quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Bàbàláwo


Autor:Bàbàláwo Ifagbaiyin Agboola

No Brasil a grande maioria da população não conhece os verdadeiros Bàbàláwos, por uma questão histórica em nosso país praticamente não existiram sacerdotes de Òrúnmìlà.

Os traficantes de escravos temiam os Bàbàláwos por seus conhecimentos e pela liderança que eles exerciam um sacerdote de Ifá em um navio escravo certamente poderia criar grandes problemas para os donos dos navios.

Nos últimos anos o culto a Òrúnmìlà Ifá ficou muito popular fora da Nigéria, à necessidade de conhecer melhor a religião tradicional impulsionou a procura por esses sacerdotes.

Òrúnmìlà é o único òrìsà que conhece o destino dos homens e seus sacerdotes, os Bàbàláwos, são grandes conhecedores dos odus e da palavra de Òrúnmìlà.

Os Bàbàláwos no território yoruba (Nigéria) são homens muito responsáveis e respeitados por suas atitudes e em suas comunidades são considerados exemplos para todos os cidadãos.

São muitos os episódios envolvendo falsos sacerdotes de ifá nigerianos e brasileiros em nosso país.
Poremos últimos 30 anos, chegaram ao Brasil uma meia dúzia de bons sacerdotes de Òrúnmìlà isso inspirou inúmeros brasileiros a serem iniciados em ifá.

É interessante esse raciocínio, pois tantos foram aqueles sem escrúpulo que prejudicaram a imagem do culto a Òrúnmìlà  que teoricamente não deveriam existir pessoas querendo ser iniciadas em Ifá, no entanto bastou que poucos, mas verdadeiros Bàbàláwos chegassem até a o nosso território para que a religião tradicional yoruba se tornasse respeitada e o numero de iniciações em Ifá se multiplicasse.

Algumas pessoas me perguntam como identificar um Bàbàláwo de verdade, eu sempre simplifico dizendo que um Bàbàláwo de verdade tem um nome de verdade, usado conforme a tradição Yoruba.
Na realidade identificar um Bàbàláwo vai muito além de observar o seu nome, um Bàbàláwo tem uma postura digna, tem conhecimento, tem segurança e demonstra prazer em ser identificado como membro da sua família. O culto a Òrúnmìlà e os demais òrìsàs é ancestral e familiar, o que facilita a identificação do Bàbàláwo.

Não existe um Bàbàláwo ou uma Iyanifa que não use o nome de sua família, é impossível ser um sacerdote de Òrúnmìlà  sem que exista a ligação familiar.

Um sacerdote de ifá é educado para respeitar o seu Oluwo e a sua família, se isso não acontecer, ele jamais será um Bàbàláwo ou uma Iyanifa, no Brasil é comum nas religiões de matriz africana as pessoas desenvolverem um trabalho sozinho, longe de suas famílias, no ifá essa possibilidade não existe.

Um Bàbàláwo tem compromisso com a verdade, com a ancestralidade, para isso ele estuda a vida toda, aprendendo a usar o conhecimento de seus antepassados e baseando o seu comportamento nas orientações de Ifá.




sábado, 13 de fevereiro de 2016

Ifá, Orunmila, de parabéns.




Autor:Bàbàláwo Ifagbaiyin Agboola

Durante uma viagem de São Paulo a Porto Alegre de automóvel em uma conversa entre eu e a minha Iya apetebi, tivemos a ideia de criar o projeto IFÁ É PARA TODOS há exatamente quatro anos.

Na época não imaginamos o alcance que teria a nossa criação, em quatro anos fizemos mil seiscentos e setenta e quatro iniciações, a nossa ideia contribuiu para que houvesse muitas mudanças na historia do ifá no Brasil.

As mudanças foram tantas que até as pessoas que afirmavam categoricamente que era impossível iniciar um Bàbàláwo no Brasil começaram a fazer iniciações em nosso país.

Os preços foram reduzidos com a popularização para menos de um terço do que custava naquela época, isso implicou diretamente a criação de uma oposição insana ao nosso trabalho, mas quis Orunmila que hoje nós pudéssemos dizer que estamos todos de parabéns.

Um brinde ao sucesso!





sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

A casa do Orixá e Ifá  II




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Algumas pessoas me solicitaram uma abordagem mais profunda na questão da casa do orixá, atendendo a solicitação de nossos leitores nesse segundo texto vamos analisar alguns aspectos da administração do egbe òrìsà.

-Não existe custo mensal para hospedar um orixá na casa do sacerdote, pois como mencionamos no texto anterior a casa não é do sacerdote ela pertence aos òrìsàs.

