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terça-feira, 3 de dezembro de 2013


A responsabilidade do Babalawo Brasileiro



Autor: Babalawo Ifagbaiyin  Agboola.

Durante a viagem de retorno de São Paulo para Porto Alegre eu estava conversando com a minha Iya apetebi sobre um assunto que gostaria de compartilhar com os amigos, o babalawo brasileiro.

As pessoas que praticam a religião de orisá no Brasil devem analisar com calma a responsabilidade do Babalawo brasileiro, ela é muito maior que a responsabilidade de um Babalawo (Yorubano),explicarei as razões:

Primeiro, porque o Brasil é o país que mais cultua orisa no mundo.

Segundo porque precisamos preencher a lacuna deixada em aberto na historia do Ifá no período da escravidão.

Terceiro a necessidade de corrigir alguns equívocos no culto de orisa no Brasil é fundamentada no conhecimento sobre ifá, só quem conhece profundamente poderá orientar e esclarecer.

A figura do babalawo é historicamente respeitada o conhecimento, a ética e o caráter avalizam a postura do sacerdote, um babalawo deve ser uma reverência e um exemplo para a comunidade.

O babalawo brasileiro na atualidade tem uma missão bastante difícil, ele necessita iniciar muito mais pessoas que os babalawos nigerianos, a pessoa sendo indicada por ifá a um caminho de sacerdócio deve ser iniciada imediatamente.

A falta de babalawos no Brasil é muito grande precisamos iniciar bons sacerdotes para que em um futuro o culto a ifá seja restabelecido em proporção ao culto de orisa em nosso país.

Algumas pessoas me criticam porque cobro menos da metade que alguns babalawos, explico o porquê :

Entendo ifá em minha vida não como uma escolha minha e sim como uma missão a ser cumprida se eu cobrar muito vou dificultar as iniciações e a minha missão é facilitar o contato com ifá.

Compreendo que faz parte do meu destino assim como de outros babalawos iniciar sacerdotes sérios para que em um futuro o Brasil seja reconhecido pelo bom nível dos sacerdotes de ifá.

Se eu estivesse buscando lucro financeiro não seria sacerdote, acredito que um babalawo deve facilitar o acesso aos orisás e acredito que se um sacerdote cobrar o que o iniciado não pode pagar ele esta dificultando a iniciação, consequentemente ele se opõe com esse gesto ao culto de orisa e ifá.

Vejo com bons olhos o futuro do ifá em nosso país à internet permite um contato com os yorubanos e fica muito fácil saber quem é quem.

Ilusionistas que engolem folgo mágicos que enfiam facas nos olhos em bem pouco tempo vão deixar de existir, o povo brasileiro já deixou de acreditar em contos de fada faz bastante tempo, somente alguns desavisados acreditam em ebós que resolvem todos os problemas e magias que curam de unha encravada a impotência.

Chegou a hora da verdade somente homens sérios poderão iniciar sacerdotes dignos que em um futuro representarão o ifá no Brasil.

Os bons sacerdotes yorubanos se sentem orgulhosos com o saber dos babalawos brasileiros, nós fizemos parte de um povo alegre, inteligente e temos todos os pré-requisitos para ter grandes babalawos em nosso país.

Ser um babalawo no Brasil e muito difícil, enfrentamos todo dia olhares desconfiados, vivemos em um país que ainda esta aprendendo a valorizar seu povo, é responsabilidade dos bons sacerdotes orientar esse povo para o aumento da auto estima e a valorização dos que aqui nascem. Não somos superiores, mas também não somos inferiores precisamos entender a historia de nosso país para valorizar a gente que aqui vive.

Eu sempre digo que se Olodumare não quisesse o culto de orisá no Brasil a vinda de um contingente enorme de escravos não teria acontecido, situações ruins, dolorosas muitas vezes carregam em seu intimo ações que nós somos incapazes de julgar.

A luz do saber não é privilegio dos que seguem com os olhos fechados, temos que levantar a cabeça, abrir bem os olhos e com a pureza no coração tentar construir um futuro melhor, onde a barbárie não tem lugar onde o respeito ao próximo seja tido como obrigação, onde a riqueza do homem seja medida por seus atos e não pelo que ele tem no bolso.

Não consigo entender algumas pessoas que sabem que temos excelentes cientistas, médicos, engenheiros, professores, artistas e atletas em nosso país, mas que não conseguem ver com bons olhos os babalawos brasileiros.

A verdade é que ifá é para todos e  que nem todos são babalawos, mas não quer dizer que no Brasil não temos pessoas capacitadas.


sexta-feira, 11 de março de 2011


O Bàbàláwo brasileiro,sacerdote de Ifá.

Autor: Babalawo Ifagbaiyin 

Outro dia me foi perguntado se pode haver um Babalawo brasileiro, e isso me fez pensar, que trauma de inferioridade nosso povo vive ao longo da história, que só o que é estrangeiro é que é considerado bom.

Aprendemos primeiro que o que os Portugueses faziam era melhor, depois aprendemos que os franceses eram melhores e por último no governo militar nos foi ensinado que os americanos que eram os bons em tudo.
Que fato estranho é esse que nosso povo se comporta com tal dificuldade de aceitar os seus compatriotas como pessoas comuns, porque sempre somos vistos, por nossos irmãos como sendo inferiores.

Vivemos em um país rico com pessoas inteligentíssimas que ensinam em faculdades no mundo inteiro os mais diversos temas, porque não poderia um brasileiro ser Babalawo?

Bem essa questão da ótica do comportamento humano eu não sou capacitado para examinar deixo isso para os especialistas em tratamento das pessoas mentalmente perturbadas, ou com transtornos de comportamento.

Com respeito ao aspecto religioso examinarei aqui algumas questões de grande importância: se um brasileiro passa por todos os rituais que um yorubano o que o tornaria menos capaz diante dos olhos de Orunmila?Nada.


O ritual que demora inúmeros dias conhecido como Itefa qualifica a pessoa para ser um sacerdote e dar início a uma caminhada que, dependendo da pessoa, pode ou não levar mais ou menos tempo,antigamente se falava de quinze anos,hoje isso tudo é coisa do passado um sacerdote usa elementos como a informática, áudios,e vídeos para melhorar seus conhecimentos,isso comparado com a forma de estudar de cem anos atrás reduz bastante o tempo de aprendizado.

Se a pessoa for iniciada seguindo os princípios da tradição yoruba existem várias formas de conduzir os rituais; o primeiro odu extraído para o iniciado antecede a entrada dele ao igbodu,e pode ou não orientar a necessidade de alguns diferenciais como ebós distintos ao então possível sacerdote.


Se o mesmo foi submetido no igbodu ao ritual do itefa presumimos que tais rituais foram feitos seguindo a orientação de Ifa,e a partir do momento que é extraído o odu do então agora iniciado segue-se os rituais até a conclusão da feitura,com a extração do terceiro odu que orienta sobre o futuro do sacerdote.

Quando um médico sai da faculdade formado nós o chamamos de enfermeiro? Não, nós o chamamos de médico; quando um aluno se forma na faculdade de engenharia nós o chamamos de mestre de obras ou de engenheiro? O sacerdote que passa por todos os rituais de iniciação deve ser reconhecido pelo titulo que recebeu. Se ele vai ou não corresponder é uma outra coisa que pode acontecer em qualquer profissão escolhida.

O dedo médio do sacerdote brasileiro é diferente do dedo médio do sacerdote yoruba?Esse dedo que passa por tantos rituais para que possa imprimir os odus não é reconhecido porque é branco, ou a mente dos nossos irmãos que permanece na escuridão.


O que me deixa triste é saber que pessoas pensem assim,o fato do sacerdote passar por rituais não o habilita a realizar os mesmos, mas o torna reconhecido como tal,os anos podem transformar esse Babalawo em um bom sacerdote,mas um bom sacerdote com os anos não se transforma em um Babalawo.Sem a feitura não existe o titulo.

Até mesmo quando vamos construir uma casa o alicerce deve ser construído primeiro; porque devemos ser diferentes em nossas carreiras? É claro que todo sacerdote deve ser reconhecido por seu conhecimento, mas os rituais o credenciam ao titulo.
Dizer que todo brasileiro não pode ser um Babalawo,é no mínimo imprudência porque ifa ensina que generalizar não é inteligente.

