quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O monologo da fé e Ifá.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Muitos dos meus contatos na internet relatam que a suas vidas estão muito prejudicadas e que existe uma dificuldade em dar continuidade a os seus projetos, para nós que cultuamos orisá e acreditamos que a força impulsionadora é o axé isso indica que alguma coisa está errada.
A fé existe enquanto se mantem a esperança ou quando o retorno é confortante, aquele que reza, fala com o divino, sabe que a natureza não é muda, e o seu interior sente a energia como resposta. Sendo assim o retorno afirma a relação de fé e sedimenta a relação de confiança.
Mas é impossível que a relação homem divindade se apoie somente na fé, em nossa religião os ritos possibilitam o acesso e purificam a relação condicionando a comunicação.
Vejamos então se em todas as religiões quem orienta os ritos é um sacerdote e para isso ele necessita uma formação, por que então em nossa religião seria diferente e qualquer pessoa poderia ser detentora da força realizadora (o axé, asé).
A energia do axé tem sim poder de realização, mas ela não é continua, o desequilíbrio emocional e ético afeta a sequencia de realizações além de outros fatores como a falta de caráter que neutraliza de forma definitiva a capacidade de invocação de forças benevolentes.
A comunicação entre o homem e o orisá pode ser prejudicada pelo comportamento do homem ou pelo desconhecimento dele, e alguns assentamentos podem até repelir a presença da divindade como resultado do despreparo daqueles que o sacralizaram.
O culto a Orisa mais especificamente a religião tradicional em especial os rituais relativos à Orunmila exigem do sacerdote uma postura impar, o Babalawo é permanentemente observado por Opa Osun que representa a sua ligação com o elo familiar.
Um ato falho no presente prejudica a imagem do trabalho de muitos no passado, uma ação impensada pode implicar na revolta dos seus melhores amigos espirituais a consequência é a equivocada relação onde o sacerdote pensa que está rezando, mas na verdade o que está acontecendo é um monologo.
O monologo da fé é muito comum, as pessoas conversam com o sagrado imaginado por elas, elas criam uma divindade que aceita tudo que elas fazem e respondem sempre que elas chamam, sabemos que isso é impossível nós exigimos e somos exigidos nessa relação, o nosso comportamento é um parâmetro forte que norteia a comunicação espiritual.
Os ofos, aduras e orikis não servem para nada se a postura do sacerdote está comprometida, é comum ouvir as pessoas dizerem que parece que não estão sendo ouvidos, isso é um fato elas estão falando sozinhas.
Os seres humanos necessitam de higiene em seus corpos e em suas mentes, somente tomar banho e colocar uma roupa nova não identificam você como limpo, a troca de roupa e o perfume não escondem o seu verdadeiro pensar.
A religião tradicional yoruba é exigente, nos versos de Ifá percebemos normas de comportamento bastante rígidas e Orunmila estabelece com clareza as normas de convivência entre os homens e também com o sagrado.
O estudo continuo dos versos de ifá capacita o sacerdote, mas a elevação é obtida somente quando esse conhecimento é colocado em pratica, àquele que detém o conhecimento e não o pratica cometi um duplo erro.
A formação e os estudos beneficiam os ritos, mas não garantem o êxito, o asé é uma combinação precisa que exige uma combinação entre o saber e o poder

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O Babalawo e a aranhazinha paulista.


Autor: Babalawo Ifagbaiyin  Agboola.

No fim do mês de maio eu estava na cidade de São Paulo fazendo algumas iniciações e comecei a me sentir um pouco estranho, senti a alteração da temperatura do meu corpo dois dias seguidos.

Estava me sentindo como se estivesse com febre, mas não dei importância, como sempre a minha vida é muito corrida e cheia de afazeres, eu tinha terminado um itefa e ia começar mais dois quando vi em meu corpo uma pequena marca que identificou o ocorrido.

Eu tinha sido picado por um inseto, procurei no quarto e descobri uma pequena aranha morta, sabe lá como ela morreu, devo ter matado a sem sentir.

