quarta-feira, 27 de abril de 2011

Fé ou alienação Orunmila?




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Hoje diante,de tantos desabafos,que recebo em minhas correspondências, fico me perguntando,ate  onde pode ir nossa fé;o porquê de tantas pessoas que tem abandonado a crença nos orisas, e ido buscar novas crenças;será que a fé tem sido pequena,ou as desilusões grandes demais?

Onde podemos buscar a razão para tudo isso?
Será que é o orisá que esta errando?

Ou será que esse erro está sendo cometido, pelo pouco conhecimento de nossos sacerdotes?

Tantas coisas vêm sendo criadas,outras tantas misturadas,que  a verdadeira essência,a do orisa,esta  cada dia mais longe da sua real origem.

 Vamos tentar enxergar de uma forma simples, se eu pegar uma receita,e ao invés do sal,colocar o açúcar, todo seu sabor será mudado,e a receita original,perderá completamente o sabor, quem errou?

Como que algumas pessoas conseguem cultuar inkices,voduns,orisas,caboclos e tantos outros espíritos juntos?

Já conheci pessoas feitas para Osun tendo como Esu pessoal tranca rua das almas;como isso pode acontecer?

Então, se não tivermos sacerdotes bem preparados e com uma linha de formação bem definida como vamos esperar um resultado satisfatório.

Onde esta sendo depositada toda a fé de uma pessoa?
Para quem ela deve fazer suas orações?

Em qual cultura ela deve se aprofundar e aprender;na cultura do misturando que funciona?

É através de um bom sacerdote que teremos o conhecimento e a formação necessária para entender uma religião.

Com o passar do tempo, os erros vão sendo cometidos,vamos tendo perdas,e com elas os sofrimentos gerados, por tudo isso,seguem aumentando.

 Quem suporta perdas e os sofrimentos que tudo isso gera?

 Tudo na vida está interligado,não vamos esperar milagres,mas vamos buscar sacerdotes melhor preparados,que possam nos orientar,não queremos mágica,queremos coerência.

 Quando temos fé,sentimos que não estamos sozinhos,que uma força existe dentro de nós,mas às vezes não podemos dar um nome a ela, sentimos sua presença, precisamos desenvolver um maior conhecimento,sobre tudo que está acontecendo.

 Sabemos que muitas vezes ela partiu de um determinado orisa,e  as vezes de um assentamento feito por um sacerdote,que  detêm o verdadeiro conhecimento e através dele,nos transmite  a força necessária para o momento ou situação que estamos passando;tudo fica mais fácil.

É quando existe esse conjunto que teremos o resultado necessário,para o problema daquele momento.

 A crença é necessária em todos os momentos, precisamos acreditar,mas também conhecer o que acreditamos,fé sem conhecimento é alienação.

A vaidade e o troféu



Autor: Iya apetebi Ifakemi Agboola


Outro dia estava me lembrando de uma historia que presenciei  há muito tempo...

Uma senhora que hoje é uma iyalorisa conhecida,emprestava algumas de suas roupas para os funcionários de sua casa irem com ela nas festas de religião,na condição que eles dissessem que eram filhos de santo dela.

Essa loucura explica a que ponto uma pessoa pode chegar para demonstrar que tem um grande número de filhos.

Vamos falar de um assunto que  todos conhecem bem, os  filhos troféus,iniciados que  servem de adorno na coroa de sua majestade (a vaidade de ser sacerdote) coisa muito comum nos dias de hoje.

Vocês acham estranha a minha afirmação?

Em um mundo,onde quase tudo é aceitável,onde status e beleza viraram  religião e o número de filhos,é sinônimo de asé,
 acredito que algo  aqui deve ser mudado,porque  eu não concordo que um número grande de filhos é sinal de asé,só não consegui encontrar a palavra certa,para definir isso,não sei se é vaidade ou ignorância.

 Nada mais poderia ser estranho, que colecionar seguidores,e não formar iniciados,isso parece até brincadeira.

Bem amigos, vamos ser sinceros,tudo começa com a iniciação do troféu, primeiramente a roupa da sua saída,deverá ser digna de um rei ou rainha,ou será que o dono da casa vai querer mostrar a simplicidade de um orisá?
Não,ali, é seu momento, e através daquela situação  que ele vai encantar o público.

