cabaça.

- Existe uma grande diferença entre os isefas comuns e o citado acima, o odu ejiogbe indica o sacerdócio, sendo assim um babalawo que não tem iya odu deve levar imediatamente o pré-iniciado para a casa de seu oluwo, então o ritual para iya odu é feito no assentamento do oluwo.

- Depois de algum tempo o pré-iniciado que foi orientado no isefá fará o Ìtélodú, é importante explicar que se no isefa Orunmila indicar o sacerdócio não é feita a cerimônia do itefa como a iniciação de um babalorisa, os rituais necessários devem ser feitos para consagrar o babalawo.

- Passado algum tempo o agora awo passará por outro ritual onde demonstrará o seu conhecimento sobre os odus e nesse momento será confeccionado os novos opeles.

- Só após o Ìtélodú será orientado o estudo dos 240 Omo odus.

- Com o opele alimentado e conhecendo os odus que inviabilizam o uso do opele os estudos se aprofundam.

- A partir desse momento começa uma longa história, de dedicação fé e carinho entre o estudante e o seu instrutor, só com muita dedicação o estudante passará para um novo estágio em seus estudos.

- A consulta aos ikins, e os odus que inviabilizam o uso do opele, só são divulgados após o juramento dentro do igbodu.

- Obs: Cada pessoa reage diferente ao processo de estudo, algumas têm uma inteligência comparativa outros não, por essa razão o Ojugbona (instrutor), necessita ter uma didática bem apurada.
Algumas pessoas conseguem decorar e gravar as orientações em um prazo bem menor que outras.

 Então pode acontecer que todo o processo acima citado evolua em um período de tempo bem pequeno, mas desse ponto até iniciar outras pessoas o processo é bem demorado.

Um babalawo que não tem conhecimento quando faz rituais que não esta preparado  compromete o nome da família, a saúde dele e das pessoas que ele atende.

Pior que isso o babalawo que não tem conhecimento entra em conflito com os orisás e seus antepassados.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Orunmila e Ifá, dúvidas frequentes.




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

1 - A pessoa que faz itefá deixa de incorporar as entidades que ela cultua anteriormente?
Resp. Não, somete quem faz Ìtélodú não incorpora mais, o itefa é muito indicado para babalorisas e iyalorisas e isso não prejudica, pelo contrário favorece a ligação com o orisa.

2 - O assentamento de Orunmila tem okuta?
Resp. Não, o assentamento de Orunmila só tem ikins de quatro olhos ou mais.

3 - A mulher pode ser iniciada em ifá?
Resp. Sim, existem dois tipos de iniciações para mulheres, uma que ela se torna omo ifá e outra que ela se torna iyanifa, as duas partem do itefa.

4 - Um iniciado em ifá pode ser pintado com waji?
Resp. Não, o iniciado é pintado com efun, (masculino) e osun ( feminino), essa interação representa a fecundidade e a prosperidade, assim como a transcendência e a evolução espiritual.

5 - Quem faz isefá recebe nome?
Resp. Sim, quem faz isefa recebe nome e é considerado um membro da família do babalawo que iniciou, sendo caracterizado um elo de ligação que responsabilidade o sacerdote pelo pré iniciado, considerando a verdadeira iniciação é o itefa.

6 - Para fazer isefa raspa a cabeça?
Resp. Não, somente no itefa raspa a cabeça.

7 - Existe iniciação para iya apetebi?
Resp. Não necessariamente a iya apetebi é a mulher do babalawo que deve ser submetida a um isefa ou itefa, mas isso não é iniciação de iya apetebi.

8 - Existe algum cargo acima de babalawo na religião tradicional yoruba?
Resp. Não, Araba e Oluwo são funções exercidas por babalawos embora isso não caracterize que todo o babalawo possa um dia ser um Oluwo ou um Araba.

9 - Existe a possibilidade que exista um Araba ou Oluwo que não seja Ogboni?
Resp. Não, se isso acontecer certamente esse sacerdote não vai ter acesso há muitas informações fundamentais.

