domingo, 11 de março de 2018

O Òrìşà e o empoderamento dos obtusos.



Autor: Olúwo Ifágbaíyin Agboola



A falta de nacionalismo no Brasil deve estar fazendo com que alguns de nossos compatriotas se revirem no tumulo.

A admiração de alguns de nossos compatriotas pelos americanos motiva o nosso povo a copiar tanto o lado positivo como o lado negativo daquele prospero país.

É bastante comum ver pessoas querendo demonstrar sabedoria, citando exemplos de autores e políticos ilustres americanos como sendo o máximo da sabedoria.

Que diga Ronald Reagan quando assumiu a presidência dos Estados Unidos prometendo visitar a bela cidade de Lima (na ignorância dele) a capital do Brasil.

Aqui copiamos tudo que vem de lá, do boné do basebol à violência motivada pelo narcotráfico e inclusive as igrejas eletrônicas.

Vamos examinar uma dessas ambiguidades tomada em nosso país como exemplo.

O famoso presidente americano Thomas Jefferson, escreveu essa frase quando tinha seiscentos e sete escravos em sua residência.

“Jurei, perante o altar de Deus, eterna hostilidade a toda forma de tirania sobre o espírito do homem.”

A preguiça é uma das maiores responsáveis pelo habito de citar estrangeiros ilustres, limitando assim as pessoas a copiarem frases com palavras sem nenhum sentido e que muitas vezes foram ditas por homens de caráter duvidoso.

Diante desse quadro, a improvisação e a repetição se tornam uma constante castradora de nossa cultura.

Paralelo a isso, a educação e os direitos humanos em nosso país são vitimados pelo descaso das autoridades em um paradoxo escandaloso.

Em nosso país há alguns anos atrás foi usada a palavra egrégora até a exaustão.

Agora é o uso da palavra empoderamento do inglês (empowerment) que nos faz perguntar, o que está acontecendo com o nosso povo que canta nas ruas (que tiro foi esse) enquanto a nação é vilipendiada.

Que arma potente foi usada que conseguiu ferir gravemente a educação e a justiça em nosso país?
Que tiro foi esse, que matou centenas de inocentes nas ruas do Rio de Janeiro ao mesmo tempo que contas na Suíça recebem verbas destinadas a segurança?

Que tiro foi esse que permitiu que esses homens ascendessem ao poder?

Temos que colocar em pratica com urgência mudanças que permitam o combate a corrupção e que punam exemplarmente os responsáveis por toda essa vergonha.

O Brasil se acostumou a impunidade e todos os dias assistimos crimes cometidos contra a Nação e contra a nossa religião influenciados pelo comportamento intolerante de líderes evangélicos.

Como é que alguém explica que um homem como o Macedo permanece impune?

Todos sabem que o trabalho dele é responsável diretamente pelo discurso que identifica o nosso povo como filhos do demônio.

Essas afirmações estimulam crimes contra nós todos os dias.

Todos sabem que eles incitam os ataques que a nossa religião vem recebendo.
Até quando essa barbárie vai ser tolerada?

Quem ganha com o sangue de nosso povo escorrendo pelo chão das casas de Òrìşà.
Será que o poder judiciário vai fazer o seu trabalho?

Quem vai ter a coragem de abrir a caixa preta das igrejas evangélicas?

Quem vai abrir essa cortina que esconde os cadáveres de Bábálòrìşàs e Ìyálóòrìşà que acreditaram que o Brasil era um país justo?

Necessitamos lideranças preparadas para combater o avanço evangélico.

O povo de Òrìşà não aguenta mais a humilhação e as agressões impostas pela Igreja do Macedo.
Chegou a hora de mudar tudo isso definitivamente dando voz ao nosso povo, ocupando os espaços de debate em defesa da nossa fé.

Líderes religiosos devem ter o compromisso de trabalhar pelo desenvolvimento da sociedade e devem ser comprometido com a verdade, se não for assim, não tem sentido.

Sem o homem não existe o sagrado!

Quem vai eternizar os feitos dos òrìsàs?

Será que a nossa religião vai desaparecer?

Pessoas sem acesso a informação não conseguem identificar tudo que está por trás desses homens com um discurso populista, dissimulados e sem escrúpulos.

A educação é a única saída para o nosso povo que infelizmente em grande parte acata os modismo de imagens que envergonham o Brasil.