A verdade é que fui atingido e aprendi uma lição com a historia, devemos olhar a cama antes de deitar, a confiança em demasia complica a situação, devemos ficar atentos para as armadilhas da natureza.

Quando me senti estranho minha iya apetebi preocupada pediu para o Araba consultar Ifá e o Odu que apareceu foi Osa Irete ire, tranquilizando a todos, pois é um odu de muita fartura e sucesso, sem falar que é o odu de nascimento do Araba que naquele momento vinha nos tranquilizar.

O Babalawo dono da casa que eu estava hospedado se preocupou com o fato e insistiu em me levar até o hospital, mas depois de alguns exames nada foi encontrado, na verdade o fato era menos importante do que eu imaginava.

Da historia ficou na minha pele uma pequena marca escurecida de aproximadamente um centímetro e considerando que tenho aproximadamente um metro e oitenta centímetros de altura e oitenta quilos, a pequena marca praticamente é insignificante.

Um Babalawo deve estar preparado para lidar com todo tipo de situação, mas eu não imaginava que um aracnídeo me causasse tal problema.

A experiência nos ensina que um fato deve contribuir para a nossa formação nos afastando do problema em uma situação futura e nos capacitando para lidar com o mesmo.

 Um pequeno animal pode te incomodar por algum tempo, mas o corpo humano desenvolve uma defesa independente do seu querer, tudo é automático e com o passar do tempo você se sente vacinado e essas coisas não te incomodam mais.

A natureza é muito seletiva e aqueles que não contribuem terminam sucumbindo na caminhada, o processo da evolução humana é determinante e não perdoa os fracos.

No escuro da noite fui vitima, na escuridão fui atingido e enquanto dormia, o veneno estava sendo liberado. Um ataque covarde mas é a natureza do bichinho, ele nasceu e morreu covarde. 

Como dizem os antigos, quem tem advogado não briga, o meu advogado é um cara que sabe tudo de saúde humana, ele está fazendo o seu trabalho  e eu estou muito tranquilo.

Iba Baba mi Orisa Soponnan.
                                                                       



terça-feira, 2 de setembro de 2014

A filosofia de ifá


A filosofia de ifá
Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola


Aproximadamente dois anos atrás em uma tarde de domingo após ter tomado um café enquanto minha mulher assistia à televisão entrei na internet e fui surpreendido pelo convite para fazer parte do facebook de uma jovem iyanifa.

Se não estou enganado fui uma das primeiras pessoas que ela convidou para o seu facebook, olhei as fotos e percebi que o ritual do itefa tinha terminado naquele mesmo dia, observei com bastante cuidado as fotos da jovem iyanifa por saber se tratar da iya apetebi de um jovem Babalawo, que há um mês ou dois antes também havia me adicionado.

Como sempre quando entro na internet converso com um ou dois membros de minha família porque o facebook não me atrai, as pessoas quem conhecem sabem que não morro de paixão pela rede social.

No dia seguinte bem cedo minha iya apetebi me mostrou um texto que a jovem iyanifa tinha postado fui surpreendido pela quantidade de absurdos contido nesse texto, foi olhando a internet hoje vendo a foto do jovem casal que resolvi escreve sobre a filosofia de Orunmila.

Surpreende-me que algumas pessoas que ainda não conhece sobre seu próprio odu se arrisquem escrevendo sobre ifá, fico ainda mais espantado quando vejo pessoas que são pré-iniciadas escreverem sobre ética na religião tradicional yoruba.

Como alguém que ainda não passou por um itefá ou que recentemente foi submetido a essa cerimônia pode falar sobre um tema tão extenso e complexo, isso para mim é uma falta de respeito com as pessoas que leem e uma total falta de consideração com as divindades, pois ifá adverte que (1) não devemos falar do que não conhecemos.

A falta de textos para as pessoas iniciadas dá espaço para que aventureiros se intitulem conhecedores, normalmente os autores que escrevem sobre a filosofia de ifá publicam seus textos em inglês e yoruba, criando um grande problema para as pessoas que não tem conhecimento sobre esses idiomas.
Buscando elucidar muitas das questões formuladas a nós na rede social resolvi abordar mais profundamente a questão da filosofia, começarei abordando alguns fatos:

- Se a pessoa tem o hábito de mentir e dissimular seria possível que ela estivesse alinhada com algum orisá, eu particularmente não acredito a mentira, a inveja e a desonestidade afastam as pessoas dos orisás, principalmente Orunmila.