-É um absurdo cobrar para os iniciados limpar os assentamentos dos orixás, quem faz a limpeza é o iniciado como é que alguém pode pagar por seu próprio trabalho?

Quando alguns sacerdotes resolvem criar dificuldades para os iniciados não devem esquecer que os orixás estão observando o seu comportamento mesquinho.

-A manutenção da casa de Òrìsà é responsabilidade de todos iniciados, mas isso não quer dizer que o iniciado seja obrigado a pagar mensalidade. O Egbe tem muitas despesas, mas não é uma sociedade, o fato de tornar a casa de orixá uma sociedade implica diretamente em uma prestação de contas assim como permiti que o sócio escolha em votação quem vai administrar a casa. No ile òrìsà não existe votação para escolha de um administrador, sempre a escolha é feita pelo orixá.

Pessoalmente a ideia de transformar a casa de òrìsà em uma sociedade não me agrada, parece que os custos para manter as casas com o passar do tempo ativaram a criatividade de alguns de nossos irmãos que terminaram se juntando com alguns políticos safados para roubar dinheiro de verbas que deveriam ser aplicadas em questões mais importantes que a manutenção do luxo desses canalhas.

-Em uma casa de Òrìsà existe dois tipos de assentamento de òrìsà, o privado e o comunitário, a manutenção do privado é exclusiva responsabilidade do iniciado. No assentamento comunitário a responsabilidade da manutenção é dividida com todo o grupo de iniciados.

-Quando um grupo de pessoas resolve ajudar alguém que vai ser iniciado quase sempre deixa de existir a valorização da iniciação, o ideal é que a pessoa se comprometa integralmente com os custos e as responsabilidades da iniciação, quando isso não é possível devemos ajudar, mas a pessoa deve participar com grande parte das compras.

Acredito que uma casa de orixá deve ser responsabilidade de todos aqueles que frequentam as suas dependências, mas isso em momento algum obriga as pessoas a fazerem doações e pagarem mensalmente qualquer quantia. Os custos da manutenção do egbe òrìsà não devem ser colocados como uma obrigação de seus membros, esses custos devem ser vistos como uma necessidade que implica em uma condição mais adequada para os frequentadores.

-Um sacerdote não deve conduzir uma casa de orixá sozinho, sendo assim é evidente a necessidade de cargos na estrutura da egbe, o critério para o bom desenvolvimento do desempenho da função na casa de orixá é o conhecimento.  O sacerdote que vende cargos é um dos piores administradores que pode existir em uma família de orixá.

-Se o escolhido para um cargo não estiver preparado para a função teoricamente implicara em um duplo problema, primeiro o indicado não é capaz e devera ser substituído em suas funções por outra pessoa que fara o trabalho. Segundo, o substituto que fara o trabalho não estará satisfeito em razão de ser obrigado a desenvolver uma função sem que haja o reconhecimento dele para ocupar a mesma.

-A manutenção do espaço religioso assim como a limpeza é responsabilidade de todos os frequentadores iniciados ou não.

-Uma casa de òrìsà deve ter material necessário para o pronto atendimento dos frequentadores, assim dando uma resposta rápida aos problemas apontados pelos òrìsàs em consulta, esse material deve ser reposto imediatamente. O estoque de material é a única forma de prestar um atendimento rápido nos feriados e nos fins de semana, sem esse material o atendimento fica prejudicado.

- As roupas assim como as toalhas e roupas de cama devem ser trazidas para a egbe e devem ser lavadas na casa do iniciado, salvo raríssimas exceções.

 Nos dias de hoje manter pessoas na casa de orixá para fazer a manutenção do espaço não é aconselhável, considerando o numero de pessoas que buscam na justiça do trabalho o reconhecimento dessas funções e a sua remuneração. O ideal seria que em um dia da semana todos os participantes desenvolvam as atividades de manutenção do espaço em conjunto e com a orientação direta do sacerdote.

-Receber convidados na casa do orixá é um prazer, mas convidado é convidado e a sua participação na egbe se limita ao espaço destinado ao publico, salvo exceção quando convidado para participar dos rituais.

Em um ile òrìsà, existe três tipos de espaço, o publico, o sagrado e o destinado ao sacerdote, essa regra deve ser mantida.

O espaço do sacerdote é um espaço exclusivo e não deve ser frequentado por iniciados.
O quarto destinado aos orixás deve ser administrado pelo sacerdote e a sua chave não pode ser entregue a outras pessoas.

 O espaço público deve ser mantido por todos iniciados.