10 - Um Babalawo pode ter mais de uma mulher?
Resp. No Odu ogbe Meji diz que um Babalawo deve ser um exemplo e que ele deve cumprir as leis, sendo assim um Babalawo brasileiro que reside no Brasil não pode ter mais de uma mulher. Odu osa iroso, o adultério não faz parte da vida daquele que segue ifá.

11 - Um Babalawo pode trabalhar em outra atividade fora da religião?
Resp. Um babalawo pode sim trabalhar em outra atividade, diz Orunmila que um babalawo não deve comercializar as coisas de Ifá.

12 - Um Babalawo pode jogar búzios?
Resp. Um Babalawo consulta ifá com Opele.

13 - Uma mulher pode consultar Ifá com Opele?
Resp. sim se ela for iniciada como Iyanifa.

14 - Qual a roupa usada na iniciação de ifá (itefa)?
Resp. Só existe um tipo de roupa na iniciação, tanto para homens como para mulheres a roupa é um tecido branco que deve envolver o corpo, finalizando com um nó sobre o ombro esquerdo.

15 - Quanto dia dura uma iniciação em ifá?
Resp. de três a dezessete dias.

16 - Depois de quanto um iniciado em ifá submetido ao Ìtélodú pode iniciar outras pessoas.
Resp. Cada caso é um caso, mas em media depois de quatro a cinco anos.

Obs: esse tempo pode ser considerado a partir do momento que o iniciado é submetido a um segundo ritual após o isefa, onde ele recebe um opele, para praticar.

17 - Existe algum ritual que envolve a liberação do uso do opele para consultas de clientes?

Resp. primeiramente que existe mais de um tipo de opele, a consagração do opele para estudo envolve o ritual onde o opele é alimentado junto com ifa do iniciado, já o opele para consulta de clientes é submetido a um ritual completamente diferente que não deve ser divulgado, o awo para praticar recebe um único opele que pode ser de cabaça ou fava, já para consultas de clientes os opeles recebido pelo babalawo são no mínimo dois, considerando que alguns odus queimam o opele, a necessidade de mais de um é caracterizado após o período de estudos.

18 - Mulher pode ver o assentamento de iya odu se ela for uma iyanifa?
Resp. Não nem mesmo sendo uma iyanifa a mulher pode ver iya odu.

19 - A pessoa que é Umbandista ou Candomblecista pode ser iniciada em ifá?
Resp. Sim, ela deve  por varias razões, mas umas das principais razões além de conhecer os ewos, é identificar claramente os orisás que devem ser cultuados.

Obs: No Brasil é comum que as pessoas tenham inúmeros orisás assentados, isso implica diretamente em mais trabalho, mais culto, e não necessariamente em resultados positivos, muitas vezes as orações feitas para um único orisá, podem render um resultado melhor do que as feitas para vários orisás, explico em nosso país temos o habito de rezar para cada orisás de acordo com o problema que enfrentamos, já no território yoruba essa prática não existe, é comum ver pessoas que são iniciadas para um ou dois orisás.

20 - Uma pessoa que não é feita para um orisa pode ser iniciada e receber um assentamento?
Resp. Sim, não é comum mas acontece de pessoas que não são feitas serem iniciadas para um orisa especifico, exemplo o isefa onde a pessoa não é feita e recebe o assentamento de Orunmila.

21 - Em um isefa é assentado esu para o pré-iniciado?
Resp. Sim dependendo do odu.

22 - Orunmila se alimenta de animais masculinos?
Resp. Sim, dos 256 odus, em  8 Orunmila se alimenta de animais masculinos.

23 - Iniciado em ifá no ritual de itefa coloca na cabeça pena de Agbe ou Aluko?
Resp. Não, um iniciado em ifá é apresentado com uma pena de  ekodide, (ofun Meji ou orangun).
Obs: Apena de ekodide não deve ser usado sobre pano de cabeça ou kete, para o uso do ekodide existem várias normas, exemplo: no momento que o iniciado esta com a pena colocada em sua cabeça, ele não toca o solo com o ekodide, (odu ogbe Meji), (aquele que usa o ekodide deve ser respeitado).