 A própria consulta a ifá determina que o uso do ibo identifique com clareza o sim ou o não, no ifá não existe meio honesto, meio invejoso, meio mentiroso e se isso acontece à pessoa esta desalinhada com o orisá.

A falta de caráter é motivo de orientação na consulta de orisá, implicando em ebó, aconselhamento e esclarecimento, visando à mudança de postura, isso não acontecendo o afastamento da divindade é progressivo.

Imaginemos que um homem que levanta a mão para uma mulher possa imaginar que um dia será beneficiado por Osun ou Iya mi, isso é um absurdo.

Um homem ou a mulher adúltero teria condições de jurar dentro do igbodu fidelidade ao seu Oluwo e ao seu ifá assim como ao seu egbe, isso é impossível, não existe nível de traição, existe sim uma falta cometida que não é dimensionada por se tratar de pessoas ou divindades, traição é traição.
No igbodu o juramento é feito sobre a terra (2) e não importa por onde andemos a terra vai testemunhar os nossos atos.

Um Babalawo jamais pode (3) trair, roubar e mentir, sendo assim me surpreende que algumas pessoas que ganham a vida mentindo publiquem em suas páginas pessoais fotos de assentamentos de Orunmila e fotos de aves com hábitos noturnos, será que acreditam esses desavisados que em seus assentamentos respondem Orunmila e Iya mi.

Na verdade a energia que responde nesses assentamentos é mobilizada pela exteriorização do aspecto energético do individuo e propulsionam situações de aspectos negativos, a filosofia de ifá é clara quando diz no odu Ogbe Otura (4) aquele que tem maus hábitos é incapaz de invocar forças curadoras ou prosperas.

Existe uma grande confusão com a filosofia dominante em nosso país, católico, e o que é pregado por Orunmila, um exemplo que posso citar é que na bíblia diz que devemos dar a outra face, já no odu ogunda meji fala que devemos estar sempre preparados para a guerra e que é nossa obrigação reagir contra uma agressão com a mesma intensidade. Então pensar com uma formação católica cultuando orisá é o primeiro passo para o erro.

Imaginemos uma mulher que faz um aborto rezar para Osun algum tempo depois pedindo fertilidade é no mínimo incoerente, porém a pratica da teologia somada à filosofia vai instruir essa mesma pessoa criando novos hábitos, aprimorando o pensar, refinando o sentir, purificando o agir.

Se não houvesse uma possiblidade de uma nova chance qual seria a razão de reeducar, (5) sendo assim a revolução do comportamento e do sentir deverão ser retratados no dia a dia na forma de agir.

A filosofia é uma ciência dividida em três períodos específicos quando estudada, a impressão que temos que os sacerdotes do culto ao orisá da atualidade se deixaram influenciar por hábitos católicos oriundos do período filosófico Helenístico que tem influência cristã.

O importante para o culto ao orisá quando estabelecemos um paralelo do pensar seria o período Pré- Socrático sem influência católica com base na relação do homem com o mundo ao seu redor.

Alguns desses sacerdotes da atualidade são capazes de copiar textos, roubar ideias e plagiar descrições com o objetivo de abordar o tema filosofia, não me espanta se em breve surgir uma fase nova da filosofia descrita como a mediocridade.

Algum tempo atrás um conhecido me chamou ao telefone e abordou esse tema, dizia ele, “Baba Ifagbaiyin o senhor pode me explicar algumas coisas sobre filosofia e ifá”. Conversamos aproximadamente uma hora e meia, ele se despediu muito feliz com a minhas explicações, para a minha surpresa no outro dia postou um texto com a nossa conversa que ele certamente gravou.

Desconhece o pretenso sacerdote a essência do Ifá que visa (6) lapidar o homem, aprimorando o raciocínio objetivando um convívio harmonioso com tudo ao seu redor.