Devemos estar abertos ao diálogo, as mudanças e as transformações estão acontecendo na natureza a todo momento, porque não aconteceria na nossa religião? Uma das missões que Ifa deu aos Babalawos é que ele ande pelo mundo e inicie novos sacerdotes. Por que deveria iniciar novos sacerdotes, para não serem reconhecidos?
Que uma pessoa que fala yoruba fluentemente tem mais chance de aprender Ifa do que uma que não fala a língua isso eu não discuto, que uma pessoa morando em território yoruba tem mais acesso a informação que uma aqui no Brasil isso eu não discuto,mas não estamos discutindo geografia,ou lingüística,estamos falando os desígnios de Ifa,e eu pergunto quem entre nós sabe mais que o Orisa testemunha da criação?

Bí o se rere yó yọ sí ọ lára; bí o kò se rere yó yọ sílẹ̀.

Se suas ações são boas que os benefícios voltem a você; se suas ações não são boas logo aparecerá claramente.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Orunmila e Ifá, dúvidas frequentes.




Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

1 - A pessoa que faz itefá deixa de incorporar as entidades que ela cultua anteriormente?
Resp. Não, somete quem faz Ìtélodú não incorpora mais, o itefa é muito indicado para babalorisas e iyalorisas e isso não prejudica, pelo contrário favorece a ligação com o orisa.

2 - O assentamento de Orunmila tem okuta?
Resp. Não, o assentamento de Orunmila só tem ikins de quatro olhos ou mais.

3 - A mulher pode ser iniciada em ifá?
Resp. Sim, existem dois tipos de iniciações para mulheres, uma que ela se torna omo ifá e outra que ela se torna iyanifa, as duas partem do itefa.

4 - Um iniciado em ifá pode ser pintado com waji?
Resp. Não, o iniciado é pintado com efun, (masculino) e osun ( feminino), essa interação representa a fecundidade e a prosperidade, assim como a transcendência e a evolução espiritual.

5 - Quem faz isefá recebe nome?
Resp. Sim, quem faz isefa recebe nome e é considerado um membro da família do babalawo que iniciou, sendo caracterizado um elo de ligação que responsabilidade o sacerdote pelo pré iniciado, considerando a verdadeira iniciação é o itefa.

6 - Para fazer isefa raspa a cabeça?
Resp. Não, somente no itefa raspa a cabeça.

7 - Existe iniciação para iya apetebi?
Resp. Não necessariamente a iya apetebi é a mulher do babalawo que deve ser submetida a um isefa ou itefa, mas isso não é iniciação de iya apetebi.

8 - Existe algum cargo acima de babalawo na religião tradicional yoruba?
Resp. Não, Araba e Oluwo são funções exercidas por babalawos embora isso não caracterize que todo o babalawo possa um dia ser um Oluwo ou um Araba.

9 - Existe a possibilidade que exista um Araba ou Oluwo que não seja Ogboni?
Resp. Não, se isso acontecer certamente esse sacerdote não vai ter acesso há muitas informações fundamentais.

10 - Um Babalawo pode ter mais de uma mulher?
Resp. No Odu ogbe Meji diz que um Babalawo deve ser um exemplo e que ele deve cumprir as leis, sendo assim um Babalawo brasileiro que reside no Brasil não pode ter mais de uma mulher. Odu osa iroso, o adultério não faz parte da vida daquele que segue ifá.

11 - Um Babalawo pode trabalhar em outra atividade fora da religião?
Resp. Um babalawo pode sim trabalhar em outra atividade, diz Orunmila que um babalawo não deve comercializar as coisas de Ifá.

12 - Um Babalawo pode jogar búzios?
Resp. Um Babalawo consulta ifá com Opele.

13 - Uma mulher pode consultar Ifá com Opele?
Resp. sim se ela for iniciada como Iyanifa.

14 - Qual a roupa usada na iniciação de ifá (itefa)?
Resp. Só existe um tipo de roupa na iniciação, tanto para homens como para mulheres a roupa é um tecido branco que deve envolver o corpo, finalizando com um nó sobre o ombro esquerdo.

15 - Quanto dia dura uma iniciação em ifá?
Resp. de três a dezessete dias.

16 - Depois de quanto um iniciado em ifá submetido ao Ìtélodú pode iniciar outras pessoas.
Resp. Cada caso é um caso, mas em media depois de quatro a cinco anos.

Obs: esse tempo pode ser considerado a partir do momento que o iniciado é submetido a um segundo ritual após o isefa, onde ele recebe um opele, para praticar.

17 - Existe algum ritual que envolve a liberação do uso do opele para consultas de clientes?

Resp. primeiramente que existe mais de um tipo de opele, a consagração do opele para estudo envolve o ritual onde o opele é alimentado junto com ifa do iniciado, já o opele para consulta de clientes é submetido a um ritual completamente diferente que não deve ser divulgado, o awo para praticar recebe um único opele que pode ser de cabaça ou fava, já para consultas de clientes os opeles recebido pelo babalawo são no mínimo dois, considerando que alguns odus queimam o opele, a necessidade de mais de um é caracterizado após o período de estudos.

18 - Mulher pode ver o assentamento de iya odu se ela for uma iyanifa?
Resp. Não nem mesmo sendo uma iyanifa a mulher pode ver iya odu.

19 - A pessoa que é Umbandista ou Candomblecista pode ser iniciada em ifá?
Resp. Sim, ela deve  por varias razões, mas umas das principais razões além de conhecer os ewos, é identificar claramente os orisás que devem ser cultuados.

Obs: No Brasil é comum que as pessoas tenham inúmeros orisás assentados, isso implica diretamente em mais trabalho, mais culto, e não necessariamente em resultados positivos, muitas vezes as orações feitas para um único orisá, podem render um resultado melhor do que as feitas para vários orisás, explico em nosso país temos o habito de rezar para cada orisás de acordo com o problema que enfrentamos, já no território yoruba essa prática não existe, é comum ver pessoas que são iniciadas para um ou dois orisás.

20 - Uma pessoa que não é feita para um orisa pode ser iniciada e receber um assentamento?
Resp. Sim, não é comum mas acontece de pessoas que não são feitas serem iniciadas para um orisa especifico, exemplo o isefa onde a pessoa não é feita e recebe o assentamento de Orunmila.

21 - Em um isefa é assentado esu para o pré-iniciado?
Resp. Sim dependendo do odu.

22 - Orunmila se alimenta de animais masculinos?
Resp. Sim, dos 256 odus, em  8 Orunmila se alimenta de animais masculinos.

23 - Iniciado em ifá no ritual de itefa coloca na cabeça pena de Agbe ou Aluko?
Resp. Não, um iniciado em ifá é apresentado com uma pena de  ekodide, (ofun Meji ou orangun).
Obs: Apena de ekodide não deve ser usado sobre pano de cabeça ou kete, para o uso do ekodide existem várias normas, exemplo: no momento que o iniciado esta com a pena colocada em sua cabeça, ele não toca o solo com o ekodide, (odu ogbe Meji), (aquele que usa o ekodide deve ser respeitado).

24 - Quantos ikins são necessários no assentamento de Orunmila?
Resp. Um mínimo de 18 ikins.

25 - Quanto tempo demora a cerimonia do isefa?
Resp. De uma hora a três dias, depende da orientação de Orunmila.

26 - Quem faz uma pré-iniciação, isefa recebe opele?
Resp. Sim, em um Caso especifico quando o odu indica a necessidade de Ìtélodú, em um segundo ritual o opele para praticar é consagrado para o uso de estudo, até a preparação para o Ìtélodú.

27 - Quem faz itefa recebe opon e iroke?
Resp. normalmente não, somente quem faz Ìtélodú recebe esse instrumento que são usados por babalawos e iyanifas.

28 - A pessoa pré-iniciada segue o sistema de ose no assentamento de Orunmila semanal?
Resp. Não a orientação do ose semanal, é indicada para alguns odus, em outros ifá alerta que o assentamento não deve ser limpo, enquanto o compromisso assumido de um itefa subsequente não seja realizado.

29 – quem é submetido ao isefa recebe ide ifá?
Resp. Sim, Okanran ogbe.

30 – Os ebós feitos no opon seguem alguma regra? E quem pode fazer esses ebós?

Resp. Os babalawos e iyanifas podem fazer ebó riru seguindo uma regra básica, que consiste em seguir uma ordem pré-estabelecida dentro do egbe louvando Olodumare, Orunmila, os orisás e  os antepassados da família.
Cada família segue uma sequencia, o babalawo recebe diretamente dos seus iniciadores os nomes e os odus a serem louvados dentro da sequencia do egbe, assim como os odus de esu que devem ser usados e os odus transformadores de negativos em positivos.






quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O Jeitinho brasileiro e o ifá.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.