Fora da realidade,com todo o seu orgulho,divulgará aos olhos da ilusão,a continuação de um ritual,onde  a preocupação é o luxo e a necessidade de apresentar para aquela casa, mais um membro, ou seria apenas mais um número,ou mais um troféu?

Hoje,o que vemos,por ai, não são casas preparadas,preocupadas em colocar os filhos em sintonia com o orixá, mas o iniciado em sintonia com as necessidades da casa,ou a vaidade do sacerdote,
 buscando ali apenas elevar os números de filhos,onde a satisfação não esta no orisa,mais sim na quantidade de pessoas iniciadas ,ou no número de pessoas dançando no barracão.

Essas coisas se tornaram hábito em muitos lugares, graças ao Orisa não virou uma regra,ainda temos sacerdotes honestos.

Em alguns lugares chega ao ponto que isso é tão importante,que ao chegar na casa,é sempre enfatizado a “necessidade de ser iniciado no orisa”, e à medida que o tempo passa, a pessoa que ainda não se submeteu ao ritual,começa a ser vista com um certo desprezo.

 Por que?
 É amigos,precisamos mudar alguns conceitos dentro do culto aos Orisas; Orisa é pé no chão,é simplicidade,não é números, e sim a qualidade e não a quantidade.

É a capacidade de transformar,é a força da fé, é a verdade nua e crua,é a realidade;não aceito mais a ilusão, não vou compactuar com a mentira a mediocridade e a ignorância  que se instalou.



sexta-feira, 8 de abril de 2011

Entre a cruz e a espada, Ifá.




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Um sacerdote para desenvolver um trabalho digno,deve obedecer alguns princípios fundamentais como representante das divindades,sendo porta voz do oráculo.

Deve considerar a verdade sua maior aliada no desenvolver de seu trabalho.

A mentira não deve ser vista como o inverso da verdade e sim como a intenção maldosa de enganar e envolver em nome do divino.

No odu Ògúndábèdé Orunmila orienta sobre a necessidade de manter sempre a verdade.
O mentiroso viajou por vinte anos e não foi capaz de retornar.
O mentiroso viajou por mais seis meses e não foi capaz de retornar.
A Honestidade é a melhor diretriz consultou Ifá para Baba Ìmàle,que estava trajado em roupões. Foi dito para ele que ele seria um mentiroso por toda sua vida.
O não conhecimento da filosofia empregada na religião dos Orisas,criou automaticamente uma lacuna que foi ocupada pela criatividade e por vários interesses que somente beneficiam os inescrupulosos os supersticiosos e ignorantes.

A filosofia é o estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos.

A teologia é o estudo das manifestações sociais de grupos em relação às divindades.

A ética significa modo de ser, caráter, comportamento é o ramo da filosofia que busca estudar e indicar o melhor modo de viver no cotidiano e na sociedade.
O vasto legado deixado em terras brasileiras pelos escravos trazidos do território yoruba, contribuíram para a formação do conhecimento necessário para alguns rituais,mas o comportamento do oficiante deve ser seguido com base em valores não só teológicos mas também filosóficos,ético,e moral.

A mentira pode surgir por várias razões, receio das conseqüências da verdade e que traga conseqüências negativas.

O medo e a insegurança por falta de conhecimento geram uma grande confusão entre ignorantes vitimas de preconceito e maldosos sedentos de benefícios, colocando assim aqueles que buscam uma orientação muitas vezes entre a cruz e a espada.
Sendo assim a melhor opção para quem busca um atendimento é usar de cautela e prudência ao eleger a pessoa em quem confiar sua fé.



Bibliografia consultada : Oráculo sagrado de Ifa,Afolabi Epega,Neimark ,tradução para português Ósunlékè.
Wikipédia.

terça-feira, 29 de março de 2011


A ética e o sacerdote no Ifá e orixa.




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Quando vemos uma criança apontar um coleguinha como sendo o culpado por uma de suas travessuras, já podemos imaginar como vai ser o futuro dessa pessoa se não houver a interferência dos pais.