24 - Quantos ikins são necessários no assentamento de Orunmila?
Resp. Um mínimo de 18 ikins.

25 - Quanto tempo demora a cerimonia do isefa?
Resp. De uma hora a três dias, depende da orientação de Orunmila.

26 - Quem faz uma pré-iniciação, isefa recebe opele?
Resp. Sim, em um Caso especifico quando o odu indica a necessidade de Ìtélodú, em um segundo ritual o opele para praticar é consagrado para o uso de estudo, até a preparação para o Ìtélodú.

27 - Quem faz itefa recebe opon e iroke?
Resp. normalmente não, somente quem faz Ìtélodú recebe esse instrumento que são usados por babalawos e iyanifas.

28 - A pessoa pré-iniciada segue o sistema de ose no assentamento de Orunmila semanal?
Resp. Não a orientação do ose semanal, é indicada para alguns odus, em outros ifá alerta que o assentamento não deve ser limpo, enquanto o compromisso assumido de um itefa subsequente não seja realizado.

29 – quem é submetido ao isefa recebe ide ifá?
Resp. Sim, Okanran ogbe.

30 – Os ebós feitos no opon seguem alguma regra? E quem pode fazer esses ebós?

Resp. Os babalawos e iyanifas podem fazer ebó riru seguindo uma regra básica, que consiste em seguir uma ordem pré-estabelecida dentro do egbe louvando Olodumare, Orunmila, os orisás e  os antepassados da família.
Cada família segue uma sequencia, o babalawo recebe diretamente dos seus iniciadores os nomes e os odus a serem louvados dentro da sequencia do egbe, assim como os odus de esu que devem ser usados e os odus transformadores de negativos em positivos.






terça-feira, 3 de dezembro de 2013


A responsabilidade do Babalawo Brasileiro



Autor: Babalawo Ifagbaiyin  Agboola.

Durante a viagem de retorno de São Paulo para Porto Alegre eu estava conversando com a minha Iya apetebi sobre um assunto que gostaria de compartilhar com os amigos, o babalawo brasileiro.

As pessoas que praticam a religião de orisá no Brasil devem analisar com calma a responsabilidade do Babalawo brasileiro, ela é muito maior que a responsabilidade de um Babalawo (Yorubano),explicarei as razões:

Primeiro, porque o Brasil é o país que mais cultua orisa no mundo.

Segundo porque precisamos preencher a lacuna deixada em aberto na historia do Ifá no período da escravidão.

Terceiro a necessidade de corrigir alguns equívocos no culto de orisa no Brasil é fundamentada no conhecimento sobre ifá, só quem conhece profundamente poderá orientar e esclarecer.

A figura do babalawo é historicamente respeitada o conhecimento, a ética e o caráter avalizam a postura do sacerdote, um babalawo deve ser uma reverência e um exemplo para a comunidade.

O babalawo brasileiro na atualidade tem uma missão bastante difícil, ele necessita iniciar muito mais pessoas que os babalawos nigerianos, a pessoa sendo indicada por ifá a um caminho de sacerdócio deve ser iniciada imediatamente.

A falta de babalawos no Brasil é muito grande precisamos iniciar bons sacerdotes para que em um futuro o culto a ifá seja restabelecido em proporção ao culto de orisa em nosso país.

Algumas pessoas me criticam porque cobro menos da metade que alguns babalawos, explico o porquê :

Entendo ifá em minha vida não como uma escolha minha e sim como uma missão a ser cumprida se eu cobrar muito vou dificultar as iniciações e a minha missão é facilitar o contato com ifá.

Compreendo que faz parte do meu destino assim como de outros babalawos iniciar sacerdotes sérios para que em um futuro o Brasil seja reconhecido pelo bom nível dos sacerdotes de ifá.