Muito se tem falado sobre o jogo de cintura dos brasileiros e a sua criatividade, na realidade em minha opinião o que o povo chama de jeitinho brasileiro, para mim é uma tentativa de ludibriar as regras, então se você não gosta de regras não se inicie em ifá.

Vejamos em minha caminhada vi sacerdotes com casa aberta sem Ogun assentado, vi pessoas atendendo com merindilogun sem ter Osun assentado, vi Egungun sendo assentado para quem não é iniciado e vi Ogun assentado em apartamento isto tudo faz parte do famoso jeitinho brasileiro.

Analisando com calma algumas situações por mim encontradas no dia a dia das consultas mesmo que eu quisesse não poderia fechar os olhos para tantos equívocos, uma iniciação em Iya mi, assim como uma iniciação em Egungun e ifá, tem diversos segredos na verdade quase tudo não deve ser divulgado, mas cada ato de um itefa é descrito em um odu, o odu para consagrar um iroke é diferente de um odu para consagrar um opon, assim como para consagrar um opele existe um odu que descreve a cerimonia.

O comportamento de um Babalawo assim como o de sua Iyapetebi é descrito nos versos de ifá o simples ato de colocar uma folha da boca de um cabrito consta dos versos de ifá, a higiene de um Babalawo consta dos versos de ifá, se você quer usar cabelo comprido e não de fazer a barba vai ser um roqueiro, um Babalawo segue regras e isso esta bem claro.

O jeitinho brasileiro não tem lugar no ifá, se você acha que sou chato, eu sou mesmo, se você quer enganar as pessoas e levar vantagem em tudo procure outro Egbe na nossa família seguimos regras, se você não respeita as pessoas procure outro caminho o ifá que conheço exige uma postura exemplar de seus membros não somos perfeitos, mas buscamos a perfeição o tempo todo.

É lamentável que em muitos seguimentos o nosso povo seja reconhecido no exterior pelo seu comportamento desregrado, um exemplo simples é o numero de brasileiros que ocupam as cadeias dos mais diversos países. A população carcerária internacional tem dados alarmantes sobre o povo brasileiro, é bem verdade que algumas pessoas são enganadas em outros países, mas a realidade sobre o comportamento de algumas pessoas do nosso povo dentro e fora do nosso país é vergonhosa.

O povo que curte o Big Brother e o Faustão é o mesmo que elegeu o Tiririca, é o pessoal que acha que a maconha não vicia e que pagar o pedágio das rodovias é um roubo, é o pessoal que faz o famoso “gato” na energia elétrica, dirigi os veículos sem habilitação, bebem umas cervejinhas todos os dias e não pagam suas contas.

Graças a Deus esse povo é uma minoria e a famosa lei de Gerson (levar vantagem em tudo), esta desaparecendo, o nosso povo esta acordando.

O ifá existe para contribuir para a melhora das pessoas, mas não faz vistas grossas para a falta de caráter, o ifá exige a mudança, a consciência do problema implica diretamente na responsabilidade da mudança se você não quer mudar não se informe, fique na sua insignificância, a ignorância vai justificar os seus erros.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Ojubona, o orientador no Ifá.


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Em todas as profissões bons profissionais durante anos se consideraram como aprendizes, a aceitação da condição de despreparado facilita o aprendizado e qualifica a formação com a atitude de humildade.
No Ifá não é diferente sempre divulgamos abertamente a necessidade de um tempo mínimo de estudos antes do awo assumir a posição de sacerdote, a condição por nós aceita como a mínima condição divulgada pelo nosso Araba, que considera um prazo mínimo de preparação em 4 a 5 anos.
É bem verdade algumas pessoas se afastaram da nossa família por não concordarem com esse prazo, o desejo de atender muitas vezes termina atropelando o bom senso como poderia ser considerado o recém iniciado como Oluwo se ainda não tem a formação de Babalawo.
Um Babalawo deve saber um mínimo sobre os odus, deve saber preparar awures, isegun, asetas, entre várias formulas necessárias no dia a dia, além de saber fazer os mais diversos ebós inclusive ebó riru.
Sem o conhecimento o awo enfrentará dificuldade que terminaram prejudicando a imagem de toda a sua família e não só a dele, o despreparo prejudica o sacerdote e o consulente, a má interpretação de um odu pode guiar o awo em direção ao sentindo inverso do desejado, resultando o atendimento em um fracasso.
É responsabilidade exclusiva do Oluwo autorização para o atendimento, o Ojugbona ajuda na preparação do awo mas a liberação é um ato do Oluwo, toda a egbe segue a orientação de um único líder, o Oluwo, sendo assim os elogios e as críticas devem ser dirigidas exclusivamente a ele.
O culto a ifá aceita as pessoas sem esclarecimentos, mas não incentiva que elas sejam iniciadoras se o mesmo não deseja estudar jamais conseguira sair da condição de iniciado, é nesse momento que a postura do ojugbona pode fazer uma enorme diferença.
O ojugbona antes de mais nada é uma figura de total confiança do oluwo, a permanecia dele ou não como instrutor do iniciado é uma decisão exclusiva do oluwo.
Um ojugbona quando escolhido entre Babalawos experientes pode ser responsável por todo o treinamento do awo e isso pode durar alguns anos ou não, considerando a hipótese que na falta de Babalawos experientes jovens Babalawos poderão ser escolhidos para acompanhar o awo exclusivamente no período do itelodu ou itefá.
Para fazer a iniciação de um outro awo a figura do ojugbona pode ser ocupada pelo Babalawo ou pelo oluwo, considerando que existe um mínimo de pessoas para a cerimônia de itefá.
O oluwo no itefá é o responsável por toda a cerimônia, o Babalawo auxilia o oluwo assim como o ojugbona auxilia o oluwo, isso indica um mínimo de participantes do itefá em duas ou três pessoas.
Já presenciamos algumas situações que para não identificar como ridículas usaremos o termo hilário, antes de iniciado o awo já tem sua agenda fixada para iniciar outras pessoas.
Isso tudo representa o retrato de muitos dos supostos awos nos dias de hoje, pessoas com um pouco de conhecimento da cultura afro brasileiro se auto designam os sacerdotes da Religião Tradicional Yoruba prejudicando a imagem do ifá como um todo.
Mesmo que alguns consideram esse período mínimo de treinamento como escravidão ou subserviência, particularmente acredito que awo merece uma formação diferenciada porque alguns conseguem assimilar os ensinamentos em menos tempo, embora o mínimo jamais deva ser inferior ao anunciado pelo Araba de 4 a 5 anos.
Imaginem alguém dirigindo a mais de 200 km por hora sem uma preparação antecipada, o mesmo risco de vida deve ser considerado quando um awo atende sem ter condições. A autorização para o despreparado é equivalente a entrega das chaves de um veículo potente a uma pessoa que não sabe dirigir e um acidente fatal pode acontecer.
O fato do awo ter compromissos com a família e manutenção de sua casa, jamais justificara que o Oluwo o permita atender.
As necessidades de ganho do awo jamais deve ser considerada como pretexto para a eliminação de etapas.
A decisão do Oluwo pode ser antipática, mas é necessária, a não liberação de um awo despreparado para atendimento e iniciações é fundamental para a preservação do nome da egbe.
Esse texto é uma homenagem a meu ojugbona João Assef foi ele quem colocou um opele em minhas mãos pela primeira vez, foi com ele que aprendi os primeiros passos no Ifá, esse homem não foi somente meu ojugbona, foi um exemplo para mim com sua simplicidade e dedicação ao ifá.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Pobres daqueles não conhecem Orunmila.



Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Como vivemos em uma democracia é natural que temos ou mais cedo ou mais tarde em qualquer profissão aceitar ou pelo menos tentar entender as criticas.

O mais difícil das criticas é a exteriorização muitas vezes de um conhecimento hipotético, traduzindo isso, é ouvir alguém falar sobre o que você domina com total desconhecimento.

O termo crítica provém do grego kritikē (κριτική), que significa (a arte de) "discernir", "separar", "julgar". É um ato do espírito que preserva o que merece ser afirmado e põe em dúvida a pretensão daquilo que pode ir além do seu domínio de aplicação e, portanto, não merece ser afirmado (Dicionário Etmológico Online).

Imaginem Euryclides de Jesus Zerbini o grande cirurgião do coração recebendo criticas de um perito em prospecção de petróleo ou Edson Arantes do Nascimento (Pelé), recebendo criticas da sua habilidade enquanto jogador de futebol de um cantor de rock. Guardando as devidas proporções é mais ou menos isso que vejo acontecer com o nosso trabalho.