É impossível que pessoas com esse comportamento pretendam divulgar ideias considerando o fato que Orunmila é aquele que tudo sabe, partindo desse principio toda a energia gasta na tentativa do convencimento pode estar atingindo única e exclusivamente o seu autor, gerando em um primeiro estagio uma sensação de prazer que leva o mesmo a pensar que esta fazendo sucesso. 

O problema é o segundo estagio quando o individuo se vê envolvido em um período depressivo por conta da consciência da realidade, na verdade ele termina concluindo que a única pessoa prejudicada é ele mesmo.

Na ecologia o primeiro período na escala de evolução de um povo é a destruição o segundo é a conscientização e o terceiro a reconstrução, já na evolução do pensar medíocre a três fazes são descritas da seguinte forma, a primeira é a inveja que desperta o desejo de ter o que o outro tem, a segunda fase é a elaboração do projeto destrutivo, sim destrutivo não que destrua a o invejado e sim que destrói a verdadeira personalidade do invejoso, dando espaço ao duble do invejado.

O pior de tudo é a terceira fase após prejudicar a vitima o invejoso percebe que também se prejudicou.

Se um iniciado em ifá tem como proibição (7) maior trair e mentir, é evidente que a confiança é o alicerce para a relação dos indivíduos, por essa razão somente algumas pessoas pertencentes há alguns seguimentos dentro da estrutura religiosa tradicional tem acesso a algumas informações. 

Aquele que foi iniciado necessita ter paciência para evoluir dentro de sua família visando assim atingir um nível que deixa de existir segredos entre seus membros.

É verdade que um Oluwo não é uma espécie de pai, ele é sim um iniciador e um mestre, o afastamento dele pelo jovem iniciado não é bem visto em território yoruba, as pessoas iniciadas em ifá permanecem na mesma família por toda a vida, esse fato facilita a compreensão da teologia e da filosofia.
As relações entre os membros no ifá são pautadas (8) na visão que o tempo fortalece os laços, abre as portas da convivência.

 Diminuindo as dúvidas, fortalecendo assim confiança e a segurança, objetivando a elevação espiritual e moral.



   O projeto Ifá é para todos.


                                                                                                                                                                

O projeto Ifá é para todos, durante esse mês recebeu o apoio dos quatros principais Babalawos da família (Araba) Agboola Awodiran, Babalawo Oyeyefa Kolawole Agboola, Babalawo Ifatokun Alamun Fashina (principal sacerdote do culto de Egungun, Baba Alagbaa, Oluwo Apena) Tifase Agboola(Babalawo Oyeniyi). Agradeço o apoio de nossa família, adupe o.

Autor:Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

 A aceitação no Ifá.




Autor:Babalawo Ifagbaiyin Agboola

A diferença entre o querer e o poder esta implícita na essência escolhida antes de nascer, a ganância e o desejo de ser o que não esta escrito, afasta do caminho, e cria um abismo intransponível condenando a completa mentira.

A inverdade construída na ambição perpetua a insatisfação exacerbada, ela alimenta a ilusão, o querer se exterioriza de forma imperfeita e retrata a verdade do inatingível.



A não conformidade com o destino escolhido antecipadamente, amarga, envelhece por dentro, tempera em excesso, marca com o irretocável e sentencia a insatisfação.

Ao contrario a beleza no viver esta na certeza de estar no caminho certo é viajar com o mapa do passado para escrever o futuro é construir aquilo que previamente foi acertado é manter o acordado.
A vida é breve para provocar um equivoco mergulhar no engano, negar o destino e querer aquilo que não lhe pertence.

A distância entre a verdade e a mentira depende da sua ambição, depende da falta de aceitação, depende de quanto você quer pagar para se iludir. A mentira machuca no presente, ofende o passado, e destrói o futuro, caminhar de mãos dadas com falta da verdade é a certeza do tropeço.

Se você quer ser feliz escute a natureza, entenda os sinais, observe seu interior ele vai falar com você, se você insisti em mentir diante das pessoas vai acontecer o óbvio, você não vai conseguir ficar sozinha com você mesmo, o silencio do dialogo interior vai roubar o seu sossego.