Se eu estivesse buscando lucro financeiro não seria sacerdote, acredito que um babalawo deve facilitar o acesso aos orisás e acredito que se um sacerdote cobrar o que o iniciado não pode pagar ele esta dificultando a iniciação, consequentemente ele se opõe com esse gesto ao culto de orisa e ifá.

Vejo com bons olhos o futuro do ifá em nosso país à internet permite um contato com os yorubanos e fica muito fácil saber quem é quem.

Ilusionistas que engolem folgo mágicos que enfiam facas nos olhos em bem pouco tempo vão deixar de existir, o povo brasileiro já deixou de acreditar em contos de fada faz bastante tempo, somente alguns desavisados acreditam em ebós que resolvem todos os problemas e magias que curam de unha encravada a impotência.

Chegou a hora da verdade somente homens sérios poderão iniciar sacerdotes dignos que em um futuro representarão o ifá no Brasil.

Os bons sacerdotes yorubanos se sentem orgulhosos com o saber dos babalawos brasileiros, nós fizemos parte de um povo alegre, inteligente e temos todos os pré-requisitos para ter grandes babalawos em nosso país.

Ser um babalawo no Brasil e muito difícil, enfrentamos todo dia olhares desconfiados, vivemos em um país que ainda esta aprendendo a valorizar seu povo, é responsabilidade dos bons sacerdotes orientar esse povo para o aumento da auto estima e a valorização dos que aqui nascem. Não somos superiores, mas também não somos inferiores precisamos entender a historia de nosso país para valorizar a gente que aqui vive.

Eu sempre digo que se Olodumare não quisesse o culto de orisá no Brasil a vinda de um contingente enorme de escravos não teria acontecido, situações ruins, dolorosas muitas vezes carregam em seu intimo ações que nós somos incapazes de julgar.

A luz do saber não é privilegio dos que seguem com os olhos fechados, temos que levantar a cabeça, abrir bem os olhos e com a pureza no coração tentar construir um futuro melhor, onde a barbárie não tem lugar onde o respeito ao próximo seja tido como obrigação, onde a riqueza do homem seja medida por seus atos e não pelo que ele tem no bolso.

Não consigo entender algumas pessoas que sabem que temos excelentes cientistas, médicos, engenheiros, professores, artistas e atletas em nosso país, mas que não conseguem ver com bons olhos os babalawos brasileiros.

A verdade é que ifá é para todos e  que nem todos são babalawos, mas não quer dizer que no Brasil não temos pessoas capacitadas.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Consultando opele Ifá.


Autor: Babalawo Ifagbaiyin  Agboola.


Há vinte e dois anos atrás conversando com um amigo yorubano (Adileke), desenvolvi um método para gravar as impressões dos odus, baseado em um sistema usando algarismo arábico.

O método Ifagbaiyin, consiste em considerar a figura côncavo do opele como número um e a convexa como número dois, sendo assim a impressão de um odu seria representada por um milhar, usado duas vezes quando o odu é meji, o sistema de uso do opele e das impressões de odu é fundamental para o inicio da manipulação do opele, todo babalawo quando inicia seus estudos dedica muito tempo para gravar essas figuras, esse método visa facilitar a memorização.

 Ogbè méjì           = 1111/ 1111
Òyèkú méjì          = 2222/ 2222
Ìwòrì-méjì            = 2112/2112
Òdí méjì               = 1221/1221
Ìròsùn meji           = 1122/1122
Òwónrín méjì       = 2211/2211
Òbàrà méjì           =1222/1222
Òkànràn méjì       = 2221/2221
Ògúndá méjì        = 1112/1112
Òsá méjì              = 2111/2111
Ìká méjì               = 2122/2122
Òtúrúpòn méjì      = 2212/2212
Òtúrá méjì            = 1211/1211
Ìretè méjì              =1121/1121
Òsé méjì              = 1212/1212
Òfún méjì             = 2121/2121
A didática adequada favorece a memorização e facilita o estudo, todo awo deve ter como base as impressões dos odus tanto na hora da consulta a opele como ikin.