Em alguns momentos de nossa trajetória enquanto sacerdotes somos surpreendidos por algumas afirmações que provocam risos, professores, jornalistas e escritores não iniciados já tentaram fazer uma analise do nosso trabalho e do nosso projeto (Ifá é para todos), nos últimos três anos iniciamos quase mil e quinhentas pessoas, escrevemos mais de seiscentos textos e obtivemos aproximadamente oito mil fotos que documentam a nossa iniciativa é muito desconcertante ouvir criticas de alguém que não é iniciado.

Seria muito engraçado se não fosse ridículo assistir pessoas que nunca iniciaram ninguém comentar sobre o nosso desempenho enquanto sacerdote, nos cinquenta quatro anos que estamos na religião conseguimos alguns milhares de fotos do nosso trabalho, só no facebook disponibilizamos mais de seis mil fotos, e um sujeito que não tem foto nem da iniciação dele que ele diz ter feito tenta crescer na nossa sombra.

Um itelodu (a feitura de um Bàbàláwos) tem mais de cinquenta rituais, cada um deles descrito em um odu imaginem uma pessoa que não é iniciada em ifá escrever um texto comentando sobre a área do iodou e sua localização, assim como os rituais que se desenvolvem em seu interior, do fundo do coração, é de sentir pena dessas pessoas, pobres desavisados.

Pensando em orientar esse tipo de critico disponibilizarei parte de alguns textos que escrevi, se esse pessoal estudar bastante dentro de alguns anos vamos poder debater sobre o que hoje eles ignoram.

*Existe algumas coisas que devem ser esclarecidas, uma pergunta frequente é relativa a preceito, sexo e pecado, no Odu Oworin Ofun, fala que o sacerdote não deve fazer sexo com sua esposa naquele dia, ele está comprometidas com os rituais, todos as orientações de comportamento podem ser encontradas nos versos de Ifá, no Odu Osa Otura, fala que devemos sempre falar a verdade, no Odu Ogundakete, diz que não devemos roubar.

Um texto de Ifá muito conhecido do Odu Osetura, fala da importância das mulheres, do respeito que os homens devem manter por suas esposas, filhas e por suas mães, outro texto do Odu Ofun Meji, diz que o iniciado em ifá deve ver Iya Odu e se tornar um Bàbàláwo, já no Odu Ogbe Meji, fica claro que a principal esposa de Òrúnmìlà só pode ser cultuada por quem passou por um ritual chamado Ipanadu (cerimonia que o awo se torna um Bàbàláwo, momento que apaga se a luz para ver Odu).


No Odu Ogbe Yonu,fala sobre a relação financeira homem e a família da esposa diz que até o casamento todas as despesas da mulher devem ser mantidas pela família, mas depois do casamento o marido não deve deixar que a mulher passe necessidades, a manutenção da casa é responsabilidade daquele que assumiu a relação diante da família.

Ainda no Odu Ogbe Yonu, vamos encontrar dados referentes ao casamento de um Bàbàláwo, nesse Odu diz que não deve haver a separação e nem o adultério, que as pessoas deveriam antes de assumir uma relação pensar bastante, fala ainda que aquele que escolheu viver com uma única mulher deve respeita-la e protege-la, ainda nesse Odu vamos encontrar uma advertência contra o uso de magia maléfica contra o cônjuge, nesse caso Ifá vai se lançar em sua defesa e não sabemos o que pode acontecer; nesse Odu diz que o Bàbàláwo deve ter uma postura digna e não deve se envolver com outras mulheres, a punição para o sacerdote que não cumprir essa orientação diz Ifá: (que ele nuca vai atingir o sucesso em seu trabalho).

Obs: Com respeito ao numero de esposas o Bàbàláwo deve seguir a orientação do seu odu e buscar uma forma de respeitar a cultura local, podemos tomar como exemplo o odu Oyeku Meji a onde ifá diz:

Que aquele nascido sobre esse signo só pode ter uma esposa, é evidente que também podemos considerar a leis de cada país, no Brasil é crime manter se casado com mais de uma pessoa.

O Odu Ogbeyonu, fala da punição do Bàbàláwo, que desejar a mulher de outro Awo, diz Ifá (aquele Bàbàláwo ou iniciado em Ifá que deitar com a mulher de outro awo, não deve ver outro amanhecer).

No Odu Ogbe Meji, a necessidade do comportamento digno é enfatizada, de tal forma que a punição seria o infortúnio, a falta de sucesso e o total esquecimento, o abandono do sacerdote, suas orações não devem ser ouvidas, essa é uma das punições mais temidas, a relação homem Òrìṣà deixa de existir.

No Odu Obara Egutan Encontramos em detalhes, a relação de um Bàbàláwo, com a sua Apetebi, nesse verso de ifá diz (a escolha da esposa de um Bàbàláwo é apontada por Ifá quando ela nasce), existe vários Odus que indicam essa relação, assim como também existe uma identificação bem clara nos versos de Ifá sobre quem deve se tornar um Iniciado e quem deve se tornar um Bàbàláwo, ver Odu: Ogbe Meji, Oturupon Meji, Irete Meji, Iwori Meji etc.

No Odu Oworin Sindin, aparecem algumas indicações sobre a necessidade do homem cumprir o seu destino, assim como no Odu ogbe Ogunda, fala do cuidado com o Ori e a relação do homem com o destino por ele escolhido, tendo como testemunho Orunmila, isso nos remeti a uma reflexão encontrada no Odu Ogbe Meji (nem um homem deve se comprometer com um Òrìṣà antes de conhecer o seu destino) essa afirmação indica claramente que o homem deve conhecer a indicação de Ifá para ter uma orientação sobre a sua vida religiosa, não é o homem que escolhe o Òrìṣà é Ifá quem indica os Òrìṣà que devem ser cultuados.

No Odu Obara Kosun, fala da punição violenta caso o iniciado não respeite o seu sacerdote e vice versa, o respeito deve ser mantido a qualquer custo assim como a segurança da egbe (família) o sacerdote deve usar todos os recursos que possui para proteger a sua família, dele será cobrado à omissão.

Ainda no Odu Obara Kosun, Ifá alerta sobre o uso do Opele, quem pode usar e sobre a remuneração, aquele que não usar o Opele com dignidade jamais vai ver o sucesso, nesse verso ifá deixa claro que um sacerdote não pode mentir e usar um instrumento de consulta em seu beneficio, jamais será aceito qualquer tipo de mentira usando o nome de Ifá.

O Odu Ogbe Alara, fala de Iwa (caráter) a indicação é clara nesse odu, a necessidade de manter uma postura reta, faz parte do dia a dia do iniciado, temos a obrigação diante dos Òrìșàs, de manter um comportamento que honre toda nossa família e nossos antepassados, independente de nossa idade, a juventude não é desculpa para o erro a pouca idade, é característica que indica a inocência e não a má conduta, fica bem clara no verso do Odu Ofun Oṣé, que diz (é preferível um sacerdote jovem e honesto que um velho sem caráter).

Nos versos de Ifá vamos encontrar inúmeras recomendações de comportamento, inclusive referente à higiene, no Odu Oṣé Odi, consta uma relação bem clara sobre a necessidade de se manter limpo e com o corpo asseado, ainda nesse Odu diz Ifá (o homem tem responsabilidade com seus filhos até que possam se manter, encontrar uma ocupação e ter sua renda, é responsabilidade dos pais manter os filhos menores).

O Odu Obara Kosun, em seus textos indica que a pessoa que foi iniciada no culto aos Òrìșàs ou no culto a Ifá deve fazer oferendas às divindades e manter os seus assentamentos em ordem, limpos o Oṣé (limpeza semanal) é responsabilidade do iniciado e não do sacerdote.

Ainda falando do comportamento de um Bàbàláwo, diz Ifá no verso do Odu Ofun Gbadara, as coisas de Ifá não devem ser comercializadas por um Bàbàláwo, (um Bàbàláwo não deve ser um comerciante), nesse mesmo Odu diz (aquele que lhe prestou um favor, lhe deu uma ajuda deve ser recompensado) todo trabalho espiritual tem que ser remunerado, se não for assim como o sacerdote vai poder manter os seus assentamentos e continuar atendendo as necessidades dos que o procuram.

O Odu Ofun Nagbe, fala da prosperidade do Sacerdote fala que aquele que trabalha corretamente terá uma vida tranquila, assim como aquele que possui Ikin nunca lhe faltara o alimento (Odu Idin Ka).