Nas diversas áreas podemos sentir as distorções de personalidade,e a falta de caráter,de um indivíduo,que muitas vezes começa lá na infância; quando isso é notado em um sacerdote,me faz lembrar uma conhecida frase Yorubana( En ti ase loore ti ko Du pé buru ju olósa Ti ó kò ní léru ló)aquele a quem concedemos bondades que não expressa gratidão,é pior que o ladrão que rouba nossas coisas.

Quando confiamos em alguém, nossa fé, isso nos torna vulneráveis, abrimos nosso coração e expomos nossas feridas, assim como as mais profundas angústias de nossa alma e, muitas vezes, reconhecemos naquela pessoa um elo de ligação com o sonho e a esperança da realização,e isso nos conduz a conceder bondades a esse suposto confiável,amigo,e orientador.

Quando uma consulta a um sacerdote acontece,nos desnudamos e assumimos nossas falhas,e nossa real condição de impotência para lidar com o desconhecido ou com o inesperado.

Isso coloca,o então, senhor da resposta,como solução as nossas angústias e lhe concede o direito de colocar na solução,custos,mesmo que algumas coisas jamais possam ser pagas, quando de fato acontecem.

A condição de solucionador de problemas do corpo e do espírito,não é verdadeira,na realidade o sacerdote,é somente um elo de ligação,entre a solução e o problema, isso não justifica algumas vaidades exteriorizadas,quando do sucesso do tratamento,até porque a solução partiu do Orisa e não do sacerdote.

Quando analisamos do ponto de vista ético,um orientador,jamais deve afastar uma pessoa de sua religião,e sim fortalecer nela aquilo que naturalmente se desenvolveu: confiança, credibilidade e esperança; jamais tal comportamento deve unir o adepto ao emissário e sim a divindade.


Nada mais justo que por esse caminho não trafegue a ilusão, o dever de quem orienta é ajudar a sonhar e jamais iludir.

Quando buscamos em uma consulta aos Orisas,orientação, evidentemente que os interesses do sacerdote,devem ser omitidos,assim como a opinião pessoal do mesmo.

Tal fato transfere a responsabilidade ao Orisa que orientou,mas em nenhum momento isenta o sacerdote da interpretação.

Acredito de fato que quando alguma coisa deixa de acontecer é um erro de interpretação e nunca um equivoco divino.

Assumir tais erros,é um ato de coragem,e sem dúvida, é uma questão ética, considerando o fato que, além dos interesses envolvidos,houve uma expectativa gerada,nada mais justo que um resultado positivo seja sentido, e a resposta aos questionamentos venha como solução ao problema.
Assumir responsabilidades é um atributo de quem oferece soluções.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Mitos, ritos e Orunmila I 


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola
    Ao longo dos anos alguns mitos foram criados, nessa oportunidade tentaremos aqui auxiliar para que tais equívocos sejam esclarecidos.

1-Deve dar azeite de oliva para Obatala?
Obatala come comidas temperadas com banha de ori,entre algumas coisas; não se usa azeite de oliva conhecido como azeite doce para nenhum orisa.

2-Sango tem medo de Egungun?
Sango convive em perfeita harmonia com Egungun.

3-Existe vários orisas que não aceitam dendê?
Somente Obatala não aceita dendê.

4-Obatala não aceita bebidas de álcool.
Obatala não deve consumir vinho de palma.

5-Se deve colocar obé em vários Orisas?
Somente Ogun é o dono do obé,que serve para os outros orisas.

6-Vai quartinha com água em todos Orisas?
Em poucos orisas vai quartinha com água, os principais é Osun,Yemonja e Obatala.

7-Ogun pode ser arrumado em vasilha de barro?
Jamais, Ogun pode ser arrumado em vasilha de barro, somente em vasilha de ferro,Ogun pode ser assentado.

8-Olooogun Ede pode ser arrumado em vasilha de louça?
Olooogun deve ser arrumado em vasilha de barro.

9-Os búzios das vasilhas dos orisas devem ser abertos?
Os búzios abertos servem somente para jogo, os búzios das vasilhas sempre devem ser fechados.

10-Osun não aceita pombo?
Os únicos impedimentos de Osun seriam os igbin e a banha de Ori.


11-Esu pode ser assentado com pedra de rio?
Jamais Esu deve ser assentado com pedra de rio.