O bom andamento das atividades da casa do òrìsà retrata a administração exercida pelo sacerdote e a imagem de nossa religião, a sociedade deve nos ver como bons olhos, o nosso comportamento deve ser discreto e respeitoso, somos representantes de nossos antepassados e devemos honra-los.





quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A casa do orixá e Ifá.



Autor: Olúwo Ifagbaiyin Agboola.

No ano de 1981 comecei a viajar divulgando a religião dos òrìsà, durante esse período tive a oportunidade de conhecer alguns países, e grande parte do território nacional brasileiro, nessas viagens conheci várias casas de òrìsà.

 Observei situações que me deixaram em algumas ocasiões tristes e em outras em uma posição bastante desconfortável.

 Testemunhei equívocos nas casas de òrìsà que nem sempre são frutos da falta de informação, muitas vezes a vaidade e a pretensão são as grandes responsáveis por esses erros.

Não temos a pretensão de apresentar esse trabalho como sendo a única e exclusiva verdade sobre o assunto, vamos pautar a escrita pela lógica e o respeito à herança religiosa dos yorùbás em nosso país.
A casa de òrìsà normalmente é uma propriedade fruto do trabalho de pessoas que empregam o seu ganho para criar um espaço para o òrìsà, sendo assim a lógica indica que o proprietário é a divindade e não o homem.

Vamos explicar essa situação com exemplos do que acontece no dia a dia das casas de òrìsà:
1-       Se o sacerdote tem uma filha que vai se casar e ele decidir convidar o jovem casal para que habitem um dos espaços na área da casa de òrìsà é evidente que esse convite só pode ser formulado depois de uma consulta com resposta positiva dos òrìsàs.

A mesma posição deve ser mantida para qualquer indivíduo que possa vir a ser iniciado ou residir na área das divindades, tudo que possa influenciar no andamento do Egbe deve ser submetido à apreciação do proprietário do espaço, o òrìsà.

2-      Outro exemplo que podemos citar é a pretensão de uma ampliação ou alteração na construção, sem a consulta ao òrìsà, isso seria impossível, embora nós já tenhamos presenciado inúmeras situações que o sacerdote toma as decisões sem ouvir a divindade.

3-      É muito comum no Brasil após a morte do sacerdote titular de um terreiro que haja uma disputa entre os herdeiros consanguíneos e os herdeiros ligados a religião.

Nesse aspecto gostaríamos de deixar bem claro que a religião dos òrìsà é uma forma de manter acesa a chama ancestral, sendo assim, sempre, sem exceção quando houver duas pessoas com o mesmo nível de informação e cargo religioso em litigio para ocupar uma função, a tendência natural é que aquele que tem grau de parentesco seja escolhido em uma orientação espiritual e não aquele que é um herdeiro exclusivamente religioso.

4-      O espaço chamado casa de òrìsà por uma questão obvia destina o seu melhor aposento para o òrìsà patrono daquela instituição, ou para um grupo de òrìsà cultuados naquele local.
Se a divindade é a proprietária é natural que o melhor espaço da propriedade seja destinado a ela, fato esse confirmado no dia a dia das casas de religião onde quando visitadas, o visitante primeiro saúda o òrìsà para depois saudar o sacerdote.

Se fosse o inverso o homem seria, mais importante que o seu ancestral e a palavra religião não teria sentido, já que na tentativa de nos religarmos ao divino nos submetemos a uma hierarquia bastante clara onde o òrìsà está em primeiro lugar.

5-      A questão da propriedade e da sua titularidade das casas de òrìsà habita os tribunais há muito tempo, embora o ideal fosse que pessoas religiosas que se dizem sacerdotes não precisassem recorrer a esse tipo de debate. Seria de bom tom que o religioso seguisse e respeitasse a decisão dos òrìsàs diante de qualquer tipo de litigio.

As controvérsias não acontecem somente nas questões da titularidade e da propriedade em si, é comum presenciarmos a disputa da titularidade da função religiosa independente da propriedade.
Presenciamos inúmeras vezes situações que criam uma enorme confusão diante da sociedade, um exemplo é o duplo sacerdócio em uma mesma propriedade. Casais iniciados para a mesma função desempenhando em um mesmo espaço trabalhos paralelo. Quando a regra é simples o mais antigo e mais capacitado sempre deveria ser o titular.

6-      Existe também uma grande polemica quando o herdeiro escolhido de uma casa de òrìsà não está capacitado, embora seja bem fácil de compreender a função do responsável interino, que ocupa a titularidade com o tempo pré-estabelecido para a capacitação do real herdeiro.
Se não fosse só a questão financeira e jurídica o número de situações presenciadas por nós não nos causaria tantas surpresas. Porém um agravante é bastante comum, supostos òrìsàs ou divindades em visita aos seus descendentes que muitas vezes terminam advogando em causas de seus simpatizados criando uma imagem que prejudica muito a história de gerações e gerações de sacerdotes.

