sábado, 14 de novembro de 2015

Orixá a transformação e Orunmila.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Algumas pessoas vieram me perguntar se existe pecado na religião tradicional yoruba, é interessante o raciocínio das pessoas que praticam uma religião mais não a vivenciam.

Vamos analisar o seguinte exemplo:

O sujeito chega em sua casa no fim da tarde cansado do trabalho, beija a sua esposa e diz para ela que estava com muita saudade e que a ama muito.

Na realidade ele não estava no trabalho, ele estava em um lugar reservado com outra mulher com a qual mantém um relacionamento escondido.
O sujeito em questão diz que estava trabalhando, mas na verdade ele engana, mente e ludibria as pessoas em seu trabalho.

Será que existe lei do retorno para essas pessoas no mínimo equivocadas em seu agir e seu pensar?

 O orixá não esta enxergando tudo isso?

Não importa se o motel é na barra da tijuca ou em Paris, ou se o dinheiro esta na cueca ou em uma conta na Suíça, os orixás tudo veem e tudo sabem.

 O que acontece é que em todas as religiões temos o livre arbítrio e quase tudo que aqui se faz aqui se paga.

Quando assumimos um comportamento improprio ou inadequado com consciência do que estamos fazendo, as lembranças assumem a posição de carrasco.

Se os olhos estão abertos e as pessoas estão conscientes, a imagem é capturada e imediatamente arquivada no cérebro.

Dessa forma quando as pessoas se conscientizam das falhas, terminam sendo vitimas de suas lembranças, além é claro de se distanciarem da essência positiva do orixá.

Os equívocos e as falhas fazem parte de nosso dia a dia, a perfeição é quase impossível, porém quando os mesmos erros se repetem isso deixa de ser um equivoco e termina sendo um traço negativo da personalidade.

A razão primeira de cultuar orixá é religar com o divino, todo iniciado tem obrigação de melhorar, a necessidade de evolução e do aprimoramento do caráter exterioriza o sentimento mais comum que é a sobrevivência.

O ifá é desaconselhável para os que se consideram perfeitos, só quem pretende melhorar deve ser iniciado, quem não quer seguir regras e obedecer à hierarquia é por que sabe mais que o orixá então deve criar a sua própria religião.

·         "Texto para iniciantes".















sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O maior de todos os feitiços,a palavra de Ifá.


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola


Nos encontros que tenho com as pessoas para falar sobre ifá sou surpreendido com a quase total falta de conhecimento das pessoas sobre os orixás.

Fico muito aborrecido quando ouço algumas afirmações cobrando dos orixás transformações que jamais deveriam ser atribuídas as divindades, o homem é um ser mutável e pré-disposto a assimilação rápida, o convívio deveria implicar em um amadurecimento e na evolução da espécie ao contrario disso me deparo com inúmeras pessoas que o cabelo ficou branco, mas que a total falta de caráter predomina, contradizendo a máxima que o homem amadurece e fica sábio.

O maior de todos os feitiços aquele que sentencia o homem ao insucesso, é a falta de caráter, quando o individuo rouba, trai e mente ele se afasta da sua essência, primária, divina.

 A origem do homem é fruto de Deus, mas o homem enquanto produto constituído fruto do divino com suas atitudes distancia-se dos benefícios criados por Olódùmarè e os orixás, a mudança de atitude é o ponto de partida para a evolução.

Sendo assim a mudança deve ser a partir do comportamento e das atitudes, para que aja a transformação o processo deve acontecer de dentro para fora e não ao contrario, o bom caráter abre caminhos e cria oportunidades atraindo a sorte.

É comum ver sacerdotes preparando ebos para seus iniciados com o intuito de afastar as negatividades, sem que tenham abordado com seus discípulos questões que envolvem o bom comportamento e as atitudes positivas implicando assim na grande maioria das vezes em uma sequencia de insucessos.