Por quanto tempo vamos permitir que as Igrejas eletrônicas ocupem espaços para disfarçar os lucros da ilegalidade atacando a nossa religião?

Autor: Olúwo Ifágbaíyin Agboola









segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Globalização e a religião de Òrìsà.



Autor: Oluwo Ifagbaiyin 

Essa semana assisti uma entrevista sobre o Fórum Econômico Mundial de Davos na Suíça, chamou a atenção um comentário sobre a economia dos Estados Unidos da América. Conforme relato fundamentado no departamento do tesouro americano, mais da metade da riqueza daquele país está nas mãos de dez por cento da população.

Diante dessa afirmativa fica difícil não comparar o que está acontecendo com a maior potência mundial e o que acontece em nosso país.

Nos chama a atenção que o Brasil enfrenta exatamente o mesmo problema da maior potência mundial, mais da metade da riqueza do país está nas mãos de menos de três por cento da população.
Conforme o governo americano divulgou desde mil novecentos e vinte naquele país a concentração da riqueza não era mantida com índices tão preocupantes quanto os divulgados no encontro financeiro.

Com a grande transformação que estamos assistindo na economia a sociedade tem seu comportamento alterado.

Tendo em vista que esses números retratam uma tendência mundial, seria importância verificar quais as ações estão sendo estabelecidas para que esse quadro dantesco se modifique.

O governantes paternalistas e populistas desapareceram com o passar do tempo e cada vez mais a população busca em seus líderes a figura de administradores competentes, essa mudanças em países presidencialistas deixaram uma parte da população órfão, criando uma agenda de discussões buscando equilibrar o bom senso administrativo com atos humanitários.

 Embora também seja verdade que essas tentativas não modificaram muito a tendência que já vinha se desenvolvendo a duas décadas.

Em meio a esse processo a sensibilidade dos sacerdotes deveria ganhar espaço para equilibrar a espada da justiça em detrimento das decisões administrativas em prol da humanidade.

Infelizmente o que se percebe é que alguns líderes religiosos usaram esse espaço para se beneficiar no cenário internacional criando inúmeras ilhas teocráticas disfarçadas.

A impressão que temos é que talvez leve mais um século para que se veja líderes religiosos influenciar de forma benéfica a política.

Nos últimos anos vimos a força destrutiva de alguns líderes terroristas islâmicos serem manifestados em nome de Deus e em nosso país um grupo evangélico usou da mesma prerrogativa.

Infelizmente eu não vejo diferença entre o prefeito do Rio de Janeiro e o Mulá Akhtar líder do Talibã, disfarçados de religiosos na verdade articulam o sistema político de maneira nefasta as outras religiões.

Ao mesmo tempo que a riqueza se concentra na mão de um pequeno grupo, o poder de barganhar dos corruptores se multiplica em incontáveis ações indetectáveis para a maioria da população.

Por outro lado a desarticulação da sociedade, com o discurso que opõe as classes fomenta questões setoriais que beneficiam grupos e prejudicam o conjunto barrando o universalismo do procedimentos, embora os iguais recebam cada vez mais tratamentos diferenciados o ideal seria que o grande questionamento no século vinte um fosse (como os mais ricos podem auxiliar os mais pobres), o que se está assistindo é um debate da minoria buscando formas para prejudicar a maioria.

Caberia aos líderes religiosos influenciar os políticos á atos humanitários para que em um futuro possa existir dias melhores, porem o despreparo desses sacerdotes termina estimulando os fiéis a uma busca insana para o desesperado ato da ganância.

Homens como o criador da igreja Universal multiplicam de forma vertiginosa os seus bens certificando para os membros de sua congregação que a busca pelo dinheiro é uma orientação divina, desnorteando a doutrina cristão que por dois mil anos pregou sobre a importância da grandeza de espirito.

Não muito longe desse cenário de afirmações infelizes alguns acadêmicos da religião de òrìsà ainda discutem se o Orobó pode ser aberto com faca esquecendo que velhos sacerdotes Yorùbás não tem plano dentário.

Como seria então os rituais no país dos desdentados, a força física da juventude seria a maior expressão do saber?

Essas são discussões desprovidas de intenções que construam uma ponte entre o profano e o sagrado reafirmando que a globalização segue um caminho de devastação na sensibilidade humana independente da religião.