12- Sango deve ser assentado com pedra de rio?
Sango somente pode ser assentado em edun ara.

13-Agamju é assentado em edun ara?
Não, somente dois orisas levam em seu assentamento edun ara e não é Aganju.

14-Iya mi só deve ser cultuada por mulheres?
O culto a Iya mi está ligado a fecundidade, então não poderia haver fecundidade sem a presença de ambos os sexos.

15-O culto de Egungun é somente praticado por homens.
Toda mulher tem antepassados masculinos que devem ser homenageados.

16-Iya petebi é um cargo que todas as mulheres de Osun podem ocupar.
Iya petebi é uma função da mulher do Babalawo ,independente do orisa que ela cultue.

17-Existe qualidade de orisa?
Não existe qualidades de orisa,o que existe são nomes diferentes, em lugares diferentes dados ao mesmo orisa.

18-Sango não aceita obi?
Sango prefere orogbo,mas aceita obi.

19-O orogbo deve ser aberto com faca e descascado para oferecer ao orisa?
O orogbo não deve ser aberto com faca e não deve ser descascado para oferecer ao orisa.

20-O sacerdote não deve iniciar seus filhos carnais?
O sacerdote não só pode como deve iniciar seus filhos carnais existe um odu de Ifa que fala sobre a iniciação dos próprios filhos.


Em outra oportunidade seguiremos com essa forma de abordagem por entendermos ser de fácil compreensão para todos que estão se iniciando na religião tradicional yoruba,ou até mesmo para as pessoas que ainda não conhecem nossa religião.

sexta-feira, 11 de março de 2011


O Bàbàláwo brasileiro,sacerdote de Ifá.

Autor: Babalawo Ifagbaiyin 

Outro dia me foi perguntado se pode haver um Babalawo brasileiro, e isso me fez pensar, que trauma de inferioridade nosso povo vive ao longo da história, que só o que é estrangeiro é que é considerado bom.

Aprendemos primeiro que o que os Portugueses faziam era melhor, depois aprendemos que os franceses eram melhores e por último no governo militar nos foi ensinado que os americanos que eram os bons em tudo.
Que fato estranho é esse que nosso povo se comporta com tal dificuldade de aceitar os seus compatriotas como pessoas comuns, porque sempre somos vistos, por nossos irmãos como sendo inferiores.

Vivemos em um país rico com pessoas inteligentíssimas que ensinam em faculdades no mundo inteiro os mais diversos temas, porque não poderia um brasileiro ser Babalawo?

Bem essa questão da ótica do comportamento humano eu não sou capacitado para examinar deixo isso para os especialistas em tratamento das pessoas mentalmente perturbadas, ou com transtornos de comportamento.

Com respeito ao aspecto religioso examinarei aqui algumas questões de grande importância: se um brasileiro passa por todos os rituais que um yorubano o que o tornaria menos capaz diante dos olhos de Orunmila?Nada.


O ritual que demora inúmeros dias conhecido como Itefa qualifica a pessoa para ser um sacerdote e dar início a uma caminhada que, dependendo da pessoa, pode ou não levar mais ou menos tempo,antigamente se falava de quinze anos,hoje isso tudo é coisa do passado um sacerdote usa elementos como a informática, áudios,e vídeos para melhorar seus conhecimentos,isso comparado com a forma de estudar de cem anos atrás reduz bastante o tempo de aprendizado.

Se a pessoa for iniciada seguindo os princípios da tradição yoruba existem várias formas de conduzir os rituais; o primeiro odu extraído para o iniciado antecede a entrada dele ao igbodu,e pode ou não orientar a necessidade de alguns diferenciais como ebós distintos ao então possível sacerdote.


Se o mesmo foi submetido no igbodu ao ritual do itefa presumimos que tais rituais foram feitos seguindo a orientação de Ifa,e a partir do momento que é extraído o odu do então agora iniciado segue-se os rituais até a conclusão da feitura,com a extração do terceiro odu que orienta sobre o futuro do sacerdote.

Quando um médico sai da faculdade formado nós o chamamos de enfermeiro? Não, nós o chamamos de médico; quando um aluno se forma na faculdade de engenharia nós o chamamos de mestre de obras ou de engenheiro? O sacerdote que passa por todos os rituais de iniciação deve ser reconhecido pelo titulo que recebeu. Se ele vai ou não corresponder é uma outra coisa que pode acontecer em qualquer profissão escolhida.