Segue abaixo exemplos:
 Ìrosùn méjì
               
*             *            1              1
*             *            1               1
* *         * *         2               2
* *         * *         2               2

Outros exemplos:

Òsé Òtúrá
1             1
2             2
1             1
2             1
Igual a 1212/ 1211

Ogbè Òbàrà = 1111/1222

Dentro de quinze dias esse método vai ser divulgado inúmeras pessoas e com certeza vai aparecer um grande número de pessoas se dizendo o autor do sistema, o importante não é isso, e sim a divulgação de métodos que facilitem os estudos para os novos iniciados em ifá, os tempo mudaram e a tecnologia esta ai para facilitar os estudos.







segunda-feira, 28 de outubro de 2013


Orunmila eu só tenho que agradecer.


Autor: Babalawo Ifagbaiyin  Agboola.

Hoje é um dia muito especial meu pai esta comemorando 83 anos, sendo que 52 anos de feitura para Obatalá.

No dia da feitura dele eu fui iniciado no culto de orisá, mais precisamente em Obatalá, cultuo de forma especial Obatalá, Soponnan e Osun, assim como Òsáyin.

Quando cheguei à casa do falecido pai Romário de Osaalá em 03/06/1981, trazia comigo esses quatro orisás, e um Bará, conversei com ele e ele me incentivou a abandonar a minha carreira profissional e me dedicar exclusivamente aos orisás, segui os conselhos dele.

No dia 13 de junho deste ano comemoramos 30 anos do Ile Ifá, Obatalá assim como vários orisás estão presentes em nossas vidas, o conselho de meu pai foi acatado e a vida religiosa passou para o primeiro plano, graças à lucidez de meu sacerdote, encontrei meu destino.

Meu pai é de Osalá, meu antigo sacerdote era de Osaalá, minha iyalorisa (Edelzuita) é de Osaala, tenho dois filhos feitos para Osaala e iniciei muitas pessoas para esse orisa, só Osun tem mais iniciações em minha casa, que Obatala foram 70 iniciações, mas Obatala e Soponnan estão muito presentes em meu dia a dia.

É difícil falar dos orisás estabelecendo uma ordem de preferência, cultuo vários orisás com o mesmo carinho, alguns orisás parecem que nos acompanham a tanto tempo, que fazem parte de nós mesmo antes de temos nascido.

Em um período onde esta sendo fornecidos os certificados de formação de babalawos e babalorisas me parece que falar de amor e afinidade com as divindades esta fora de moda.

O dinheiro pode tudo até comprar certificados, com o dinheiro você chega perto do cara pode até ouvir o cara, sentar perto do cara e com muito dinheiro você pode até ser o cara.

No certificado vem à assinatura do cara, o carimbo do cara, e o símbolo do cara, você paga e recebe um documento que só você acredita um documento que a sua vaidade ambicionou e que a sua ignorância conquistou, um documento que a sua prepotência vai manter.

Nos dias de hoje vejo roupas importadas, festas luxuosas, joias feitas sobre encomendas e comparo com o que eu vi quando eu era criança, tudo era muito simples, uma peça de tecido de segunda e todos se vestiam uma roupa igual, o que importava era o amor pelo orisá.

A festa era simples algumas comidas feitas em casa, um doce e umas frutas, nada que se compare a cascata de chocolate, o garçom com gravata borboleta, o clube caro e as luvas brancas.
Hoje o certificado substitui as centenas de noites acordado limpando galinhas e cabritos.

O dinheiro é o passaporte, ele substitui o tempo e o trabalho, a dedicação e a fé, ele abre os caminhos da vaidade e da ambição, minimiza o tempo do aprendizado e justifica conhecimento não obtido, avaliza a incapacidade e certifica a incompetência, mas enfim, os tempos mudaram novos tempos.


sábado, 12 de outubro de 2013

A filosofia de Ifá.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.


Outro dia um amigo me perguntou sobre Ifá, ele me disse:

_ Será que ifá condena quem é homossexual?

 Conversei com ele por quase uma hora, acredito que ele entendeu a minha opinião sobre o assunto, respondi para ele ifá é sabedoria.