Eu mantenho a ideia que a pobreza do pensar é um fenômeno da globalização, se não fosse assim como Donald Trump teria sido eleito para a presidência dos Estados Unidos e Temer teria se tornado presidente em nosso país.







domingo, 15 de outubro de 2017

O Castelo de areia e o Bispo do Diabo



As invasões que aconteceram nas casas de Òrìsà em nosso país caracterizaram os sentimentos do líderes de uma Igreja evangélica.
A agressividade e a covardia desse suposto religioso surpreendeu as pessoas que não acompanham a trajetória criminosa de um homem que vê o diabo em todos os lugares.
Não se engane Bispo!
Somos descendentes de guerreiros que buscam viver em harmonia, mas em nossas veias o sangue é quente.
Vocês atribuíram à nós a força de demônios e como vindos do inferno podemos nos comportar.
Se o nosso povo reagir não haverá quem lhe proteja da dor e do sofrimento.
A violência que você estimulou está a sua volta, o Diabo que você invoca pode se revelar em uma terrível ameaça.
O império que foi construído com a podridão dos teus sentimentos pode desmoronar como um castelo de areia.
Oluwo Ifagbaiyin


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Ifá x Elenini





Autor: Oluwo Ifagbaiyin Agboola
Nos últimos anos se tornou muito comum ouvir dizer que diminuiu a qualidade do ensino na escolas, também se ouvi muito falar que diminuiu a segurança e que aumentou muito o risco de assalto.
Além disso o perigo no transito aumentou muito e os acidentes quase que triplicaram nos últimos anos, fala-se que os alimentos nunca estiveram com os preços tão elevados.
Os historiadores, os economistas e os cientistas políticos afirmam que existe uma grande possibilidade que aconteça a terceira guerra mundial.
A soma dos fatores acima citados exercem uma enorme pressão no homem e o resultado disso é o aumento de pessoas com distúrbios do sistema nervoso.
A religião tradicional Yorùbá classifica de forma diferente esses problemas da vida moderna considerando os fatores de influência como Ajoguns e Elenini.
- AJOGUNS: elementos externos que podem penetrar na mente e no corpo do homem influenciando a sua qualidade de vida.
- ELENINI: elemento interno que se desenvolve na mente limitando o desenvolvimento e a evolução.
Para as pessoas que não cultuam òrìsàs e não conhecem as palavras yorubanas citadas acima:
Os ajoguns são a morte, as doenças e os problemas de um modo geral, etc.
Elenini é o desanimo, as frustações e os traumas que ao longo do tempo desenvolvem bloqueios e privações no dia a dia.
Sempre me fazem a mesma pergunta quando abordo esse tema, é possível mesmo diante de tantos acontecimentos externos manter a paz interna?
Esse texto é uma forma de explicar de acordo com a filosofia religiosa Yorùbá como isso é possível
Primeiramente através das iniciações é possível desenvolver o alto conhecimento e a percepção que a felicidade mesmo diante dos problemas não é alienação e sim solução.
A pessoa feliz não deve se sentir culpado por estar em harmonia com o seu òrìsà e com as orientações do seu odu, pois só assim haverá uma total realização do destino escolhido antes do nascimento.
BÈRU (medo)
A principal barreira para a superação dos bloqueios é o medo.
O medo é o principal sintoma da presença de elenini.
ELENINI
É uma construção interna que normalmente acontece na infância deixando marcas profundas no ORI e no IWA, (caráter).
Quando o medo se instala ele automaticamente cria a insegurança e a insegurança gera a inibição e traumas.
Quando o indivíduo não reage de forma positiva a um trauma ou uma experiência negativa o caráter pode ser abalado e as reações exteriorizadas dificilmente são controladas.
Para controlar as reações de elenini em primeiro lugar é deve ser desenvolvido a busca pelo autoconhecimento
Embora exista uma outra forma de combater esse problema conhecida como a transmissão do asé.
ASÉ, (energia).
O asé é uma energia que pode ser transmitido de várias maneiras.
-Primeiramente como já citamos o auto conhecimento adquirido nas iniciações é a transmissão de asé mais eficiente.
-Embora o bori também oferecer uma forma de tratamento diferenciada com grandes resultados.
-O ebó é método mais comum e o menos eficaz nesses casos, pois não se trata de uma construção negativa externa.
ELENINI
Tem como principal aliado o medo, egoísmo, e a arrogância, esses dois fatores paralisam e afastam o entendimento e as soluções para as dificuldades.
O medo é desenvolvido com forma de defesa em momentos de dor profunda, Elenini se aproveita desses traumas para enfraquecer o indivíduo abrindo a porta para os Ajoguns.
Quando os ajoguns começam a agir Elenini é fortalecido criando uma série de sentimentos negativos como o egoísmo, embora muitas vezes a presença do ajogun também auxilie na transformação positiva.
AJOGUN
Infelizmente quando Iya mi Osoronga permite a entrada dos ajoguns na vida dos homens existem reações negativas e positivas é o que popularmente descrito como aprender pela dor.
IKÚ (morte), ARÚN (doença)
São bastante conhecidos por suas forças transformadoras, o ideal seria que a transformação acontecesse através das iniciações e não com os sofrimentos.
Baseado no raciocínio descrito acima é de fácil entendimento que os ajoguns e elenini são obstáculos que podem ser superados com um conjunto de ações interligadas que contribuem para a evolução do espirito.
Sendo assim o tratamento da pessoa afetada deve ser simultâneo, deve existir a recuperação do equilíbrio e o aprimoramento do caráter.
Quem acreditar que existe uma formula magica vai sofrer uma grande decepção.