A coerência e o respeito assim como a ética, comumente são deixados para trás por pessoas movidas por ambição e ganância, isso não deveria acontecer nos meio religioso, mas infelizmente essas situações são bastante comuns.


 Esses fatos não aconteceriam ou seriam facilmente administrados se a formação dos líderes religiosos fosse mais exigida, enquanto isso não acontece os tribunais substituem os òrìsàs nas decisões.







sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Obrigação de ano para òrìsà.


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Quando eu ouço falar em obrigação de um ano ou de sete anos algumas associações me ocorrem, minha mente automaticamente por ser associativa dispara inúmeros questionamentos:

Você se alimenta uma vez por ano?

Você coloca credito no seu celular uma vez por ano?

Você coloca gasolina no seu carro uma vez a cada sete anos?

É estranho pensar que algumas pessoas imaginam que o òrìsà fica lá no assentamento a disposição delas e que eles respondem todos os dias para proteger as pessoas como retribuição a uma suposta obrigação anual.

O individuo que raciocina assim é o mesmo que tem em sua mente uma receita de bolo para ebó e para as iniciações e as chamadas obrigações anuais, como pode alguém ser tão pretencioso que supõe mesmo até um ano antes imaginar a data e aquilo que o òrìsà vai aceitar?

Será que esse povo pensa que o òrìsà esta ali a disposição deles e que ele é um prestador de serviço?

É comum chegar pessoas minha casa para consultar dizendo que na obrigação de um ano vai ser oferecido um determinado presente para o òrìsà, é difícil para mim que vivo o òrìsà todo dia entender essa forma de pensar. Imaginem você em uma relação afetiva buscar contato com a pessoa amada uma vez por ano, imagine você beijar os seus filhos uma vez por ano, tente imaginar você recebendo carinho somente uma vez por ano!

Se você precisar do atendimento médico e o plantonista do hospital informar a você que só daqui um ano você vai ter direito ao atendimento, como você vai se sentir?

Se a relação entre os homens ficar prejudicada em um contato único anual imaginem com as divindades considerando o nível de exigência de alguns indivíduos que querem resolver a vida sentimental, profissional e espiritual em um único contato com o òrìsà.

A inocência ou a ignorância não desculparia tal raciocínio por questão óbvia, se o òrìsà nos abastece da mesma forma que a água mata nossa sede, como é possível imaginar uma relação tão fria e sem afeto.

Alguns iniciados rezam para os orixás todos os dias e fazem seus pedidos diariamente, mas tem o habito de agradecer uma vez por ano.

O que será que esse povo imagina que é o òrìsà?

Algumas pessoas quando vão namorar no motel ou abusam um pouco mais da bebida, ficam bem à vontade porque imaginam que o òrìsà está na casa de asé, esquecem elas que o òrìsà tudo vê e tudo sabe.

 Talvez essa forma de pensar complemente o raciocínio acima descrito, pois se o òrìsà esta a minha disposição ele vai aceitar ficar esperando que o efeito da bebida passe ou que eu saia do motel para que ele se aproxime.

 Se o òrìsà é na mente desse pessoal somente um servidor que vai responder quando eles chamarem, então ele vai aceitar aquilo que eles oferecerem e quando eles quiserem, pensam os idiotas!

Esse tipo de òrìsà imaginado por esses desavisados, totalmente sem vida e sem vontade, quando invocado nas comumente descritas obrigações de ano, respondera da mesma forma que foi tratado durante o ano.  

Será que alguém acredita que ser iniciado para òrìsà é isso?






quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O orixá esta desaparecendo?



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Se um sacerdote do culto ao òrísà ou ifá durante a sua vida aprender quinhentos ebós e ele não confiar plenamente em seus iniciados ele irá transmitir com medo de ser traído a metade de tudo que aprendeu, ou seja, duzentos e cinquenta ebós.

Entre seus filhos o mais dedicado que herdou esse montante se pensar da mesma forma irá transmitir para o neto do sacerdote citado acima a metade do que aprendeu aproximadamente cento e vinte e cinco ebós.

Assim acontecerá com o conhecimento sobre cantigas e sobre folhas e ebós, não é preciso ser bom em matemática para entender a logica dos fatos, a sabedoria ancestral trazida do território yoruba está desaparecendo.

Se analisarmos o que esta acontecendo na grande maioria das casas de religiões do Brasil, vamos identificar facilmente o entra e sai de iniciados nas casas de asè. Essa dança das cadeiras prejudica a todos, prejudica as casas de asè e a imagem de nossa religião como um todo.