Depois de algum tempo refleti sobre nossa conversa, resolvi escrever esse texto.

Ifá para mim é equilíbrio, Ifá está dentro de nós e serve como bússola, é o ponto de referencia para que possamos nos manter no caminho.

Ifá está para o homem como a agua está para a vida, aquele que se afasta da fonte termina morrendo sedento.

Um homem tem que olhar para dentro dele para encontrar Ifá, não é lendo um livro ou indo na Nigéria que você encontra ifá, o encontro com ifá faz parte de uma reflexão sobre o seu comportamento diante da sociedade, o respeito ao próximo e a aceitação de você mesmo.

Se você é homossexual e esta feliz, porque ifá vai interferir em sua preferência sexual?
Acredito que alguns homens que são casados e deixam suas mulheres em casa, e vão se deitar com outros homens ou com outras mulheres estão com mais dificuldades em encontrar ifá, que eles mesmos não imaginam.

A traição afasta você de ifá, o roubo e a maldade com o seu semelhante afasta você de ifá, o homem quando ataca seu semelhante o faz em um momento de desequilíbrio, ifá busca estabelecer o equilíbrio dentro de nós, nos orienta para que possamos cumprir o nosso destino.

Na maioria das vezes a voz interna que ouvimos é a voz de ifá, ela quer nos orientar, mas nos negamos a ouvir.

O equilíbrio, a felicidade são expressões de ifá, talvez por isso seja tão difícil para as pessoas atingirem a realização plena dentro de nossa religião.

 A felicidade é como um vento fresco que sopra em nosso rosto, o vento muda de direção constantemente, fica em nossa memória gravado a sensação da brisa em nossa face, temos que aprender a manter na memória a sensação de felicidade. Nos momentos difíceis devemos buscar as lembranças positivas para que estejamos abastecidos de uma energia que nos mantenha no caminho certo.

A felicidade e o equilíbrio são como a agua que mata a nossa sede, constantemente a sensação de falta de liquido em nosso corpo nos desequilibra, temos que nos mantemos próximos da fonte do bom caráter para seguirmos em harmonia.

A filosofia de ifá não está em decorar versos de odu, conheço pessoas que sabem recitar belos textos, mas seus comportamentos os distanciam de ifá, são pessoas insatisfeitas com a vida e com elas mesmos, ifá nos ensina que cumprir nosso destino é estar feliz.

A verdade anda de mãos dadas com a aceitação e a aceitação é o combustível para o equilíbrio e a felicidade, se você se aceita, e aceita a vida que você tem você é feliz, estando feliz ifá lhe assegura que você esta cumprindo seu destino, Olodumare colocou o homem na terra para viver em felicidade.

O dinheiro não trás felicidade para ninguém, um dos maiores problemas que existem na não aceitação é a procura desesperada pela riqueza, esquecem os menos avisados que os seus destinos estão traçados, que você antes de nascer já fez a sua escolha.

 A parte de nosso destino que pode ser mudada não fala de posses, fala de comportamento, é na melhora e na evolução do caráter que o homem muda o seu destino, não é juntando moedas.

Se você quer ser feliz e ter equilíbrio seja fiel a sua fé, seja fiel as pessoas que você convive, seja fiel a você mesmo, haja sempre com bom caráter.

O conforto não quer dizer riqueza, ifá provém para os seus adeptos, não existe um iniciado em ifá que esteja feliz que passe por necessidade, a alegria de estar bem consigo mesmo alimenta a chama do progresso pessoal.

A caridade propicia a alegria, auxiliar ao próximo faz parte do bom viver, o equilíbrio interno é ajustado pela sensação que estamos no caminho, o homem nasceu para viver em sociedade.

Caridade é magnética e atrai a felicidade e o equilíbrio, ifá nos garante que quando ajudamos nossos semelhantes nos aproximamos do nosso destino.


Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda?

  Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda? Quando me pediram para escrever sobre a Umbanda e o Ifá, pensei muito antes de aceit...