terça-feira, 19 de setembro de 2017

O Ifá de Ariano Suassuna

Autor: Bàbáláwo Ifagbaiyin Agboola
Quando eu lancei a proposta do Ifá Nacional não me detive ao fato de que quando postamos textos na rede social o trabalho é acessado por pessoas dos mais diversos níveis intelectuais e o risco de crítica existe a todo momento, mas daí ter paciência para assistir comentários de pessoas completamente ignorantes é um exercício que talvez eu não esteja preparado.
Para entende o nacionalismo temos que saber que existe várias formas de nacionalismo, embora de um modo geral ele seja representado por um sentimento de valorização, marcado pelo amor a uma nação, não confundir com patriotismo que é uma outra ideologia.
O nacionalismo visa combater o imperialismo e o sentimento colonialista, daí falar de independência é outra coisa. Autonomia é completamente diferente de independência.
O Ifá Nacional não quer ser independente do Ifá Nigeriano, o projeto propõe autonomia e reconhecimento considerando que infelizmente alguns brasileiros receberam oye no Ifá e não tem autorização para fazer iniciações.
Da forma que eu enxergo o Ifá é uma incoerência dar um oye para um Bàbáláwo que só poderia ser ocupado por quem tem autonomia e poder de decisão, sem lhe permitir que faça um itefá.
Ariano Suassuna criou o Movimento Armorial, a ideia desse brilhante escritor era valorizar a cultura nordestina e brasileira como parte principal de um raciocínio que algumas pessoas definem como nacionalismo e que outras identificam como forma de pensar ultrapassada.
Se Ariano Suassuna fosse um Bàbáláwo ele defenderia a tese que para se tornar um sacerdote com autonomia diante do pensar de alguns Yorùbás o sujeito deveria ter coragem, determinação e formação. O grande escritor brasileiro diria “Quem não está preparado que não se estabeleça.”
Como as pessoas conseguem confundir independência com autonomia:
Se òrìsàs são Yorùbás.
Se o idioma da nossa religião é Yorùbá.
Se pertencemos a famílias yorubanas. Como é que poderíamos ser independentes?
Diante desse equivoco eu proponho a criação de uma nova vertente do nacionalismo, o nacionalismo inteligente.




sábado, 16 de setembro de 2017

ÓDALÈ (Traidor)

ÓDALÈ (Traidor)


Autor: Olúwo Ifagbaiyin

A traição ao logo da história se tornou um crime menor, mas embora a sociedade moderna tenha aprendido a conviver com essa situação esse fato não minimiza a brutalidade do traidor.

Os Yorùbás denominam esse tipo de pessoa como Odale (pessoa falsa, aquele a quem não se deva confiar), esse fato é muito interessante porque as pessoas não trazem escrito em suas faces que serão traidores mas quando estudamos a filosofia Yorùbá aprendemos que todo ser humano antes de nascer escolhe o seu destino. Sendo assim o traidor escolhe trair mas também escolhe sofrer, sofrer com uma doença ou muitas vezes se tornando uma vítima da traição.

Se não fosse assim também haveria uma outra situação que os Yorùbás definem como elemento claro em sua filosofia, o traído não deve se preocupar com o traidor porque o Òrìsà Èşù se encarrega do ajuste de contas com essas pessoas.