Todos aqueles que abandonam as suas famílias de asè presume que estão se afastando porque a casa que os iniciou não deu a eles o que eles esperavam, mas também é verdade que os iniciados muitas vezes geram uma expectativa impossível de ser realizada na religião de òrísà, muito só conseguiriam resolver o que almejam com mágica.

Não vamos analisar as expectativas ou as decepções, temos que considerar é o enfraquecimento progressivo da sabedoria ancestral herdada em nosso país.

No território yoruba existe uma solução para esse tipo de problema que aqui se perdeu com o passar dos anos, na terra mãe, a sociedade Ogboni resolve esse problema.

Na organização Ogboni em razão dos juramentos e dos compromissos assumidos, a verdade transita mais fácil entre iniciados em iniciadores e os segredos não se perdem como tanta facilidade como em nosso país.

Um Oluwo Ogboni ou um Apena Ogboni são considerados guardiões dos segredos sobre a cultura de òrísà, são eles que escolhem entre os seus iniciados para quem deve ser passado o conhecimento, com esse tipo de compromisso de fidelidade e respeito segredos deixaram de ser enterrados com os verdadeiros sacerdotes.

A desconfiança enfraquece qualquer tipo de relação, a insegurança apodrece os alicerces da amizade do amor e do respeito, a relação sacerdote e iniciado deve ser tranquila e pautada na sinceridade e na transparência.

É digno de pena aquele que tem conhecimento e não divide com seus seguidores, aprender e não ensinar o que aprendeu é um acumulo de informações que pesa para aquele que a detém.
Se outrora em nosso país existiu um grande numero de iniciados na sociedade Ogboni e os museus brasileiros provam isso, chegou o momento de ampliar o numero de iniciados como forma de salvar tudo aquilo que esta se perdendo.

ESTÁ TUDO ENTREGUE A TERRA SOBRE A QUAL NÓS FIZEMOS O JURAMENTO
SOBRE A TERRA NÓS RESPIRAMOS
SE VOCÊ POR SOBRE A TERRA ME TRAIR
SE VOCÊ POR SOBRE A TERRA RESPIRAR
A RESPIRAÇÃO MATARÁ VOCÊ
A JUSTIÇA ESTÁ NAS MÃOS DA TERRA SOBRE A QUAL NÓS FIZEMOS O JURAMENTO...



Autor Babalawo Ifagbaiyin Agboola








quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Òrìsà ignorante.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Quando eu sou procurado por pessoas que me dizem que suas vidas não estão bem porque elas têm que dar para òrìsà algo que ele teria pedido e que elas não deram por que não tiveram condições de comprar, eu respondo, seu òrìsà é ignorante?

Se o òrìsà pede alguma coisa que você não pode fazer ele não é seu amigo, é seu inimigo e um espirito que não merece culto.

Espirito que não tem visão e que não evolui, ele é condenado ao esquecimento.

É comum assistir essa cena que descrevi acima, assim como é bastante comum encontrar pessoas que são capazes de fazer o possível e impossível para seguir as orientações do seu òrìsà.

 Será que a pessoa que esta transmitindo desejo do òrìsà é confiável?

Será que ela tem ética?

Será que ela é honesta?

Será que o que ela esta dizendo é verdade?

Acredito que em muitos casos o sacerdote inventa a suposta necessidade por falta de caráter ou por falta de dinheiro.  Inventar uma suposta cerimônia e pedir muito dinheiro para pessoas que mal tem dinheiro para suas necessidades, eu não acredito que seja o desejo do òrìsà.

O número de pessoas que atendo que se decepcionaram com a religião por conta da falta de preparo e de ética dos babalórisás, Ìyálóòrìsà, e Bàbàláwos se multiplicam a cada dia.

Uma pessoa que deseja orientação espiritual deveria investigar a pessoa que o orientará.
Um bom sacerdote da religião dos òrìsà tem sua formação atestada pelo seu comportamento, e pelo seu conhecimento.

Se alguém lhe mostrar um certificado que participou de um evento, não quer dizer que ele tenha conhecimento sobre o tema proposto pelos organizadores, e muito menos que tenha capacidade para promover um suposto domínio do tema.

Para ser um sacerdote é necessária ética, fé e trabalho duro na casa de òrìsà durante anos, se não for assim não existirá um bom sacerdote.

O sacerdote confiável jamais vai tentar convencer uma pessoa a fazer algo que ela não tem condições usando para isso a palavra do òrìsà.







Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda?

  Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda? Quando me pediram para escrever sobre a Umbanda e o Ifá, pensei muito antes de aceit...