O dedo médio do sacerdote brasileiro é diferente do dedo médio do sacerdote yoruba?Esse dedo que passa por tantos rituais para que possa imprimir os odus não é reconhecido porque é branco, ou a mente dos nossos irmãos que permanece na escuridão.


O que me deixa triste é saber que pessoas pensem assim,o fato do sacerdote passar por rituais não o habilita a realizar os mesmos, mas o torna reconhecido como tal,os anos podem transformar esse Babalawo em um bom sacerdote,mas um bom sacerdote com os anos não se transforma em um Babalawo.Sem a feitura não existe o titulo.

Até mesmo quando vamos construir uma casa o alicerce deve ser construído primeiro; porque devemos ser diferentes em nossas carreiras? É claro que todo sacerdote deve ser reconhecido por seu conhecimento, mas os rituais o credenciam ao titulo.
Dizer que todo brasileiro não pode ser um Babalawo,é no mínimo imprudência porque ifa ensina que generalizar não é inteligente.

Devemos estar abertos ao diálogo, as mudanças e as transformações estão acontecendo na natureza a todo momento, porque não aconteceria na nossa religião? Uma das missões que Ifa deu aos Babalawos é que ele ande pelo mundo e inicie novos sacerdotes. Por que deveria iniciar novos sacerdotes, para não serem reconhecidos?
Que uma pessoa que fala yoruba fluentemente tem mais chance de aprender Ifa do que uma que não fala a língua isso eu não discuto, que uma pessoa morando em território yoruba tem mais acesso a informação que uma aqui no Brasil isso eu não discuto,mas não estamos discutindo geografia,ou lingüística,estamos falando os desígnios de Ifa,e eu pergunto quem entre nós sabe mais que o Orisa testemunha da criação?

Bí o se rere yó yọ sí ọ lára; bí o kò se rere yó yọ sílẹ̀.

Se suas ações são boas que os benefícios voltem a você; se suas ações não são boas logo aparecerá claramente.

domingo, 6 de março de 2011

Iniciação o milagre da vida, Ifá e orixa.

Iniciação o milagre da vida, Ifá e orixa.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin.

Ao longo da história da humanidade o homem vem desenvolvendo uma série de atividades, criando assim uma maior condição de sobrevivência, e desenvolvendo uma capacidade de adaptação aonde o principio básico é a manutenção da vida.

Essa condição (natural) é sentida desde o primeiro momento após o nascimento quando instintivamente buscamos alimento no seio da mãe.
O desenvolvimento de armas e elementos facilitadores como máquinas e implementos contribuíram para um menor desgaste físico, mas paralelamente a isso houve um desenvolvimento mental habilitando esse mesmo elemento a viver com suas dúvidas e decepções.

Nesse período a crença em uma força superior auxiliou muito na manutenção da esperança e na compreensão das perdas assim como, estimulou a capacitação moral e ética.

Com o surgimento dos rituais de iniciação essa capacidade passou a ser aprimorada em território Yoruba.


As pessoas que são iniciadas para determinados Òrìșàs seguem uma orientação de Ifá baseada em um principio da complementação.

Quando um sacerdote de Ifá é iniciado cumpre uma série de rituais e cultua os Òrìșàs indicados nos odus relativos à sua iniciação, já no caso da pessoa não iniciada em Ifá o processo pode seguir uma orientação um pouco diferente.

A pessoa nascida gêmea já trás abundância e a alegria em seu nascimento; sua vida vai ser de fartura naturalmente, e sua forma alegre de ver as coisas com um pouco de infantilidade jamais vai deixar de existir. Considerando esse fato pode ser que Ifá oriente a mesma a ser iniciada em um Òrìsà que tenha um senso prático mais apurado, facilitando assim a vida da pessoa, trazendo para ela uma capacidade que em muitas vezes é deficiente no dia a dia da mesma.

É verdade que estamos aqui examinando uma iniciação, e não uma feitura; então falamos de necessidades apontadas para complemento, suprindo assim uma deficiência que só não é encontrada em Olodumare.