Já os iniciados em Ifá tem além de Èşù a proteção contra os traidores na Ira de Òrúnmìlá (Ajagunmale)

Òrúnmìlá odeia a traição e cobra de seus iniciados a busca pelo aprimoramento do caráter, essa busca caracteriza a razão da iniciação e durante o Itefá são feitos alguns juramentos que jamais devem ser esquecidos.

Para os iniciados em Ifá o pesadelo de trair é a convivência com a dor da insatisfação e a insegurança com o sagrado.

A sociedade Ogboni tem como pilar central da relação entre seus membros o repudio aos traidores e trata essas pessoas como elementos inferiores, pessoas desprezíveis.

O destino dessas pessoas é observado pelo òrìsà Edan representante de Ile (Mãe terra) na relação interpessoal com severidade.

Não é difícil imaginar o destino de um traidor na religião tradicional Yorùbá se ele encontra em seu destino a oposição de Èşù, Òrúnmìlá e Edan.






sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Dor nas costas e a pomba gira do Crivella

Dor nas costas e a pomba gira do Crivella


Autor: Olúwo Ifagbaiyin Agboola

Nos últimos seis anos com o projeto Ifá é para todos viajamos mais de trezentos e vinte três mil quilômetros, essas viagens de automóvel divulgando Ifá me obrigam a dirigir por muitas horas, a consequência disso é uma dor nas costas que terminou sendo uma companheira desagradável em meus deslocamentos.

Por essa razão, necessitei consultar um médico ortopedista, fiquei surpreso com o valor cobrado por esses profissionais, em média uma consulta pode chegar a quatrocentos reais.

Diante dessa situação imaginei qual seria a reação das pessoas se um Bàbáláwo cobrasse esse valor por uma consulta á Ifá.

Comparando a formação nas duas atividades o tempo de estudos o Bàbáláwo deve estudar muito mais em bora de um modo geral as exigências sejam bem parecidas.

 Para formar um bom médico e um bom sacerdote de Òrúnmìlá praticamente tem o mesmo custo financeiro.

Um bom médico estuda em bons livros que muitas vezes necessitam ser traduzido da mesma maneira que um estudante de Ifá fora da Nigéria.

As exigências são praticamente as mesmas mas a sociedade trata essas duas pessoas de forma diferente.

Porque?

É evidente que é preconceito!

Lendo um texto do Dr. Hédio Silva entendi o aspectos jurídicos dessa questão e fui motivado a fazer essa abordagem.

Diz em seu texto o brilhante advogado:

 Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que toda confissão religiosa tem o direito de selecionar, eleger e nomear seus sacerdotes de acordo com seus dogmas e tradições.
Na Constituição Federal encontramos duas regras importantíssimas:

1. é livre a organização religiosa, a liturgia, o culto e a crença;

2. é livre o exercício de qualquer ofício, trabalho ou profissão, ha­vendo casos em que a lei exige certos requisitos.

Qual a diferença entre ofício, traba­lho e profissão?

• ofício é uma ocupação permanente (intelectual ou manual) que geralmente não exige formação técnica ou escolaridade.

O conhecimento em que se baseia o ofício pode ser especí­fico de um determinado grupo ou segmento.

Por vezes ele resulta de um dom, um pendor natural; por isso a lei não estabelece nenhuma exigência para o seu exercício;

• profissão indica uma atividade ou ocupação técnica, exigindo, em muitos casos, escolaridade, treinamento e habilitação técnica;

• trabalho é todo esforço físico ou mental (intelectual) remunerado, dirigido a uma finalidade econômica.

Vemos assim que sacerdócio não é profissão, tampouco trabalho.

Não é profissão porque em muitos casos tem muito mais a ver com dons naturais do que com técnicas.

Não é trabalho primeiro porque não se dirige a uma finalidade econômica – e sim espiritual; segundo porque não pode ser remunerado: sacerdote não recebe salário, não é empregado.
 Mas pode ter sua subsistência mantida pela organização religiosa.

Há vários casos em que pastores e padres foram ao Poder Judiciário reivindicar vínculo de emprego com igrejas: em todos eles os tribunais concluíram que o ministério religioso é ofício e não trabalho ou profissão.

Isto quer dizer que a organização religiosa pode e deve garantir o sustento do sacerdote/sacerdotisa – o que é diferente de remuneração, de salário.

Há um outro aspecto que merece atenção: para tornar-se Advogado, além de concluir a faculdade de Direito, o indivíduo precisa ser aprovado em um exame organizado pela OAB – Ordem dos Advogados do Brasil.