A felicidade pode existir no ser, ela não é fruto exclusivo do querer, existe também o merecimento, existe a aceitação, a verdade e a fidelidade.

A ilha da fantasia e a verdade no Ifá.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Na terra do faz de conta porteiro é proprietário do prédio, enfermeiro é cirurgião, soldado é coronel e comerciante é sacerdote.

No tempo não conjugado, o verbo, se articula como arma afiada, observador vira doutor e membro da academia é confundido com escritor famoso e academico, idiota vira sábio e perdido vira orientador.

Na ilha da fantasia a ignorância é cercada de prepotência por todos os lados, mas o cheiro ruim exala através da boca do malditos como resiltado antecipado danecropsia de seus cérebros contaminados com fezes.

Na ilha da boçalidade o que até bem poucos dias habitava um cárcere, hoje é envaidecido por seguidores desprovidos de qualquer consciência que os seguem nas redes sociais.

Na terra dos caolhos quem reconhece um único odu quer ser sacerdote, quem comercializa obi vira erudito e ebo cria realeza, existe imbecil para tudo e a confirmação esta estampada nos noticiários.

Hoje mesmo vi a foto de conhecido jogador de futebol ser curtida 4 mil vezes no facebook que o pobre coitado figura como deputado federal, ai pergunto quem é o animal é o que vota ou que aceita a mentira como verdade?

Na ilha da fantasia a maldade esta cercada por todos os lados por interesses escusos, os celulares servem como gravadores e as mensagens de outrora inimigos hoje são compartilhadas com parceiros traidores do amanhã.

A terra é uma testemunha silenciosa e o tempo se encarrega, os cadáveres em putrefação alimenta os vermes, e o frutos do lixo desaparece na atmosfera onde tudo que foi criado contribui para enterrar o criador.

Na noite mal dormida diante da imagem cintilante idiota fica falante, assessorista vira artista e marginal se torna ilusionista, a evolução só acontece dentro do elevador quando ele esta subindo, na real de frente com os olhos da solidão você enxerga o seu interior e a podridão.

Na terra da ilusão, traição é esperteza, vulgaridade é beleza e loucura se paga caro, o serviço social em nosso país não atende a falta de moral, para isso existe um outro remédio.


A importância do dinheiro e Ifá.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola


Quando eu nasci há quase sessenta anos atrás meu pai possuía um pequeno posto de lavagem de veículos e minha mãe era professora, eles me ensinaram que o dinheiro não é importante acredito que eles como a maioria da população do nosso país aderiram a esse discurso por influência católica.

É interessante que uma religião que diz que é mais fácil um camelo passar em um buraco de uma agulha que um rico entrar nos reinos do céu ostente um trono de ouro para o descanso de seu principal sacerdote, mas essa é outra história.

A verdade é que nas vinte quatro horas do dia o dinheiro é muito importante da hora que acordamos até a hora que vamos dormir o dinheiro faz a diferença, quando dormimos em um colchão de má qualidade economizamos dinheiro, mas as dores nas costas são terríveis.

No odu otura ka fala que o dinheiro é um dos componentes do ebo, no odu ogbe bara é clara a indicação que o sacerdote entra em ewo quando não cobra.

Às vezes vejo que algumas pessoas que em principio deveriam ter obtido ótimos resultados após suas iniciações enfrentam algumas dificuldades, esquecem ou desconhecem essas pessoas que na religião tradicional yoruba o pagamento dos serviços prestados por um sacerdote implica em um compromisso com o sagrado.

Na tentativa de auxiliar a compreensão do fato citado acima vamos enumerar algumas questões:

1- Quando o pagamento não é feito independente da razão, pois o compromisso foi assumido e se a pessoa não tinha condições não deveria assumir.

2 - Quando existe a necessidade de um afastamento do núcleo familiar religioso independente do motivo, esse só deve acontecer após o acerto financeiro previamente combinado. Se for combinado deve ser mantido.

3 - Quando do perdão de uma divida por benevolência ou serviço prestado, é comum um sacerdote perdoa dividas de iniciações dos membros que mais trabalham no dia a dia da casa de asé.