A tolerância, a paciência, a bondade e o desprendimento assim como a honestidade e a verdade implicam no processo de limpeza dos canais de comunicações com o orixá, o bom caráter fala e é ouvido, o mau caráter reza e não é escutado.

A avareza, o egoísmo e a mentira assim como a traição e a desonestidade isolam o homem dos orixás e de seus semelhantes, a postura negativa é sem dúvida a maior das magias maléficas.

Dizem que o mestre aparece quando o discípulo está bem preparado, na verdade o discípulo só esta preparado quando os dois tem bom caráter, o exemplo é a melhor de todas as lições contrariando sempre a frase que diz “faça o que digo, mas não faço o que faço”.

Nos versos de ifá encontramos orientação de qual caminho seguir, porém se somente passamos por cerimonias e dentro de nós nada muda não chegamos a lugar nenhum.

Por essa razão antes de reclamar que você não tem sorte analise as suas atitudes.








quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Orixá Oxum



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Quando Yemanja deu a luz a uma bela menina percebeu que ela esta com um pequeno ferimento no umbigo que em pouco tempo ficou inflamado, por essa razão ela resolveu consultar Òrúnmìlà sobre a saúde da filha.

Òrúnmìlà orientou um efó conhecido até hoje como Omolokun (Omo filha, Olókun, dono do mar) a filha de Olókun é yemonja, teria que fazer um ebó para sua filha que consistia em uma espécie de òlele (feijão cozido e temperado que deveria ser oferecido com alguns ovos na beira do rio), a menina ficou curada, cresceu e ficou conhecida como Oxum.

Oxun é o Orixá cultuado no rio mais famoso do território Yoruba, seu principal santuário é na cidade de Osogbo (Oṣé Owonrin), essa cidade foi criada após a chegada de um povo que estava fugindo da guerra, conta a historia que o líder desse povo teria feito um acordo com o espirito de uma mulher que apareceu nas aguas conhecida como Oxum, (Odu Oṣé Ogbe).

Se nós fossemos considerar o arquétipo dos descendentes de Oxum baseado exclusivamente nas características dos orixás poderíamos dizer que elas são vaidosas, charmosas, vingativas e muito bonitas.

Os presentes oferecidos a Oxum comumente são mel, ovos, feijão cozido (òlele) e peças em bronze (braceletes), além de osun (pó vermelho), obi e Orobó.

(Texto para iniciantes).




terça-feira, 10 de novembro de 2015

Orixá Ọya.


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

A herdeira do território de Ira com a perda de seu pai assumiu a liderança de seu povo, (Onira) em um período de muitas guerras e grandes dificuldades.

Ọya foi orientada por seus conselheiros a unir-se ao seu povo, o grande exercito de Ọ̀yọ.
Já na audiência com o rei surge uma forte atração de ambos que movidos por uma intensa paixão unem se em matrimonio.

Durante o relacionamento dos dois, dizem alguns historiadores, que a grande rainha teria tido alguns problemas para engravidar e que até teria tido a perda de alguns filhos, porém ficou gravida e por uma razão que não vem ao caso agora teria enviado seus filhos para serem criados longe do reino de Ọ̀yọ.

Em meio a conflitos, conspirações e golpes políticos o soberano Xangó é destronado e foge com Ọya e alguns seguidores, chegando a Koso em desespero tira sua vida enforcando-se.

Ọya desesperada após a morte de seu grande amor, segue a fuga para a cidade de Ira e se suicida, tomando veneno diante de alguns de seus seguidores, que assumem a mesma postura dos seguidores de Xangó, fazendo desaparecer o seu corpo, dando origem assim ao culto desse belo orixá.

Com esse relato simples e de fácil assimilação simplificamos a complexidade do que é descrever uma mulher fiel e apaixonada por seu marido e infinitamente dedicada ao seu rei.

Os sentimentos descritos acima determinam um comportamento extremista e agressivo para manter um compromisso, se é que podemos definir as descendentes de Ọya por um arquétipo seria o da mulher confiável e dedicada a seu marido e aos seus filhos.