Seria possível a exigência de um exame de seleção para que alguém seja considerado Sacerdote ou Sacerdotisa de qualquer religião?

A resposta é não, definitivamente não! Cada Religião tem o direito de decidir sobre a escolha, preparação e indicação dos seus sacerdotes. A Constituição brasileira proíbe o Estado de impor qualquer exigência, inclusive escolaridade, para que alguém seja considerado Ministro Religioso.

O Brasil não possui religião oficial (estado laico), de modo que todas as religiões são iguais perante a lei. Do ponto de vista jurídico, um Rabino é ministro religioso tanto quanto um Sheik, uma Ìyálóòrìşà, um Dirigente Umbandista, um Pastor ou um Padre.

Como fazer, então, para que alguém seja considerado legalmente Ministro Religioso (termo utilizado pela legislação)?

A resposta está na “Declaração para a Eliminação de Todas as Formas de Intolerância e de Discriminação Baseada em Religião ou Crença”, adotada pela ONU em 1982.

O art. 6º desta norma internacional determina que toda Religião tem o direito de “treinar, apontar, eleger ou designar por sucessão líderes apropriados de acordo com as exigências e padrões de cada religião ou crença”.

Na prática isto significa que:

• O estatuto da organização religiosa deve prever que aquela comunidade, além dos dirigentes civis (Presidente, Tesoureiro, etc.) possui um(a) dirigente espiritual, que a lei chama de autoridade ou ministro religioso;

• A indicação, nomeação ou eleição do(a) Ministro(a) Religioso(a) deve constar em ata, do mesmo modo como se faz com os dirigentes civis.

Não importa a forma pela qual cada comunidade indica o(a) Ministro(a) Religioso(a). O importante é que seja feita uma ata da nomeação/indicação e posse.

Uma vez que estatuto e ata estejam registrados em cartório, aquele(a) dirigente espiritual passa a ser considerado legalmente Ministro Religioso. E mais: nenhuma pessoa, seja funcionário público, Juiz, Prefeito, Governador ou Presidente da República poderá dizer que aquela pessoa não é um Ministro(a) Religioso(a). Caso isso acontecesse, estaríamos diante de um crime, a discriminação religiosa, com pena de prisão que varia de 3 a 5 anos.

Esta é mais uma razão para que os Sacerdotes e Sacerdotisas se preocupem com a parte legal, a regularização dos templos e do próprio sacerdócio.

A reflexão que deixo para os(as) leitores(as) é a seguinte: aprendi logo cedo, nas Minas Gerais, que quanto maior a liberdade maior deve ser a responsabilidade. Como é grande a liberdade de crença em nosso país, igualmente grande deve ser a seriedade, integridade e responsabilidade dos nosso sacerdotes.

Imaginem então esse fato que obriga nossos sacerdotes a dizerem que não são profissionais, implicando muitas vezes em situações vexatórias considerando a não justificativa de renda em uma sociedade capitalista entre outras que situações que denigrem a imagem de nossos sacerdotes.

Nessa hipótese Bàbáláwos e Bàbálóòrìşà quando abordados na rua por uma autoridade Policial, devem mentir ou omitir a sua ocupação?

Como solução ao problema os evangélicos estão tentando aprovar a lei que reconhece a profissão de teólogo, e mais uma vez saíram na nossa frente.

O conhecido marginal pastor Marcelo Crivella foi o autor de um desses projetos,
Embora já existisse outros projetos com a mesma proposta.

Como podemos ver a á regulamentação da profissão de teólogo é uma das peças do quebra cabeças constituído por um conjunto amplo de ações contra o povo de òrìşà.

As invasões, as casas de òrìşà no estado do Rio de Janeiro, fazem parte de um complexo plano contra nós.

 Um emaranhado de leis aprovadas na calada da noite incluindo os ajustes que foram feitos no passado ao estatuto da criança e da juventude com a finalidade de afastar as crianças das casas de òrìşà, nos deixa claro o projeto de poder dos evangélicos.

Imaginem em um futuro não muito distante os pastores sendo considerados profissionais religiosos e os Bàbáláwos e Bàbálóòrìşà sendo casados como foras da lei.

 Isso é só o começo!

Ainda vamos ter muita dor nas costas e muita dor de cabeça.









Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda?

  Por que o Ifá é indicado para quem segue a Umbanda? Quando me pediram para escrever sobre a Umbanda e o Ifá, pensei muito antes de aceit...