Um verso do Odu Ogunda Ogbe, orienta sobre o dia do Oṣé semanal, um dia da semana devem ser reservados para cuidar dos Òrìșàs, nesse dia os assentamentos dos Òrìșàs devem ser limpos, já no Odu Okanran Obara a orientação é sobre o assentamento de Egúngún, diz Ifá (aquele para quem aparece esse Odu deve manter viva a imagem de seus antepassados, essa pessoa deve ser iniciada no culto a Egúngún e deve honrar todos de sua família, com um assentamento que deve ser mantido sempre limpo e bem cuidado, é obrigação dessa pessoa escolher um sucessor que ira manter esse assentamento para que esse culto não deixe de existir.

No Odu Iwori Meji, fala sobre fazer magias para quem não tem como se defender, sobre o uso do conhecimento de um sacerdote contra quem não merece tal atitude, diz Ifá (aquele que ataca um inocente a maldade e a destruição voltariam para prejudica-lo).

No Odu Osa Meji, está bem claro que não devemos julgar o nosso semelhante, só Ifá pode saber o futuro de cada pessoa diz Ifá: (um Orí coroado não pode ser reconhecido por um ser humano, só Ifá identifica o Orí que será beneficiado), não devemos menosprezar ninguém.

O Odu Oturupon Ofun, fala sobre o suicídio, não é permitido a ninguém essa pratica só Ifá sabe e pode mudar o dia da morte, ainda nesse Odu diz Ifá: à longevidade não é encantamento, devemos nos afastar de tudo que possa diminuir o tempo de nossa vida, devemos fazer tudo para alcançar a longevidade.

No Odu Ogbeyonu, Ifá é bem claro não devemos ser arrogantes dentro da relação afetiva, devemos buscar o companheirismo como forma de melhorar os relacionamentos.

Em Ika Ogunda, ifá fala sobre a necessidade de orar para obter sorte e prosperidade, o homem deve manter suas orações, como forma de disciplina e humildade, nesse Odu assim como no Odu Ogbe Ogunda, diz: o horário de fazer as orações preferencialmente pela manhã logo que acordamos.

O Odu Osetura, diz não devemos nos exibir, devemos manter uma vida regrada e sem exageros, um homem não deve discriminar uma mulher e uma mulher não discriminar um homem, um velho jamais deve ser discriminado por jovem da mesma forma que um jovem não deve ser discriminado por um mais velho, o respeito deve existir indiferente da idade ou sexo.
No Odu Otura Irete, Ifá diz: (a bondade deve ser cultivada como forma de gratidão) a bondade deve ser praticada, não devemos ser ingratos, só Ifá sabe se não vamos necessitar em um futuro da ajuda de quem nos beneficiou no passado, não devemos desfazer de quem um dia nos ajudou.

O Odu Otura Ofun, deixa bem claro a necessidade de manter os ebós indicados por Ifá, se uma pessoa consulta, toma conhecimento do problema e não fazer os ebós indicados a responsabilidade deixa de ser do sacerdote.

No Odu Òtúrúpon`Otúa, fala sobre a necessidade do sacerdote estudar e ter conhecimento para honrar seus antepassados com sua capacidade, diz Ifá: é responsabilidade do iniciado, assim como do sacerdote o aprendizado, a capacitação daquele que abre as portas para o atendimento é uma responsabilidade assumida diante de Ifá, todo ato praticado dentro da casa de Òrìṣà tem que seguir a orientação dos versos de Ifá; no Odu Iwori Otura, fala sobre a disciplina dos estudos e a educação do iniciado em Ifá deixando bem claro que devemos nos dedicar para obter uma educação adequada. O Odu Irete Ofun, fala do estado de perfeição e o alinhamento com Olódùmarè se não somos perfeitos devemos buscar a melhor forma de se assemelhar com a perfeição.

O Odu Iwori Ofun, fala do respeito que temos que manter por todas as pessoas, se queremos ser respeitados, devemos respeitar todas as pessoas sempre, a vida é um benefício recebido das mãos de Olódùmarè cabe a nós tornar digno o viver.
- Se no odu otura ìwòrì está bem claro que um Bàbàláwo não deve fazer uma iniciação em ifá sozinho, como é que alguns Bàbàláwos no Brasil viajam sozinhos fazendo itefas e itelodus?

Se no odu otura ìwòrì diz que um Bàbàláwo não pode comercializar as coisas de ifá como é que alguns Bàbàláwos vendem roupa, obi e Orobó?

Se ifá indica no odu ose Irete que o Bàbàláwo deve fazer a iniciação diante de Opa Osun, como é que pessoas que não foram iniciados nesse orixá podem iniciar em ifá?

Se no odu Ìká Òfún diz que só podemos dar o que temos, como pode um Bàbàláwo que não tem Iya odu e não é iniciado em Ògún usar o obé?

Esses são alguns questionamentos que nos fazem pensar sobre o ifá que é praticado em nosso país.

O fato é que o território Yoruba está longe do nosso país dificultando a comunicação, sendo assim por falta de informação as pessoas que faziam parte do culto ao orixá afro brasileiro terminam improvisando dando origem a uma grande mistura.

Considerando que todos os ensinamentos estão contidos nos versos de ifá, o iniciado deve estudara palavra de Òrúnmìlà.

Nesse texto vamos divulgar alguns versos de Ifá e a sua utilidade:

Ogbè Méjì – Fala sobre respeito a figura materna.
Ìretè Méjì - Fala sobre o uso Ewé Tete.
Òtúá Méjì – Fala sobre o uso da esteira para adivinhação.
Òyèkú Méjì – Fala que o homem deve ter somente uma mulher.
Ìwòrì Ogbè – Fala da criação dos Ikins.
Òdí Méjì – Fala da necessidade de ouvir os outros.
Òbàrà Méjì – Fala de lavar a cabeça com folhas para obter bons resultados.
Ògúndá Méjì – Fala que o homem obtém reconhecimento com seu trabalho.
Òtúrúpòn Méjì – Fala sobre o uso da Ewé gbegi e da necessidade de alimentar o ifá constantemente.
Ogbe Otura – Fala sobre a hierarquia no ifá.
Ogbe Ose – Fala sobre o uso do ekodide.
Oyeku Ogbe – Fala da necessidade de consultar o Bàbàláwo.
Oyeku Owonrin – Fala que o adultério levará a morte.
Oyeku Ogunda – Fala que fazendo o ebó a pessoa supera o problema.
Oyeku Oturupon – Fala sobre a necessidade de perdoar.
Oyeku Otura – Fala que a pessoa tem a sorte dupla.
Oyeku Ose – Fala da saudação aos babalawos.
Iwori Odi – Fala sobre o sexo dos bichos a serem sacrificados.
Iwori Okanran – Fala que a pessoa mente ao Bàbàláwo / Iyanifa
Iwori Osa – Fala da falta de caráter.
Iwori Irete – Fala da necessidade de dar esmolas e ter bom caráter para evoluir.
Iwori Ose – Fala que quem tem bom caráter será recompensado.
Iwori Ofun – Fala que a pessoa deve respeitar quem merece.
Odi Oyeku – Fala que a pessoa deve ter uma postura digna.
Odi Obara – Fala que a pessoa deve manter algumas coisas privadas.
Odi Otura – Fala que a pessoa deve consultar antes de casar.
Odi Ofun- Fala sobre a necessidade de ebó.
Ìrosùn Obara – Fala sobre a necessidade de estudar.
Ìrosùn Ogunda – Fala que não se deve pedir coisas negativas a Exu.
Ìrosùn Osa – Fala que a pessoa deve ter Iniciação para ter sucesso.
 Ìrosùn Ika – Fala de prestigio, fama e reconhecimento.
Ìrosùn Oturupon – Fala sobre animais de uma única cor para sacrificar em ebós para adquirir prestigio.
Ìrosùn Irete – Fala sobre iniciação em ifá, Itefa.
Ìrosùn Ose – Fala sobre a necessidade de consultar ifá.
Ìrosùn Ofun – Fala sobre a necessidade de lavar o ori com Omiero.
Owonrin Ogbe – necessidade de agradar Exu.
Owonrin Odi – Fala de fazer caridade para prosperar.
Owonrin Ìrosùn – Fala de alimentar o ori para ter sucesso.
Owonrin Osa – Fala em fazer ebó para obter êxito na vida sentimental.
Owonrin Ika – Fala sobre examinar tudo com muito cuidado para ter sucesso.
Obara Odi – Fala que a promiscuidade prejudica.
Obara Osa – Fala sobre inadimplência.
Obara Oturupon – Fala sobre problemas para concepção.
Obara Ose – Fala que aquele que não cumpre as regras não evolui.
Okanran Ogbe – Fala sobre iniciação em ifá.
Okanran Owonrin – Fala sobre o pagamento do Bàbàláwo, nesse odu o Bàbàláwo deve doar grande parte do dinheiro recebido.
Okanran Obara – Fala sobre perda de bens.
Okanran Ogunda – Fala da criação do mundo, Odu que Orunmila veio a terra.
Ogunda Ogbe – Fala da mulher que manda no marido.
Ogunda Owonrin – Fala sobre inveja.
Ogunda Oturupon – Fala sobre boa sorte, riqueza, abundancia.
Ogunda Okanran – Fala sobre comercio improdutivo.
Ogunda Ose – Fala que as crianças não devem ser castigadas.
Osa Iwori – Fala sobre a necessidade de usar obi.
Osa Obara – Fala sobre a necessidade de mudar-se para ter sucesso.
Osa Okanran – Fala sobre pessoa deve construir uma casa sozinha para ter felicidades.
Osa Otura – Fala sobre dizer sempre a verdade.
Osa Ofun – Fala da necessidade de manter os ewos.
Ika Odi – Fala sobre desobediência e o desrespeito aos mais velhos.
Ika Okanran – Fala sobre maus mau hábitos.
Ika Osa – Fala sobre covardia.
Ika Oturupon – Fala sobre tocar Iroke para afastar coisas ruins.
Ika Ofun – Fala sobre as regras do iniciado.
Oturupon Oyeku – Fala sobre convidar as pessoas a vir em casa para progredir.
Oturupon Ìrosùn – Fala sobre problemas conjugais.
Oturupon Obara – Fala sobre manter o corpo saudável.
Oturupon Ogunda – Fala sobre a necessidade de educar os filhos.
Oturupon Osa – Fala sobre problemas com filhos.
Oturupon Otura – Fala sobre a criação do calendário, que a semana Yoruba tem quatro dias.
Oturupon Ose – Fala sobre o uso da pimenta para afastar a morte.
Otura Ogbe – Fala sobre a impotência masculina, odu que oferece milho como ebó.
Otura Owonrin – Fala sobre a reencarnação.
Otura Osa – Fala sobre não pode fazer sociedade com alguém.
Otura Oturupon – Fala sobre Ewó bebida alcoólica, impedimento de dendê a Obàtálá uso do pano branco em ebó, Ewó de emu (vinho de palma).
Otura Ose – Fala sobre tomar banho com ose Dudu em forma de ebó.
Irete Ogbe – Fala de dar mel ao ifá.
Irete Oyeku – Fala de soltar os animais do ebó.
Irete Ogunda – Fala sobre usar nos ebós banana, banha de ori e camarão.
Irete Osa – Fala do uso do mel nos ebós.
Ose Ogbe – Fala sobre o uso da roupa branca.
Ose Oyeku – Fala sobre a necessidade de lavar os olhos para entrar em um lugar sagrado.
Ose Iwori – Fala sobre a menstruação.
Ose Odi – Fala sobre não poder ter compaixão com o inimigo.
Ose Owonrin – Fala sobre o uso das cinzas nos ebós.
Ose Obara – Fala sobre o uso de bagre em Ifá.
Ose Okanran – Fala sobre o uso de efun e o osun nos ebós.
Ose Ogunda – Fala sobre o uso das penas de agbe, aluko, odire nos ebós.
Ose Oturupon – Fala sobre o sacrifício dos igbins nos ebós.
Ose Otura – fala sobre o uso de Ewé abamoda, o uso do dedo mediano para marcar odu.
Ofun Ìrosùn – Fala sobre o sacrifício de mel.
Ofun Ogunda – Fala sobre o uso de carnes nos ebós.
Ofun Ika – Fala sobre colocar roupas novas após o banho.
Ofun Oturupon – Fala sobre o uso búzios para ebó.
Ofun Irete – Fala sobre o uso da agua nos ebós.
Ofun Ose – Fala sobre o uso de folhas de ifá embaixo do travesseiro como ebó.
* Falar sobre Iya mi é transitar pelos textos dos odus Osá meji, Ose Oyeku, Irete meji, Ogbe Sa e Irete Owonrin e Irete Ogbe, embora Iya mi se faça se presente em todos os odus.

Exu, Orunmila e Iya mi respondem nos duzentos e cinquenta e seis odus, porém em alguns é exaltada a necessidade de pactuar com Iya mi de forma a criar uma aproximação do indivíduo com a informação e a ritualística considerando que a energia já o acompanha desde o nascimento.

Vejo constantemente supostos conhecedores falando mal de Orixá e de determinados odus um desses é Osá meji famoso entre os incultos como odu negativo, é por essa razão que vamos começar falando do aspecto positivo contido nesse odu e no culto a Iya mi Osoronga.
No odu Osá meji, Iya mi Odu quando chega a terra age sem limites desrespeitando os Orixás a ponto de vestir a roupa de Egúngún, nesse odu Iya mi encontra dificuldade para dançar com a roupa de Egúngún e Ọbàtálá introduz em uma incisão do tecido com uma rede para que permita a ela conseguir enxergar.

É evidente que posterior a essas confusões algo tinha que ser feito e Iya mi deveria ser acalmada então após uma consulta a Òrúnmìlà, Ọbàtálá é aconselhado a dividir seu alimento com Iya mi. A água do igbin (omi ero), oferecida para Iya odu que imediatamente adota como o seu principal alimento, o igbin, com esse ato Ọbàtálá acalma Iya Odu.

O trabalho de um Bàbàláwo é interpretar os versos de ifá, considerando o citado acima estamos falando de um convívio harmonioso entre um personagem masculino e um feminino, a água do igbin é conhecido como a água que acalma, sendo assim esse odu fala de um período de paz e prosperidade.
Já no odu Irete Owonrin, Obàtálá tenta ludibriar Iya mi se negando a pagar um tributo para a grande mãe ancestral, Iya mi com habilidade percebe a armação e se antecipa ao embuste criado.
Interpretando essa passagem do Odu Irete Owonrin percebemos que Iya mi só quer o que é dela por direito deixando bem claro que ela não se antepõe aos Orixás ou aos seres humanos.

Em uma linguagem popular se fomos comparar o Orun a uma empresa usando assim uma didática de fácil assimilação o processo seria composto da seguinte forma:

- Olódùmarè seria o equivalente ao presidente da empresa, que teria imediatamente dois diretores de total confiança.

- Orunmila seria o equivalente a um diretor administrativo que identifica e orienta a questão.

- Iya mi seria o equivalente a um diretor executivo com a função de dar andamento as orientações
fornecidas por Orunmila, sendo assim o destino por nós escolhido diante de Ajala antes de vir para terra é testemunhado por Orunmila e informado a Iya mi.

-Iya mi não interfere na escolha de nosso destino, ela segue as orientações de Orunmila liberando os seus assistentes (ajoguns), para executarem o trabalho.

Os ajoguns, iku(morte), arun (doença), ejo (problemas),etc, são liberados por Iya mi em quase a totalidade das situações correspondendo a uma escolha feita por nós mesmos, não é Iya mi que é ruim ou perversa ela exerce uma função assim como os demais Orixás.

As pessoas iniciadas em Orixá não podem ser sepultadas em gavetas o ideal é que seus corpos sejam restituídos a terra, sendo assim o ajogun iku(morte), não é ruim, ele exerce uma função determinada por Iya mi porém em data quase sempre escolhida por nós.

No odu Ogbe Yonu, Orunmila orienta os Orixás para oferecerem efun e osun, além de várias folhas para Iya mi Osoronga, Iya mi se compromete a não atacar os filhos dos Orixás.

No odu Ogbe Sa, Iya mi se compromete com Orunmila em fazer o bem quando chega a terra, ela diz a Orunmila, que seus filhos vão ter prosperidade e felicidade.

No odu Irete meji Orunmila viaja para a cidade de Ota e descobri o segredo das Iya mi, ele oferece o prato predileto delas e eles se tornam amigos.

No odu Irete Ogbe, Iya Odu se torna a esposa de Orunmila que reconhece o poder de Iya quando ela invoca o pássaro Aragamágo como sendo muito superior ao seu.

No odu Ose Oyeku Orunmila orienta Ogun, Obaluaye, Oduduwa e Obàtálá para que façam oferenda para Iya mi que reconhece os mesmos como filhos.

A figura materna de Iya mi é confirmada em vários versos de ifá, uma mãe tem o dever de zelar pelos seus filhos, não tem o dever de agradá-los, nem tudo que uma mãe faz é compreendido por seus descendentes.