Para Ọya a traição é impossível e a falta a um compromisso se iguala a morte, descrever Ọya é descrever a fidelidade eterna.

Ọya é um orixá ligado à cor vermelha, representada pelo osun (pó vermelho), em seu assentamento encontramos chifres de búfalos e edun ara como o descrito nos versos de Ifá.

Esses relatos podem ser encontrados no odu Osa Owonrin e Okanran Meji, e outros.

“Texto para iniciantes”.








sábado, 17 de outubro de 2015

Isefa, pre iniciação em Ifá. 



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola


Uma quantidade grande de pessoas me procura com a seguinte pergunta, qual a influencia de Ifá no dia a dia das pessoas iniciadas?

Quase sempre a falta de tempo me impede de abordar a questão de uma forma mais ampla, diante disso resolvi dedicar um texto exclusivamente a essa questão.

O Ifá da segurança ao iniciado e isso faz com que ele desenvolva uma qualidade de vida jamais experimentada, a certeza que a pessoa está no caminho certo fortalece os planos para o futuro com a convicção que o sonho não é possível.

Quando o sujeito identifica a sua origem ele planeja o futuro com os olhos no presente e o coração cheio de elementos que o fortalecem vindos do passado.

O itefa já foi mencionado por mim em outro texto como o inicio da vida, cada pessoa tem o direito de ter a sua opinião, eu penso dessa forma por ter estudado Ifá.

Eu sempre digo a seguinte frase “o Òrìșà é o veiculo na estrada da vida e o Ifá é o mapa que indica qual o caminho que deve ser seguido”.

 Para quem não foi iniciado no Ifá isso que descrevi acima deve parecer estranho, mas imaginem como a vida é facilitada se sabemos em que somos fortes e em que situação somos mais vulneráveis.

A decisão é livre, você escolhe o caminho, mas se temos informações privilegiadas sobre o nosso destino errar fica mais difícil e a escolha certa fica facilitada.

A verdade é que o Ifá beneficia em muito todo aquele que foi iniciado, mesmo o pré-iniciado aquele que faz ISEFA.

No Isefa o pré- iniciado recebe orientação de qual caminho seguir, assim como lhe é indicado Òrìșàs para culto e outras questões ele recebe um nome para ser identificado dentro do Ẹgbẹ, embora em algumas famílias não seja dado o nome para quem faz isefa no ifá praticado em Osogbo, Lagos e outras cidades isso é normal.

O ifá é único, mas as famílias e as interpretações do ifá podem ser diferentes, o bom sacerdote é aquele que respeita as diferenças, os nigerianos iniciados em ifá discutem em publico futebol, politica e outros assuntos, jamais discutem religião, dizer que isefa não tem nome como sendo uma única verdade é se disser dono da verdade.

Na foto o Araba Awodiran faz o isefa do pequeno Ifágbaíyin que recebe esse nome em razão de seu odu, as pessoas que discordarem do Araba Awodiran podem entrar em contato no facebook dele.





sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Itelodu e o sacerdote de Orunmila.




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Muito se tem falado sobre ifá nos últimos anos e muito se tem escrito sobre os rituais de iniciação, porém me causa espanto a falta de concordância na abordagem no Brasil sobre temas que no território yoruba são descritos da mesma forma por todas as famílias.

Buscando esclarecer os nossos leitores sem ferir qualquer norma na divulgação de uma abordagem indireta iniciamos aqui um dialogo deixando claro que não somos os donos da verdade, mas sim temos a maior tranquilidade para descrever o que é praticado por nós em por nossa família na Nigéria em todos os rituais.

Até pouco tempo atrás a falta de contato com os yorubanos dificultava a confirmação do que é escrito aqui no Brasil, sugiro as pessoas que tenham dúvidas sobre o que eu vou escrever que busquem informações com Bàbàláwos nigerianos.