Mesmo nesses casos aquele que tem sua divida perdoada deve fazer um pagamento simbólico em dinheiro.

A falta do pagamento implica diretamente na quebra de um acordo e para o divino não existe meio termo você é honesto ou você é desonesto e a quebra de um acordo pré-estabelecido mesmo que alguns não concordem é uma falta grave.

Imagine se fosse possível um debate com uma divindade que esqueceu uma benevolência por omissão ou negligencia.

Constantemente sou abordado para opinar sobre iniciações e sempre é muito difícil falar sobre o que não presenciamos, tenho como habito começar a conversa com a seguinte pergunta:
- Você já pagou sua iniciação, ou qualquer tipo de divida de ebo que você tenha contraído?

Em um país com uma população que recebeu uma educação católica as pessoas desconhecem os hábitos no território yoruba e da religião tradicional, sendo assim vou citar alguns exemplos.

- Jamais sobre nenhum pretexto devemos visitar uma casa de asé sem que seja levado algum tipo de presente como obi, orobo, dendê, gim, frutas, flores e etc.

- jamais sobre nenhum pretexto devemos consultar com sacerdote do culto de orisa sem pagar, um pagamento mínimo sempre vai auxiliar na manutenção do asé.

- A manutenção de uma casa de orisa envolve inúmeros custos e cabe aqueles que a administram desenvolverem uma politica financeira adequada, eu particularmente não concordo com mensalidades.

As mensalidades tendem a caracterizar uma associação e uma casa de asé em minha opinião jamais poderá ser uma associação, nas associações se discute as decisões nas casas de asé se cumprem as orientações contidas nos versos de ifá.

A falta de textos abordando esse assunto caracteriza o quanto é delicado falar desse tema, o risco que você seja identificado como dinheirista por aqueles não conhece a nossa religião é enorme. Tudo em nossa religião esta contido nos versos de Ifá cada ato consta de um verso basta seguir as orientações.

A necessidade de um comportamento cultural adequado a um sentimento religioso identificado com a historia de um povo pode facilitar a compreensão dos desdobramentos, em um dia a dia de fé.
As resposta quase sempre espelham as necessidades contidas nas perguntas ou no comportamento daquele que questiona; por essa razão a teologia deve ser estudada com a filosofia de um povo.

OTURA KA
OGININIGIN AWO OLOKUN
LODIFA FUN OLOKUN NIJO
OMI OKUN KO TO BU BOJU
ALUKO DODO AWO OLOSA LODIFA FUN OLOSA
NIJO OMI OSA KOSE BU WESE
ODIDERE ABIRIN ESE KERE WE
ADIFA FUN OLUWO MODO OBA
NIJO TI WON NWA OHUN EBO KIRI
ERIGI AWO AGBASA ADIFA FUN WON NI SESAN AGERE
NIJO TI WON NWA OHUN EBO KIRI
OWO TI NBE NILE YI NKO OHUN EBO NISE ERIGI LAWO AGBASA AWA TI ROHUN EBO
EYELE, AKUKO, ADIE, ETU, EWURE ABUKO BEBELO.
ENI TO BA NI KEBO MA DA KO MA BEBOLO

Tradução
Otura ka
Oginnigin o sacerdote de Olokun (deus do mar)
Faz adivinhação por Oloku
Quando a água no oceano é pouca
Oluko dodo, o sacerdote de Olosa (deus do rio)
Faz adivinhação por olosa
Quando a água do rio é pouca
O papagaio com seus movimentos estranhos
Faz adicinhação para Oluwomodo 0ba
Erigi Awo Agbasa faz afivinhação para
As pessoas de Sesan Agere
Quando procuravam os materiais para o Ebo (sacrifício)
O dinheiro no chão é material para Ebo
Erigi Awo Agbasa, Nós vimos o material para Ebo
O pombo, galo, galinha, galinha pintada (d’angola), bodes e etc
São materiais para sacrifício
Erigi Awo Agbasa, nós vimos os materiais para Ebo
A pessoa que disser que o sacrifício não deveria
Ser aceito deveria morrer e seguir o sacrifício.

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