Iya mi é uma mãe zelosa e poderosa que habita dentro de cada um de nós, em nossas vísceras ela pode se manifestar de maneira positiva ou negativa. Iya mi pode criar um mal-estar para impedir que a pessoa saia de casa e seja vítima de algo que não faça parte de seu destino, o problema intestinal certamente vai ser visto de forma negativa, mas será necessário para manter a pessoa longe do perigo.

A igreja católica ao longo da história combateu a figura feminina por temer a capacidade que só as mulheres têm, que é abrigar uma nova vida dentro delas, as mulheres são muito superiores aos homens em vários sentidos, essa é a verdadeira razão do combate histórico a figura feminina. Iya mi foi uma das vítimas desse processo histórico.

Para cultuar Iya mi é necessário amar e respeitar a figura feminina, respeitar as mães, as irmãs, as filhas, respeitar a natureza e o poder de criação, Iya mi é a própria vida, é quem nos gerou, é quem nos abrigou no passado, é que nos abriga no presente, é com certeza quem vai nos abrigar em um futuro quando passarmos dessa para uma outra.

Algumas pessoas em seu odu de nascimento necessitam se aprofundar no culto a Iya mi, mais do que outras, isso se deve a própria história de cada odu e ao destino escolhido pela pessoa, de qualquer forma o culto a Iya mi pode ser praticado por qualquer um, agradar aos nossos antepassados femininos é muito mais fácil do que parece. Para agradar Iya mi temos que estar em harmonia com a natureza e com os nossos semelhantes, a essência do culto a Iya mi é a força feminina maternal que gera e mantém a vida, manter a vida é como amamentar o recém-nascido, é conservar a essência e estimular o desenvolvimento do que temos de melhor.

Iya mi é a força da vida é a capacidade de criar, é a capacidade de amar, é a manutenção da vida, é o leite que alimenta o recém-nascido é o desenvolvimento sadio é a evolução, é a capacidade de renovar como forma de perpetuar a vida.

Em uma arvore grande e sadia podemos observar centenas de galhos como extensão do tronco, podemos ver milhares de folhas e frutos como extensão dos galhos, os frutos dentro deles têm centenas de sementes que geraram outras arvores.

 É esse ciclo da vida que representa Iya mi a arvore é só um exemplo, quando estamos diante de uma mulher gravida esse mesmo ciclo pode ser observado, assim é a história, nada acontece sem essas senhoras.

Me causa espanto a falta de conhecimento sobre Iya mi, eu acredito que com o passar do tempo muito desses mitos devem desaparecer.
Quando se fala de iniciação em ifá estamos falando de um dos momentos mais importantes da vida espiritual de qualquer pessoa, a cerimonia do itefa é constituído de cinquenta e quatro atos que tem como finalidade principal esclarecer as dúvidas sobre o destino do iniciado.

O Itefa esclarece facilitando o dia a dia proporcionando informações para que o iniciado esteja alinhado com o destino por ele escolhido antes do seu nascimento.

A iniciação em ifá é muito discutida por pessoas que não foram iniciadas, então o que dizer desses comentários, o ideal seria que as pessoas escrevessem sobre aquilo que de fato elas conhecem.

A preparação de um itefa normalmente leva vários dias, a compra dos animais e do material que será utilizado na iniciação é orientada pelo Oluwo, o critério no momento da compra dos materiais sempre deve ser que sobre material, ao invés de faltar, a sobra facilita assim as indicações ainda desconhecidas no decorrer dos rituais.

 Obs: Quando o material é comprado em parte antecipadamente, o assentamento do orixá ire é facilitado após a indicação do odu de nascimento, assim como a preparação do igba ori se necessário.
Parte da lista de um Itefa:

2-bodes
1-cabra
6- galinhas
6-galos
20-igbins
4-pombos
1-galinha de angola
50-obi
100-orobo
10-efun
30-osun
2-eku eda
4-eja aro
Tecido branco para roupa 10m.
Ikin em quantidade a ser definida pelo Oluwo.
10- iyerosun
10-odidi atare
1-vasilha para Ifá
1-Vasilha para Exu.
500g de búzios
1-kg de Sabão da costa
1 –Idé Ifá
1-yangui
1-ileke Ifá
8-litros de gim ou vodca
6- litros de dendê
1-litro de mel
1-cabaça

Obs: Não vamos fornecer a lista completa nesse texto por acreditar que seja desnecessário a divulgação. A parte da lista divulgada já vai dar uma ideia para o leitor, ou seja, isso vai auxiliar para que ele não seja enganado por pessoas que se dizem sacerdotes.

 Ainda considerando a compra dos materiais com fartura, é importante salientar que antes do início do itefa é feito uma consulta a Orunmila que vai orientar os ebos que antecedem o itefa, (sempre é feito ebo riru) e outros ebos.

1-No início do itefa existem algumas cerimonias que não devem ser divulgadas, um exemplo é o primeiro ato que jamais poderá ser revelado, essa cerimônia acontece em uma mata.  Esse ato é dirigido pelo Oluwo mas podem participar o ojugbona do iniciado.

2-Preparação do caminho por onde vai passar o iniciado com ofertas a terra em número ímpar de um lado do caminho e em outro em número par.

3-Preparação do sabão de Opa Osun.
4- Alimentar opa Osun.
5-Consulta a Ifá para a entrada do iniciado
6-Ebó de entrada.
7-Preparação das folhas para a entrada do iodou.
8-preparação do Yangui do Exu do iniciado.
9-Preparação do material que será utilizado no itefa e sua conferencia.
10-Preparação das aves que devem ser carregadas pelo iniciado.
11-Inicio da caminhada em direção ao igbodu.O Oluwo segurando em sua mão Opa Osun começa as orações louvando os orisas, é feita a apresentação do novo membro da família para os antepassados.

Após a oração inicial através de Opa Osun é feita a invocação dos antepassados pedindo permissão para conduzir o awo, até o iodou.

Obs :Nesse texto vamos para facilitar a compreensão nomearemos o iniciado como awo.

O awo será conduzido em uma caminhada precedida por seu Oluwo, a sua Iya apetebi e seu ojugbona, a Iya apetebi carrega o yangui de Exu em sua cabeça, enquanto o awo que está vendado carrega os animais e todos os materiais para a iniciação.

Obs: A Iya apetebi normalmente é a esposa do Bàbàláwo, embora nesses rituais a figura da Iya apetebi possa ser representada por uma outra mulher, que não seja a esposa do Bàbàláwo.

A Iya apetebi não necessita ser iniciada para participar dos atos iniciais do itefa, como os descritos até o decimo quinto ato que normalmente são públicos.

12-Na entrada do iodou do lado esquerdo é feita a consulta a Iya Odu antes da entrada do awo para o iodou com obi e orobo. Do lado direito é colocada a vasilha contendo o Yangui do Exu que será assentado para o iniciado que permanece vendado.

 13-Retirada da venda.
Alguidar com agua um omi ero para lavar olhos de todos que vão entrar no iodou, nesse alguidar será preparado as folhas de tètè, òdóndú, rínrín e um igbin, tc.
14-O  material do itefa é levado para dentro do iodou.
15- O Opa Osun é fixado na terra dentro do iodou para testemunhar todo processo.
16-Alimentar Iya Odu para pedir permissão para começar os rituais dentro do Igbodu.
17- Raspagem da cabeça do awo

Obs: Os atos do decimo ao vigésimo não podem ser divulgados.

21- Preparação do solo para extrair o odu de nascimento, o awo senta atrás do Oluwo segurando na cintura ou nos ombros ou nas costas de seu Oluwo.

Obs: Os atos do vigésimo segundo ao vigésimo terceiro não podem ser divulgados.

24- Ritual aos pés de Opa Osun o odu de nascimento do iniciado será revelado.

Obs: Somente após saber o odu é que os ikins serão alimentados, evidentemente porque o assentamento de Orunmila é feito com o odu do iniciado, cabe dizer que anteriormente a isso existe a preparação dos ikins, porém é importante ressaltar que o Exu do iniciado assim como como o seu iba ori só serão alimentados a partir da apuração do odu.

Obs: No momento que é apurado o odu do awo se ele vier em ibi ele deverá ser transformado em ire com o ebo riru antes do awo levantar da esteira.

Ori, Exu pessoal e Orunmila são assentados com o odu de nascimento extraído no itefa, se não for assim o compromisso de cumprir o destino escolhido pelo iniciado antes de nascer jamais será realizado.

Se o awo já tiver Exu assentado antes do Itefa esse não pode ser aproveitado para o itefa, nem a vasilha de Orunmila usada no isefa pode ser aproveitada para o itefa. A vasilha anterior assim como o Exu foram preparados com outro odu que não o odu de nascimento do awo assim como ileke ifá que deve ser novo.