O itelodu além do reconhecimento do filho (Bàbàláwo), por sua mãe (Iya odu), traduzindo de uma maneira didática seria o equivalente ao reencontro de uma mãe com um filho, que por alguma razão ficou afastado.

Essa cerimonia de infinita beleza e da maior seriedade caracteriza que a partir daquele momento o awo pode em um futuro se tornar um bom sacerdote ou não.

 O itelodu não exime os faltosos das implicações em suas atitudes, como já disse em outras oportunidades, uma iniciação não é salvo conduto para falta de caráter, assim como não serve de proteção para os inescrupulosos, o fato de você ser iniciado no culto de Iya odu não torna ninguém intocável.

Ìtélè em Yoruba significa começo, assim poderíamos descrever o começo da relação de um filho com sua mãe, na cerimonia do itelodu o awo entra vendado em uma sala completamente escura, o que caracteriza o seu desconhecimento sobre aquele ritual e a sua confiança no que esta por vir, de coração aberto e alinhado com o seu destino o possível novo sacerdote vai depender muito de seu caráter e de sua postura para que tenha o apoio de sua mãe.

Vi na internet um texto que descreve o itelodu como o momento que é sacado um novo odu para o sacerdote, no território yoruba isso não existe, no novo mundo por interesses que não vamos apontar aqui, o itelodu passou a ser parte de uma cerimonia que comumente é única na Nigéria.

Vou explicar melhor:

Se em consulta que antecede a iniciação o iniciado é apontado como um provável Bàbàláwo, dentro do Igbodu na hora que é tomado conhecimento do odu de nascimento do mesmo a continuação do ritual e a apresentação a Iya odu dão inicio ao itelodu, isso é como uma consequência inalterável, embora também possa acontecer que no itefa fique constado que o awo tenha um caminho diferente que o de Bàbàláwo.

Porem quando é identificado o Bàbàláwo o itelodu e o itefa fazem partem de um mesmo processo, já na hipótese que um awo por qualquer razão venha fazer o itelodu separado do itefa o odu de nascimento não muda e o terceiro odu extraído no itefa só demonstra as orientações de ifá para o dia a dia, o terceiro odu conhecido como pada odo (a volta do rio), não é o odu de nascimento, o odu de nascimento é um só, sendo sacerdote o odu permanece o mesmo, os ewos permanecem os mesmos e a indicação dos principais orixás a serem cultuados continua a mesma.

O odu de sacerdócio evidentemente é o odu de nascimento que indica aquela atribuição, não porque o awo foi submetido a uma cerimonia e sim porque ele nasceu com essa escolha que foi testemunhada por Òrúnmìlà.

Existe três formas bem distintas de alimentar Iya odu, na primeira parte do itefa é alimentado de uma maneira, na confirmação do itelodu Iya odu é alimentada de outra forma e na consagração de Iya odu (recebimento do Igbá) Iya odu é alimentada de outra forma que uni as duas anteriormente citadas em um só ato, qualquer uma dessas cerimonias comumente é efetuada em três dias.

Gostaria de detalhar mais essa questão porem para uma melhor compreensão dos nossos leitores indico o texto em nosso blog:

http://www.babalawoifagbaiyin.com/search?q=do+itefa+ao+itelodu





domingo, 4 de outubro de 2015

A semente esta sendo lançada em Ifá

Autor: babalawo Ifagbaiyin Agboola

O projeto Ifá é para todos tem a honra de apresentar os jovens Babalawos, essa é a garantia que no futuro ifá estará bem representado em nosso país.

Parabéns a ojugbonan iyanifa Ifademilade Ajobi Agboola.

Esse Babalawo em menos de seis meses já sabia fazer ebo riru eo mais importante ele sabe a tradução e o sentido mais profundo desse ritual.

Parabéns Awo Ifápónmilé Ajobi Agboolá.,

https://www.youtube.com/watch?v=lp8w2qlGg8Q








Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda?

  Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda? Quando me pediram para escrever sobre a Umbanda e o Ifá, pensei muito antes de aceit...