Então se uma pessoa feita para Osun com uma capacidade enorme de amar, em algum momento de sua vida vier a ter um problema em sua vida afetiva, não vai ser considerado o fato de ela amar demais e sim o fato de amar a pessoa errada, sendo assim lhe falta discernimento na hora de eleger o parceiro.


Nesse caso poderá ser indicada a iniciação ao Òrìșa Ọbàtálá, criando assim uma forma de pensar e agir mais equilibrada na vida sentimental dessa pessoa, se isso não for feito seguirá por toda vida se unindo a pessoa errada trazendo assim uma decepção em sua vida afetiva, gerando uma forma de agir involuntária aonde a mesma termina desenvolvendo um comportamento em desalinho com seu destino.

A pessoa com tal problema poderá se unir por interesse, considerando que houveram inúmeras decepções, ou até mesmo desenvolver um comportamento narcisista e individualista gerado pelo medo de amar a pessoa para de se doar, e assume um comportamento egoísta.

Esse tipo de situação pode ser resolvido com uma iniciação ou com outras formas de tratamento, sempre seguindo a orientação de Ifá, é bem verdade que iniciar uma pessoa não feita não é comum, mas é aceitável; muitas vezes a necessidade de uma iniciação antecede a feitura e em muitos casos substitui.

Vejamos então outro exemplo, uma pessoa nascida com problemas de saúde, por orientação de Ifá poderá ser iniciada no culto de vários Òrìșàs; mas o ideal é que primeiramente seja iniciada em Soponnan ou até mesmo em Olókun, Òrìșàs mais diretamente ligados a essas questões, trazendo assim uma melhor qualidade de vida a essa pessoa que poderá ser feita ou não em um futuro. A diferença entre a feitura que exalta as qualidades já existentes no momento do nascimento, e a iniciação que justifica a reposição do que falta em nossa essência é muito forte: feitura e iniciação se diferem e as mesmas só podem ser indicadas por Ifá.


Assim como a iniciação, deixamos bem claro que a orientação pode ser um ebó, ou algum outro tipo de tratamento, e até mesmo uma feitura em caso extremo.

Voltando as iniciações, no caso de algumas pessoas feitas para Ògún poderá ser indicado iniciação em Yèmojà. O filho de Ògún com toda sua vitalidade para o trabalho e os esportes, com sua valentia e coragem muitas vezes sem perceber se afasta um pouco da família e a iniciação em Yèmojà o ajudará nesse relacionamento com filhos e parentes.

Pode acontecer também que essa mesma pessoa feita de Ògún com toda essa vitalidade necessite da iniciação em Ọbàtálá para que tenha mais calma e enfrente os obstáculos com menos desgaste.

Quando analisamos o milagre da iniciação, depois de algum tempo comparando o comportamento do iniciado, fica claro a mudança; a influência do Òrìșa iniciado na vida da pessoa mesmo que ela já seja feita há muito tempo ou que ainda não tenha seu Òrìșà pessoal, é visível e fica evidenciada em seu comportamento.
A iniciação realmente pode ser descrita como um milagre quando bem feita seguindo as indicações corretas.


Poderia descrever aqui os efeitos das mais diversas iniciações no dia a dia do indivíduo, mas não devemos esquecer que em território Yoruba o número de Òrìșàs assentado para uma pessoa que não vai ser um sacerdote é muito reduzido e não raramente excede a três ou quatro, também pode acontecer que a necessidade de culto a um Òrìșà familiar ou antepassado seja indicada por Ifá, ou que a pessoa jamais seja iniciada ou feita.

A iniciação aqui em nosso país passou a ser tratada como um complemento necessário e não como uma solução indicada; quando nascemos somos imperfeitos e assim seremos por toda a vida, o milagre da iniciação só vai amenizar os efeitos de tais imperfeições.


É muito comum ver pessoas feitas para Òrìșàs, mas que na verdade deveria ser iniciada, criando assim inúmeras dificuldades, essa confusão entre iniciação e feitura limita as realizações pessoais e o não cumprimento do destino, implica em sofrimento e desgosto, esse problema se torna cada dia mais comum por falta de conhecimento dos sacerdotes.


Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda?

  Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda? Quando me pediram para escrever sobre a Umbanda e o Ifá, pensei muito antes de aceit...