Obs: Os atos do vigésimo ao vigésimo sexto, não podem ser divulgados.

27-Banho do awo.
28-Pintura do Awo

Obs: Os atos vigésimo nono ao trigésimo quarto não podem ser divulgados.

35-No segundo dia, o iniciado recebe mais informações sobre o seu odu, tomando conhecimento de seus ewos e recebendo o seu nome.

Obs: Os atos do trigésimo sexto ao quadragésimo não podem ser divulgados.

41-No terceiro dia o Oluwo com Opa Osun, lidera uma nova caminhada para levar o carrego do iniciado para o Rio, na volta do carrego Opa Osun, será fixado na terra, agora em frente à casa.

Obs: Os atos do quadragésimo segundo ao quadragésimo terceiro não podem ser divulgados.

44-Odu pada odo, na volta do rio é feito uma nova consulta a Orunmila que deve ser seguida dos ebos correspondentes ao novo caminho do awo, (quase sempre é feito ebo riru).
48-Ainda no terceiro dia o ifá será alimentado novamente.

Obs: Os atos do quadragésimo nono não podem ser divulgados.

 50-A iniciada dança, canta e festeja o seu odu durante a sua apresentação para o egbe.

Obs: Os atos do quinquagésimo primeiro não podem ser divulgados.

52-Feita as cerimonias do terceiro dia, do sétimo dia e do decimo sétimo dia, diante de Opa Osun é retirado o ekodide.

Obs: No ato citado acima quando o itefa é feito para Babalorisa é diferente do que é feito para um Babalawo.

A retirada do ekodide encerra o itefa que em razão do odu poderá ou não dar início ao itelodu, com o início do itelodu as cerimonias tem um novo caráter com Iya odu reconhecendo seu filho, esse ato é o quinquagésimo, enquanto a preparação do solo do início a um processo e o reconhecimento de Iya odu encerra a feitura.

Obs: No ato citado acima quando o itefa é feito para Iyanifa é diferente do que é feito para um Bàbàláwo.

Tanto nos casos de Babalawos s como Iyanifas e omo orisas as cerimonias podem levar de três a dezesseis dias.

Babalawos e Iyanifas e sacerdotes do culto de orisa tem a sua cabeça raspada nessas cerimonias.
Das mais de cinquenta cerimonias que constitui todo processo até o itelodu duas são diferentes para omo orixá e uma é diferente para Iyanifa.

54-Em caso de Itelodu, o awo será reconhecido por Iya Odu.

Todos esses ensinamentos que estou divulgando aqui foram recebidos de meu Oluwo Oyeniyi Awolola Agboola e do Araba Awodiran Agboola, os rituais de iniciação em nossa casa reproduzem na integra os rituais de iniciação de nossa família na cidade de Lagos Nigéria.

*Qualquer pessoa com um pouco de bom senso vai entender que por razões obvias divulguei aqui somente vinte e sete atos dos cinquenta e quatro atos que constituem a cerimonia de um itefa e um Itelodu.

O importante para mim é divulgar em principio informações que possibilitem as pessoas em geral ter uma noção do que consiste um itefa.

 Considerando que ultimamente tem aumentado muito o número de pessoas enganadas por falsos sacerdotes.

Um Bàbàláwo ou uma Iyanifa não incorporam espíritos.
 Um Bàbàláwo ou uma Iyanifa não comercializam materiais de asé.
Um Bàbàláwo ou uma Iyanifa só iniciam as pessoas depois de vários anos de estudo.
Um Bàbàláwo ou uma Iyanifa só iniciam em Ifá com a autorização de seu Oluwo.

Um Bàbàláwo ou uma Iyanifa não mentem e não enganam as pessoas, esses sacerdotes devem ser modelos de retidão e bom caráter para as suas comunidades.

Um Bàbàláwo ou uma Iyanifa não usam drogas e não podem ter envolvimento com coisas que constituam uma infração as leis de seu país.

Orunmila não pactua com traidores.

O awo que trilha o caminho da verdade jamais está sozinho, a minha verdade pode lhe incomodar muito, mas tenha a certeza que a sua mentira me incomoda muito mais. Eu não sou o dono da verdade mas também não sou um mentiroso, sendo assim Ajagunmale é aquele que vai nos julgar.

Esse texto foi motivado pela indignação de saber que pessoas dizem ser aquilo que na verdade elas não são, existem muitas pessoas se beneficiando do desconhecimento do público em geral, usando o nome de Orunmila em seu próprio benefício.




 O certo é que o tempo para a falta de informação está terminando.

Espero ter contribuído com os estudos de nossos irmãos, em nosso blog temos outros textos que falam sobre esses assuntos, não deixem de ler o texto que tem como título (religião tem regras) é um bom material de estudos.
Obs: Esses textos não são frutos de pesquisas na internet são conhecimentos obtidos junto ao Araba de nossa família e do meu Oluwo.
Em nosso blog disponibilizamos mais material de estudo para que os nossos críticos se capacitem.

Ifá gbe wa o

















segunda-feira, 13 de julho de 2015

A floresta da sagrada ignorância


Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola
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Na mesma proporção que nasce novas arvores na floresta amazônica, nascem pseudos escritores e sacerdotes no facebook.
A ignorância é tanta que a paciência se esgota e a tolerância fica minimizada.
Em um país que é comum ver cartazes nas ruas que dizem “extraiu dente e corto cabelo”, ver pessoas que nada sabem, sobre um assunto, escrever sobre ele já se tornou comum.
Essa semana eu vi um texto na internet onde as pessoas voltam a falar nos mesmos assuntos, como a floresta sagrada (igbodu) e itefa, são escritas tantas besteiras que fica claro que eles não são iniciados.
Por alguma razão que eu desconheço alguns atos dá iniciação em ifá são comentados sem nenhum conhecimento, essas pessoas não podem ter sido iniciadas em ifá, considerando o que elas escrevem, exemplo:
1- Vejo ser dito que não existe itefa sem palmeira, sem arvores, é evidente que existe inúmeros atos no itefa que é usada a palmeira, só quem não fez itefa que não sabe disso.
2- Se fala muito da floresta sagrada, só quem não conhece ifá poderia descrever um itefa sem o uso da mais importante arvore da floresta sagrada, o orixá Opa Osun (a arvore genealógica do babalawo).
3- Inúmeros atos em um itefa são feitos diante da arvore genealógica e o igbodu, tem os seus segredos, na realidade só quem não foi submetido a um itefa pode escrever tantas besteiras.
O mesmo acontecia há algum tempo atrás, quando se dizia que não se poderia fazer babalawos no Brasil.
Acontece que sacerdotes que foram trazidos a algum tempo atrás para o Brasil e que eram instruídos a dizer que não se poderia fazer babalawos fora da Nigéria, depois de algum tempo os mesmos voltaram ao nosso país por sua conta e iniciaram babalawos.
É só em nosso país que acontece isso, não são exaltados os bons sacerdotes de ifá, por razões obvias, a negativa da hierarquia dificulta o relacionamento de uma estrutura sadia, fariseus e filisteus se misturam e a regra do faz tudo ganha espaço.
É comum ver um ógberi (ignorante), dizer que é de ifá, quando é conveniente para ele, mas quando não é conveniente ele usa uma outra estratégia, diz que é de candomblé, por essa razão é que em nossas andanças encontramos tantos absurdos, até ojugbo de Iya mi sendo feito em ninho de passarinho, imaginem isso.
Entre tantos absurdos que eu vi, tem fariseu escrevendo que se cultua antepassados do candomblé em Opa Osun, só para esclarecer, em Opa Osun os únicos antepassados que são cultuados são os sacerdotes de ifá daquela família a qual o iniciado pertence.
Esses mesmos fariseus usam roupas de babalawo, dizem que são babalawos, mas sobre ifá mesmo eles não sabem nada.
Resolvemos escrever esse texto para ajudar identificar a floresta sagrada para que as pessoas não confundam com a sagrada floresta da ignorância.
É fácil identificar a questão de onde fazer um itefa em fotos das várias famílias de ifá na Nigéria a disposição na rede social, uma pessoa observadora que tenha mais de um neurônio vai ver que os igbodus são construídos nas residências dos babalawos, que se assemelham muito as casas existentes no Brasil.
Recomendo aos nossos leitores que leiam em nosso blog o texto que tem por título (O Babalawo brasileiro).
Enquanto isso convenientemente Fariseus se misturam com Filisteus.
Ika Ofun - Não queiram ser uma coisa que vocês não são.


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